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terça-feira, 9 de maio de 2017

Uma barbárie chamada Brasil

Incêndios de ônibus, ataques a índios, chacinas, linchamentos e outros crimes selvagens mostram que as autoridades falharam no desenvolvimento de políticas de segurança pública. E o País, como nação

HOSTILIDADE No Complexo do Alemão (RJ), metralhadora ponto 50 é capaz de perfurar aço blindado e derrubar aviões (Crédito: Guilherme Pinto/Agência O Globo)

Na tarde do domingo 30, 200 homens armados com pistolas e facões atacaram uma aldeia indígena no município de Viana, no interior do Maranhão. Treze índios da etnia Gamela ficaram feridos (cinco deles à bala) e um teve as mãos decepadas. Na terça-feira 2, traficantes queimaram nove ônibus no Rio, espalharam terror pelas ruas da cidade e, como de praxe, deixaram alguns mortos. Também na semana passada, noticiou-se que uma senhora de 78 anos morreu após ser espancada por um enfermeiro em um hospital de São Paulo. Há alguns dias, informou-se que uma criança foi torturada e mantida como escrava pela mãe e o padrasto, também na capital paulista. No Ceará, um ciclista foi atropelado de propósito. Em Santa Catarina, uma torcida de futebol entoou um grito de guerra que fez troça da morte dos jogadores da Chapecoense no acidente de avião. Por mais que não seja possível estabelecer uma conexão direta entre episódios tão distintos, eles têm em comum o fato de escancararem as entranhas de uma nação doente.
58.492 mortes violentas intencionais em um ano
A cada 9 minutos uma pessoa é morta violentamente no país
76,3 bilhões foram gastos com segurança pública
As despesas com segurança pública representam 1,38%  do PIB
Números de guerra 256.124 Mortes violentas na Síria (2011 a 2015) 
279.592 Mortes violentas no Brasil (no mesmo período)

Tragédia social
O Brasil, este País de tantas aflições políticas e econômicas, é agora também palco de uma barbárie sem fim. A violência está em toda parte e de tal forma disseminada que, é impossível negar, estamos indiferentes a ela. As mortes estão aí, no trânsito nosso de cada dia, no assalto no farol, no linchamento de um doente internado em uma UTI qualquer, nos morros, nas chacinas dos pobres, nos presídios (sim, já esquecemos as decapitações no Amazonas). “A sociedade como um todo falhou”, diz Tatiane Moreira Lima, juíza da Vara de Violência Doméstica do Butantã, habituada a arbitrar casos de violência avassaladora.


De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a cada nove minutos uma pessoa é morta violentamente no País. Isso corresponde a 58.492 assassinatos em apenas um ano – o equivalente à população inteira de uma cidade como Ubatuba, no litoral paulista. Por trás do quadro nefasto, alguns fatores ignorados pelas autoridades revelam por que chegamos a esse ponto. Para especialistas, a cultura do ódio ganhou amplitude nos últimos anos, alimentada pela deterioração das relações humanas e pela raiva sem filtro destilada em muitas páginas da internet. “Estamos passando por um processo de acirramento de conflitos”, diz Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Há um crescimento da intolerância e do ódio que permeia toda a sociedade.”

 
Com esses agravantes, e a falta de credibilidade das instituições, ganha força a tese de fazer justiça com as próprias mãos. Soma-se a isso o despreparo dos órgãos de segurança pública para enfrentar crimes de alta complexidade. Para se ter uma ideia, a taxa de resolução de homicídios no Brasil não ultrapassa os 5%. Basta ver a questão por outro ângulo para entender a gravidade deste número: 95% dos criminosos não são punidos pelas mortes que cometeram. A escalada da criminalidade também se relaciona diretamente com a desigualdade brutal e as condições econômicas desfavoráveis. “O País está empobrecido, as autoridades dão péssimos exemplos de corrupção e, com os altos índices de desemprego, fica difícil frear o ingresso de uma pessoa no crime, que dá retorno financeiro e poder”, afirma Marcello Dornelles, presidente do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC). “Enquanto a segurança não for vista como um fator central, o Brasil não vai estar entre as nações mais desenvolvidas do mundo”, afirma Renato Sérgio de Lima, diretor e presidente do Fórum.

Desde a terça-feira 2, as imagens de guerra na comunidade Cidade Alta, em Cordovil, zona norte do Rio de Janeiro, chocaram o mundo. A batalha entre duas facções rivais que disputavam o controle do tráfico na região assustou moradores, impediu cerca de seis mil crianças de irem às escolas e instaurou uma atmosfera de pânico nos bairros. Na quinta-feira 4, cinco pessoas morreram no Complexo do Alemão em outro confronto com o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, realizada entre 2006 e 2016, verificou que os piores índices de violência, antes restritos à capital, agora se disseminaram por todo o território fluminense. “Isso tem um grande impacto no planejamento da segurança. Como vamos aplicar os recursos tão escassos?”, diz Maria Isabel Couto, coordenadora do estudo. “Em relação às UPPs, enquanto que, entre os anos de 2008 e 2012, houve uma redução dos índices de violência, no ano passado retornamos aos patamares de homicídios, roubos e assaltos anteriores à iniciativa."

As UPPs são consideradas hoje um exemplo da falta de continuidade e da desatenção das autoridades. [as UPPs se tornaram, por leniência das autoridades, merecedoras da nova denominação: Unidades de Perigo ao Policial".]  “Eram um projeto promissor, mas que não foi pensado a longo prazo”, afirma Samira. Isso porque, segundo ela, as políticas de segurança no País são criadas para sanar problemas pontuais e não estruturais. O objetivo das UPPs era a construção da confiança da comunidade na polícia cidadã. “Tornou-se uma política de enfrentamento violento e sem resultado”, afirma Julia Lemgruber, socióloga da Universidade Cândido Mendes. A coordenadora do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, acredita que não há uma política que incentive a prestação de contas e de cumprimento de metas no âmbito da segurança.

MATÉRIA COMPLETA em Isto É

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Nome aos Bois

Atendendo a um pedido de amável leitor, postado nos comentários de 11 de fevereiro corrente, tenho a dizer:

A Constituição foi rasgada diversas vezes nos últimos tempos.

O “fatiamento” do impeachment foi o ato mais evidente.

Permitir a prisão de um réu antes do trânsito em julgado de sua sentença condenatória, é um regresso à barbárie. A Carta Magna consagra o princípio da presunção da inocência. Ignorá-lo, é admitir que os fins justificam os meios.
 

Admitir a criação de reserva “indígena”, com a expulsão de agricultores, brasileiros, de parte do território nacional, é tornar possível a criação de um enclave; embrião de um “Kosovo”, com perda de soberania e/ou de território. Por “coincidência” a dita reserva está sobre a maior mina de nióbio do mundo (alvo da cobiça estrangeira) avaliada, por baixo, em TRILHÕES de dólares (USD).

[Um pouco fora do Tema.
Incompetência autêntica ou esperteza ladina?
 Lobão quando era ministro das Minas e Energia não sabia diferenciar uma tomada elétrica de um focinho de porco.
Agora presidente da poderosa CCJ do Senado declara que anistia a caixa 2 é constitucional - uma demonstração da mais completa ignorância jurídica, haja vista que não havendo (pelo menos até a eleição passada) a tipificação penal da prática denominada 'caixa 2', os seus praticantes não estavam cometendo nenhum crime. o que torna desnecessário qualquer tentativa de anistiar o não crime.]
 
Quanto aos traidores, corruptos e mentirosos, apelo à inteligência dos leitores. A imprensa (canalha) e as redes sociais, todos os dias nos brindam com um elenco de nomes.  Os bandidos mais perigosos aparentam ser “bonzinhos”. Outros, menos hábeis e inteligentes, mentem e/ou se deixam pilhar em manobras desairosas.

Talvez haja em toda a classe política, umas raras aves peregrinas, sem mácula aparente. No entanto, no dia da fúria, os inocentes pagarão junto aos pecadores.


Por: Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador. Transcrito do Blog Alerta Total

 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Crise na PM do Rio - PM diz que 95% do efetivo estão funcionando normalmente

Há manifestações na porta de mais de 20 batalhões. Veículos e policiais dos BPMs da Tijuca e de Olaria não estão indo às ruas  

O porta-voz da Polícia Militar, major Ivan Blaz, afirmou, na manhã desta sexta-feira, que 95% do policiamento no estado estão funcionando normalmente, apesar de haver manifestações de familiares de PMs na entrada de diferentes batalhões. Segundo ele, veículos e policiais do 6º BPM (Tijuca) e do 16º BPM (Olaria), ambos na Zona Norte, no entanto, não estão indo às ruas.
PMs deixam Batalhão de Choque para operação - Gabriel de Paiva / O Globo


Há protestos em diversas outras unidades, os parentes dos soldados exigem o pagamento do 13º salário, que está atrasado, além de reajuste. Mas o porta-voz explica que foi montado um esquema tático de rendição das tropas nas ruas para que os policais não sejam impedidos de sair dos batalhões. 

Blaz esteve no 6º BPM e pede que a população acesse o perfil da PM no Twitter e outros canais oficiais da Polícia Militar nas redes sociais para obter informações:  — Estamos lidando com um momento sensível. O pleito é pertinente, mas impedir que as tropas saiam para as ruas é prejudicar a população. A Polícia Militar já está neste momento mostrando a importância de seu papel para a população — disse Blaz. 

A tática foi usada pelo comando do 9ºBPM (Rocha Miranda). O tenente-coronel Ivan Araújo, comandante da unidade, disse que a rendição dos policiais foi feita nas outras bases do batalhão para evitar que os policiais militares fossem impedidos de trabalhar pelo grupo de mulheres que está na porta da unidade.  — O policiamento na área do 9ºBPM está normal. Todos os carros estão na rua — afirmou o comandante. [óbvio que a tática da rendição em bases só funciona uma vez; na próxima rendição, se o movimento continuar crescendo, as mulheres estarão em todas as bases e nas sedes de batalhão.
Sem contar que o contingente incompleto nas ruas, com lacunas não esperadas, coloca em risco a segurança dos próprios policiais  milites.
Veja aqui, matéria em vídeo sobre incidente ocorrido em Cariacica - ES - quando policiais que foram direto para o posto de serviço, sem passar pelo quartel, foram cercados e alvejados por bandidos. ]

Segundo ele, das cerca de cem unidades operacionais no estado, pelo menos 20 têm manifestações na porta na manhã desta sexta-feira. De acordo com o porta-voz, a PM não irá usar força contra os manifestantes. De forma alguma iremos usar a força contra esses manifestantes. Eles são nossos familiares, mas precisamos chamá-los à consciência para que o policiamento desempenhe sua função — disse Blaz.

O agente também comparou o que acontece no Rio com as manifestações de parentes que paralisam, desde sábado, a atuação de policiais militares no Espírito Santo, o que levou o estado à uma crise de segurança. Em seis dias, mais de cem pessoas foram mortas em municípios capixabas. — O Espírito Santo está vivendo uma situação de barbárie. Não podemos chegar a esse ponto. A Polícia Militar, somente pelo calor público temendo sua ausência, já mostrou sua importância. Não há como viver de forma civilizada sem que a polícia esteja nas ruas. E esse é o principal argumento que estamos utilizando junto aos manifestantes. Pedimos encarecidamente que eles permitam que o policiamento ganhe as ruas (no Rio) para cumprir sua missão — acrescentou.

PROTESTO NA TIJUCA
Na porta do 6º BPM, cerca de dez mulheres impedem a saída dos policiais. Elas deixam os carros de passeio entrarem, mas informam que eles não poderão sair. Ela gritam palavras de ordem como “não vai passar”.— Nós somos seres humanos. Não tenho nada contra ninguém, mas temos que valorizar a polícia sim. Eles não têm como trabalhar, não tem nada. Chega — disse uma manifestante.


Fonte: O Globo


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A explosão da barbárie nas prisões brasileiras

Duas chacinas, 91 cadáveres, muitos decapitados, desmembrados, incinerados. 

O horror bestial dos presídios, dominados por facções criminosas, choca o mundo e impõe desafios enormes ao governo e à sociedade.

Vídeo: a explosão da barbárie nas prisões brasileiras

Fonte:  http://veja.abril.com.br/tveja/ultima-edicao/a-explosao-da-barbarie-nas-prisoes-brasileiras/

 

 

domingo, 8 de janeiro de 2017

No rastro da barbárie

Vim para Manaus mais uma vez para aprender alguma coisa, mesmo que me traga tristeza pelo que ouviria e pelo baque na imagem externa do Brasil

Foi uma semana macabra. Não tenho notícia de tanta violência num espaço fechado. O caminho dos policiais que entraram no presídio era marcado por pedaços de corpos, colocados como aviso. Na porta de um dos pavilhões, uma barricada de pernas, braços e cabeças. Vim para Manaus mais uma vez para aprender alguma coisa, mesmo que me traga tristeza pelo que ouviria e pelo baque na imagem externa do Brasil.

Recentemente, escrevi um artigo sobre o nosso sistema penitenciário, que me parece uma bomba-relógio. Lamentava um pouco o desinteresse com que o tema sempre era recebido, mas alertava que infelizmente os presídios falam por si próprios. No artigo, chamava a atenção para o fato de que, apesar da necessária discussão sobre as condições da cadeia, havia um fato mais recente que era o poder das organizações criminosas no interior dos presídios. O que vi agora foi uma demonstração disso. Em vez de serem neutralizadas, as organizações criminosas de uma certa forma são legitimadas dentro das cadeias.

Aqui no Amazonas, a legitimação passou por várias etapas. A Família do Norte, que hoje esquarteja e faz coreografia com pedaços humanos, na eleição de 2014 foi contatada por um membro do governo para discutir apoio. O áudio vazou, o alto funcionário da segurança caiu. Quando a Polícia Federal fez uma grande e bem-sucedida campanha contra a organização, surgiram nomes de uma desembargadora e de um juiz que seriam aliados dos criminosos.

Precisei ouvir a empresa terceirizada que administra o presídio. Não a encontrei além dos humildes funcionários uniformizados. Ela se chama Umanizzare, recebe cerca de R$ 4,6 mil por preso, quase três vezes o custo no Sudeste. A empresa figura também como doadora de campanha política.   Os fatores locais, no entanto, não obscurecem a crise que o sistema vive em todo o país. Aqui em Manaus, uma organização do Norte quer esmagar o que considera invasores do Sul. Em Pedrinhas, no Maranhão, o conflito é de grupos da capital contra os do interior. E os conflitos, às vezes, repercutem nas ruas, na forma de sabotagem e queima de ônibus.

Além dos necessários investimentos que resolvam problemas elementares como a superlotação e a decadência das instalações, é preciso pensar no novo problema. Como recuperar o controle dos presídios e estabelecer a lei lá dentro? Sempre vi nesta questão uma das chaves para desarmar a bomba-relógio. Tenho insistido que o instrumento básico em qualquer projeto de controle é desenvolver o trabalho de inteligência nos presídios. O esquecimento da sociedade brasileira em relação ao problema é compreensível porque muitos acham que, uma vez presos, os criminosos deixam de ser um problema. [correção: só após mortos é que os criminosos deixam de ser problema - exceto para o generoso governador do Amazonas que quer indenizar familiares dos bandidos abatidos nas FAXINAS ocorridas em Manaus.]

Na Inglaterra houve experiência de trabalho de inteligência que reduziu o crime dentro da cadeia. Aqui no Brasil, na década de 1990, cheguei a formular uma proposta para reduzir motins. Ela consistia apenas numa central de análise que receberia informes diários da situação do presídio. Muitos motins são previsíveis e evitáveis. Infelizmente não foi o caso do Complexo Penitenciário Anísio Jobim. Havia uma previsão de motim, ainda assim ela se mostrou inevitável. As medidas de segurança foram afrouxadas na passagem de ano: as mulheres dos presos poderiam pernoitar e bastava apenas uma carteira de identidade para entrar. O governo federal nem sequer foi informado da situação de risco no presídio. Num esquema conectado isso seria impossível.[visita a bandido deve ser a exceção e não a regra; o ideal seria o confinamento dos presos em campos de concentração - seriam os 'gulags' da floresta - o que já seria um obstáculo às visitas e também a fugas e rebeliões. 
Os 'gulag' foi um dos poucos legados úteis do tirano Stalin.
Abaixo uma definição resumida de 'Gulag":

Campos de trabalho forçado da ex-União Soviética (URSS), criados após a Revolução Comunista de 1917 para abrigar criminosos e “inimigos” do Estado.
Gulag era uma sigla, em russo, para “Administração Central dos Campos”, que se espalhavam por todo o país. 
Os maiores gulags ficavam em regiões geográficas quase inacessíveis e com condições climáticas extremas. 
A combinação de isolamento, frio intenso, trabalho pesado, alimentação mínima e condições sanitárias quase inexistentes elevavam as taxas de mortalidade entre os presos. [no Brasil a inexistência de frio intenso, notadamente na selva, seria compensada por outros inconvenientes climáticos e as grandes distâncias.] 
A quantidade de campos foi reduzida a partir de 1953, logo após a morte de Stálin – ditador que expandiu o sistema de gulags nos anos 30. Porém, os campos de trabalho forçado para presos políticos duraram até os anos 90.

Não adianta trabalho de inteligência quando não se extraem os dados. Mais cabeças trabalhando com eles aumentam a chance de êxito. Ao encerrar meu programa de TV aqui em Manaus, escolhi como fundo a Cadeia Pública, um prédio de 1805 que estava destinado a ser um museu. Para ela foram trazidos os prisioneiros que precisavam ser retirados do presídio Anísio Jobim. Foi uma solução improvisada que dramatiza a decadência do sistema no Brasil. Voltar a 1805 é um alívio. Nas circunstâncias, significa um progresso. Em que época estavam aqueles corpos esquartejados e amontoados numa caçamba? Um esforço nacional para reconstruir o sistema penitenciário, por mais que existam divergências pontuais, é uma das mais importantes frentes contra a barbárie. 

Há quem ache que os bandidos devam morrer mesmo e que esse caos provoca uma espécie de limpeza, através dos massacres. Falei com uma estudante universitária diante do Instituto Médico Legal. Ela procurava o irmão. Desejei que não estivesse lá, entre os mortos. Ela respondeu: eu preferia que estivesse. Os que falam apenas por opinião deveriam examinar o quadro no conjunto: alegram-se com 56 mortos e se esquecem dos 180 que fugiam no mesmo momento. [os que fugiram representam um problema de fácil resolução. É comum que fugitivos reajam à prisão, ação que autoriza a Polícia a usar a força necessária e proporcional e o preso ser abatido é algo muitas vezes inevitável.]   Essas bombas quando estouram atingem a todos, não importa o que você pense. Por isso é uma tarefa nacional renovar o sistema penitenciário.

Fonte: Fernando Gabeira - O Globo
 
 

sábado, 2 de julho de 2016

A violência venceu. Atré quando seremos reféns da violência?

Número de assassinatos no Brasil já supera o registrado em zonas de guerra: são seis homicídios por hora no País. Até quando a sociedade será refém da barbárie?

 PROTESTO Na segunda-feira 27, policiais se manifestam em frente ao desembarque internacional do aeroporto do Galeão (RJ) (Crédito: Gabriel de Paiva/Agência O Globo)

Gisele Palhares Gouvêa, médica, 34 anos. Waldik Gabriel Silva Chagas, 11 anos. Julio César Alves Espinoza, estudante universitário, 24 anos. Robert Pedro da Silva Rosa, 15 anos. Denilson Theodoro de Souza, 49 anos, segurança do prefeito do Rio de Janeiro. Guerino Solfa Neto, delegado, 43 anos. Nomes que ganharam ampla cobertura midiática na semana passada, mas são apenas o início de uma longa lista, que não caberia completa nas páginas de ISTOÉ: a de pessoas assassinadas no Brasil. São inacreditáveis 160 vidas perdidas no País todos os dias. A relação dessas tragédias cotidianas começa pelo assassinato da dermatologista Gisele, morta com dois tiros na cabeça no sábado 25, enquanto fazia o trajeto entre o serviço comunitário num hospital do subúrbio carioca e sua casa.

Passa pelo menino Waldik, 11, assassinado por um tiro disparado por um Guarda Civil Metropolitano (GCM) enquanto estava no banco de trás de um carro, na Zona Leste de São Paulo. E culmina com a execução, pelas mãos da polícia, do estudante Julio César, que teve o carro alvejado com 16 tiros durante uma perseguição, na terça-feira 28, preocupado por estar com excesso de multas. Porém, o cenário de guerra que se tornou o território nacional não termina com essas trágicas históricas, como confirmam as estatísticas. 

A violência está cada vez mais banalizada e o brasileiro parece ter se acostumado à barbárie imposta pela ausência de políticas públicas eficientes. “O problema é essa Faixa de Gaza que a gente tem aqui no Rio de Janeiro”, disse o cirurgião plástico Renato Palhares, marido de Gisele, no funeral da esposa, na segunda-feira 27. A frase poderia se referir a qualquer lugar do País.


O Brasil hoje protagoniza uma realidade nefasta – é líder mundial em número de homicídios. São 58 mil assassinatos registrados em 2014, índice seis vezes superior à média global. Para se ter ideia da magnitude do problema, basta dizer que o País responde por 10% dos casos do planeta. As estatísticas brasileiras superam nações assoladas por guerras, como Israel, Iraque, Afeganistão e Paquistão. Um estudo realizado pelo Instituto Igarapé revelou que países da América Latina são os mais violentos. “Embora muitas nações vivam conflitos prolongados, a escalada da violência nessas regiões é de tirar o fôlego”, diz Robert Muggah, diretor de pesquisa da organização. Uma em quatro pessoas assassinadas em todo o mundo é brasileira, colombiana ou venezuelana. E as perspectivas são as piores possíveis. “Aqui é a única parte do globo onde as taxas de homicídios estão crescendo.” No Brasil, as regiões mais críticas são Norte e Nordeste, onde a violência só aumenta – correspondem a 52% dos casos de homicídios do País." “Nesses locais começou a circular mais dinheiro e o crime organizado se instaurou, a ponto de ter disputa entre facções”, diz Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os altos índices de desigualdade, concentração de pobreza, impunidade, o acelerado processo de urbanização, o tráfico de drogas e a repressão policial fizeram a violência disparar no Brasil. Para piorar, em apenas 8% dos casos os responsáveis vão para trás das grades.

 Matéria na íntegra, clique aqui

 

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Antes do Estatuto do Desarmamento - 1995 a 2003 = 50.000 homicidios/ano = Após Estatuto - 2004 a 2012 = 60.000 homicidios/ano-


Brasil já é, em números absolutos, o País em que mais se mata no mundo: 60 mil mortes por ano 

O uso de armas de fogo na prática homicida aumentou depois do estatuto dos 10 anos do "desarmamento legal" no Brasil. Com quase 60 mil homicídios por ano, o Brasil já é, em números absolutos, o País em que mais se mata no mundo, embora não estejamos em guerra (militar ou civil) declarada. Os pregadores do desarmamento da população civil - e não dos criminosos profissionais - tiveram seus inocentes argumentos assassinados pelo resultado do Mapa da Violência 2015 comparado com os números de anos anteriores.



O Mapa da Violência 2015 revela que foram registrados no Brasil 395.435 homicídios entre 1995 e 2003Destes, 256.844 foram praticados com armas de fogo. Já entre 2004 e 2012, foram registrados 455.146 assassinatos, dos quais 322.310 praticados com arma de fogo.  No Brasil, 10 anos após a aprovação do estatuto do desarmamento — considerado um dos mais rígidos do mundo —, o comércio legal de armas de fogo caiu 90%. No entanto as mortes por armas de fogo aumentaram 346% ao longo dos últimos 30 anos.



Antes do estatuto do desarmamento, de todos os meios possíveis para matar um indivíduo, armas de fogo foram as utilizadas em 64,95% dos casos. Depois do estatuto, este meio, continuou sendo empregado em 70,81% do total de casos de homicídio. Os crime institucionalizado, cada vez mais organizado, não deixou de ter armas para a ofensiva. Já a população ficou privada, legalmente, do direito legítimo de ter capacidade armada de defesa.



O Brasil é um barril de pólvora. O aumento da violência, principalmente urbana, mas que já apavora o meio rural, é uma das grandes preocupações dos cidadãos. A crise econômica, com desemprego e extinção de postos de trabalho, tende a agravar a situação de tensão social. Só não se pode perder de vista que a barbárie no Brasil é um problema civilizatório. A violência é o resultado de uma estrutura Capimunista, que nunca priorizou investimentos em Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento - preferindo seguir o caminho fácil do rentismo em uma relação promíscua entre o sistema financeiro e a máquina estatal perdulária e corrupta.



Se não rompermos e mudarmos a estrutura Capimunista rentista, continuaremos sendo o País subdesenvolvido e cada vez mais violento, até que chegue ao estágio da desagregação e desintegração. Se não fecharmos a torneira da fábrica de marginais, gerenciada por uma superestrutura estatal que patrocina a corrupção e retroalimenta a violência, tudo em nome da manutenção no poder, rapidamente chegaremos ao agravamento do caos em uma nação que mata dezenas de milhares de pessoas por ano, sem estar em guerra declarada.



Cadê a turminha dos direitos humanos que não cuida de tais questões? Tratar, cínica ou burramente, dos "direitos dos manos" vai inviabilizar completamente o Brasil. Será que a má intenção deles é realmente esta? Pelo que se vê, temos assunto muito mais importante que a mera saída de uma Dilma ou do enxugamento de gelo no combate à corrupção em um Brasil estruturalmente criminoso...As violências política, econômica e aquele que todo mundo percebe mais facilmente (dos margiranhas) estão acabando com a gente...
Fonte: Blog Alerta Total  - Jorge Serrão