Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
À sombra da corrupção sem limites - Revista Oeste
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Lula fracassou em enterrar o tema da corrupção e seus adversários notaram - Gazeta do Povo
Lula, enfim, foi colocado diante da necessidade de falar sobre a incomparável roubalheira do seu governo – e deu-se muito mal, o que prenuncia problemas complicados para resto da campanha que tem ele frente
segunda-feira, 1 de agosto de 2022
O novo espetáculo de Lula - Revista Oeste
Guilherme Fiuza
A atual versão do petista promete superar a versão antiga na arte de se repetir
— Ah, é? Como vai ser?
— Vai ser espetacular.
— Imagino. Geralmente espetáculo é espetacular. Mas qual é o plano?
— Desenvolvimentista.
— É, soa bem.
— Muito mais que soar bem. Dá certo. Faz o país crescer.
— Isso é bom. Só não estou lembrando bem como foi o primeiro espetáculo do crescimento.
— Que primeiro?
— Ué, esse não é o novo? Achei que então tivesse havido outro antes.
— Antes, quando?
— Quando o Lula governou o Brasil.
— Ih, nem me lembrava disso.
— Não faz tanto tempo assim.
— É que esse Lula de agora é outro Lula.
— Como assim? Então onde está o anterior? Preso?
— O Lula do passado ficou no passado. O de agora é muito mais preparado.
— Preparado pra quê?
— Pra fazer o espetáculo do crescimento.
— O outro espetáculo do crescimento não deu certo?
— Não é que não tenha dado certo. Aquele Lula ainda não conhecia direito a maldade do capitalismo e a gula dos poderosos.
— Você está dizendo que o antigo Lula foi vítima do sistema?
— Totalmente. Não o deixaram trabalhar. Nem a Dilma. Preconceito contra o trabalhador e a mulher.
— E qual foi o resultado desse boicote?
— Uma recessão.
— O espetáculo do crescimento virou encolhimento?
— Uma recessão sem precedentes causada pela discriminação.
— E os bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos pela Operação Lava Jato? Aquilo foi causado também por discriminação?
— Tudo armação. O sistema poderia gastar até muito mais que isso pra incriminar o Lula.
— Impressionante. E você acha que o novo Lula não vai ser vítima do sistema?
— Acho.
— Por quê?
— Tarimba.
— Certo. E qual é o plano para o novo espetáculo do crescimento?
— É simples e genial: usar dinheiro dos bancos públicos e das estatais para impulsionar empresas privadas de forma controlada pelo governo.
— Não foi assim que fizeram o Mensalão e o Petrolão?
— Não entendi.
— Me corrija se eu estiver errado: o Petrolão e o Mensalão não foram triangulações entre empresas públicas, empresas privadas e políticos que estavam no governo?
— Como assim, triangulações?
— Tipo um Triângulo das Bermudas, onde o dinheiro público sumia e virava pixuleco.
— O antigo Lula era muito ingênuo. Com o novo Lula isso jamais voltará a acontecer.
— Você está dizendo que o antigo Lula foi ludibriado pelas más companhias?
— Totalmente. Você não reparou a quantidade de picaretas que sempre tinha em volta dele?
— De fato eram muitos.
— Pois é. Tudo plantado pelos poderosos.
— E ele não notou nada em mais de 13 anos do PT no poder?
— Aí é que eu te falo: o antigo Lula era muito inocente. Achava que o dinheiro desviado era pra chegar mais rápido ao povo.
— É. Desvio de dinheiro pro povo é muito exótico mesmo.
— Entendeu a armação? O sistema plantou uma ladroagem desenfreada em torno do antigo Lula para acusá-lo de corrupção. O novo Lula jamais deixaria isso acontecer.
— Não curtiria sítio com benfeitorias de empreiteira amiga?
— Nem por todo o dinheiro do mundo.
— O novo Lula não gosta de dinheiro?
— Gosta, mas não precisa.
— Por quê?
— Não sei. Acho que o antigo Lula emprestou pra ele.
Leia também: “Guia da verdade eleitoral”
Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste
domingo, 22 de maio de 2022
Ficção à venda - O Estado de S. Paulo
J. R. Guzzo
Quem decidiu que Lula é ladrão não foram os seus adversários. Foi a Justiça brasileira. [e a mesma Justiça não modificou o que decidiu; apenas, considerando filigranas jurídicas, decidiu descondená-lo, sem inocentá-lo.]
Certas coisas, como se sabe há muito tempo, não devem ser ditas em certos lugares; a recomendação clássica, aí, é não se falar de corda em casa de enforcado. Em outros casos o problema não é o lugar onde se diz isso ou aquilo – é quem diz o quê. Certas pessoas, assim, não deveriam nunca falar de certos assuntos. O ex-presidente Lula, por exemplo, nunca deveria falar em “corrupção”. Ele não – talvez um outro, qualquer outro, mas ele não. É duro, porque candidato a presidente do Brasil tem sempre de chamar o adversário de “ladrão”. Na verdade, isso é praticamente a única coisa compreensível que sabem dizer numa campanha eleitoral. Fazer o quê? Corrupção, no caso da campanha de Lula, é assunto proibido.
‘Cadê a terceira via?’, pergunta tucano diante do ‘varal da polarização’
segunda-feira, 28 de março de 2022
Lula-Alckmin é a aliança mais cínica de que se tem notícia na vida política brasileira - O Estado de S. Paulo
J. R. Guzzo
Alckmin, ao se unir a Lula, está se unindo a tudo o que sempre combateu em sua vida
Desde que começou a se anunciar a possibilidade desta aberração, tempos atrás, Alckmin passou a ter um problema insolúvel. Antes de se dispor ao papel que está representando hoje, ele disse o seguinte: “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, meus amigos, ele quer voltar à cena do crime”. Como sair, agora, de um negócio desses? Não foi a mídia que falou em volta à cena do crime, nem os adversários; foi ele mesmo, Alckmin, de sua livre e espontânea vontade, e por iniciativa própria.
Falando em português claro, para não complicar as coisas, Alckmin chamou Lula de ladrão – coisa que o seu principal adversário, o presidente e também candidato Jair Bolsonaro até agora não fez, não com essas palavras ou com essa clareza. Depois de ter dito, não retirou o que disse. Quer dizer, então, que o ex-governador está pronto a servir como vice de alguém que ele considera corrupto? Sim, quer dizer exatamente isso.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
sábado, 8 de janeiro de 2022
A calculadora de Ronaldo Fenômeno - O Globo
Gustavo Poli
Ex-jogador mal assumiu o Cruzeiro e já promoveu uma limpa fenomenal. Rifou o executivo, o treinador e o goleiro-ídolo
Nosso distinto 2022 do réveillon com ômicron começa com a ascensão de três letrinhas. Chegou a era das SAFs — as sociedades anônimas do futebol, que apresentam o torcedor ao irrefreável caminhão da realidade. Sai romantismo, entra pragmatismo. Sai saco sem fundo, entra calculadora. Ronaldo mal assumiu o Cruzeiro e já promoveu uma limpa fenomenal. Rifou o executivo, o treinador e o goleiro-ídolo. A lua-de-mel durou menos de 20 dias. Assim que Fábio foi ejetado (ou decidiu se ejetar, a depender da versão) torcedores produziram um coro ofensivo.
O torcedor não curtiu? Claro. Torcida odeia ver ídolo partir. E adora receber reforço de nome. Quem não lembra da festa que os botafoguenses fizeram pela chegada de Honda? Dez meses depois, o balão japonês saiu pela porta dos fundos e o clube foi rebaixado. A história está cheia de campeões de pré-temporada que quebraram a cara. Decisões impopulares fazem parte de qualquer manual de gestão.
A pergunta que o torcedor deve fazer é simples: qual o objetivo de Ronaldo? Alguém acredita que o sujeito vai investir R$ 400 milhões só pra sorrir em foto da taça? O craque tem um nome a zelar — e uma idolatria a preservar. Mas seu objetivo não é meramente esportivo. Quem investe em qualquer negócio espera retorno. No esporte não é diferente. Esse retorno pode ter várias naturezas. Pode ser financeiro, pode ser construir imagem ou marca, pode ser brincar de cartola.
O bilionário Roman Abramovich comprou o Chelsea em 2003 e produziu uma era vitoriosa. Com que objetivo? Status, política? O time saiu do meio da tabela para o topo da Europa. O dinheiro saudita fez o mesmo com o Manchester City. O PSG virou potência com dinheiro do Qatar. Esses times se tornaram plataformas globais de propaganda — pessoal, política ou corporativa (ver Red Bull).
O nobre John Textor não está comprando o Botafogo por causa da estrela solitária e do passado glorioso. Ele está comprando porque enxerga futuro — seja num portfólio global de clubes que facilite intercâmbio e comércio de talento, seja com retorno direto ou até numa eventual revenda. Isso não quer dizer que ele não vá transformar o clube para melhor. Seu capital resolve de imediato o mais grave problema do presente (fluxo de caixa) e permite que a torcida sonhe.
E que alternativa o Botafogo tem? Continuar a vender jantar para pagar almoço? O modelo amador produziu um poço sem fundo com alçapão. Nesse cenário, o investidor é a corda de resgate. Mas será necessário escalar o poço — e isso demora. A nova lei das SAFs e a instituição do Regime Centralizado de Execuções (RCE) criaram as condições para que investidores apostem no futebol tupiniquim e até resgatem gigantes. Mas esse jogo mal começou.
Esporte - O Globo
domingo, 28 de novembro de 2021
33 siglas infestam o deserto de partidos reais - Revista Oeste
A farra das legendas irrelevantes também é financiada pelos pagadores de impostos
Meu pai foi filiado ao PTB, ao PTN, ao MDB e ao PMDB. O resultado da eleição teria sido o mesmo caso fosse candidato pelo BNDES ou pelo FBI. Brasileiro não vota em partido, sobretudo em eleições municipais. Escolhe uma pessoa, seja qual for a sigla que habite. Foi assim antes do bipartidarismo inventado pelo regime militar. Continuou a ser assim nos tempos em que grupos distintos tiveram de espremer-se em sublegendas da Arena e do MDB. E assim será até que apareçam partidos de verdade, como os que existem nas democracias maduras. Nessas paragens, os que efetivamente importam são dois ou três. Nos Estados Unidos, por exemplo, o eleitorado se dá por satisfeito com o permanente duelo entre o Partido Democrata e o Partido Republicano — o que não exclui a existência de legendas liliputianas nem proíbe o lançamento de candidaturas avulsas. Democratas e republicanos abrigam correntes que disputam nas eleições primárias o direito de indicar o candidato à Presidência. Consumada a escolha, os grupos desavindos se unem no esforço para derrotar o inimigo principal na corrida rumo à Casa Branca.
Tanto o PT quanto o PSDB fracassaram por excesso de corporativismo e falta de vergonha
O Brasil é um deserto de partidos reais infestado por 33 siglas. Duas delas quase conseguiram tornar-se adultas: o PT e o PSDB. Tanto o Partido dos Trabalhadores quanto o Partido da Social Democracia Brasileira fracassaram por excesso de corporativismo, falta de vergonha e escassez de condutores de multidões. Depois que os militantes engoliram sem engasgos a roubalheira do Mensalão e a ladroagem do Petrolão, o PT virou uma seita cujos devotos enxergam seu único deus num corrupto condenado duas vezes em segunda instância. Como o chefe é maior que a legenda por ele cavalgada, já não existe o petismo. O que há é o lulismo, da mesma forma que houve o janismo, o ademarismo ou o getulismo. Esses ismos acabam quando morre quem os gerou.
O PSDB assemelhou-se a um partido de verdade nos trabalhos de parto e durante a primeira infância. A escolha do tucano como símbolo inspirou-se no elefante dos republicanos ianques e no burro dos democratas. Fundado em junho de 1988 por dissidentes de um MDB submerso no pântano da corrupção, a sigla resultante da diáspora de políticos honestos deixou o partido de origem com cara de Quércia — e transformou-se numa espécie de opção pela honradez. Fortalecido pelos dois mandatos presidenciais de Fernando Henrique Cardoso, o PSDB parecia a caminho da maioridade até dezembro de 2005, quando cometeu o primeiro de dois grandes equívocos que o tornariam igual a todos os outros. Confrontados com a descoberta do mensalão mineiro, os caciques do PSDB não tiveram suficiente coragem para afastar da presidência nacional do partido o ex-governador Eduardo Azeredo.
Dez anos depois, o desastre foi reprisado pela absolvição de Aécio Neves, no mesmo dia da divulgação da conversa telefônica com Joesley Batista que escancarou Mr. Hyde escondido sob o jaleco do Dr. Jekyll. Graças à desastrosa reincidência, o PSDB hoje é o partido que poderia ter sido e não foi. Jamais será, constatou-se neste 21 de novembro. Pode governar o país uma tribo incapaz de promover uma eleição doméstica com menos de 50 mil votantes? Não pode, responderia se soubesse falar qualquer tucano da linhagem que vive na mata e só abre o bico para alimentar-se. A variante loquaz e engravatada que é vista em cidades ainda acha que sim — e vai tentar concluir neste domingo a escolha do candidato ao terceiro lugar na eleição de 2022.
A votação foi interrompida ainda em seu início pelo colapso do aplicativo concebido por sumidades de uma universidade gaúcha. Nenhum dirigente fez a gentileza de esclarecer o que houve, ninguém tampouco procurou justificar o preço do fiasco: a modernidade consumiu R$ 1,5 milhão. Os grão-tucanos limitaram-se a encomendar um segundo aplicativo a outro especialista — e vida que segue. É compreensível que os partidos brasileiros torrem dinheiro sem remorso nem medo da polícia. Todas as contas são espetadas nos bolsos dos pagadores de impostos, forçados por lei a bancar também a farra das siglas inúteis.
Nas democracias modernas, partidos políticos e duelos eleitorais são financiados por eventos organizados pelos comitês e contribuições feitas às claras, sem truques nem camuflagens, por indivíduos ou empresas. O governo não desperdiça um único centavo. No País do Carnaval, duas brasileirices — o Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral — usam dinheiro dos pagadores de impostos para bancar as atividades e a sobrevivência de 33 sopas de letras. Entre janeiro e outubro, por exemplo, o Fundo Partidário distribuiu R$ 783 milhões entre 23 partidos. É compreensível que os tucanos, presenteados com quase R$ 49 milhões, não percam o sono com preços de aplicativos. A lista é liderada pelo PSL (R$ 93,5 milhões). Segundo colocado (com perto de R$ 80 milhões), o PT nem vistoriou a pequena fortuna que patrocinou o giro europeu de Lula, sua mulher e quatro companheiros. Sobra dinheiro. E em 2022 a verba anual do Fundo Partidário será engordada pelos bilhões doados a cada dois anos pelo Fundo Eleitoral.
Em 2020, uma chuva de mais de R$ 2 bilhões irrigou todas as siglas. A fila dos beneficiários foi puxada pelo PT (R$ 201 milhões) e molhou até o G-6 formado por meia dúzia de inutilidades, cada uma com direito a R$ 1,2 milhão. Nesse buquê de vogais e consoantes figuram o Partido da Causa Operária (PCO) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), cujos simpatizantes, somados, caberiam numa van. Talvez até sobrasse lugar para os eleitores da Democracia Cristã (DC), controlada por José Maria Eymael — aquele mesmo da exasperante musiquinha ouvida no horário eleitoral nas cinco temporadas em que foi candidato à Presidência. Eymael já não sonha com o inquilinato no Palácio do Planalto. Agora prefere ficar em casa durante a campanha, decerto pensando na melhor maneira de gastar os R$ 4 milhões que o Fundo Eleitoral lhe reservou. Administrar partidos, reais ou inexistentes, virou um negócio e tanto.
Leia também “Lula inventou o impostour”
Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste
quinta-feira, 1 de julho de 2021
CPI da Covid serve, unicamente, para atender interesses pessoais dos senadores que estão empenhados numa guerra de extermínio contra o governo federal - O Estado de S.Paulo
J.R.Guzzo
Palanque eleitoral
Desde o seu primeiro minuto, ou antes mesmo de começar, a “CPI da Covid” deixou evidente que tinha dois propósitos. O primeiro era esconder a corrupção em larga escala praticada pelas “autoridades locais” no uso das verbas públicas destinadas ao combate da pandemia. O segundo era servir de palanque eleitoral para os senadores que organizaram a comissão e controlam as suas operações. A recusa intransigente dos governadores em deporem na CPI, com a bênção do STF, diz tudo o que há para dizer sobre o ocultamento da ladroagem. O uso político dos chamados “trabalhos” acaba de ganhar um “plus a mais”, como se diz, com o pedido de prorrogação das investigações por mais três meses após o dia 7 de agosto, quando se encerra o seu prazo legal.
Desde que começou a funcionar, no último dia 7 de maio, a CPI não foi impedida de ouvir ninguém – a não ser as “autoridades locais” que está protegendo. Não foi proibida ou cerceada de fazer o que quer que seja. Chamou quem quis chamar. Fez as perguntas que quis fazer. Gastou os recursos que exigiu. Quebrou sigilos telefônicos e bancários. Insultou, ameaçou e humilhou em público os convocados que fazem parte da sua lista negra. Tem mais 40 dias de funcionamento pela frente. Do que mais ela necessita?
Cerca de um mês e meio antes de acabar o seu prazo legal de atividade, os controladores da CPI já sabem que precisam de mais 90 dias para o seu inquérito. Não fornecem, é claro, nenhuma explicação sobre essa certeza. Nem é preciso. O que querem está mais do que claro, desde sempre.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
sexta-feira, 4 de junho de 2021
O agronegócio salva o Brasil, mas tem de ser salvo dos políticos
Foram mais de 70.000 novos postos de trabalho a mais, em comparação com o total dos primeiros quatro meses de 2020 – cerca de 11.000 só em abril – o triplo, por sinal, das vagas abertas em março. Neste momento, espelhando o que acontece na área do emprego, o agro brasileiro bate recorde sobre recorde. Nunca exportou tanta carne como em 2021, em todas as suas categorias, e registra avanços importantes na soja, sua principal cultura de exportação.
Enquanto o Senado deprava mais uma vez as suas funções, e faz uma CPI sobre a Covid onde o presidente teve a própria mulher presa por corrupção na área da saúde e o relator responde a nove processos por ladroagem geral, os números do emprego do agro em 2021 são um tapa na cara do submundo da política brasileira. Os parasitas, safados e ladrões, mais uma vez, falsificam a realidade e mentem para o público, em meio à admiração geral da mídia. O Brasil que trabalha, e sustenta todos eles, vai adiante.
A sociedade brasileira, possivelmente, tem musculatura e repertório para conviver com a mentira, a corrupção e a incompetência de todos os dias – mas fica cada vez mais claro, número após número, que não resistiria à destruição do seu agronegócio. É o que prega, todos os dias, a turma que age no circuito da reforma agrária, fim da “monocultura”, zoneamento rural ecológico, denúncia dos “agrotóxicos”, agricultura familiar etc. etc. etc. Sua preocupação é o sucesso cada vez maior do capitalismo na agropecuária do Brasil. Seu sonho é fazer por aqui o que se faz na Argentina.
O agronegócio é a única atividade realmente bem-sucedida, em grande escala, da economia brasileira. É a única onde o Brasil é realmente competitivo no mercado internacional. É a única em que a tecnologia põe o país na mesma corrida das grandes nações do mundo. É a única capaz de assegurar a independência cambial do Brasil. É a única esperança de uma sociedade moderna neste país. É tudo o que existe de mais sério nas realidades brasileiras do século XXI. Tem de ficar a salvo do Senado, do Supremo Tribunal Federal, dos políticos e de todo o movimento que aposta diretamente no atraso.
J.R. Guzzo, colunista - VOZES - Gazeta do Povo
quinta-feira, 10 de maio de 2018
O golpe em construção
Há uma guerra contra o estado de direito neste país, comandada pelas forças que não podem conviver com ele
Responda com franqueza, por favor: se amanhã ou depois o ministro Gilmar Mendes, por exemplo, fosse despejado do seu gabinete no Supremo Tribunal Federal por um terceiro-sargento do Exército, enfiado num camburão verde oliva e entregue na penitenciária da Papuda por ordem do Alto Comando das Forças Armadas, quantas lágrimas você derramaria por ele? Esqueça as lágrimas. Você, ao menos, diria alguma coisa, qualquer coisa, contra a prisão do ministro? Ou, ao contrário, acharia muito bem feito o que lhe aconteceu? Só mais uma coisa: entre Gilmar Mendes (ou Toffoli, ou Lewandowski, ou Marco Aurélio, etc.) e o general que mandou todos para o xadrez, depois de passar a chave no STF e evacuar o prédio, você ficaria ao lado de quem?
Para completar o exercício, basta somar ao Supremo o Congresso Nacional inteirinho, com seus 513 deputados e 81 senadores, os 27 governadores de Estado e mais os milhares de reizinhos, sem concurso público e sem competência, nomeados para mandar na máquina pública ─ onde se dedicam a roubar o erário, para si e para os chefes, e a infernizar a sua vida. Se as Forças Armadas assumissem o governo, fechassem o Congresso e demitissem essa gente toda, de preferência mandando a maioria para o xadrez, tente calcular quantos brasileiros ficariam a favor deles e quantos ficariam a favor dos militares. Chegue então às suas conclusões.
Intervenção militar, golpe militar, regime militar, ditadura militar ─ francamente, quem gosta de falar abertamente dessas coisas? É preciso ficar contra, é claro ─ e ficar contra agora pode vir a ser um belo problema depois, se a casa acabar caindo um dia. É verdade que o cidadão que tem algum tipo de interesse em política já não sente maiores incômodos em tocar no assunto, principalmente se não tem mais paciência com o lixo que as mais altas autoridades da República produzem sem parar e depositam todos os dias na sua porta. Não chega a ser uma surpresa fenomenal, assim, que um número cada vez maior de cidadãos esteja começando a achar que seria uma boa ideia se os militares assumissem de novo o governo do Brasil para fazer uma limpeza em regra na estrebaria que é hoje a vida pública do país. Mas entre os políticos, nos meios de comunicação, nas classes intelectuais e em outros lugares onde as pessoas supostamente “entendem” dessas coisas, é um assunto que se trata como um porco-espinho ─ com extremo cuidado. É melhor não ficar comentando em voz alta, dizem. Não é o momento, não é o caso, não “se trabalha com esse cenário”. É como falar mal do defunto no velório, na frente no caixão. Tudo bem.
Mas não é assobiando que se faz a assombração ir embora. Nem fazendo cara de preocupado em programas de televisão ou escrevendo artigos para solicitar aos militares, por favor, que respeitem rigorosamente a Constituição, as instituições e os monstros que ambas criaram e hoje estão soltos por aí. É preciso muito mais do que isso. Está complicado, em primeiro lugar, porque muita gente nem acha que essa assombração é mesmo uma assombração ─ ao contrário, acha que é a equipe de resgate chegando para salvar os feridos. Quantos brasileiros, hoje, seriam a favor de uma intervenção militar? É pouco provável que os institutos de pesquisa façam a pergunta, porque têm medo de ouvir a resposta ─ mas eis aí, justamente, um indicador muito interessante. Dá para se deduzir, por ele, que uma grande parte da população receberia com uma salva de palmas as imagens de tanques rolando nas ruas e políticos, ministros supremos e empreiteiros de obras se atropelando uns aos outros para fugir pela porta dos fundos. Em segundo lugar, está complicado porque democracias só ficam de pé se elas forem vistas como um bem importante e compreensível pela maioria da população ─ e se houver um número suficiente de cidadãos dispostos, de verdade, a brigar por sua manutenção. Muito bem: quantos brasileiros acham que estão sendo realmente beneficiados, em suas vidas cotidianas, por essa democracia que veem desfilar à sua frente no noticiário de cada dia? E quantos topariam sair à rua para defender, por exemplo, os mandatos dos senadores Romero Jucá, Renan Calheiros ou Jarbas Barbalho?
O fato, que não vai embora por mais que se queira fazer de conta que “as instituições estão funcionando”, é que praticamente ninguém, no mundo político, merece o mínimo respeito do cidadão hoje em dia. Honestamente: alguém seria capaz de dizer o contrário? Se os encarregados de manter o regime democrático em funcionamento se desmoralizam todos os dias, e desprezam abertamente as regras da democracia com a sua conduta criminosa, fica difícil supor que está tudo bem. Nossas autoridades “constituídas” acham que está.
Como a Constituição diz que é proibido fechar o Supremo, o Congresso, etc., imaginam que podem continuar fazendo qualquer barbaridade que lhes passar na cabeça. Imaginam que os militares, informados de que existe uma “cláusula pétrea” mandando o Brasil ser uma democracia, se veriam obrigados, por isso, a continuar assistindo em silêncio a anarquia promovida diante de seus olhos por magistrados do STF, ministros de Estado, líderes parlamentares e os demais peixes graúdos que têm a obrigação de sustentar o cumprimento das leis ─ mas vivem em pleno colapso moral e não conseguem mais segurar no chão nem uma barraca de praia.
É cansativo ouvir, mais uma vez, que a democracia é uma coisa e as pessoas que ocupam os cargos de governo são outra. Não se deve confundir as duas, reza a doutrina, pois nesse caso um regime democrático só poderia existir numa sociedade de homens justos, racionais e bondosos; se as pessoas que mandam estão mandando mal, a solução é substituí-las por outras através de eleições, processos na Justiça e demais mecanismos previstos na lei. Mas o Brasil está fazendo mais ou menos isso desde 1985, e até agora não deu certo. Alguém tem alguma previsão sobre quanto tempo ainda será preciso esperar? A democracia brasileira faliu; é possível que nunca tenha tido chances reais de existir, por insuficiência de gente realmente disposta a praticá-la, mas o fato é que estão tentando fazer o motor pegar há mais de 30 anos, e ele não pega. Talvez ainda desse para ir tocando adiante por mais tempo, com um remendo aqui e outro ali. Acontece que neste momento, justamente, há muito menos esforço para escorar o que está bambo do que para tacar fogo na casa inteira.
A questão central, curiosamente, é a manutenção da lei. Nove em dez golpes, ou nove e meio, são dados por quem tem a força armada e quer mandar a lei para o espaço. Aqui parece estar se montando o contrário. Os militares dizem, como deu a entender semanas atrás o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, que exigem o cumprimento da Constituição e das leis penais para continuar nos quartéis. Quem está querendo abolir a aplicação da lei são os que não têm as armas, mas chegaram à conclusão que não conseguem sobreviver se forem mantidas as regras atuais da democracia brasileira. Está mais do que claro de quem se trata. Trata-se, em primeiro lugar, do ex-presidente Lula, do PT e dos seus partidos auxiliares. Em segundo lugar vem o populoso cardume de políticos, de qualquer partido, que estão fugindo da Justiça penal por prática de corrupção e outros crimes ─ são centenas de indivíduos, literalmente. Em terceiro lugar, fechando a trindade, estão as empreiteiras de obras públicas, fornecedores do governo e o restante das gangues que vivem de roubar o Tesouro Nacional. Todos estes precisam desesperadamente de uma virada de mesa que solte Lula da prisão, salve da linha de tiro os ladrões ameaçados pela lei e devolva condições normais de operação para o negócio da ladroagem de dinheiro público em geral.
O último esforço em seu favor foi essa grosseira ofensiva dos ministros Toffoli, Lewandowski e Gilmar para tirar Lula da prisão, suprimir provas dos processos criminais que ele tem pela frente, anular sua condenação, impedir o trabalho do juiz Sérgio Moro ─ em suma, fraudar a Justiça penal brasileira numa trapaça de escala realmente monumental, com o vago objetivo de “zerar tudo”. [atualizando: cabe dizer que houve uma reviravolta no pensamento dos ministros citados e o trio votou favoravelmente a que Lula permaneça na prisão - tudo indica que estava muito na vista as manobras para soltar o condenado.] É o sonho de Lula e seus advogados milionários de Brasília, do Complexo PT-PSOL-PCdoB etc., e de dez entre dez ladrões sob ameaça de punição: declarar a Operação Lava Jato ilegal, sumir com tudo o que ela já fez, está fazendo ou vai fazer e demitir o juiz Moro a bem do serviço público, junto com todos os magistrados que combatem a corrupção no Brasil. Eles não dizem isso, é claro: sua conversa é que estão aplicando o embargo dos embargos de agravo teratológico com efeito suspensório, diante da combinação hermenêutica de mutatis mutandis interlocutórios com ora pro nobis infringentes. Não perca o seu tempo com o vodu jurídico do STF sobre “direito de defesa” que a mídia repassa a você com casca e tudo: é pura tapeação para ver se soltam Lula da cadeia e ajudam a ladroagem ─ primeiro para que ela escape da penitenciária e, em seguida, para permitir que continue roubando em paz.
É disso que se trata. Há, simplesmente, uma guerra contra o estado de direito neste país, comandada pelas forças que não podem conviver com ele. Lula e o seu sistema de apoio não querem a democracia. Recusam-se, abertamente, a cumprir a lei e a aceitar decisões legítimas da Justiça; sabem que não têm futuro num regime democrático, com poderes independentes, Lava Jato, imprensa livre e o restante do pacote. Estar no governo, para essa gente, não é a mesma coisa que seria para você. Eles precisam estar no governo. Não só para ter empregos, fazer negócios e ganhar dinheiro da Odebrecht, mas porque enfiar-se no poder é a diferença entre estar dentro ou fora da cadeia. É por isso que os senadores petistas Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, entre outros, se agitam tanto. Se as leis continuarem a ser normalmente aplicadas, podem ter diante de si, em breve, ações penais duríssimas. É por isso que o deputado w.d. também do PT, disse outro dia que “é preciso fechar o Supremo Tribunal Federal” ─ depois de reconhecer que o ministro Gilmar é um “aliado” do partido. (O deputado não esclareceu o que pretende fazer com ele, mais os Fotolito, Lewandowiskis e similares, depois de fechar o STF.)
O mundo político e a elite, caídos de quatro no chão, olham em silêncio para tudo isso, aterrorizados por Lula e assustados com a voz da tropa. Quando quiserem reclamar, podem se ver reclamando tarde demais e em muito pouca companhia.