Governo
confirmou que, além do brasileiro, sete estrangeiros e um indonésio condenados
por tráfico de drogas foram mortos por um pelotão de fuzilamento
O governo
da Indonésia confirmou que executou oito condenados à morte por tráfico de
drogas, entre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, na madrugada de quarta-feira
(29) - horário local, tarde de terça-feira (28) em Brasília. "Concluímos as
execuções", afirmou a
procuradoria do país, de acordo com o Jakarta Post.
Além do
brasileiro, quatro nigerianos, dois australianos e um indonésio foram
mortos no complexo de prisões de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 quilômetros
da capital Jacarta, por um pelotão de
fuzilamento. A Indonésia planejava executar nove condenados. No entanto, o
governo decidiu adiar a execução da filipina Mary Jane Veloso. Segundo o
jornal Jakarta
Post, uma mulher se entregou
às autoridades alegando ser a pessoa que aliciou Mary Jane nesta terça-feira, e
por isso o governo decidiu adiar a execução da pena.
Saiba
quem são os oito estrangeiros condenados:
Myuran Sukumaran, 34 anos
Myuran
Sukumaran, de 34
anos, era um cidadão australiano que nasceu em Londres. Depois de deixar
a universidade, se envolveu com drogas em Sydney, atraído pela perspectiva do
dinheiro fácil. "Eu estava esperando
para comprar um carro", disse, em entrevista recente, de acordo com o New York
Times. Ele foi preso em um quarto de hotel em Kuta, na
Indonésia, em 2005, com mais de 8,3 quilos de heroína que, segundo as
investigações, seriam enviadas para a Austrália. Na mesma operação que prendeu
Sukumaran, outros oito australianos foram detidos, inclusive Andrew Chan,
também condenado à morte. Em 2006, uma corte em Bali considerou-o chefe do
cartel "Os Nove de Bali", grupo que contrabandeava droga para a
Austrália. Na ocasião, foi condenado à
morte. A defesa diz que Sukumaran se recuperou na prisão e virou um
artista. Uma de suas últimas pinturas foi exibida para a mídia recentemente
pelo seu advogado australiano Julian McMahon. O auto-retrato assombrado retrata
um tiro ferindo o seu coração.
Andrew Chan, 31 anos
Andrew
Chan, de 31 anos, é australiano e foi condenado
na Indonésia por tráfico de drogas como um membro do cartel "Os nove de
Bali". Filho de pais imigrantes chineses que trabalharam durante
quatro décadas em restaurantes, começou a usar drogas aos 16 anos,
quando abandonou a escola. Em 2005, Chan foi preso no Aeroporto Internacional
de Ngurah Rai, em Denpasar, na ilha de Bali. Outras oito pessoas foram detidas
na mesma operação, entra elas Myuran Sukumaran com mais de 8 quilos de
heroína. Segundo a investigação, Chan e Sukumaran foram os líderes da operação
de contrabando de heroína da Indonésia para a Austrália. Depois de um
julgamento criminal em 14 de fevereiro de 2006, Chan foi condenado à execução
por fuzilamento pelo Tribunal Distrital de Denpasar. Seu
pedido de clemência foi negado pelo governo indonésio em janeiro deste ano.
De acordo com o The
Guardian, Sukumaran e Chan
foram os dois únicos do grupo condenados à morte. Os sete restantes
receberam sentenças de prisão perpétua. A defesa também
argumentou que ele se recuperou na prisão e que dava aulas sobre a Bíblia e de
culinária. O seu último pedido, conforme o Daily Mail, foi participar de um culto na
igreja ao lado da família.
Zainal Abidin, 50 anos
Zainal
Abidin, 50
anos, era o único cidadão indonésio entre os nove executados. De acordo
com o New
York Times, em dezembro de 2010 Abidin estava em sua casa em
Palimbão, no sul da ilha de Sumatra, quando dois amigos bateram em sua porta
pedindo para passar a noite. Eles carregavam sacos que, de acordo com a defesa
do condenado, ele acreditava ser de arroz. Horas mais tarde, depois que a
polícia invadiu a casa no meio da noite, descobriu que os sacos estavam
recheados de maconha. Um dos visitantes foi preso. À polícia, ele falou
que Abidin era o líder de um plano para vender a droga. Acabou preso. Em 2001,
Abidin foi condenado a 15 anos de prisão. Mais tarde, no mesmo ano, a Corte de Sumatra revogou a sentença e o
condenou à pena de morte. A defesa alegou que Abidin, funcionário de uma
fábrica de móveis, não tinha como comprar tanta quantidade de maconha.
Raheem Agbaje Salami, 50 anos
Em 1998,
as autoridades da Indonésia prenderam um homem com 5 quilos de heroína com o
passaporte espanhol no nome de Raheem Agbaje Salami. O homem contou, no
entanto, que o passaporte era falso. Seu nome verdadeiro era Jamiu Owolabi Abashin,
ele era nigeriano e vivia como morador de rua em Bancoc quando recebeu US$ 400 para levar uma mala com roupas para Surabaya, a
segunda maior cidade da Indonésia. Abashin foi condenado à morte em 1999. Ele
recorreu e conseguiu reduzir a sentença para 20 anos de prisão, mas a promotoria recorreu ao Supremo e conseguiu a
confirmação da pena de morte. O advogado do nigeriano alega que a
condenação é irregular e inválida por um motivo simples: até hoje as autoridades
da Indonésia continuam identificando-o como Raheem Agbaje Salami, o nome do
passaporte falso.
Okwudili Oyatanze, 41 anos
O nigeriano
Okwudili Oyatanze foi preso em 2001, com 2,5 quilos de heroína, em
um aeroporto de Jacarta. Ele disse às autoridades que tinha uma empresa de
vestuário na Nigéria. Essa empresa, no entanto, faliu. Desesperado, acabou aceitando uma proposta
para levantar dinheiro para pagar suas dívidas: engoliu cápsulas de heroína
e tentou entrar na Indonésia, quando foi pego. Nas cadeias indonésias,
Oyatanze se tornou religioso. Ele escreveu mais de 70 canções gospel,
gravou álbuns e tem até músicas no Youtube, o que lhe rendeu o apelido de "o cantor evangélico do corredor da
morte".
Sylvester Obiekwe Nwolise, 47 anos
O nigeriano
Sylvester Obiekwe Nwolise, estava desempregado em Lagos, Nigéria,
quando decidiu tentar a sorte no Paquistão. De lá, ele voou para a Indonésia,
quando foi pego pelas autoridades com um quilo de heroína em cápsulas no seu
estômago. Segundo Fatimah Farwin, sua mulher, em entrevista ao The New York
Times, Nwolise foi condenado à morte após um julgamento em
que ele não teve direito a um tradutor e seu "advogado indonésio" praticamente não tentou se comunicar
com ele. Ela disse que um juiz tentou subornar Nwolise, pedindo que ele pagasse
200 milhões de rúpias (o equivalente a
US$ 22 mil, na época) para mudar sua condenação para uma pena de prisão.
Ano passado, as autoridades indonésias acusaram Nwolise de comandar o
tráfico de drogas na prisão. Ele foi investigado e a polícia não encontrou
provas ou evidências da procedência da acusação.
Martin Anderson, 50 anos
Martin
Anderson, também
conhecido como Belo, foi preso em 2003 pelo crime de possessão de 50 gramas de
heroína em Jacarta. Ele foi identificado pelas autoridades indonésias como
ganês, mas na verdade é um nigeriano - Anderson estava com
passaporte falso, e a informação nunca foi corrigida no processo penal. Segundo
seu advogado, ele foi baleado na perna pela polícia indonésia ao ser preso – o
que seria uma "abordagem comum"
por parte da polícia local. Seu pedido
de clemência foi rejeitado em janeiro deste ano.
Fonte: Revista Época