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sábado, 8 de janeiro de 2022

Exército esclarecerá vacinação da tropa após incômodo de Bolsonaro

Comandante determinou que militares se vacinem, usem máscara e não divulguem fake news. Presidente Jair Bolsonaro está incomodado com as diretrizes

O Comando do Exército prepara uma nota de esclarecimento sobre as diretrizes de combate à pandemia de covid-19. Nesta quinta-feira (6/1), foi divulgado que os militares que retornaram ao trabalho presencial devem ser vacinados, além da proibição de espalhar fake news relacionados ao vírus. A medida teria irritado o presidente Jair Bolsonaro (PL) — que é contra a exigência da vacina.

Em uma reunião na tarde desta sexta-feira (7/1), o ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto, deixou clara a contrariedade com a repercussão do documento assinado pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

Os protocolos divergem do posicionamento do presidente Bolsonaro, que sempre se colocou contra a obrigatoriedade da vacinação para os servidores. Desde o ano passado, o governo federal só exige a imunização completa de colaboradores com comorbidades, mas que desejam retornar ao regime presencial. Para os demais, a instrução normativa do Executivo não cita necessidade de imunização.

Apesar do incômodo do Planalto, a diretriz do Exército segue uma portaria de 29 de novembro do Ministério da Defesa. Assinada pelo general Braga Netto para entrar em vigor no dia 3 de janeiro, a portaria, no parágrafo 3, destaca que os servidores e militares da administração central do Ministério da Defesa, com exceção de pessoas com comorbidades e outros casos específicos, “retornarão às atividades presenciais quinze dias após terem se imunizado contra a covid-19".

Segundo o Exército, o objetivo é o retorno pleno de todas as atividades administrativas e operacionais. O comandante afirmou ser necessário avaliar a volta às atividades presenciais dos servidores, desde que respeitado o período de 15 dias após a imunização. “Os casos omissos sobre cobertura vacinal deverão ser submetidos à apreciação do DGP [Departamento-Geral do Pessoal], para adoção de procedimentos específicos”, explicou o documento de Paulo Sérgio Nogueira.

Por lei, as Forças Armadas exigem que seus servidores se vacinem contra febre amarela, tétano e hepatite B.

Fake news
Outro ponto dessa diretriz do Exército que incomodou o Executivo proíbe que os militares divulguem nas redes sociais qualquer informação sobre a pandemia sem antes confirmar a fonte e checar se ela é verdadeira, ou seja, não pode divulgar fake news. O documento diz ainda que os servidores devem orientar os parentes a agirem da mesma forma. [nos parece que a proibição dos militares não divulgarem  fake news é até redundante = a mentira não costuma ser apreciada pelos militares; quanto a pretensão impor normas aos familiares dos militares nos parece um certo exagero do senhor Comandante do Exército.
Quanto a exigência dos militares se vacinarem contra a covid-19 é complicado, devido  INEXISTÊNCIA de leis impondo tal prática. As vacinas as quais os militares são obrigados constam de leis específicas.
Encerramos lembrando que pela CF vigente,  o Presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas, o que torna de bom tom que antes de externar certas posições se escute a posição da mais alta autoridade da Nação.]

A norma diz que "não deverá haver difusão de mensagens em redes sociais sem confirmação da fonte e da veracidade da informação" e que, "além disso, os militares deverão orientar os seus familiares e outras pessoas que compartilham do seu convívio para que tenham a mesma conduta".
 
Política - Correio Braziliense
 
Abaixo, segue o vídeo  "Bateu desespero na Globo", sugerimos assistir.
Não é nossa intenção apresentar libelos contra a TV Globo - atualmente está em queda, sob má direção, mas, direções podem ser mudadas = a atuação de Ronaldo, o FENÔMENO, no Cruzeiro, é um ótimo exemplo de como se extirpa mal direção - e,  sim,  propiciar aos nossos dois leitores o conhecimento dos dois lados do tema.]

Bateu desespero na Globo
 

A calculadora de Ronaldo Fenômeno - O Globo

Gustavo Poli

Ex-jogador mal assumiu o Cruzeiro e já promoveu uma limpa fenomenal. Rifou o executivo, o treinador e o goleiro-ídolo

O presidente do Cruzeiro Sergio Santos Rodrigues posa ao lado de Ronaldo durante anúncio da aquisição do time pelo ex-jogador Foto: - / Divulgação/Cruzeiro
O presidente do Cruzeiro Sergio Santos Rodrigues posa ao lado de Ronaldo durante anúncio da aquisição do time pelo ex-jogador Foto: - Divulgação/Cruzeiro

Nosso distinto 2022 do réveillon com ômicron começa com a ascensão de três letrinhas. Chegou a era das SAFs — as sociedades anônimas do futebol, que apresentam o torcedor ao irrefreável caminhão da realidade. Sai romantismo, entra pragmatismo. Sai saco sem fundo, entra calculadora. Ronaldo mal assumiu o Cruzeiro e já promoveu uma limpa fenomenal. Rifou o executivo, o treinador e o goleiro-ídolo. A lua-de-mel durou menos de 20 dias. Assim que Fábio foi ejetado (ou decidiu se ejetar, a depender da versão) torcedores produziram um coro ofensivo. 

[Ronaldo, o FENÔMENO - apesar de algumas escorregadas que deu fora do futebol -  age corretamente no limpa geral que procede no ex-glorioso Cruzeiro =   o que não rende se exclui;  tem que ser respeitado o principio de que  instituição beneficente  e clube de futebol são diferentes = clube de futebol tem que ganhar títulos e dinheiro. 
Clubes beneficentes ao que sabemos são o Rotary, o Lions e similares - ainda existem? 
O MENGÃO hoje é - segundo palavras do seu novo técnico, o português Paulo Sousa, referendadas por milhões de torcedores e pelos fatos - o MAIOR do mundo exatamente  quando se organizou financeiramente.
Com as decisões adotadas Ronaldo honra o adjetivo FENÔMENO, termo que há alguns anos foi desvalorizado quando o descondenado petista, o maior de todos os ladrões, disse que um dos seus filhos era um fenômeno nos negócios.]
 
O Cruzeiro vai para seu terceiro ano na Série B, afundado numa crise histórica gerada por incompetência, demagogia e ladroagem. 
O Fenômeno topou o desafio de enfrentar um buraco de R$ 1 bilhão com pouca perspectiva de receita. 
Nesse cenário tomou a compreensível decisão de cortar custos. Aos 41 anos, Fábio poderia ajudar o clube dentro de campo? É bem possível. Mas a nova gestão considerou melhor empregar R$ 4,5 milhões (R$ 350 mil/mês x 13) em outras funções.

O torcedor não curtiu? Claro. Torcida odeia ver ídolo partir. E adora receber reforço de nome. Quem não lembra da festa que os botafoguenses fizeram pela chegada de Honda? Dez meses depois, o balão japonês saiu pela porta dos fundos e o clube foi rebaixado. A história está cheia de campeões de pré-temporada que quebraram a cara. Decisões impopulares fazem parte de qualquer manual de gestão.

A pergunta que o torcedor deve fazer é simples: qual o objetivo de Ronaldo? Alguém acredita que o sujeito vai investir R$ 400 milhões só pra sorrir em foto da taça? O craque tem um nome a zelar — e uma idolatria a preservar. Mas seu objetivo não é meramente esportivo. Quem investe em qualquer negócio espera retorno. No esporte não é diferente. Esse retorno pode ter várias naturezas. Pode ser financeiro, pode ser construir imagem ou marca, pode ser brincar de cartola.

O bilionário Roman Abramovich comprou o Chelsea em 2003 e produziu uma era vitoriosa. Com que objetivo? Status, política? O time saiu do meio da tabela para o topo da Europa. O dinheiro saudita fez o mesmo com o Manchester City. O PSG virou potência com dinheiro do Qatar. Esses times se tornaram plataformas globais de propaganda — pessoal, política ou corporativa (ver Red Bull).

O nobre John Textor não está comprando o Botafogo por causa da estrela solitária e do passado glorioso. Ele está comprando porque enxerga futuro — seja num portfólio global de clubes que facilite intercâmbio e comércio de talento, seja com retorno direto ou até numa eventual revenda. Isso não quer dizer que ele não vá transformar o clube para melhor. Seu capital resolve de imediato o mais grave problema do presente (fluxo de caixa) e permite que a torcida sonhe.

E que alternativa o Botafogo tem? Continuar a vender jantar para pagar almoço? O modelo amador produziu um poço sem fundo com alçapão. Nesse cenário, o investidor é a corda de resgate. Mas será necessário escalar o poço — e isso demora. A nova lei das SAFs e a instituição do Regime Centralizado de Execuções (RCE) criaram as condições para que investidores apostem no futebol tupiniquim e até resgatem gigantes. Mas esse jogo mal começou.

Esporte - O Globo


sexta-feira, 15 de junho de 2018

O ópio do povo

Apropriando-se de uma máxima do idealizador do comunismo Karl Marx, que dizia que a religião é o ópio do povo, o genial Nelson Rodrigues acusava os esquerdistas modernos de acharem que o futebol, sim, é o ópio do do povo. Bem quisera Vladimir Putin que a frase de Nelson, não a de Marx, fosse verdadeira na Rússia de hoje, quando começa para valer a última etapa do seu projeto de “soft power” em relação à Copa do Mundo de futebol.

Sem grandes expectativas por parte da população, descrente da seleção depois de uma série de derrotas, Putin sabe que o objetivo não pode ser entregar a Taça ao capitão russo Akinfeev, já considerado o pior goleiro da Liga dos Campeões, mas sim entregar ao mundo uma Copa bem organizada e sem problemas de violência, comuns aos torcedores russos, e riscos para a segurança das delegações e de milhares de autoridades e turistas que vão chegando à Rússia.

O fracasso da seleção russa é tamanho que um famoso jornalista de televisão iniciou campanha de autoestima denominada “o bigode da esperança” com base no bigode do técnico Stanislav Cherchesov.  Atribui-se a Putin uma improvável manobra no sorteio das chaves da Copa para que o jogo inicial fosse contra um time inofensivo. Deu Rússia e Arábia Saudita, a única seleção que tem piores resultados que os dos anfitriões. 

Coincidência ou não, esta será apenas uma das três Copas em que o jogo de abertura não tem um país campeão em campo. Em se tratando de FIFA e de Putin, tudo é possível, no entanto. Além da Arábia Saudita, a chave dos anfitriões tem ainda o Egito, dois países de maioria muçulmana que se encontram em posições distintas na guerra da Síria em relação à Rússia, que apóia a Bashar Al Assad: enquanto a Arábia Saudita opõe-se ao líder sírio, o Egito tem posição mais cautelosa. O Egito, no entanto, pode causar danos irreversíveis a Putin na Copa do Mundo. Como uma das duas vagas do grupo deve ficar com o Uruguai, a disputa da segunda ficará provavelmente entre Rússia e Egito, que tem no jogador Salah um diferencial que pode eliminar a seleção anfitriã ainda nas oitavas. [Atualizando: Egito perdeu para o Uruguai, 1 a 0 e a Rússia venceu a Arábia Saudita por 5 a 1.]

Cercado de símbolos capitalistas, o passado comunista da União Soviética que Putin ajudou a enterrar cisma de estar presente, como em frente ao estádio de Lujiniki, onde uma estátua de Lenin tem que conviver com uma grande propaganda da Coca-Cola. Em tudo semelhante ao filme alemão “Adeus Lenin”, que conta as dificuldades de um filho que tenta mudar a realidade para proteger a mãe, uma comunista radical que sai do coma após um ano, e não suportaria visões chocantes para ela, como a queda do Muro de Berlim e um grande cartaz da Coca-Cola em frente a seu prédio.

Na Rússia de hoje, essa convivência não é evitada, ao contrário, tornou-se mais um atrativo turístico. Foi-se a época em que Yeltsin queria retirar da Praça Vermelha o mausoléu de Lenin, para enterrar literalmente esse passado. Putin, ao contrário, mandou restaurar a múmia e a recolocou novamente onde os turistas possam visitá-la. A festa de abertura da Copa terá a presença de Ronaldo Fenômeno, na impossibilidade de Pelé comparecer devido a problemas no quadril. Putin, aliás, apostava muito na presença de Pelé, com quem se abraçou na cerimonia de sorteio das chaves da Copa do Mundo. A abertura será a cerimonia mais breve das últimas Copas no estádio de Lujiniki, reformado ao custo de R$ 1,4 bilhão, com acusações de superfaturamento. O mesmo que aconteceu com o nosso Maracanã.


Merval Pereira - O Globo