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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Procuradoria vai denunciar Cunha e Collor por corrupção na Lava Jato – E o Renan? Foi esquecido ??? s


A denúncia tem como base o depoimento do empresário Júlio Almeida Camargo que afirmou ter pago US$ 5 milhões ao presidente da Câmara
Denúncias que devem ser encaminhadas ao Supremo até amanhã serão as primeiras envolvendo políticos com prerrogativa de foro

A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai denunciar, entre esta quarta e quinta-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao STF (Supremo Tribunal Federal).  A tendência é que o presidente da Câmara seja enquadrado nos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. "Em princípio, são esses crimes, pelo menos. Mas ainda não há redação final", adiantou um investigador.

Os procuradores estão finalizando os termos do documento, que será assinado por Rodrigo Janot, procurador-geral da república.  A denúncia não significa culpa. A Justiça agora vai decidir se aceita a denúncia. Em caso positivo, ele vira réu, e o processo é aberto.  O parlamentar já é alvo de inquérito no STF, que apura suspeitas da participação dele no esquema de corrupção da Petrobras.

O envolvimento de Cunha no esquema começou com depoimentos do doleiro Alberto Youssef. O peemedebista começou a ser investigado em março, com autorização do STF e sempre negou as acusações. O doleiro Youssef vinculou o nome do deputado ao recebimento de propinas pagas pelo executivo Julio Camargo por contratos fechados na diretoria internacional da Petrobras para fornecimento de navios-sondas à estatal.

Youssef afirmou que os pagamentos de Camargo a Cunha eram feitos por meio do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, que "representava" Cunha e "o PMDB".  De acordo com investigadores, pesa contra o presidente da Câmara a movimentação de recursos na Suíça. As investigações apontaram o equivalente a R$ 54,5 milhões depositados por Julio Camargo em contas indicadas por Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB na estatal.

O dinheiro, disse o doleiro, era pago pela firma que venceu os contratos, a Samsung.  As acusações contra Cunha também ganharam força depois que a Folha de S.Paulo revelou, em abril, que o nome dele aparece como autor dos arquivos em que foram redigidos requerimentos apresentados a comissões da Câmara.  Delatores do esquema afirmam que esses requerimentos comprovam o envolvimento de Cunha com o escândalo de corrupção, uma vez que o material teria sido utilizado para pressionar a empresa Mitsui a retomar pagamento de propina ao PMDB. O MP chegou a realizar diligências dentro da Câmara para fazer uma cópia do material.

Apesar de negar em seu primeiro acordo de delação premiada o pagamento de propina a Cunha, Junho Camargo afirmou em novos depoimentos à Procuradoria Geral da República que o peemedebista teria pedido US$ 5 milhões em propina.

Collor
A expectativa é que, até quinta, além de Cunha, pelo menos outros dois congressistas sejam denunciados. Segundo o site do jornal "o Estado de S. Paulo", o ex-presidente e Senador Fernando Collor (PTB-AL) também está entre os denunciados.
O senador do PTB é suspeito de receber R$ 26 milhões em propinas, entre 2010 e 2014, desviados da estatal petrolífera. Esses recursos teriam sido usados para a compra de carros de luxo, apreendidos no mês passado pela Polícia Federal. Ele também nega o crime.
Fonte: O Estado de São Paulo

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Denúncia não é julgamento, tampouco sentença condenatória; qualquer um pode ser acusado, mesmo denunciado, cabe ao MP provar

MPF prepara denúncias contra Cunha e Collor; ex-presidente é acusado de receber R$ 26 milhões em propina

Já o inquérito do ex-governador de MG Antonio Anastasia deve ser arquivado

O Ministério Público Federal deve denunciar ainda este mês o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por corrupção e lavagem de dinheiro supostamente desviado de um contrato entre a Samsung Heavy Industries e a Petrobras. Na denúncia, Cunha deverá ser acusado também de coação de testemunhas. O presidente da Câmara é suspeito de receber suborno para viabilizar os negócios da Samsung com a Petrobras. Só uma das propinas teria sido de US$ 5 milhões. Também estão praticamente prontas na Procuradoria-Geral da República pelo menos mais quatro denúncias contra políticos com direito a foro privilegiado — uma delas contra o senador Fernando Collor (PTB-AL). Cunha e Collor negam envolvimento nas irregularidades apuradas na Operação Lava-Jato.

O Ministério Público deverá também sugerir o arquivamento do inquérito aberto contra o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que foi acusado pelo policial Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, de receber R$ 1 milhão do doleiro Alberto Youssef na campanha de 2010. Ele teria viajado a Belo Horizonte para entregar o dinheiro ao senador, a quem diz ter reconhecido tempos depois ao vê-lo na televisão. Youssef não confirmou a informação de Careca, e as investigações não avançaram.

Já as acusações contra Cunha estão ancoradas nos depoimentos de Youssef e do empresário Júlio Camargo, dois dos principais delatores da Operação Lava-Jato, e em documentos obtidos pelo MPF e pela Polícia Federal desde a abertura de inquérito sobre o caso no Supremo Tribunal Federal, em 6 de março deste ano.

Em depoimentos, Camargo disse que pagou propina de US$ 5 milhões a Cunha em troca do apoio dele a um contrato de aluguel de navios-sonda da Samsung pela Petrobras. Parte do dinheiro teria sido entregue a Cunha por Camargo. As declarações do delator confirmam acusações feitas a Cunha por Youssef em pelo menos dois depoimentos aos procuradores da Lava-Jato.


Num dos depoimentos, Youssef disse que, a pedido de Camargo, repassou R$ 5 milhões a Cunha por intermédio do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, operador do PMDB na Petrobras, especialmente na diretoria internacional. Um dos pagamentos, no valor de US$ 2 milhões, teria sido feito a Fernando Baiano, em Hong Kong, por intermédio da RFY ou DGX. Youssef disse ainda que parte do pagamento foi feita no escritório que ele tinha em São Paulo.

PRESSÃO NA CÂMARA
Youssef disse ainda que Cunha usou requerimentos de informação de uma das comissões da Câmara para pressionar Camargo a retomar o pagamento das propinas. Num determinado momento, após uma divergência entre Camargo e a Samsung, os pagamentos de propina foram suspensos. Cunha teria, então, recorrido a dois deputados, um deles a ex-deputada Solange Almeida, para apresentar requerimentos de informação contra Camargo e empresas representadas por ele.

Cunha negou qualquer vínculo com o requerimento supostamente usado para pressionar Camargo. Mas documentos apreendidos na Câmara indicam que o requerimento foi elaborado num computador aberto com a senha do deputado que hoje é presidente da Câmara. Na primeira fase da investigação, Camargo, que fez acordo de delação premiada, não falou sobre a propina e a suposta extorsão de Cunha. Mas, recentemente, mudou de ideia e entregou detalhes sobre o suposto pagamento de propina a Cunha e a outros políticos.

A revisão do depoimento de Camargo deu base à prisão do ex-ministro José Dirceu. Camargo disse que deu R$ 4 milhões em propinas ao ex-ministro. Outros trechos das delações darão base à denúncia contra Cunha. Investigadores examinam a possibilidade de denunciar Cunha também por coação de testemunhas. A acusação teria como base declarações de Youssef e de Camargo de que foram ameaçados depois de terem sustentado as acusações de suborno contra Cunha.

No caso de Fernando Collor, os elementos encontrados, na avaliação de investigadores, também são consistentes. Em documentado enviado ao Supremo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que não há razão para devolver os carros de luxo — Lamborghini, Ferrari, Bentley e Land Rover — apreendidos no mês passado na casa do senador. Janot também afirmou que o parlamentar recebeu, ao todo, R$ 26 milhões de propina no período entre 2010 e 2014.

Segundo Janot, o dinheiro saiu de contratos firmados pela BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. De acordo com o procurador-geral, foi montado um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro com diversos intermediários para que Collor pudesse embolsar a propina. Para isso, ele teria usado empresas das quais é sócio e assessores de seu gabinete no Senado, entre outros. 

Fonte: O Globo



sábado, 16 de maio de 2015

O roubo que daria um filme - O ‘Triângulo das Bermudas’ que assusta as estradas de SP

VEJA teve acesso aos bastidores da maior apreensão de carga roubada ocorrida no país. 

O lote importado de projetores de cinema abasteceria quadrilhas internacionais e o bando brasileiro receberia o pagamento em fuzis

Tratado como um crime menor, de violência controlada e pouca visibilidade nas apurações, o roubo de cargas segue quase impune e batendo inglórios recordes no Brasil - cresceu 16% em 2014 em relação ao ano anterior, e ultrapassou a casa de 1,2 bilhão de reais em prejuízos com a perda de mercadorias. Um episódio recente, porém, a cujos detalhes VEJA teve acesso, registra um raro ponto a favor nesse triste histórico. Agindo em conjunto, as polícias do Rio de Janeiro e de Mato Grosso do Sul desvendaram um crime, recuperaram a mercadoria e puseram na cadeia a metade do bando responsável pelo maior roubo de carga já registrado no país: 120 kits de projeção de cinema, avaliados em 35 milhões de reais. No processo, puderam esmiuçar o modo de operação dos bandidos - entre eles um policial - e revelar uma rede de receptação e repasse de produtos roubados com ramificações internacionais. Mais: estabeleceram uma conexão direta entre o roubo e o tráfico de armas para o Brasil.


ALVO – Homens fazem escolta particular de carga na região de Campinas (Danilo Verpa/Folhapress)
 
O destino da carga era o Paraguai, de onde seria repassada para "clientes" na Argentina, Bolívia e Canadá; parte retornaria ao Brasil, via Foz do Iguaçu. Os projetores foram despachados para a fronteira em cinco carretas que seguiram rotas distintas, mas uma foi interceptada em Minas Gerais e as outras, localizadas em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, e em Colatina, no Espírito Santo. O inquérito corre em sigilo, mas VEJA apurou, com base nos depoimentos de cinco dos nove integrantes da gangue, que as negociações para o repasse da mercadoria eram conduzidas diretamente por um policial civil da tropa fluminense, Maurício Bastos Silva, agora foragido. Seu interlocutor era o vereador paraguaio Mario Niz, da cidade de Pedro Juan Caballero, envolvido em uma série de escândalos no seu país. "Era esse policial que tinha o contato do receptador fora do Brasil", afirma a delegada Ana Cláudia Medina, de Campo Grande.

Pelo trato entre Silva e Niz, a mercadoria seria trocada - por 30% de seu valor - por fuzis, "mais valiosos do que ouro", na comparação de um dos marginais. É a prova concreta do que a polícia já sabe há tempos: não só cargas de eletrônicos, mas também carros roubados são entregues a quadrilhas fora do país em troca de armamento, que por sua vez é revendido com enorme lucro por aqui. No Rio de Janeiro, a meca do comércio ilegal de armas, o preço de um fuzil flutua entre 40 000 e 60  000 reais, dependendo do calibre.

O lote de projetores havia sido importado dos Estados Unidos e da Bélgica para suprir mais de uma centena de salas de exibição a ser inauguradas até o fim do mês, como parte de um programa da Ancine. Do porto do Rio, foi levado para o depósito de uma empresa, a Lumari Transportes, em Vigário Geral, no subúrbio do Rio. Em um fim de semana, o bando estacionou cinco carretas no galpão e surrupiou tudo. Não havia vigilantes, e as câmeras não estavam funcionando. No decorrer das investigações, a delegada Ana Cláudia e seu colega carioca, Marcelo Martins, estabeleceram o envolvimento dos donos da própria Lumari no crime. "Eles já haviam registrado outros dois furtos de mercadorias nesse mesmo endereço. Não temos dúvida de que o modus operandi era fazer a carga desaparecer e registrar queixa, sendo que os ladrões eram eles mesmos", afirma Martins, que conseguiu na Justiça a decretação da prisão preventiva dos empresários e de mais três envolvidos no esquema.

Nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo são praticados 82% dos roubos e furtos de carga no país, em depósitos ou diretamente em caminhões nas estradas. Fica no Rio o lugar onde mais se roubam cargas no planeta - o bairro da Pavuna, à beira da Via Dutra. No estado inteiro, no ano passado, foram registrados 5 889 ataques. Mas é em São Paulo, em um raio de 100 quilômetros a partir da cidade de Campinas, que se dá a maior parte das ações - 8 510 em 2014, uma média de 23 por dia. Lá a polícia também desvendou um assalto espetacular ocorrido no começo do mês: dez caminhões de mercadorias levadas do depósito de uma rede de lojas foram recuperados, e o maior ladrão de cargas do estado, Albiazer Maciel de Lima, o Bia, foi preso. Aos 38 anos, ele estava foragido desde 2001, quando foi condenado a mais de cinquenta anos de prisão por uma série de assaltos. Antes desse crime, Bia comandara outra ação cinematográfica, em julho de 2014, quando seu bando invadiu o galpão de uma fábrica de eletrônicos e levou mais de 34 000 telefones celulares, tablets e notebooks, avaliados em 20 milhões de reais. Só uma fração do butim foi recuperada, no Paraguai.

Os dois casos anunciados pelas polícias de Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo nas últimas semanas são absoluta raridade no caldo geral de inação e falta de recursos que fermenta o roubo de carga no Brasil. No estado vice-campeão em ocorrências, o Rio, a unidade responsável pelas investigações não conta com mais do que cinquenta policiais e quatro viaturas. É quase o mesmo pessoal que reúnem as poderosas quadrilhas do país - só que com frota bem mais modesta.

O ‘Triângulo das Bermudas’ que assusta as estradas de SP

Autopistas que dão acesso ao aeroporto de Viracopos, na rica região de Campinas, viram alvo de criminosos em busca de cargas de celulares e eletrônicos

Na última quinta-feira, por volta das 19h30, minutos depois de deixar o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, no interior de São Paulo, a carreta da empresa RodoImport foi bloqueada na alça que dá acesso à Rodovia Anhanguera. Carregava aparelhos celulares e componentes eletrônicos, avaliados em 800 000 reais, com destino à fábrica da sul-coreana Samsung. Dez homens armados até os dentes renderam o motorista e transportaram a carga do caminhão baú para dois furgões. Na mira de um fuzil, o motorista foi obrigado a estacionar a carreta propositalmente atravessada à pista, impedindo o avanço de veículos. Outros carros que trafegavam pela via foram obrigados a parar e seus condutores tiveram de permanecer deitados. Um policial militar foi feito refém e solto uma hora e meia depois do assalto numa estrada vizinha. Foi uma ação ousada e muito rápida. Pior: que tornou-se rotina na região batizada de "Triângulo das Bermudas", em alusão à área conhecida pelo desaparecimento de aviões e navios.

Os números da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo são autoexplicativos: no primeiro trimestre do ano, foram registrados 133 roubos de cargas na macrorregião de Campinas. Desse total, 90 (68%) ocorreram no "triângulo" que abarca as prósperas cidades de Campinas, Jundiaí, Itupeva, Indaiatuba, Louveira, Valinhos e Vinhedo.

Mas por que o trecho tornou-se tão atrativo para os criminosos? A primeira explicação é a logística: as empresas optam por desembarcar suas cargas em Viracopos, o segundo aeroporto com maior fluxo de cargas do país, por causa do traslado até seus depósitos e parques industriais - além da Samsung, as concorrentes LG e Dell também estão localizadas na vizinhança do aeroporto. Não é só: a região apresenta rotas de fuga porque é cercada por estradas vicinais. Por último, a bandidagem também está instalada no próprio aeroporto. "Foram descobertos funcionários do próprio Aeroporto de Viracopos que transmitiam informações aos bandidos, sobre chegada e saída de cargueiros", afirma Ana Morettin, professora de logística da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP), que estuda a área.

Dados da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo indicam que o aumento no números de roubos forçaram as transportadoras a investir de 8 a 12% de seu faturamento em escolta particular. Com isso, o valor do serviço acaba repassado para o fabricante que, por sua vez, insere a taxa no valor do produto.

O prejuízo com o roubo não é novidade para a própria Samsung. Localizada às margens da Rodovia Dom Pedro I (SP-065), a empresa sofreu um assalto cinematográfico no ano passado, no qual foram levados equipamentos avaliados em 20 milhões de reais.

Também na semana passada, um caminhão que levava 500.000 reais em telefones celulares foi interceptado pelos bandidos quando seguia para Jundiaí. No início do mês, o Centro de Distribuição da Magazine Luíza, em Louveira, foi invadido por criminosos. O alvo era o mesmo: smartphones, tablets e notebooks. Até o último dia 4, a polícia informou que tinha recuperado 24.000 itens. A carga encontrada estava distribuída em três caminhões em Limeira e Santo Antônio do Jardim, também no interior do estado.

Ao contrário do pedaço místico do Oceano Atlântico, no qual aviões e embarcações jamais voltaram a ser vistos, parte da carga roubada no complexo de autopistas de São Paulo pôde ser rastreada. Depois do assalto à fábrica da Samsung, por exemplo, os aparelhos começaram a aparecer semanas depois no Paraguai: um consumidor comprou um celular e, como não conseguiu habilitá-lo, procurou uma assistência técnica no Brasil, que identificou o material. A descoberta deu origem a uma operação da Polícia Civil que levou parte da quadrilha para a cadeia. Mas, lamentavelmente, não inibiu a ação nem o surgimento de outras.


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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Advogado de Cerveró questiona: por que Graça Foster não foi presa?



Defensor critica justificativa do MP para prisão do ex-diretor da Petrobras. Diz que, se transferência de imóveis foi ilegal, presidente da estatal também o fez
Ao criticar nesta quarta-feira a prisão do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o advogado Edson Ribeiro afirmou que, se seu cliente foi preso pela transferência de três imóveis a familiares, a presidente da Petrobras, Graça Foster, também deveria ser detida. O defensor classificou como  "totalmente arbitrária e ilegal" a decretação de prisão preventiva de Cerveró, detido na madrugada desta quarta-feira ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, na Zona Norte do Rio. 

"Se é verdade que houve essas transferências, e não posso afirmar que seja, essas movimentações são totalmente legítimas e legais. Na época em que ele as fez, não havia nenhuma restrição administrativa ou legal. Tanto que ele e a Graça Foster fizeram", disse Edson Ribeiro. "Se é crime para Nestor, é para Graça. Se o Ministério Público Federal pediu prisão para o Nestor por esse fato, deveria pedir para a Graça. Se não o fez, então está prevaricando".

Em agosto, o jornal O Globo mostrou que Graça Foster doou parte de seus bens precisamente quando a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, se transformou num problema do Palácio do Planalto e virou pauta de CPI.  O advogado disse que deve viajar nesta tarde a Curitiba, para onde o ex-diretor da Petrobras foi levado. No pedido de prisão preventiva, em que alega existirem existem "fortes indícios" de que o ex-diretor continue praticando crimes, o MPF afirma ter identificado transferências de 500.000 reais para a conta de uma filha de Cerveró, além da transferência de três imóveis a familiares "em valores nitidamente subfaturados". A transação caracteriza, no entender da procuradoria, a continuidade da prática de crimes.

Ainda de acordo com o defensor de Cerveró, a quantia envolvida na movimentação financeira corresponde a "dinheiro legal, auferido através de salários e declarado ao Imposto de Renda". "Não existe nenhuma ilegalidade", afirmou o advogado, que disse ter conversado com o ex-diretor logo após a prisão. "Ele estava tranquilo, mas indignado com a situação, porque desde o primeiro dia se colocou à disposição de todas as autoridades e até agora ninguém se interessou em ouvi-lo. Ele nunca fugiu de nada".

Propina – De acordo com a acusação contra Cerveró, aceita pela Justiça em dezembro, o ex-diretor recebeu 15 milhões de dólares, a partir da mediação do lobista Fernando Baiano, para a consolidação de um contrato com a Samsung. Depois de ter embolsado a propina, Cerveró, na condição de diretor da Área Internacional da Petrobras, recomendou à Diretoria Executiva da estatal a contratação da empresa sul-coreana por 586 milhões de dólares.

Em uma segunda etapa, por meio de Fernando Baiano, Cerveró teria recebido mais 25 milhões de dólares para que a Samsung conseguisse um contrato para o fornecimento de outro navio sonda para perfuração de águas profundas ao custo de 616 milhões de dólares. O total de 40 milhões de dólares em vantagens indevidas, que o empresário Julio Camargo afirma ter sido destinado a Fernando Baiano, terminou, segundo apuração do Ministério Público, nas mãos de Cerveró.

Pasadena – O ex-diretor também foi um dos principais responsáveis pela desastrosa aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, um negócio que rendeu prejuízo de 792 milhões de dólares à Petrobras, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). Na época diretor da Área Internacional da estatal, Cerveró elaborou um parecer favorável ao negócio apresentado ao Conselho de Administração da Petrobras.

Fonte: Estadão Conteúdo