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domingo, 19 de março de 2023

Deputado do Psol pede cancelamento de show por suposta apologia ao nazismo

 [Deputado do Psol  pede cancelamento de show por suposta apologia ao nazismo; 
agora, após essa demonstração explícita de tentativa de 'censura prévia', só falta para esse deputado aparecer, o que mais deseja, uma MELANCIA.]

 Segundo o parlamentar, banda norueguesa Mayhem tem "histórico de cometimento de atos em defesa da ideologia nazista, por meio da utilização de trajes, letras e símbolos alusivos ao regime de extrema direita". Acionou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil para que as instituições "atuem de forma preventiva, proibindo a apresentação em Brasília'. "Nossa cidade não pode ser palco de novas demonstrações de intolerância de qualquer natureza, o que justifica a atuação preventiva do Ministério Público e da Polícia Civil no monitoramento da referida banda. Mais que isso, devido às recorrentes práticas criminosas cometidas pelos integrantes da banda, principalmente sobre os palcos, há indícios suficientes de que sejam reproduzidas em seu show em Brasília", disse o deputado.

(...)

O parlamentar disse ainda que a banda já proferiu "falas de cunho racista e LGBTIfóbicas. Em nota, a assessoria da banda informou ao Correio que o grupo não tolera nenhum tipo de discriminação ou qualquer tipo crime de ódio. Confira a nota na integra: 

''O Mayhem é uma entidade apolítica com milhares de fãs em todo o mundo, de todos os tipos de origens e com todos os tipos de crenças, ideias e preferências, e todos os fãs do Mayhem são tratados com o mesmo respeito pela banda. Nem a banda nem nenhum de seus membros toleram racismo, nazismo, homofobia ou qualquer outro "crime de ódio". Embora algumas declarações contrárias tenham circulado no passado por membros individuais, isso está longe no passado e também nunca foi uma forma de postura oficial da banda.Cada pessoa neste mundo vive e tem que defender seus atos, ações e ideias e é julgada por eles; qualquer forma de julgamento baseado apenas no histórico de uma pessoa, cor da pele, preferência sexual ou qualquer outra coisa sobre a qual ela não possa ter controle é um ato de fraqueza e é rejeitado pela banda.

Qualquer fã do Mayhem é bem-vindo a assistir a seus shows, independentemente de sua formação, crenças ou orientação, desde que não incomode os outros. Mayhem é maximizar seu potencial como ser humano e libertar sua mente de pensamentos e ideias opressivas. Qualquer um ou qualquer coisa que esteja segurando o indivíduo é o verdadeiro inimigo. Construções mundanas e questões sociais estão abaixo da liberdade da mente.

Infelizmente, devido aos atos fascistas de indivíduos ignorantes tentando colocar um rótulo falso na banda, agora existem centenas de fãs desapontados do Mayhem em Porto Alegre. É profundamente perturbador e preocupante que esse tipo de opressão possa ocorrer e causar o cancelamento de eventos culturais. Só se pode temer o que vem a seguir se as pessoas não se levantarem contra esse tipo de ato".

Cidades - Correio Braziliense


quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Los hermanos ditadores - Gilberto Simões Pires

 SHOW EM BUENOS AIRES
Ontem, 23 de janeiro, em Buenos Aires, capital da vizinha Argentina, Lula deu um verdadeiro show. Mostrando um preparo invejável, com muito foco, Lula foi ainda mais cirúrgico na sua habitual e inconfundível capacidade para produzir MENTIRAS. Mais: fez questão de mostrar o quanto é capaz de pensar grande quando se trata do uso e do abuso daquilo que trafega na rota do mais amplo ABSURDO. 
 
TANGO A MODA PETISTA
Tal qual um exímio bailarino, Lula fez uma apresentação dentro do mais puro estilo reservado aos dançarinos de TANGOS ARGENTINOS. Misturando o TANGO DE SALÃO com TANGO MILONGUEIRO E TANGO FANTASIA, Lula dançou sob aplausos frenéticos de Alberto Fernández, um inusitado -TANGO À MODA PETISTA-. 
 
SITUAÇÃO PRIVILEGIADA
Sem mostrar o menor rubor, Lula disse coisas pra lá de ABSURDAS. Uma delas, talvez a maior de todas foi quando disse que a Argentina terminou 2022 em SITUAÇÃO PRIVILEGIADA NA ECONOMIA. Privilégio, para Lula e petistas em geral, é um país que adota o incrível CONGELAMENTO DE PREÇOS, DESMEDIDA IMPRESSÃO DE MOEDA e que apresenta INFLAÇÃO OFICIAL em torno de 100% -a mais alta dos últimos 31 anos-. Mais: segundo dados oficiais, 40% DOS CIDADÃOS ARGENTINOS SÃO POBRES. Que tal? 
 
VENEZUELA E CUBA
Dentro do figurino COMUNISTA, Lula defendeu os governos ditatoriais de Cuba e Venezuela. Entretanto ficou mudo quanto à INFLAÇÃO VENEZUELANA, que NO ANO PASSADO, 2022, atingiu a marca de 234%, uma das mais altas do mundo. Como se percebe claramente, a Venezuela resolveu deixar de lado a produção de petróleo para se dedicar na produção de INFLAÇÃO, a ponto de se transformar num dos maiores do mundo nesta incrível e absurda arte destrutiva de qualquer economia. No ano anterior, 2021, a taxa de inflação atingiu a incrível marca de 686,4%. Pode?
 
RETROCESSO?
Para concluir, não posso deixar de referir o que Lula disse a respeito da deplorável petista Dilma Rouosseff. Ao lado do presidente Alberto Fernández, afirmou que "UM GOLPE DE ESTADO derrubou a sua companheira Dilma Rousseff, a primeira mulher eleita presidenta da República do Brasil”. Mais: com a saida de Dilma, “o Brasil entrou em um retrocesso que eu jamais imaginei que o Brasil poderia entrar". Dose, não?
 
Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires
 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Quem chama Sílvio Navarro de racista é muito esquisito - VOZES

Bruna Frascolla

Mano Brown

Uns anos atrás, antes de se falar em cultura do cancelamento, Eli Vieira cunhou a expressão “in dubio pro hell” para descrever a conduta dos ativistas. “Na dúvida, condene ao inferno”, em vez do dito latino “na dúvida, decida-se a favor do réu.”

Há situações dúbias em que não dá para saber se a fala de alguém foi motivada por algum preconceito injusto. Eis é um fato outrora elementar da vida humana que foi completamente apagado pelo ativismo dos canceladores: as mentes dos outros são privadas, e na verdade é raro sabermos ao certo o que passa na cabeça de outrem. Hoje é normal agir como se todo mundo soubesse exatamente o que o outro está pensando, e mais: todo mundo tem certeza das intenções mais diabólicas dos outros. Não há dúvida; há a certeza da maldade.

O rapper Mano Brown faz show no Rock in Rio 2019: o jornalista Silvio Navarro fez tuíte sobre o músico, mas depois apagou e pediu desculpas| Foto: EFE/ Marcelo Sayão

É sintomático que um dito latino do mundo jurídico sirva para pensar o assunto. Afinal, julgar o caráter alheio é algo que fazemos individualmente e na vida privada. Nesse âmbito, há convicções que não podemos provar em juízo, nem devemos precisar provar em juízo. No entanto, vivemos uma situação em que a suposta falha de caráter precisa caber num tipo penal e, enquanto o Supremo não der todas as canetadas suficientes para criar tantos tipos penais quanto queiramos, o juízo moral precisa ser feito na internet por uma coletividade uniforme.

Esse tribunal, à maneira do Sleeping Giants, serve para acabar com a fonte de renda das vítimas. E como a coisa evoluiu de uns anos para cá, nem podemos mais dizer “in dubio pro hell”. Não há dúvida. Existem predestinados ao inferno e cabe encontrar um indiciozinho qualquer para mandá-lo para o andar de baixo.

O mais novo caso                                                                                       O mais novo cancelado é Sílvio Navarro. Mano Brown comunica que exigirá passaporte sanitário para o seu show.                                         Sílvio Navarro tuíta que Mano Brown bem poderia exigir a certidão antecedentes criminais em vez disso. Pausa: se você está engajado na discussão do passaporte vacinal – e o público de Sílvio Navarro está –, você sabe que volta e meia alguém sugere uma exigência mais sensata do que o passaporte vacinal a fim de mostrar a irrazoabilidade do passaporte. Dada a alta reincidência dos criminosos brasileiros, faria mais sentido proteger o povo exigindo certidão de antecedentes criminais do que as famigeradas vacinas de covid.

Quem é Mano Brown? Quanto a mim, me lembro dele por causa daquele esculacho que ele deu na cúpula petista nas eleições de 2018, dizendo que o partido não falava mais com o povão. Ele falou isso, frise-se, enquanto apoiador insatisfeito com estratégia eleitoral. No mais, sabia ser do Racionais MC’s, um conjunto de rap que não me dizia nada, porque não gosto de rap. Sabia ainda que as músicas desse conjunto estavam na bibliografia da FUVEST, porque um amigo meu, um paulista doutor em geografia, solta fogo pelas ventas toda vez que fala da bibliografia da FUVEST por causa disso. Pelas convicções dele, que já foram muito comuns e são iguais às minhas, os alunos de todas as classes sociais devem estudar língua culta, em vez de ficar com essa coisa de os mano pra lá e os mano pra cá.

Mas voltemos a Sílvio Navarro. Para a minha sincera surpresa, o tuíte de Sílvio Navarro foi tido como um evidente racismo. Para minha surpresa e também revolta, já que sou nascida e criada na Bahia e, portanto, tudo quanto é cultura negra brasileira me toca. Se há algo que possa ser chamado de “cultura negra brasileira” neste país mestiço, é a cultura de Salvador (onde nasci) e do Recôncavo (onde moro). E eu não tenho nada a ver com “os mano”, que são coisa de paulista.

No fim das contas, como Sílvio Navarro trabalha para uma empresa que demitiu Constantino sem pestanejar, não ligando para o fato de que ele jamais defenderia o estupro da própria filha, ele apagou o tuíte e fez outro, esclarecendo o que não precisava ser esclarecido e pedindo desculpas: “O tweet anterior sobre o show do Mano Brown foi apagado. Não tem absolutamente nada a ver com racismo ou estilo musical – e sim, a letras sobre violência e crime. Como a mensagem não foi clara e muita gente se sentiu ofendida, peço desculpas.”

Graças a Deus que meu custo de vida é baixíssimo. Preferiria perder o meu emprego a escrever um negócio desses. Aí eu sigo os conselhos dos meus vizinhos e vou criar galinha.

O rol de pressupostos                                                                         Vamos arrolar os pressupostos que alguém precisa abraçar para chamar Sílvio Navarro de racista. O primeiro de todos é que Mano Brown é negro. Mano Brown é da cor de ACM Neto, que, quando se declarou pardo ao TSE, teve que voltar atrás por causa de chilique do movimento negro. Mano Brown é da cor de muita gente que se considera branca e está feliz, tacando pedra em Sílvio Navarro, se sentindo salvadora dos negros. Faço um pedido ao paladino defensor dos negros: vá ao espelho. A sua cor é assim tão diferente da de Mano Brown?                                                                                                       Então por que ele é negro e você é branco? Será que o racista aqui não é você, que precisa apontar uma terceira pessoa como “o negro”?

O outro pressuposto é o de que a música feita pelo “negro” Mano Brown é a música dos negros. Não o afoxé, não o samba de roda: o rap do Mano Brown. Daí vemos o pressuposto complexo de que existe uma música negra no Brasil, e essa música é feita por negros e para negros.Mano Brown – e não o Samba Chula de São Braz – faz música negra, seu público é negro. Por isso pedir antecedentes criminais é racismo, porque só negros vão ao show do negro Mano Brown.

Música com tema do tráfico
Já mencionei que escritores fazem muito bem em morar perto de cabaré, pois dá assunto. Na porta do cabaré da minha rua junta um pequeno tráfico, e além disso há uma jukebox que toca a música que os clientes pedem. Dá pra saber quanto o cliente é traficante por causa da música. Música de peão é Zé Vaqueiro, João Gomes, Gusttavo Lima. Música de traficante lá é Robyssão, baiano, e MC Poze do Rodo, carioca.

Espiar o estilo de vida dos pequenos traficantes foi frustrante. É tudo por mulher e roupa cara. A meta deles é juntar “muito” dinheiro (em Cachoeira mil reais é muito dinheiro) e se tornar o “rei das cachorras”, ostentando roupas caras (o xing-ling da Nike) e fornecendo acesso a drogas caras (a cafeína sintética que passa por cocaína).

As letras de música refletem isso. Robyssão canta:
Quer ganhar dinheiro fácil e andar todo arrumado?/ Vem balançar.” E o tal MC Poze eu demorei a identificar. Toda hora tocava um funk, mas eu não conseguia entender o que ele estava falando para botar no Google. Felizmente ouvi esse mesmo funk em São Paulo, passando na TV num bar em área nobre, e pude perguntar quem era o artista ao dono do bar. Tratava-se da música “A cara do crime”, de MC Poze. Vocês podem assistir aqui com legendas e prestar atenção à letra, que revela algo também do estado moral da classe média.

E se você não assistir, eu conto mesmo assim que o MC Poze, um mulato, se gaba de ser “pretinho”, ter cara de criminoso, ser sempre parado em blitz e deixar os policiais furiosos, porque não conseguem descobrir nenhuma irregularidade. Na letra o eu lírico deixa muito claro que é criminoso, traficante, anda cheio de dinheiro e as patricinhas correm atrás dele. Há alguns percalços, muitos querem tomar o seu lugar, os subordinados morrem na guerra, mas tudo vale a pena. A mensagem é essa.

As letras do Racionais MC’s são no mesmo estilo. Depois de ouvir “A cara do crime”, passe a “Eu sou 157”, do Racionais. Ambas retratam vida de bandido e ambas tentam dar um verniz de crítica social. No século XXI, a sociedade não se conforma em ver o pretinho se dando bem. No século XX, era a lenga-lenga contra o sistema. As mesmas recompensas já estavam em Racionais: “Hoje eu sou ladrão, artigo 157 / As cachorra me ama, os playboy se derrete.”; “Vagabundo assalta banco usando Gucci e Versace / Civil dá o bote usando caminhão da Light”.

Devo dizer que o MC Poze compunha música para o Comando Vermelho e foi proibido pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia de fazer um show em Salvador. Uma facção local ameaçava cravá-lo de balas e a polícia não queria confusão.

Quem é racista mesmo?
Na minha terra há muitos negros
. Há negros médicos, negros juízes, negros garis, negros traficantes. Apenas uma parcela dos negros de minha terra aprecia músicas que, no mínimo, naturalizam o estilo de vida da bandidagem e reforçam os seus valores. Racista é quem acha que o negro brasileiro é o Mano Brown.

 Bruna Frascolla, colunista - VOZES - Gazeta do Povo


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O retrato acabado da CPI da Covid - Zero Hora

J.R. Guzzo

Nada deixa o vice-presidente da comissão mais feliz do que chamar os jornalistas para ameaçar alguém de prisão

Se o Brasil tivesse instituições que valessem uma nota de 2 reais, e políticos com a qualidade profissional de um flanelinha, não teria acontecido uma aberração tão miserável como essa CPI da Covid. Tendo acontecido, não poderia ter nomeado um presidente investigado por corrupção alguns anos atrás pela Polícia Federal – sua própria mulher e três irmãos foram para a cadeia sob a acusação de meterem a mão em verbas da saúde. 
Também não teria um relator como esse que está aí, com nove processos penais no lombo e a fama pública de ser um dos políticos mais enrolados do Brasil diante das leis criminais.  
Não poderia, igualmente, ter como vice-presidente um indivíduo que não entendeu até agora o que é uma investigação parlamentar séria, que já deu provas repetidas de histeria [presidente Bolsonaro o chama de 'pessoa alegre' do Amapá.] e trata como criminosos e inimigos da pátria todos os depoentes que fazem parte da sua listinha negra pessoal.
A CPI do Senado não investiga nada – existe unicamente para a mídia e a oposição conduzirem, há três meses, um show contra o governo. Centenas de depoimentos, diligências, perícias e tudo o mais foram se amontoando uns sobre os outros sem deixar claro, com um mínimo de competência no trabalho investigatório, o que houve realmente de errado, quem errou, quando, onde, no que e como. 
Não há um único inquérito penal que possa levar à condenação de alguém, mesmo porque não há nenhuma prova decente a respeito de nada ou de alguém até agora. Milhões de reais de dinheiro público são queimados em troca de literalmente coisa nenhuma.

O vice-presidente da CPI, que desde o começo do espetáculo quis disputar a boca de cena com os outros dois, parece ter encontrado de algum tempo para cá o papel que mais lhe satisfaz; talvez, sem saber, esteja tendo a grande oportunidade de colocar para fora, à vista de todos, o que realmente sempre quis ser e até agora esteve escondido nas dobras da sua estrutura psicológica. Está se revelando, talvez mais que os outros, um policialzinho frustrado e subitamente portador de uma farda desses – que sempre sonhou com um revólver na cinta e uma carteirinha escrita “Polícia”, para intimidar as pessoas e se comportar como o pequeno ditador de quarteirão que tanta gente conhece e lamenta.

Nada deixa o senador mais feliz do que chamar os jornalistas para ameaçar alguém de prisão como no caso de um empresário acusado por ele de “evadir-se”, para não comparecer à um interrogatório na delegacia de polícia que está armada no Senado Federal. É o seu jeito de ser “autoridade” através da repressão, como sonha boa parte da esquerda neste país. É o seu jeito de aparecer no noticiário. É um retrato acabado desta CPI.

J. R. Guzzo, colunistas - GauchaZH


quinta-feira, 8 de julho de 2021

Voz de prisão - Omar Aziz dá seu show na CPI, e comete abuso de autoridade

Presidente da CPI, Omar Aziz, é cercado por colegas da comissão após dar voz de prisão a depoente que estaria mentindo.

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), mandou prender o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, que prestava depoimento, nesta quarta-feira (7). Quanta ironia né? Porque de prisão Aziz entende bem, já que a mulher dele foi presa duas vezes e os três irmãos dele também foram presos.  Antes, o senador já tinha mandado apreender o passaporte do empresário Carlos Wizard e ele próprio, Aziz, também já teve seu passaporte apreendido por estar respondendo a processo lá no Amazonas.

LEIA TAMBÉM: CPI está negando o direito de resposta de Ricardo Barros

Pois bem, Aziz deu voz de prisão para o depoente que fora afastado do seu cargo no Ministério da Saúde diante da denúncia de corrupção feita pelo cabo da PM de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti Pereira. O presidente da CPI tentou explicar o ato de prisão dizendo o seguinte: “Agora ninguém mais vai querer brincar aqui”. Ele estava sentindo que precisava pegar um "boi de piranha", tinha que prender alguém para chamar a atenção. A CPI está cada vez mais caindo no desprestígio. Acho que a audiência hoje é só de jornalistas. [caindo no desprestígio = perdendo prestígio; a Covidão não pode perder prestígio =  não se perde o que não se tem. 
O que diminui velozmente na CPI é a curiosidade que despertou nos seus primeiros dias, por apresentar um certo ar circense, afinal uma CPI relatada por um senador que responde a vários processos por corrupção - semana passada, no auge circense, o relator Calheiros foi indiciado em mais um processo - presidida por outro senador com notória experiência em conviver com parentes presos = suspeita de corrupção, crime que o 'circo parlamentar de inquérito' se propôs a investigar. Na vice-presidência  um senador famoso por arranjar encrencas e sempre perder. Tem também o apoio de um senador vulgo 'drácula' e do senador Barbalho, pioneiro no uso de algemas - ele preso por elas.]

Quem acompanha a CPI sabe muito bem que essa ordem de prisão não se justifica. Esse cabo da PM que se meteu a negociador da AstraZeneca foi desautorizado pelo próprio laboratório. A AstraZeneca disse que não tem nada a ver com Dominguetti e que ele e nem ninguém está autorizado a vender lotes comerciais de vacina. A empresa disse que só negocia com governos e com a Covax Facility — o consórcio da Organização Mundial de Saúde que visa entregar vacinas para países pobres.

Ou seja, zero vacinas, tanto que o negócio não saiu. O sujeito, como disse o depoente Roberto Dias, é um picareta que estava querendo ver se ganhava dinheiro. O sujeito teve o desplante de declarar à CPI que o ex-diretor da Saúde tinha pedido US$ 1,00 por dose em uma compra de 400 milhões de doses, o que dá US$ 400 milhões ou mais de R$ 2 bilhões em propina. Isso nunca se viu, tem que ir para o livro Guiness.

O próprio senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) diz que se trata de um absurdo, algo inverossímil. Mas a CPI fingiu acreditar, e aí o policial disse que tinha marcado um jantar com Roberto Dias. O ex-diretor de Logística diz que não marcou jantar nenhum, que o sujeito foi lá e apareceu de repente. Isso faz sentido, porque o cabo declarou, quando esteve na CPI, que estava no hotel e alguém ligou para ele dizendo: “vai lá para o restaurante tal, que o fulano está lá”. E aí ele apareceu.

Dias declarou à CPI que foi um encontro acidental, repentino. E aí foi que Omar Aziz deu voz de prisão dizendo que ele estava mentindo, porque tinha no celular de Dominguetti um áudio dele próprio dizendo para um outro amigo: “olha já falei com fulano e tal”. Ou seja, não tem nenhuma materialidade, não houve nada. E um jurista me disse que se fosse a advogada do depoente já estaria nesta quinta-feira (8) entrando no Supremo Tribunal Federal com uma ação contra o presidente da CPI por abuso de autoridade.

Roberto Dias vai para a Polícia Federal levado pela Polícia Legislativa, assina um termo, estabelece uma fiança simbólica e vai embora. Essa prisão foi para jogar para a plateia. “Eu tenho que dar uma satisfação, porque já estão mais me respeitando. Tenho que prender alguém, vou prender esse aqui”, pensou Aziz. Mas é difícil acreditar que o ex-diretor cometeu o crime de perjúrio. De repente, Aziz cometeu mesmo o crime de abuso de autoridade. A CPI está cada vez mais desesperada.
 

Deputados do Conselho de Ética desconhecem a Constituição
or 12 votos a 8, os deputados do Conselho de Ética da Câmara aprovaram relatório que sugere a suspensão por seis meses do mandato do Daniel Silveira (PSL-RJ), que representa 31.789 eleitores. Eles mostram desconhecer a Constituição que juraram cumprir. O artigo 53 diz que deputados e senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos. Porque isso é do mandato, é respeito aos eleitores que o deputado ou senador representam.

Os eleitores dão o mandato para que o parlamentar tenha liberdade para falar em nome deles e emitir qualquer opinião. E a opinião dele foi: “tem que fechar esse Supremo, o AI-5 é que foi bom”, uma coisa assim. Mas é a opinião dele — crime de opinião não existe  mais no Brasil. E a Constituição garante a liberdade de opinião. Vamos ver agora o que vai dizer o plenário da Câmara. O fato é que tanto no abuso de autoridade de um senador quanto na ingenuidade de alguns deputados que estão abrindo mão de uma inviolabilidade que não é deles, é dos seus eleitores, eles estão cometendo um sério erro. E devo acrescentar ainda que deputados do Psol, PT, PSB e PSDB ainda queriam mais. [esse deputados não precisam de imunidade parlamentar, inviolabilidade de mandato = quando um deles vai preso, o próprio Supremo cuida paga que sejam libertados o mais rápido possível = tem o caso do  líder deles, o celerado Lula...] Queriam que fosse cassado o mandato de Silveira que é de 31 mil eleitores do Rio de Janeiro por crime de opinião.

Alexandre Garcia, colunista -  Gazeta do Povo - VOZES

 

 

 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Olhar para a frente, sem raiva - Fernando Gabeira

O que dirá se avançamos ou não em 2021 é a coexistência de duas variáveis: o aumento no número de pessoas vacinadas e decréscimo nas contaminações  

Andei levando pancadas na rede. São os mesmos de sempre como dizia o personagem de “Esperando Godot”. Durante muitos anos, quase que solitariamente apontei os erros que poderiam nos conduzir ao desastre. A ausência de autocrítica os leva a buscar, compulsivamente, culpados, como se eu fosse responsável por Bolsonaro e não os seus erros cometidos aos longo dos anos. Aliás, já os enfrentei em eleições como aliados de Sérgio Cabral.

Jamais votaria num Bolsonaro, conheço-o bem. Ao longo dos anos, mantive-me fiel a Marina Silva, no passado, vítima de impiedosa campanha do PT. Apenas afirmei, assim que eleito, esperar que as instituições brasileiras triunfassem sobre Bolsonaro. A pandemia não estava nos cálculos, e sim o golpe de estado.

[o que a vacina oferece no momento (as que estão autorizadas pelo FDA, NHS e outras instituições de controle, que atuam com seriedade e responsabilidade) é exatamente o que o Brasil está alcançando com a 'imunidade de rebanho'.
Os contaminados, recuperados, não contaminam e nem são contaminados, criando um círculo virtuoso com redução dos contamináveis e, inevitavelmente, a redução de casos. O uso de máscaras ajuda a reduzir a contaminação.]

Quando senti a ameaça próxima de golpe, a denunciei e dispus-me a lutar contra, como se fosse a última luta de minha vida. As pancadas me ensinam o avesso da lição. Elas me aconselham abertura para quem confiava resiliência democrática, para quem combateu Bolsonaro de forma ineficaz, para quem se absteve, votou em branco e até os que o elegeram e recuam horrorizados, diante do resultado de sua escolha. É um caminho mais produtivo do que distribuir culpas.

Num grupo que discutiu o livro “O discurso da estupidez”, de Mauro Mendes Dias, recebi esta mensagem:
— Reflexão muito bem-vinda. Quanto mais pessoas puderem reconhecer a necessidade de mudar de posição, já estamos avançando. Um dos efeitos do discurso da estupidez é, exatamente, o de não poder mudar, seja pela devoção a crenças deformantes da realidade, seja devido ao gosto que ele suscita pela destruição do patrimônio de valores que nos tornam humanos.”

Nos tempos de internet, sempre haverá esses ataques maciços. É uma cultura: basta tirar uma frase do contexto. O importante é olhar para frente, sem raiva. Diante de nós surge a esperança da vacina. O Brasil tem um bom sistema de imunização, dois centros de excelência para fabricá-la: Instituto Butantan e Fundação Oswaldo Cruz.

Mas há um grande obstáculo: o próprio Bolsonaro. Sua tática de sabotar a vacina é espalhar mitos como o perigo de a pessoa virar jacaré. [o que prejudica mais o aspecto positivo da vacinação contra a Covid-19:
- o Joãozinho Diria agindo como adido comercial da China, tentando vender a vacina chinesa - insinuando o surgimento de empecilhos para a Coronovac ser aprovada pela Anvisa - quando tudo o que tem atrasado (até agora impedido) são os atrasos do Butantan e da Sinovac, adiando (sem explicações convincentes) a entrega da documentação, incluindo os indispensáveis resultados do teste da FASE 3?
- o presidente Bolsonaro com seu discurso já conhecido, sempre mantido, mas sem implicar em nenhum AÇÃO CONCRETA ou OMISSÃO que atrapalhe a chegada da vacina?
Com certeza o apresenta não apresenta do imunizante chinês, levam a que mais pessoas resistam à vacinação ou, no mínimo, não aceitem receber o imunizante chinês (se e quando for aprovado.] 
 
Além de cobrar a eficácia do processo, será necessária uma batalha pelas mentes e corações. O que dirá se avançamos ou não em 2021 é a coexistência de duas variáveis: o aumento no número de pessoas vacinadas e decréscimo nas contaminações. Um outro front onde será preciso unidade: a eleição na Câmara, de um modo geral, distante, intangível.

Naturalmente é uma escolha interna dos deputados, mas desta vez significa muito. Se Bolsonaro conseguir capturar a Câmara e eleger seu candidato, não precisará responder pelas acusações acumuladas, muito menos pelas que pode suscitar no futuro. Daí a importância de se apoiar a Frente Democrática formada para eleger um candidato independente do governo.[o que isenta o presidente Bolsonaro de responder por acusações acumuladas, sendo  é serem as tais acusações, apenas e tão somente, acusações - sem provas, de caráter meramente político, tentando impedir que o presidente conclua o mandato que lhe foi conferido por quase 60.000.000 de votos e impedir que seja reeleito em 2022.a vitória de Bolsonaro em 2022. 

Outro fator que atrapalha aos inimigos do Brasil e que anseiam por afastar outro inimigo que não suportam - o presidente Bolsonaro - é que o presidente da Câmara, seja quem for, pode apenas receber os pedidos de impeachment e engavetá-los ou pautá-los para deliberação do plenário da Câmara, em sessão que precisa da presença de 342 deputados, para ser aberta. 

E, quando aberta,  o pedido de impeachment precisa ser aprovado por no mínimo 342 deputados. Após pautar e abrir a sessão ( abrir com menos de 342 eputados = jogo jogado) o presidente da Câmara passa  a ser, naquele assunto, um observador privilegiado =  postura de Rainha da Inglaterra.]

Ela é um instrumento de maturidade política na qual desaparecem, ainda que momentaneamente, todos os ressentimentos. Abre caminho para experiências mais amplas de unidade, que podem ser decisivas para acabar com o pesadelo. Constituída por diversas correntes de um só partido, esta unidade foi criada nos Estados Unidos e teve êxito na tarefa de evitar a reeleição de Trump.

O interessante é que ao passar por uma experiência quase tão devastadora como estamos passando no Brasil, foi possível mobilizar a partir de um tema que parece abstrato e etéreo: a reconquista da alma do país. Para Biden, a alma representa os valores e instituições americanos. Os países têm alma e ela pode ser reconquistada? É algo que daria uma longa discussão. Muitas pessoas que viram o show do Caetano Veloso, por exemplo, sentiram-se de volta ao seu país perdido. [sentiram-se de volta ao país perdido? apenas um sentimento, uma ilusão, já que o país dos que sentiram tal sensação continua, e continuará perdido - aos derrotados de ontem, resta apenas a ilusão que poderão voltar a combater = ilusão dupla, já que não podem  e caso pudessem seriam também os derrotados de agora.] Outras manifestações artísticas podem ter o mesmo efeito num Brasil tão diverso. É apenas uma pista.

A outra, se me permitem a rápida menção ao período de festas, é que já fomos mais fraternos, apesar das divergências. No tempo da luta pelas diretas, por exemplo. O que se perdeu com a política pode ser reconquistado através dela. Pelo menos, são os meus votos.

O Globo - Fernando Gabeira, jornalista 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Na guerra da vacina, Doria injetou veneno de descrédito na testa - Folha de S. Paulo

Vinicius Torres Freire 

Governador exagerou no show e ameaça programa de imunização

Ao fim da guerra da vacina, João Doria poderia parecer um líder mais nacional e um contraponto da razão a Jair Bolsonaro. O governador paulista decerto fez o bom serviço de cutucar a inoperância federal. Mas, depois dos vexames recentes, Doria pode parecer apenas um destrambelhado provinciano. Pior, lançou desconfiança sobre a própria vacina que comprou, grave em termos sanitários e econômicos.

Por duas vezes, o governo de São Paulo adiou a publicação da eficácia da Coronavac. Na quarta-feira (23), o país foi induzido a esperar boas notícias. Em vez disso, ouviu uma conversa palerma de que os dados precisariam ser antes mastigados pela Sinovac, por uma obrigação contratual, e de que a eficácia da vacina era diferente daquela verificada em outros países, no limite de apenas 50%.

Descobriu-se que Doria estava em Miami, o que pareceu fuga do fiasco. Para piorar, soube-se na sexta (25) que a Turquia não teria “obrigação contratual”, pois divulgou, de modo mambembe, que a Coronavac seria eficaz em 91,25% dos casos. O governo Doria suscitou desconfiança sobre os números que virão sobre a vacina, já objeto de propaganda negativa criminosa de Bolsonaro.

Quanto menos confiança, menos gente tende a aderir ao programa de vacinação. Quanto menos vacinados, menor a possibilidade de a vacina evitar mortes, aliviar hospitais e atenuar as restrições obrigatórias ou autoimpostas de contato social, o que tem óbvio impacto econômico também. Mesmo com uma vacina eficaz em 85% dos casos, a campanha contra a Covid teria de atingir adesão do nível de vacinações contra a gripe (uns 95%) para propiciar um alívio notável apenas a partir lá de maio. A vida, porém, ainda teria restrições sérias, em especial para negócios e empregos que dependem de aglomerações e circulação livre pelas cidades.

Na reunião dos governadores com o capacho do ministério da Saúde, dia 8, Doria já trocara as mãos pelos pés. Em vez de vencedor generoso e agregador, pareceu um “mauricinho metido e exibido”, como disse a este jornalista um governador ainda simpático ao colega paulista. Depois, houve duas negaças dos resultados da vacina. Doria blefava, com confiança temerária?

No mundo político, ficou a impressão de que Doria não sabia bem o que estava fazendo, o que sublinhou sua imagem de pouco confiável, um tipo obstinado que faz qualquer negócio, de atropelar aliados a apoiar Bolsonaro em um dia para sair de fininho pouco depois.[Doria foi eleito graças ao apoio do presidente Bolsonaro - pela dependência ao Bolsonaro passou a ser chamado de 'bolsodoria' - apoio que agradeceu traindo o capitão = algo parecido com a  conduta daquele ex-juiz, que pensou ter luz própria, passou a fazer oposição ao presidente e se acabou politicamente.
Doria caminha para o mesmo fim].

O governo paulista poderia simplesmente apresentar a situação tal como ela é, dando publicidade e explicações racionais para a atos e processos, o que seria um contraponto confiável ao desvario bolsonarista. Tem gente para fazê-lo. Doria nomeia muitos bons quadros para seus governos. Não se trata de ser “transparente”. Apenas na fantasia juvenil ou anarquista um governo pode ser um BBB ao vivo. É política, administrativa e tecnicamente inviável. Mas, claro, em qualquer tempo e lugar, gente com poder sonega informação do público, o que é autoritário.

A fim de recuperar terreno, Doria terá de abafar seu caráter espetaculoso, parar com segredinhos, com vazamentos de notinhas publicitárias e mostrar que pode ser alternativa de racionalidade mínima à pura monstruosidade bolsonarista. Já tem um passivo grande, até pelo Bolsodoria de 2018, relembrado nestes dias de vexame. Terá de contar com sorte também, que a vacina seja eficaz em nível relevante, uns 75% ao menos, e fazer a mais bem-sucedida campanha de vacinação da história. [antes ele vai precisar de sorte, e muita, para que os resultados da FASE 3 de testes da Coronavac apareçam e sejam entregues à Anvisa,para que possa se cogitar de autorização = a da Turquia não vale e a da China não inspira confiança.]

Vinicius Torres Freire, jornalista - Folha de S. Paulo


segunda-feira, 22 de junho de 2020

As lágrimas de crocodilo do presidente - Sérgio Alves de Oliveira


A demissão espetaculosa e  teatral  do “badalado” Ministro da Educação do Governo Bolsonaro,Abraham Weintraub, demonstra com a maior clareza que nenhum colaborador do governo pode contar com a solidariedade do “chefe”. O pensamento “chave” do chefe deve  ser esse: “antes ele do que eu”!!!

Em vista de certos procedimentos do citado Ministro da Educação,talvez até tentado imitar e agradar o seu “chefe”,e bastando uma pequena pressão de “fora” para  tirá-lo do governo,, o presidente não titubeou em demitir o seu “admirado” Ministro. Portanto é um “amigo” em quem ninguém nunca poderá confiar, e que da minha parte eu “dispensaria” logo. Esse  episódio forçou a minha memória a voltar ao anos 80,durante uma apresentação da famosa banda “Kiss”,de hard rock, formada em 1973,em Nova York, ocorrida no Estádio Beira Rio, do Internacional, em Porto Alegre.

O estádio Beira  Rio  ficou lotado. A apresentação  foi um sucesso . Terminado o  espetáculo, muita gente, principalmente  jovens, voltou para casa caminhando, ”a pé”, da mesma forma que tinha ido ao “show” , talvez ocasionado mais pela carência “econômica” da juventude. 
Aí começou um segundo espetáculo. Um espetáculo mais “espetacular” que o da Banda Kiss. Um grupo de jovens que estava “trafegando” no acostamento da rua Diário de Notícias,e que voltava   do Estádio, de repente ficou surpreendido pelo fato de um deles andar invariavelmente  atrás de todos os  outros do grupo. Não se aguentaram e acabaram questionando o  “cujo” por que motivo ele sempre andava atrás de todos. A resposta foi curta e seca: “ é que se formos atropelados por algum carro, eu não estarei na frente”!!!

Havia precedentes na vida pregressa desse “personagem”. Contam que quando em grupo iam a algum restaurante, ou se reuniam em  “comilanças” para confraternizar alguma coisa, o “cujo” era o primeiro a se servir, colocando no seu prato metade de toda a comida que havia sido  colocada sobre a mesa, deixando o “resto” para ser repartido entre  demais do grupo. Mas o que teriam a ver as “lágrimas de crocodilo” com o citado episódio governamental?

“Dizem” uns que as lágrimas atribuídas aos crocodilos quando devoram as suas presas não estariam relacionadas à nenhuma tristeza ou arrependimento da “fera”,mas “cairiam” por haver um aperto involuntário das suas  glândulas lacrimais durante a mastigação. No seu “dicionário de provérbios e curiosidades”, o  folclorista Raimundo Magalhães Jr,traz outra versão, citando  um trecho  do historiador romano Plínio (O Velho), segundo o qual os crocodilos do rio Nilo, no Egito, fingiam soluçar e chorar para atrair as suas   “inadvertidas” prêsas.

E não foi exatamente esse o tipo de procedimento do Presidente com o seu “querido” Ministro da educação, Abraham Weintraub?


Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


sábado, 7 de dezembro de 2019

Moro, a estrela sobe: no show de Roberto, nas pesquisas e na CCJ do Senado - Blog do Noblat

Foi um dos fatos culturais e políticos mais expressivos

É preciso dizer: os aplausos, de pé, do público que lotava o show de Roberto Carlos, sábado passado, em Curitiba, quando o artista registrou a presença do ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, têm significados múltiplos e relevantes, política, pessoal e jornalisticamente falando. O principal deles é a demonstração, na prática, dos sinais que as pesquisas dos principais institutos de opinião apontam há meses: o ex-juiz condutor da Lava Jato é a nova estrela que sobe e brilha cada vez com mais intensidade e força no espaço cambiante da política brasileira.

No espaço do Ópera de Arame, onde se deu o espetáculo, restou claro a explosão daquilo que não dá mais para ocultar, nem esconder, nem disfarçar (na metáfora da canção de Gonzaguinha): Foi um dos fatos culturais e políticos mais expressivos, como signo de comunicação, deste fim de 2019 no País. Praticamente ignorado pela chamada grande imprensa, as redes sociais o divulgaram com a hierarquia factual que o assunto merecia.

Registre-se, ainda, a bem da contextualização de Sua Excelência, o Fato: tudo poderia ter-se resumido a mais uma prosaica cena de politização ideológica – tão comum em apresentações marcadas pelo ativismo de muitos de nossos cantores e de tantos de nossos atores, em palcos nacionais e estrangeiros – não raramente reprovadas pela platéia, em alguns casos até com a expulsão de cena, do militante.

Em Curitiba, a diferença aparece no contexto geral da cena. Na reação espontânea e consagradora do público, quando o Rei Roberto parou para reverenciar uma presença: “É um privilégio receber nesta plateia um cara que realmente admiro e respeito. Esse cara é Sérgio Moro, disse". E o público se levantou em peso para aplaudir ao atual político mais bem avaliado do Brasil. Aí se deu o fato político, reproduzido em imagens que bombaram na Internet.

Ulysses Guimarães, em seu Decálogo do Estadista, publicado no livro “Rompendo o Cerco”, proclama a AUTORIDADE como nono mandamento. E assinala em seu enunciado: Autoridade é um atributo nato. É consubstancial ao político. “A competência funcional é dada pelo cargo, a autoridade é pessoal, o homem público é gratificado por ela. É imantação misteriosa e sedutora, irresistível, temperada de respeito e admiração. Homem iluminado pela autoridade é visto por todos, ouvido por todos, onde está é pólo de atração, escreveu Ulysses. Precisa desenhar?

Na quarta-feira, o ministro reapareceu no Congresso, sentado ao lado da senadora Simone Tebet, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, participando da audiência pública que pôs a pique o arranjo produzido dias antes pelos presidentes das duas casas do Legislativo – Rodrigo Maia e David Alcolumbre para postergar a votação do projeto sobre prisão em segunda instância.

Moro falou em urgência: “Não haveria melhor mensagem do que o restabelecimento da prisão após condenação em segunda instância. A decisão se é por PEC, se é por PL (projeto de lei) ou se é por ambos cabe ao Congresso. Se tem uma maioria no Congresso para aprovar esta medida, não vejo lá muito sentido para postergação.” Grupo de 44 senadores logo apresentou solicitação de imediata apreciação do projeto, prontamente acatado pela presidente da CCJ. Tebet ordenou que o projeto conste como primeiro item da pauta da próxima terça-feira. Isto é autoridade. O resto, a conferir.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail:vitors.h@uol.com.br

Transcrito do Blog do Noblat - VEJA