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quinta-feira, 13 de julho de 2023

Reforma tributária, gela e Ciroc - Gazeta do Povo

Marcel van Hattem - Vozes

Um cruzeiro com Wesley Safadão com direito a show particular em uma ilha das Bahamas é mais importante do que discutir bem uma reforma tributária que aguarda décadas para ser pautada e aprovada. Surreal? Infelizmente, não: é real
Para poder embarcar na última segunda-feira (10) e tirar uma semana de férias antes do recesso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinou que a semana anterior seria de "esforço concentrado”. O que isso significa? 
Sessões no plenário diárias, de segunda a sexta-feira, para deliberar sobre a Proposta de Emenda à Constituição número 45. 
O relatório de mais de 140 páginas, antes guardado a sete chaves, fora apresentado dias antes, alterado na noite anterior à votação e novamente alterado – acredite se quiser – durante o próprio processo de votação! E sempre com alterações substanciais…
 
Na semana passada, todas as reuniões de comissões, todas as audiências públicas e quaisquer outras atividades parlamentares programadas para serem realizadas na Câmara foram canceladas por ordem do presidente Lira.  
Até mesmo as inofensivas sessões solenes, algumas com centenas de convidados confirmados, dentre os quais muitos já em Brasília com passagens e hospedagens pagas dos próprios bolsos, foram canceladas. Sua Alteza determinou, não tem discussão. O regimento permite? Não importa! Rei Arthur estava irredutível!  
Na semana seguinte precisava embarcar com Wesley Safadão às Bahamas, nada poderia tirar seu foco de aprovar uma reforma tributária antes disso.
 
A dita reforma tributária aprovada, sobre a qual tratarei no mérito mais minuciosamente em um próximo artigo, é um descalabro sob o ponto de vista da sua tramitação. 
 Foi apresentada como PEC 45 em 2019 sob a presidência de Rodrigo Maia e com seu apoio. 
Era originalmente uma boa PEC, aliás, que sempre contou com meu apoio e do partido Novo por simplificar a cobrança de tributos via Imposto sobre o Valor Agregado (o IVA, adotado pela esmagadora maioria dos países no mundo). 
Tramitou, porém, sem que se aprovasse na época relatório em comissão especial. Não teve apresentação de emendas, debate de texto, votação de destaques, nada!
E assim se fez um processo legislativo torto, desengonçado, ilegal e antirregimental para aprovar uma reforma tributária que sempre foi necessária, mas cujo conteúdo final foi, no mínimo, completamente duvidoso. Nem mesmo seu relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), conhecia o conteúdo integralmente
Após a aprovação do texto principal, por exemplo, ao apresentar sua "emenda aglutinativa” que não aglutinava nada com nada, Ribeiro demonstrava da tribuna da Câmara surpresa ao perceber que um tal “hidrogênio verde”, cuja inclusão no rol de produtos sujeitos a regimes especiais foi solicitada pelo deputado Mauro Benevides (PDT-CE), não constava do texto que tinha sido “subido" pela assessoria no sistema
E agora? Nem Lira sabia bem o que dizer…

Aguinaldo Ribeiro, já à época relator da PEC, havia caído em desgraça na virada de 2020 a 2021 porque apoiou o autor da PEC, Baleia Rossi (MDB-SP), como candidato de Maia à presidência da Câmara justamente contra Sua Alteza Arthur Lira, que concorria então pela primeira vez. Como consequência, Lira determinou em um de seus primeiros atos como presidente, há dois anos, o fim dos trabalhos da comissão especial enquanto Ribeiro lia o seu relatório na comissão, e focou na reforma do imposto de renda proposta pelo governo Bolsonaro. Foi então aprovada na Câmara, mas está parada no Senado.

O mundo dá voltas: neste 2023 Aguinaldo e Baleia redimiram-se ao apoiarem Lira em sua reeleição e, assim, voltava a PEC 45 à pauta. Mas a tramitação foi como Sua Alteza quis, não como o regimento da Câmara determina. 
Criou-se um grupo de trabalho sem respeitar a proporcionalidade partidária, com apenas 12 deputados, dos quais três do Amazonas que tem apenas 4 milhões de habitantes e nenhum de toda a região Sul do Brasil, que possui 30 milhões; e com somente um deputado dentre os mais de 200 que se elegeram em 2022 e que não exerciam mandato na legislatura passada.

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Em resumo: foi criada uma comissão especial fake, composta por um grupo de deputados selecionados a dedo e presididos pelo deputado petista Reginaldo Lopes (PT-MG), cujo relator, o mesmo Aguinaldo Ribeiro, lavrou seu texto de acordo com o que considerava ter colhido de “contribuições” dos seus membros.  
Não teve apresentação de emendas, debate de texto, votação de destaques, nada! 
Só um relatório, guardado a sete chaves, apresentado no dia 22 de junho, e que, para a surpresa de ninguém, passou a ser criticado por setores econômicos e entes federativos, bem como por parlamentares, pelo seu conteúdo e, principalmente, pela total ausência de debate.
 
Anunciada a semana do “esforço concentrado” pré-cruzeiro de Safadão para aprovar a dita reforma tributária, houve périplo a Brasília de governadores, prefeitos, especialistas no tema de diversas áreas (em particular do direito tributário) e de lobistas. 
Se Brasília fosse uma peça musical, a dissonância seria sua gritante marca. 
Mas a determinação era votar, era aprovar, independentemente do lancinante escarcéu. O prazo? Claro, sexta-feira para que Sua Alteza pudesse embarcar.

    Nem mencionarei aqui a liberação de emendas parlamentares e nomeações de cargos durante a semana para não generalizar a prática fisiológica.

O novo texto foi finalmente protocolado na noite de quarta-feira (5), às 20h48: 140 páginas dentre as quais mais de quarenta com alterações propostas à Constituição. Não é qualquer coisa. 
Mesmo assim, muito do que havia sido acordado, inclusive com governadores e outros atores políticos, não constava do texto apresentado. 
Nova versão, prometia Arthur Lira da Mesa já se aproximando da meia-noite, seria apresentada no decorrer do dia seguinte. 
Enquanto isso, parlamentares poderiam se revezar na tribuna a partir das 11h da manhã de quinta-feira para discutir um texto que, já estava claro, não seria o texto votado.

Finalmente, às 18h55 do mesmo dia, após encerrada a discussão do tema – mas não do texto que iria a votação –, o relatório do texto que seria votado foi protocolado. Trechos importantes, porém, ficaram de fora. Trava indiscutível para conter aumento de carga tributária na União? Fora. Fundo de Desenvolvimento Regional que contemple também regiões pobres do Sul e Sudeste? Fora – a regulação agora passaria a ser feita apenas por Lei Complementar.

Mesmo assim, tinha de votar. E aprovada foi a "reforma", com votação aberta às 21h e encerrada às 21h49, com 382 votos a favor e 118 contra (incluindo o meu voto contrário, a começar em protesto contra rito tão vergonhoso). 
Nem mencionarei aqui a liberação de emendas parlamentares e nomeações de cargos durante a semana para não generalizar a prática fisiológica, pois houve muitos votos convictos a favor da reforma que não dependeram desse incentivo. 
Mas que houve troca de favores, houve, e muita!
 
Minutos antes do encerramento da votação do texto principal, porém, nova surpresa: mais especificamente às 21h43 protocolava-se uma emenda aglutinativa ao texto, completamente antirregimental, que criava novos tributos (contribuições estaduais), prorrogava benefícios fiscais às montadoras, além de incluir mais exceções passíveis de regimes especiais. 
Ainda atônito com a notícia, quem entende de processo legislativo e defende o Parlamento não conseguia acreditar na desfaçatez. 
Mesmo assim, a vitória da manobra foi fácil: mais 379 votos a 114.  
A única notícia boa veio apenas no dia seguinte: os incentivos às montadoras foram retirados em destaque feito ao texto por apenas um voto. O restante, só alegria – e tristeza para quem paga impostos.

Nesta semana, reina a paz na Câmara dos Deputados aqui em Brasília. A dissonância da semana que passou foi substituída pelo silêncio de um plenário vazio que não realizará uma única sessão – afinal, o cruzeiro com Sua Alteza partiu da Flórida na segunda-feira e nada pode acontecer na sua ausência. A Câmara está parada.


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A dita reforma tributária foi aprovada, desse jeito atabalhoado mesmo, e agora vai para o Senado. 
Mas o cruzeiro de Wesley Safadão, mostram os vídeos que correm na internet, está animado. 
E a gente assiste aqui, de camarote, às imagens de muita gela, Ciroc, a turma curtindo a balada e dando virote. 
E o povo, aqui de bobeira, sem ninguém na geladeira pra aprender que o amor venceu e não é brincadeira.

Marcel van Hattem, deputado federal em segundo mandato - Coluna Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 26 de maio de 2023

A reação das instituições - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

A semana nos deu vitórias diante de um sistema corrompido gigantesco. Mesmo que pequenas, temos que celebrar


Foto: Shutterstock

Pegue as últimas edições de Oeste. Não falo das últimas semanas, mas dos últimos meses, anos. Corra os olhos pelas notícias e artigos. A montanha-russa de emoções na qual nos obrigaram a embarcar diariamente é inacreditável. Os trilhos das más notícias impostas por um Judiciário aparelhado mais parecem, na verdade, um trem-fantasma. Imoralidades e inconstitucionalidades viraram a regra de muitos homens e mulheres que deveriam proteger o sagrado Estado de Direito, a Constituição. Nosso cotidiano é feito por eternas brigas com nosso desânimo e apatia. Não é fácil. O sentimento de derrota chega a ser avassalador. Mas, às vezes, algo para nos puxar para fora do desalento aparece e, francamente, não custa acreditarmos que não nos afogaremos em um mar de insanidade e promiscuidade jurídica.

Nesta semana, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) atendeu a uma representação do desembargador Marcelo Malucelli e afastou Eduardo Appio, novo juiz da Operação Lava Jato da 13ª Vara de Curitiba. Durante uma entrevista à GloboNews recentemente, pouco antes de ser afastado do cargo, Appio revelou que achou injusta a prisão de Lula e que usava a senha “LUL22” para acessar os sistemas da Justiça Federal como “protesto isolado contra uma prisão que considerava ilegal. O juiz ativista (o termo está se tornando um pleonasmo no Brasil) se defendeu dizendo que a senha usada era “questão individual” e garantiu “não ser petista”: “Acho que o atual presidente Lula é uma figura histórica, muito importante para o país. Erros e acertos vão ser julgados pela Justiça. O juiz fala nos autos. Eu falo no processo”. publicidade

Eu sou mineira, tenho algumas camisas do Cruzeiro, mas não sou cruzeirense. Tenho-as apenas em protesto a uma derrota para o Atlético, em 1984, em uma das maiores polêmicas da história do clássico, quando a disputa pelo título do campeonato mineiro foi levada para os tribunais que, apenas em 1990, deram a vitória ao Cruzeiro. Mas que fique bem claro — não sou cruzeirense, as camisas azuis no meu armário são apenas uma forma de protesto. 

O juiz Eduardo Appio | Foto: Divulgação/Justiça Federal do Paraná

Na Lava Jato desde fevereiro deste ano, em sua primeira sentença proferida na operação Lava Jato, o juiz ativista (perdoem-me pela redundância) absolveu de cara, logo na largada, o réu Raul Schmidt Júnior, acusado de pagar propina a ex-diretores da Petrobras. Schmidt foi preso em 2016 em Portugal, na 25ª fase da Lava Jato, e deixou a cadeia em 2018. Na decisão, Appio argumentou que o Ministério Público Federal teve acesso de “maneira ilegal” aos dados bancários de Schmidt e que os procuradores da Lava Jato não tinham uma decisão judicial autorizando a quebra de sigilo bancário da conta do réu em um banco em Mônaco.

O mais curioso é que Appio defende a soltura de Lula pelo STF na manobra ativista da corte que usou mensagens hackeadas, adquiridas ilegalmente e sem terem sido submetidas a uma perícia técnica, mas que “mostravam um conluio entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa” para perseguir o ilibado Lula. Igualmente curioso é o fato de que o CPF do juiz igualmente ilibado ainda consta entre um dos doadores da campanha de Lula no Tribunal Superior Eleitoral. Desde o início de fevereiro, ele foi transferido para a 13ª Vara Federal de Curitiba. Conforme a Corte, Appio doou R$ 13 a Lula e R$ 140 à deputada estadual Ana Júlia Pires Ribeiro (PT-PR). Já disse que não sou cruzeirense.

Appio também foi responsável por decisões contrárias às tomadas pelo seu antecessor na Vara de Curitiba, o ex-ministro e hoje senador Sergio Moro, e, em poucos meses de atuação à frente da Lava Jato, o fã de Lula no Judiciário do Paraná reverteu a sentença contra o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e anunciou o desejo de rever o caso do doleiro Alberto Youssef.Sérgio Cabral | Foto: Agência Brasil

O afastamento de Appio do cargo de juiz da Lava Jato foi determinado pela Corregedoria do TRF4 depois que Appio, de acordo com as investigações, fez uma ligação para ameaçar o filho do desembargador Marcelo Malucelli. Além de utilizar um número de telefone bloqueado, que não permite a identificação da chamada, ele usou um nome falso, de um servidor inexistente nos sistemas da Justiça. No dia anterior à ligação, a 8ª Turma do TRF4 havia autorizado algumas medidas contra Appio para apurar possíveis irregularidades e adotar providências contra o magistrado — o desembargador Marcelo Malucelli era relator do procedimento.

O que o juiz não contava era com o fato de que o filho do desembargador, João Eduardo Barreto Malucelli, gravaria o telefonema. A gravação foi encaminhada à Polícia Federal, e o perito concluiu que, “a partir da comparação da voz do interlocutor da ligação suspeita com a voz do juiz federal, Eduardo Fernando Appio, se ‘corrobora fortemente a hipótese’ de que a voz presente no vídeo que gravou a ligação telefônica recebida pelo filho do desembargador federal Marcelo Malucelli fora produzida pelo juiz federal Eduardo Fernando Appio, em nível ‘+3’”. A escala vai do grau “-4” ao “+4”.

Com o afastamento de Appio, a juíza Gabriela Hardt assume a condução dos processos da Operação Lava Jato da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, pelo menos temporariamente. Em passagem anterior como titular da Lava Jato, Gabriela proferiu sentença no processo do sítio de Atibaia, na qual condenou o então ex-presidente Lula a 12 anos e 11 meses de prisão.  
 
Uma de suas frases ficou famosa quando, depois de uma resposta mal-educada do futuro ex-presidiário durante uma audiência, Hardt disse a Lula: “Se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”. A presença de Gabriela como mulher forte e influente, que combate a corrupção com mão firme e no rigor da lei, recebeu inúmeras comemorações de feministas pelo Brasil. Mentira. Nem um pio. Gabriela Hardt | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Se perdermos a esperança na reação do povo, de pessoas sérias nas instituições, não será o fracasso que nos atingirá, mas a barbárie absoluta de um Estado caótico sem leis

A semana nos deu vitórias diante de um sistema corrompido gigantesco. Mesmo que pequenas, temos que celebrar. Fica cada dia mais óbvio que Lula não tem força no Congresso, apesar de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, fazerem parte do ecossistema petista.

Não podemos perder a esperança de que ainda haja bons juízes em Berlim e de que haverá, sim, uma reação em algum momento por parte das instituições. Não há mais para onde fugir. Não há mais corda para ser esticada. Não há mais páginas da Constituição para serem rasgadas. Se perdermos a esperança na reação do povo, de pessoas sérias nas instituições, não será o fracasso que nos atingirá, mas a barbárie absoluta de um Estado caótico sem leis.

Confesso, eu estava um pouco desanimada no último domingo, logo depois da batida forte que sofremos com a ilegal e imoral cassação de Deltan Dallagnol, em mais uma missão cumprida pelos vingativos vingadores. Mas Deus manda suas mensagens. Fui surpreendida pela homilia do padre na missa com palavras que parecem ter sido enviadas diretamente para um coração, como o de todos vocês, que questiona diariamente se vamos “aguentar o tranco”.Deltan Dallagnol | Foto: Wikimedia Commons

O padre trouxe para reflexão um poema do poeta francês Charles Péguy, Le Porche du Mystère de la Deuxième Vertu (“O portal do mistério da esperança”, numa tradução livre).

Péguy escreveu o poema em 1911, quando as sombras da Primeira Guerra Mundial se acumulavam sobre a Europa em uma guerra que ele também acreditava ser “a guerra para acabar com todas as guerras”, e na qual ele morreria lutando em 1914, aos 41 anos, em um ambiente de crescente tensão política e econômica. Sem filosofar, sem moralizar, sem fazer advertências nem prescrições leves, Péguy propõe uma terapia radical em suas palavras: a esperança. Como os profetas bíblicos, ele discerne a presença de Deus nas experiências humanas concretas. Para ele, a esperança brota da leitura da criação, onde Deus fala, transformando a angústia em compaixão, o fracasso em abandono criativo, a amargura em ternura. Péguy, em Le Porche du Mystère de la Deuxième Vertu, é o escriba de Deus, e a mensagem de Deus é a esperança.

Naturalmente, o poeta personifica a Esperança (“Hope”), assim como a Fé (“Faith”) e a Caridade (“Charity”), embora, curiosamente, seja apenas em uma seção muito curta do poema que ele dá letras maiúsculas aos três nomes. Todos os três personagens são femininos, o que não é surpreendente, porque “l’espérance”(“esperança”), “la foi” (“fé”) e “la charité” (“caridade”), assim como no português, são palavras femininas em francês.

Péguy as vê como três irmãs que caminham juntas pela estrada áspera e pedregosa que conduz à salvação (“le chemin raboteux du salut”), a estrada que segue interminável (“la route interminable”). Enquanto caminham, a fé está de um lado, a caridade do outro, enquanto no meio está a pequena esperança, quase escondida nas saias de suas duas irmãs mais velhas. O poeta não resiste a algumas imagens vívidas. A fé, diz ele, é uma catedral, construída sobre fortes alicerces, sólida, antiga, venerável, que dura séculos. A fé é uma esposa firme e íntegra, uma mulher casada e de fidelidade inquestionável. A caridade, ao contrário, é um hospital, uma casa de esmolas, e ali recolhem-se todas as misérias do mundo, ali acolhem-se os feridos, os doentes, os tristes, os indesejados. A caridade tem se doado incessantemente ao longo de todos os séculos da existência humana e sempre o fará. Ela é uma mãe viva em seu coração profundo, compassiva e gentil. Seus olhos brilham com preocupação amorosa, suas mãos estão sempre estendidas para ajudar todos os necessitados. Assim ela vive.

Mas e a esperança? A esperança de Péguy é uma criança, “une petite fille de rien du tout”, inocente, confiante, indefesa. Ela não carrega fardos pesados, então ela pula entre suas duas irmãs mais velhas, despreocupada e alegre, e ninguém, na verdade, liga muito para ela ou nota sua presença. Todas as noites ela vai para a cama, dorme muito bem e levanta-se todas as manhãs, revigorada e renovada.

O poema abre com a voz de Deus dizendo que a fé não o surpreende em nada: “La foi, ça ne m’étonne pas. / Ҫa n’est pas étonnant”. Deus brilha na criação. O tom de Péguy, melancólico e contemplativo em seu imaginário, transporta o leitor para a França rural, ainda tocada pela beleza do cristianismo medieval e suas devoções tradicionais. Deus não é revelado no universo? Deus não é visível na face da Terra, na face das águas, no movimento das estrelas, no vento que sopra sobre a terra e o mar, nas montanhas e vales e florestas e campos, nos povos e nações, em homem e mulher? Não vemos Deus sobretudo nas crianças — no seu olhar inocente, na pureza da sua voz? Basta que os nossos olhos contemplem a criação, diz o poeta, e seremos levados sem esforço ao reino da fé. Para não acreditar, para não ter fé, diz ele, teríamos de tapar os olhos e os ouvidos.
A caridade também não surpreende a Deus: “‘La charité’, dit Dieu, ‘ça ne m’étonne pas’”. Estamos cercados por tantos infelizes, desolados, feridos no corpo e na alma, que precisaríamos ter um coração de pedra para não responder a eles, nossos irmãos e irmãs, em sua necessidade. Como não desejar repartir o nosso pão com os famintos? Não tiraríamos de nossas próprias bocas o próprio alimento, nosso próprio pão de cada dia, e o daríamos de bom grado a qualquer criança faminta que cruzasse nosso caminho? Certamente não seria natural fazer o contrário. Teríamos que tapar os olhos para não ver tanta gente sofrendo; teríamos que tapar os ouvidos para não desejar responder a tantos gritos de angústia. Segundo Deus, de acordo com o poeta, a caridade é totalmente natural, e o coração humano está cheio dela: jorra como um rio cheio, e nada nem ninguém pode impedir o seu fluxo.

“Não”, diz Deus, “a fé e a caridade não surpreendem”. Elas são bastante naturais e simplesmente acontecem.

O que Deus acha realmente incrível é a esperança. Que vê tudo o que está acontecendo ao nosso redor hoje e ainda espera que amanhã seja melhor: “Ҫa c’est étonnant”, diz Deus. A fé e a caridade são comparativamente fáceis e diretas — a esperança é muito mais difícil, pois a tentação de perder a esperança paira constantemente sobre nós. A fé vê o que é, no tempo e na eternidade; a esperança vê o que ainda não é e o que será, no tempo e na eternidade. A caridade ama o que é, no tempo e na eternidade; a esperança ama o que ainda não é e o que será, no tempo e na eternidade. Péguy apresenta a esperança ao mesmo tempo natural e sobrenatural, temporal e eterna, terrena e espiritual, mortal e imortal. Ela é uma chama frágil, mas não pode ser extinta, nem mesmo pelo sopro da própria morte. Essa pequena chama perfurará a escuridão da eternidade: “Une flamme percera des ténèbres éternelles”.Foto: Shutterstock

À medida que o cristianismo avança através dos tempos, as novas gerações de cristãos extraem força desse trio de virtudes. A fé é o fundamento e, de acordo com Paulo na Bíblia, a caridade, “sempre paciente e bondosa e nunca ciumenta”, é a maior das três virtudes. Mas a esperança também é essencial — ela também é um dom espiritual muito precioso. O “petite fille de rien du tout” de Péguy é indispensável para as outras duas virtudes, pois na verdade é ela quem permite que todas continuem caminhando: “…en réalité c’est elle qui fait marcher les deux autres”. Sem ela, tudo é humanamente impossível. A esperança humaniza a fé. Ela sabe que não é fácil, nem mesmo possível, acreditar em Deus sem cessar e sem nunca duvidar. Ela sabe que é impossível para nós vivermos sempre à altura das exigências da fé que professamos e, mesmo assim, ela nos empurra para o que pode ser: o melhor de nós mesmos, o melhor de tudo.

Ao acordar todas as manhãs, vulnerável, mas invencível, a esperança nos sensibiliza a perceber os minúsculos vislumbres de luz na escuridão espessa que tantas vezes nos envolve. Ela nos lembra que, se a nossa fé enfraquece e perdemos Deus de vista no caminho da vida, podemos sempre reencontrar a sua presença e caminhar com Ele. É a esperança que caminha nas trevas, sem medo, e ilumina a escuridão.

O emblemático líder francês Charles de Gaulle, confrontando-se com as tragédias de outra grande guerra, teria dito que Le Porche du Mystère de la Deuxième Vertu era seu poema favorito — dado o tema, hoje não é difícil entender por quê.

Leia também “Missão dada, missão cumprida”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A Facada continua- Alexandre Garcia

Efeitos da facada
E o presidente
 Bolsonaro está no Vila Nova Star. Ele sentiu problemas intestinais, uma obstrução ou semi-obstrução. Foi internado às pressas, às 3 da madrugada de segunda. Deve ter ido de helicóptero ao Aeroporto de Navegantes, e de lá, com um avião presidencial, para São Paulo. O doutor Luiz Antonio Macedo, que fez as outras cirurgias nele, disse que - mais uma vez, todo mundo sabe que a clínica é soberana - não vai ser tomografia nem PCR que apura infecção, ou hemograma.  


Vai ser a clínica, o exame clínico que vai decidir se vai ter uma cirurgia ou não.
Minha mulher é cirurgiã e ela me disse que ele deve estar com muita aderência na cavidade intestinal por causa dessas constantes cirurgias
motivadas pela facada.
Um médico amigo dela, que é cirurgião geral, disse que ele não pode ficar comendo coisa que provoca fermentação ou gases, que é problema. Como esse pastel em qualquer lugar, pizza, refrigerante. Não pode, tem que parar com isso. Porque o intestino dele está delicado depois da facada. Eu fico pensando naquela decisão, naquela tese do ministro Alexandre de Moraes sobre o flagrante continuado do deputado Daniel Silveira - ele botou algo na internet, e enquanto estiver girando na internet é flagrante, por isso foi preso em casa às 23h, o que a Constituição proíbe, assim como proíbe prender deputado. Deputado é civil e criminalmente inimputável pelas suas palavras. Quaisquer palavras, diz a Constituição.

O Adélio Bispo, que deu a facada, continua a facada. Continuam as consequências da facada
O Adélio Bispo e o mandante dele, se é que existe; mas quem o estimulou, esse existe. Quem autorizou a entrada dele na Câmara, fictícia, para formar um álibi. Mas registrou como se estivesse presente na Câmara. 
Se ele não tivesse sido pego em Juiz de Fora, ele teria esse álibi. 
E foi o gabinete de algum deputado que autorizou. Será que não se descobriu isso até hoje? Será que não fica um mínimo registro? 
Fica registro de tudo… enfim, tudo isso faz a gente lembrar desse flagrante continuado. A facada continua.

Navios em dificuldades
Três navios que estavam com todo mundo vacinado, todo mundo feito teste na costa brasileira, cheios de brasileiros, já estão nos portos. Muita gente reclamando porque famílias foram separadas. Sai o pai, ficam os filhos, isolados no navio.
E a Anvisa agora diz que não pode ter cruzeiro; nesse momento, não. Eu não sei se a Anvisa vai dizer alguma coisa sobre o carnaval. Porque a Bahia não vai ter carnaval; mas em Rio de Janeiro, Recife, São Paulo, está todo mundo, os governantes e prefeitos, animados para o carnaval.

Por falar em carnaval, um navio com esse nome, Carnival Freedom, teve esse problema, num cruzeiro no Caribe. Saiu de Miami no Natal - era para passar por Aruba, por Bonaire, e nenhum porto recebeu. Porque teve um surto de Covid-19 à bordo. Ninguém diz quantos. Voltou para Miami e está todo mundo reclamando, pelo que vi em um jornal de lá. Os tripulantes reclamando do tratamento e dizendo que cumpriram todas as exigências de declaração de vacina, de exame prévio, etc.

Vacinas e consequências
Eu duvido que o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não tenha sido vacinado na vacinação completa. Mas ele está com Covid-19. Ele está de plantão, o ministro Humberto Martins, porque o tribunal está em recesso. Ele é um dos 33 juízes do STJ. Está fazendo plantão em casa, diz a nota do tribunal. Ele testou positivo para Covid-19 e está "devidamente medicado". É assim que diz a nota. Fico curiosíssimo. Ele é pessoa pública, bem que poderia dizer: medicado com o quê? Está passando muito bem.

Já não sei como está o apresentador da TV Alterosa, que estava apresentando ontem de manhã ao vivo, o Rafael Silva, e caiu. Teve cinco paradas cardíacas. De uma hora para outra. Assim como a campeã brasileira de muay thai, 32 aninhos. Estava em casa, descansando em Santa Catarina, a Monique Piske, e morreu. Assim, de repente. É o que eu digo: a Anvisa, o Ministério da Saúde, estão precisando dar uma satisfação para a população brasileira desses casos que todo mundo fica sabendo. Tem que deixar essas coisas muito claras.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sábado, 8 de janeiro de 2022

Exército esclarecerá vacinação da tropa após incômodo de Bolsonaro

Comandante determinou que militares se vacinem, usem máscara e não divulguem fake news. Presidente Jair Bolsonaro está incomodado com as diretrizes

O Comando do Exército prepara uma nota de esclarecimento sobre as diretrizes de combate à pandemia de covid-19. Nesta quinta-feira (6/1), foi divulgado que os militares que retornaram ao trabalho presencial devem ser vacinados, além da proibição de espalhar fake news relacionados ao vírus. A medida teria irritado o presidente Jair Bolsonaro (PL) — que é contra a exigência da vacina.

Em uma reunião na tarde desta sexta-feira (7/1), o ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto, deixou clara a contrariedade com a repercussão do documento assinado pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

Os protocolos divergem do posicionamento do presidente Bolsonaro, que sempre se colocou contra a obrigatoriedade da vacinação para os servidores. Desde o ano passado, o governo federal só exige a imunização completa de colaboradores com comorbidades, mas que desejam retornar ao regime presencial. Para os demais, a instrução normativa do Executivo não cita necessidade de imunização.

Apesar do incômodo do Planalto, a diretriz do Exército segue uma portaria de 29 de novembro do Ministério da Defesa. Assinada pelo general Braga Netto para entrar em vigor no dia 3 de janeiro, a portaria, no parágrafo 3, destaca que os servidores e militares da administração central do Ministério da Defesa, com exceção de pessoas com comorbidades e outros casos específicos, “retornarão às atividades presenciais quinze dias após terem se imunizado contra a covid-19".

Segundo o Exército, o objetivo é o retorno pleno de todas as atividades administrativas e operacionais. O comandante afirmou ser necessário avaliar a volta às atividades presenciais dos servidores, desde que respeitado o período de 15 dias após a imunização. “Os casos omissos sobre cobertura vacinal deverão ser submetidos à apreciação do DGP [Departamento-Geral do Pessoal], para adoção de procedimentos específicos”, explicou o documento de Paulo Sérgio Nogueira.

Por lei, as Forças Armadas exigem que seus servidores se vacinem contra febre amarela, tétano e hepatite B.

Fake news
Outro ponto dessa diretriz do Exército que incomodou o Executivo proíbe que os militares divulguem nas redes sociais qualquer informação sobre a pandemia sem antes confirmar a fonte e checar se ela é verdadeira, ou seja, não pode divulgar fake news. O documento diz ainda que os servidores devem orientar os parentes a agirem da mesma forma. [nos parece que a proibição dos militares não divulgarem  fake news é até redundante = a mentira não costuma ser apreciada pelos militares; quanto a pretensão impor normas aos familiares dos militares nos parece um certo exagero do senhor Comandante do Exército.
Quanto a exigência dos militares se vacinarem contra a covid-19 é complicado, devido  INEXISTÊNCIA de leis impondo tal prática. As vacinas as quais os militares são obrigados constam de leis específicas.
Encerramos lembrando que pela CF vigente,  o Presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas, o que torna de bom tom que antes de externar certas posições se escute a posição da mais alta autoridade da Nação.]

A norma diz que "não deverá haver difusão de mensagens em redes sociais sem confirmação da fonte e da veracidade da informação" e que, "além disso, os militares deverão orientar os seus familiares e outras pessoas que compartilham do seu convívio para que tenham a mesma conduta".
 
Política - Correio Braziliense
 
Abaixo, segue o vídeo  "Bateu desespero na Globo", sugerimos assistir.
Não é nossa intenção apresentar libelos contra a TV Globo - atualmente está em queda, sob má direção, mas, direções podem ser mudadas = a atuação de Ronaldo, o FENÔMENO, no Cruzeiro, é um ótimo exemplo de como se extirpa mal direção - e,  sim,  propiciar aos nossos dois leitores o conhecimento dos dois lados do tema.]

Bateu desespero na Globo
 

A calculadora de Ronaldo Fenômeno - O Globo

Gustavo Poli

Ex-jogador mal assumiu o Cruzeiro e já promoveu uma limpa fenomenal. Rifou o executivo, o treinador e o goleiro-ídolo

O presidente do Cruzeiro Sergio Santos Rodrigues posa ao lado de Ronaldo durante anúncio da aquisição do time pelo ex-jogador Foto: - / Divulgação/Cruzeiro
O presidente do Cruzeiro Sergio Santos Rodrigues posa ao lado de Ronaldo durante anúncio da aquisição do time pelo ex-jogador Foto: - Divulgação/Cruzeiro

Nosso distinto 2022 do réveillon com ômicron começa com a ascensão de três letrinhas. Chegou a era das SAFs — as sociedades anônimas do futebol, que apresentam o torcedor ao irrefreável caminhão da realidade. Sai romantismo, entra pragmatismo. Sai saco sem fundo, entra calculadora. Ronaldo mal assumiu o Cruzeiro e já promoveu uma limpa fenomenal. Rifou o executivo, o treinador e o goleiro-ídolo. A lua-de-mel durou menos de 20 dias. Assim que Fábio foi ejetado (ou decidiu se ejetar, a depender da versão) torcedores produziram um coro ofensivo. 

[Ronaldo, o FENÔMENO - apesar de algumas escorregadas que deu fora do futebol -  age corretamente no limpa geral que procede no ex-glorioso Cruzeiro =   o que não rende se exclui;  tem que ser respeitado o principio de que  instituição beneficente  e clube de futebol são diferentes = clube de futebol tem que ganhar títulos e dinheiro. 
Clubes beneficentes ao que sabemos são o Rotary, o Lions e similares - ainda existem? 
O MENGÃO hoje é - segundo palavras do seu novo técnico, o português Paulo Sousa, referendadas por milhões de torcedores e pelos fatos - o MAIOR do mundo exatamente  quando se organizou financeiramente.
Com as decisões adotadas Ronaldo honra o adjetivo FENÔMENO, termo que há alguns anos foi desvalorizado quando o descondenado petista, o maior de todos os ladrões, disse que um dos seus filhos era um fenômeno nos negócios.]
 
O Cruzeiro vai para seu terceiro ano na Série B, afundado numa crise histórica gerada por incompetência, demagogia e ladroagem. 
O Fenômeno topou o desafio de enfrentar um buraco de R$ 1 bilhão com pouca perspectiva de receita. 
Nesse cenário tomou a compreensível decisão de cortar custos. Aos 41 anos, Fábio poderia ajudar o clube dentro de campo? É bem possível. Mas a nova gestão considerou melhor empregar R$ 4,5 milhões (R$ 350 mil/mês x 13) em outras funções.

O torcedor não curtiu? Claro. Torcida odeia ver ídolo partir. E adora receber reforço de nome. Quem não lembra da festa que os botafoguenses fizeram pela chegada de Honda? Dez meses depois, o balão japonês saiu pela porta dos fundos e o clube foi rebaixado. A história está cheia de campeões de pré-temporada que quebraram a cara. Decisões impopulares fazem parte de qualquer manual de gestão.

A pergunta que o torcedor deve fazer é simples: qual o objetivo de Ronaldo? Alguém acredita que o sujeito vai investir R$ 400 milhões só pra sorrir em foto da taça? O craque tem um nome a zelar — e uma idolatria a preservar. Mas seu objetivo não é meramente esportivo. Quem investe em qualquer negócio espera retorno. No esporte não é diferente. Esse retorno pode ter várias naturezas. Pode ser financeiro, pode ser construir imagem ou marca, pode ser brincar de cartola.

O bilionário Roman Abramovich comprou o Chelsea em 2003 e produziu uma era vitoriosa. Com que objetivo? Status, política? O time saiu do meio da tabela para o topo da Europa. O dinheiro saudita fez o mesmo com o Manchester City. O PSG virou potência com dinheiro do Qatar. Esses times se tornaram plataformas globais de propaganda — pessoal, política ou corporativa (ver Red Bull).

O nobre John Textor não está comprando o Botafogo por causa da estrela solitária e do passado glorioso. Ele está comprando porque enxerga futuro — seja num portfólio global de clubes que facilite intercâmbio e comércio de talento, seja com retorno direto ou até numa eventual revenda. Isso não quer dizer que ele não vá transformar o clube para melhor. Seu capital resolve de imediato o mais grave problema do presente (fluxo de caixa) e permite que a torcida sonhe.

E que alternativa o Botafogo tem? Continuar a vender jantar para pagar almoço? O modelo amador produziu um poço sem fundo com alçapão. Nesse cenário, o investidor é a corda de resgate. Mas será necessário escalar o poço — e isso demora. A nova lei das SAFs e a instituição do Regime Centralizado de Execuções (RCE) criaram as condições para que investidores apostem no futebol tupiniquim e até resgatem gigantes. Mas esse jogo mal começou.

Esporte - O Globo


quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Finalista, Flamengo atinge a maior sequência invicta da história da Libertadores

Rubro-negro também superou o Corinthians (2012-2013) e é dono da maior invencibilidade brasileira na história do torneio

Após vencer novamente o Barcelona, nesta quarta-feira, em Guayaquil, o Flamengo fez história: chegou a 17 jogos de invencibilidade (11 vitórias e cinco empates) e atingiu a maior invencibilidade um clube na história da Libertadores. O rubro-negro está empatado com o Sporting Cristal, do Peru (1962-1969), que também atingiu este feito.

Recorde:Renato Gaúcho se isola como técnico com mais vitórias na história da Libertadores

De quebra, o Flamengo superou o Corinthians e está isolado como o clube com a maior invencibilidade entre brasileiros na história do torneio. O recorde do alvinegro paulista é de 16 jogos, conquistados entre 2012 e 2013. 

Maiores invencibilidades:

  • 17 jogos: Flamengo (2020-2021)
  • 17 jogos: Sporting Cristal-PER (1962-1969)
  • 16 jogos: Corinthians (2012-2013)
  • 15 jogos: América de Cali (1980-1983)
  • 14 jogos: River Plate (1977-1978 e 2018-2019)
  • 14 jogos: Newell's Old Boys-ARG (1992)
  • 14 jogos: Cruzeiro (1998-2004)

Antes da atual sequência, o recorde do Flamengo na Libertadores tinha sido de 13 jogos (nove vitórias e quatro empates), alcançado entre as edições da Libertadores de 1984 (quatro jogos) e 1991 (nove jogos).

O Globo

 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Como funciona o Iron Dome, poderoso escudo antimíssil israelense - DefesaNet

O fogo cruzado entre forças israelenses e palestinas continua a se intensificar e as Nações Unidas temem uma "guerra em grande escala". [estilingue x caças de última geração?] Desde segunda-feira (10/05), membros palestinos do Hamas lançaram mais de 1.000 mísseis contra Israel, a maioria contra a cidade de Tel Aviv e seus arredores.

Em resposta, as forças israelenses realizaram bombardeios letais em Gaza, deixando dezenas de mortos. Mas Israel conta com um escudo poderoso para se proteger dos foguetes lançados por militantes do Hamas a partir da Faixa de Gaza: o chamado Iron Dome (Domo de Ferro em português). Conforme o exército israelense, dos cerca de 1.050 mísseis e morteiros disparados, 850 foram interceptados por este sistema antimísseis.[só que para Israel não basta sua imensa capacidade defensiva - necessitam assassinar civis palestinos na Faixa de Gaza.]

Diversas imagens e vídeos comprovam a capacidade do sistema, mostrando como ele destrói diversos mísseis no ar simultaneamente e impede que caiam em áreas civis.
No entanto, como qualquer outro sistema de defesa, o Domo de Ferro não é infalível, e especialistas alertam que outras organizações com maior poder de fogo podem botar à prova sua eficácia.

Os ataques balísticos das últimas horas revelaram mais uma vez o poder da Cúpula de Ferro de Israel


Como funciona o Domo de Ferro
Também conhecido como Cúpula de Ferro, o escudo é parte de um amplo sistema de defesa aérea que opera em Israel. Seu objetivo é proteger o país de mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro, foguetes e outras ameaças aéreas.


O sistema foi projetado pela companhia Rafael Advanced Defense System LTD, uma empresa privada com laços estreitos com as forças armadas israelenses, que constrói sistemas de defesa aérea, marítima e terrestre. O projeto também contou com financiamento superior a US$ 200 milhões (R$ 1,06 bilhão) dos Estados Unidos.

O fabricante afirma que trata-se do sistema antimíssil mais amplamente utilizado no mundo e que é eficaz em mais de 90% dos casos. As baterias são feitas de mísseis interceptores, radares e sistemas de comando que analisam onde os foguetes inimigos podem pousar. A tecnologia de radar diferencia entre mísseis que podem atingir áreas urbanas e aqueles que devem errar o alvo. O sistema então decide quais devem ser interceptados.
Os interceptores são lançados verticalmente a partir de unidades móveis ou estacionárias. Eles então detonam os mísseis no ar.

 

Com que finalidade o sistema foi instalado?
O Domo de Ferro tem sua origem no conflito de 2006 entre Israel e o Hezbollah, grupo islâmico libanês. À época, o Hezbollah lançou milhares de foguetes contra Israel, matando dezenas de pessoas e causando grandes estragos. No entanto, os esforços israelenses para desenvolver um escudo antimísseis têm mais de três décadas e são parte relevante da colaboração militar entre Israel e os Estados Unidos.

Em 1986, Israel assinou um contrato com os EUA para pesquisar sistemas antibalísticos, como parte de um projeto da Iniciativa de Defesa Estratégica (SDI, na sigla em inglês) do governo Ronald Reagan. Cinco anos depois deste acordo, os líderes israelenses aceleraram os esforços para desenvolver o sistema, quando o então presidente iraquiano Saddam Hussein ordenou o lançamento de mísseis Scud contra Israel durante a Primeira Guerra do Golfo.

Estilingue x caças última geração

[por respeito aos nossos dois leitores - 'ninguém' e 'todo mundo' - entre os quais estão simpatizantes de Israel e dos Países Árabes e também a nossa condição de ser nosso principal objetivo o BRASIL - nações estrangeiras, só entram em nosso radar, em situações excepcionais. 
Nada contra que Israel utilize sua fantástica capacidade de defesa para sua autoproteção. 
Complicado é que mesmo possuindo elevado poder defensivo não se contente e use seu imenso poder ofensivo para atacar civis palestinos desarmados e destruir construções civis na Faixa de Gaza - assim, além de se defender dos estilingues lançados pelo Hamas, o exército israelense mata civis palestinos desarmados e deixa milhares de civis, incluindo crianças e mulheres em situação de desabrigo.
 
Nos constrange é que a ONU, e vários dos comitês de defesa disso e  daquilo, anistia internacional e muitos outras Ong's,   que sobrevivem pendurados em suas tetas, pouco façam - além de pedidos de cessar trégua, etc - para evitar a matança e trazer uma situação  de paz para a Faixa de Gaza. É pacífico que os limites de atuação de Israel estão sempre dentro dos limites acordados com os EUA.
 
Ficamos revoltados é que as mesmas organização citadas,quando se trata de se imiscuir nos assuntos internos do Brasil, fazem exigências, querem impor regras, etc. Felizmente, recebem como resposta o resultado do velho ditado árabe: "enquanto os cães ladram, a caravana passa". 
 
A Polícia Civil do Rio de Janeiro, realizou recentemente operação em área de favela conhecida como 'jacarezinho' - operação lícita, legal, apoiada em ações de inteligência e  destinada principalmente a cumprir mandados de prisão = documentos emitidos pelo Poder Judiciário e cujo cumprimento é obrigação da Polícia Civil.
Os criminosos homiziados naquela região, reagiram à operação policial com a ousadia que lhes é, especialmente os ligados ao tráfico de drogas, e com a certeza de que contariam com o apoio das Ong's, dos direitos dos manos, dos comitês de 'boteco' da ONU, a parcialidade pró bandido da 'defensoria pública', da esquerda maldita que tenta retomar o controle do Brasil, optaram pela reação e efetuaram o primeiro disparo: de forma covarde e traiçoeira, utilizando um FUZIL, o bandido emboscado  em uma laje - excelente ponto de observação e disparo, que certamente ocupou com a conivência do dono do lote - e tendo como alvo um policial herói (policial Civil, André Faria) que desembarcava de um carro blindado e não teve a menor chance tendo em conta a excelente localização do atirador e a situação do policial naquele momento = chegando ao local onde se iniciaria a operação e sem nenhuma ação belicosa até aquele momento. Foi o policial André Faria, a PRIMEIRA VÍTIMA de um confronto que ainda não tinha sido iniciado. 
 
Mas, a turma da ONU, da anistia internacional, da defensoria pública e das Ong's defensoras dos direitos dos manos, logo entrou em ação classificando de chacina um tiroteio iniciado pelos bandidos e que teve como primeira vítima um policial.
Exigiram investigação independente, certamente o francês Macron e o esquerdista Biden, devem ter cogitado de lançar uma bomba atômica na Amazônia para enquadrar o Brasil. 
Uma instituição ligada à uma universidade enviou para o STF um vídeo mostrando uma ação policial realizada em 2018 em Porto Alegre - assegurando serem imagens da 'chacina' do jacarezinho.
Os gritos por Justiça, as ameaças, latidos só cessaram quando a Polícia Civil do Rio de Janeiro, divulgou a folha corrida dos 28 mortos, mostrando que 25 dos mortos eram bandidos - alguns ex-presidiários e outros em liberdade condicional - dois tinham envolvimento com o tráfico = segundo depoimento de familiares, - e 28º morto, era um 'di menor' que estava comprando drogas - o único inocente foi o policial civil ANDRÉ FARIA.
Sem argumentos para sustentar a acusação, colocaram as coleiras nos cães e silenciaram.
 
Qual a razão de entidades internacionais se juntarem a outras , dizendo defender direitos humanos e acusarem policiais em serviço - que, simplesmente, se defenderam,  na luta pelo direito de VOLTAR PARA CASA - e se omitirem quando civis desarmados, incluindo mulheres e crianças, são abatidos na Faixa de Gaza - mortes realizadas por um dos mais poderosos exércitos do mundo?]

No início de 2010, o Domo de Ferro já havia passado com sucesso pelos testes realizados pelo exército israelense. Em abril de 2011, o sistema foi testado em combate pela primeira vez, quando derrubou um míssil lançado contra a cidade de Beer Sheva, no sul do país.

Deficiências
Desde segunda-feira, em várias cidades israelenses - como Tel Aviv, Ashkelon, Modi'in e Beer Sheva — soam os alarmes que alertam sobre mísseis lançados a partir de Gaza. Militantes palestinos têm tentado saturar o poderoso sistema de defesa israelense, avaliam especialistas. Anna Ahronheim, correspondente de defesa e segurança do jornal israelense The Jerusalem Post, disse à BBC que foi "assustador ouvir centenas de interceptações e mísseis" caindo nas proximidades.

O ataque a mísseis se intensificou depois que dois blocos de apartamentos residenciais foram derrubados em Gaza na terça-feira (11/05).[um dos blocos residenciais abrigava a sede da Associated Press] Israel afirma que tem como alvos locais de lançamento de foguetes, edifícios, residências e escritórios usados ??pelo Hamas, que por sua vez diz estar indignado com o "ataque do inimigo a torres residenciais".

O Domo de Ferro teria derrubado entre 85% e 90% dos mísseis lançados pelo Hamas. No entanto, de acordo com Yonah Jeremy Bob, analista de inteligência do Jerusalem Post, o sistema pode ser eficiente contra ataques do Hamas, mas poderia ter mais dificuldades com organizações como o Hezbollah, capaz de lançar mais mísseis em menos tempo.

Críticas
Não há nenhuma dúvida de que o sistema tem protegido os israelenses de diversos ataques letais na última década. No entanto, há críticas quanto à sua utilidade a longo prazo. Especialistas como Yoav Fromer, cientista político da Universidade de Tel Aviv, argumentam que o escudo tecnológico é um recurso de curto prazo, dentro de um conflito muito mais profundo."Muitos anos depois, ainda estamos presos no mesmo ciclo de violência sem fim. O notável sucesso do Domo de Ferro contribuiu, irônica e inadvertidamente, para o fracasso das políticas externas que criaram essa escalada de violência", disse Fromer à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

"O fato de o governo israelense ter fracassado em desenvolver uma estratégia consistente para neutralizar a ameaça do Hamas pode ser considerado, ao menos indiretamente, como um resultado de o Domo de Ferro nos prover uma proteção considerada 'suficiente'", acrescenta o especialista.  Fromer acredita que a defesa oferecida pelo sistema contribuiu para que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu nunca sofresse pressão suficiente da opinião pública para criar políticas que resolvessem efetivamente a ameaça a partir da Faixa de Gaza.

 DefesaNet