No calendário do Executivo, o terceiro ano de mandato é
o das entregas. Pelo andar da carruagem, até aqui, Bolsonaro levou o
governo no gogó
2021 é uma espécie de ano que ainda não começou, perdoem-me o
trocadilho com o título do livro de Zuenir Ventura, 1968: o ano que não
terminou. Talvez, o sinal mais emblemático de que ainda estamos vivendo
no ano passado sejam os passeios do presidente Jair Bolsonaro em Guarujá
(SP), nos quais voltou a provocar aglomerações e circular sem máscaras
com assessores e seguranças da Presidência. Mais déjà-vu, impossível.
2020 foi um ano perdido, com 196 mil mortos pela covid-19, e parece que
não quer acabar.
Para a maioria da população, o ano somente vai começar quando a
vacina chegar. O negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e suas
declarações sobre a real necessidade de as pessoas se vacinarem são uma
cortina de fumaça para a incompetência do seu governo no enfrentamento
da crise sanitária. O aumento exponencial do número de casos no mês de
dezembro é um recado claro de que é impossível restabelecer plenamente
as atividades econômicas sem a imunização em massa da população. [indispensável ter presente:
Até o presente momento não há nenhuma vacina disponível - até a indiana, algo do tipo: a genérica da genérica da similar, ainda não está disponível nem a Índia interessada em vender.
A vacina, ou melhor, as vacinas contra a covid-19 são indispensáveis - aqui no Blog, por sermos antigos, tivemos o beneficio de receber todas as vacinas = sarampo, coqueluche, varíola, poliomielite, febre amarela, tétano, difteria e outras = o que nos livrou de doenças terríveis.
Mas, nossa experiência como beneficiários dos efeitos benéficos das vacinas, nos deixa em dúvida, quanto ao tempo de proteção propiciado, o nível de eficácia, efeitos colaterais adversos, etc.
Mas, máscara e vacinas contam com nosso apoio e usaremos da nossa condição de antiguidade para a prioridade.
Fazemos restrições à chinesa.]
A
chegada do vírus mutante da Inglaterra é uma preocupação a mais, pela
velocidade de sua propagação. O tempo, porém, não corre igual para todo mundo. Por exemplo, para
alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — Alexandre de
Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello —, que
resolveram voltar a trabalhar em janeiro, em pleno recesso, o ano
começou mais cedo. No Congresso, o ano só começará com a eleição das
Mesas da Câmara e do Senado.
Entregas
No calendário do Executivo, o terceiro ano de mandato é o das
entregas. Pelo andar da carruagem, até aqui, Bolsonaro levou o governo
no gogó. Além da vacina, não entregou a reforma tributária, as
privatizações, a reforma administrativa, a retomada do crescimento etc. [infelizmente o presidente da República não pode efetuar reformas sem o apoio do Poder Legislativo e do Judiciário. O legislativo fazendo sua função principal e que [e de sua competência exclusiva: legislando;
O Poder Judiciário não interferindo nas funções dos demais Poderes e se abstendo de conceder liminares que impedem muitas privatizações.
Sem tal colaboração o Poder Executivo não consegue reformar.]
anteve sua popularidade em plena pandemia muito mais em razão do
auxílio emergencial do que das suas realizações, à custa da expansão
exponencial do deficit fiscal. Como tem a pretensão de se reeleger,
agora começará uma corrida contra o relógio, porque o tempo que lhe
resta de mandato cada vez será o recurso mais escasso no governo.
No calendário das entregas, a vacina é a principal demanda da
população. Seu ano de entregas somente vai começar quando as pessoas
forem imunizadas. Mesmo assim, uma parcela enorme da população
continuará desempregada, porque a economia somente deve entrar em
recuperação no segundo semestre. Sem auxílio emergencial, a vida não
será fácil para quase 68 milhões de brasileiros que receberam o
benefício no ano passado. Muitos terão que se reinventar, porque as
atividades econômicas estão passando por muitas transformações.
Com a pandemia, o trabalho remoto e a concentração de capital
avançaram bastante. A maioria das empresas que sobreviveram mudou suas
operações, em maior ou menor grau, impactando outras atividades. Por
exemplo, o mercado imobiliário e as companhias de aviação sofreram
impactos irreversíveis a curto prazo. A concentração de capital também é
visível a olho nu, basta entrar num shopping center e ver as lojas que
fecharam e as que estão sendo abertas. As empresas de logística também
se beneficiaram tremendamente do comércio eletrônico.
Como em todo ano-novo, porém, somos passageiros da esperança. Toda
crise é sinônimo de oportunidades. Elas aparecem e é preciso agarrá-las
com as duas mãos. Ciência e tecnologia, ao longo da história, sempre
abriram novos horizontes para a humanidade. Não será diferente agora.
Que 2021 venha logo para todos.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense