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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A eficácia das vacinas que você certamente já tomou na vida - Diário da Vacina

VEJA

'Tomar vacina não é jogo de azar ou jogar a moeda para cima. É justamente o contrário: a vacina faz a moeda ficar viciada para te proteger', diz médico

17 de janeiro, 7h02: A eficácia de 50,38% da CoronaVac, uma das vacinas que farão parte do Plano Nacional de Imunizações (PNI) e que será produzida pelo Instituto Butantan como artilharia para conter o alastramento do novo coronavírus, foi motivo de irresponsável comemoração de apoiadores do movimento anti-vacinação e de grupos que não se coram ao politizar uma tragédia que vitimou mais de 207.000 brasileiros.


         
Laryssa Borges, voluntária em teste da vacina - Alex Ferro/VEJA

Autoridades chegaram a comparar o percentual próximo a 50% a um jogo de cara ou coroa em que estaríamos expostos ao acaso se decidíssemos seguir em frente e receber a CoronaVac. [com as devidas vênias: qualquer resultado de 50% é um jogo de cara ou coroa.]Não é verdade. No meio de todo esse quiproquó, a explicação mais didática partiu do intensivista e epidemiologista Otavio Ranzani. “É bem simples: Tomar vacina não é jogo de azar ou jogar a moeda para cima. É justamente o contrário: a vacina faz a moeda ficar viciada para te proteger. A vacina joga contra o azar e sempre ao nosso favor. A vacina é um seguro grátis caso você tenha problema com o vírus”, disse ele em uma rede social.[o ilustre médico apenas fez uma frase com um jogo de palavras para defender o que ele considera certo.]

O jogo de moedas viciadas, como propôs Ranzani, sempre vale a pena, independentemente do percentual em que o níquel estará a nosso favor. Veja agora a eficácia das vacinas que você certamente já tomou na vida (e graças a elas, não desenvolveu certas doenças):

Provavelmente você tem uma cicatriz no braço, com até um centímetro de diâmetro. 
É resultado da vacina BCG, de proteção contra a tuberculose e aplicada em crianças do nascimento até cinco anos de idade. 
No primeiro ano de vida do bebê, a eficácia do imunizante pode variar de 46% a 100%, principalmente na contenção de manifestações mais graves, como a meningite tuberculosa. Para o caso de tuberculose pulmonar, estudos indicam que a vacina tem eficácia na casa dos 60%.
A tríplice bacteriana contra difteria, tétano e coqueluche, aplicada a partir dos dois meses de vida, exige três doses, com intervalos programados de dois meses entre cada um, para conferir proteção superior a 80%. Como a barreira de proteção declina com o tempo, é desejável que haja vacinação de reforço a cada dez anos. 
As vacinas contra o vírus influenza podem ter eficácia na casa dos 30%, chegando a 80% a depender da idade e das condições de saúde do vacinado. Idosos e imunodeprimidos têm resposta imunológica menor, mas ainda assim é recomendado que recebam o imunizante por integrarem o grupo de pessoas mais sujeito à mortalidade pela doença. Nos últimos anos, a eficácia das doses anti-gripe tem ficado em torno de 50%.

As vacinas de prevenção contra a hepatite B conferem proteção de até 95% em crianças e adolescentes, as desenvolvidas contra a poliomielite estimulam a produção de anticorpos em 95% dos vacinados após duas doses e de 99 a 100% após três doses. Todos os percentuais de eficácia dos fármacos foram fornecidos ao blog pela doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). “As vacinas representam a estratégia de intervenção com a melhor relação custo-benefício até hoje aplicada em saúde pública. Como a vacina é uma estratégia coletiva, é preciso combinar a eficácia do imunizante com a cobertura vacinal, com todo mundo se vacinando e garantindo uma alta cobertura contra a doença”, disse ela. [a eficácia das vacinas citadas é indiscutível;

Sou antigo e tomei todas as vacinas citadas e mais algumas, entre elas: contra a varíola, sarampo, febre amarela e outras cujos nomes e peste a ser combatida não me recordo. Lembro que a contra a paralisia infantil (poliomielite) havia duas: a Salk e a Sabin - oportuno destacar: os nomes das vacinas nada tinham a ver com laboratórios com o mesmo nome, era apenas homenagem aos descobridores.  

Agradeço aos meus pais por terem me vacinado. -  CH.]

 Laryssa Borges - Diário da Vacina - Revista VEJA

 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Bolsonaro “gosta do cheiro da morte” e lidera “mar de incompetência”, diz Doria - Valor Econômico

André Guilherme Vieira

Anvisa deveria deixar burocracia de lado ao analisar aprovação de vacinas, diz governador paulista  

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) subiu o tom e afirmou ontem, em live do Valor, que o presidente Jair Bolsonaro conduz um governo “que defende a morte, gosta do cheiro da morte” e que o Brasil por ele liderado é “um mar de incompetência”. Para Doria, o país se converteu em “um conjunto de fracassos” capitaneado por “um pária internacional” e o presidente “retardou de forma hostil e desumana” o início da vacinação em todo o território nacional. 
[governador, o povo começa a desconfiar que o senhor gosta de garantir o que não existe, considerar verdade o  que lhe convém;
sugerimos que o senhor volte para a Flórida e fique por lá, até que as primeiras doses da vacina da Fiocruz comecem a fazer efeito - o que somado à imunidade de rebanho obtida pelo tempo da pandemia, reduzirá o contágio e morte pela covid-19 - e o povo esqueça a sucessão de mancadas dadas por Vossa Excelência,  prometendo o que não existe, atribuindo eficácia de 78% para a vacina, que chamam (ou chamavam) de sua, quando análises comprovam que 49,69% é o índice atual;
Ficar por aqui é queimar sua imagem e a chapa já está esquentando - já tem jornalista 'elogiando' o senhor , por sua notória incompetência, por desdizer hoje o que disse ontem.
O senhor fica malhando o presidente Bolsonaro - só que apesar de alguma incontinência verbal que pratica, o nosso presidente vai entregar a vacina no dia D e na hora H - e o senhor... = também quem manda entrar em uma guerra sem a mínima condição!] 

Doria também criticou os empresários que se mostram constantemente alinhados a Bolsonaro.“O distanciamento do governo o afasta da atividade produtiva. Aliás, para não dizer que o afasta, apenas aqueles que gostam de ser solidários e puxa-sacos do governo é que ficam lá tomando café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro”.

Na avaliação do governador, os “verdadeiros líderes da indústria brasileira e de outros setores” estão sozinhos. “Porque não têm diálogo com o governo federal, nem uma política pública adequada para atrair investimentos internacionais, promover o desenvolvimento do país”.

As declarações do governador de São Paulo, potencial candidato à Presidência da República em 2022 e um dos principais adversário político de Bolsonaro, foram feitas ao longo dos 43 minutos e 10 segundos de conversa, na qual elencou uma série de erros e falhas que atribuiu ao presidente. O tucano é crítico frequente do governo Bolsonaro. A polarização entre ambos se acentuou após o início da pandemia.´[Doria só foi eleito devido o apoio do presidente Bolsonaro e, após ganhar, traiu quem o adotou politicamente, tanto que é conhecido por 'Bolsodoria'.]

O governador de São Paulo também deixou clara a sua intenção de iniciar a vacinação em São Paulo nos próximos dias - na hipótese de o Ministério da Saúde não apresentar com transparência as diretrizes do Plano Nacional de Imunização (PNI). “O Brasil está perdido, infelizmente não temos uma liderança no Brasil, o país é uma sucessão constante de equívocos, que levam a um caos sanitário, de saúde e um caos econômico”, disse.

“O atraso do Brasil [na vacinação] é conhecido mundialmente. Quando iniciarmos a vacinação, na semana que vem, o Brasil será o 65º país do mundo a vacinar, sendo que fomos o 1º país da América Latina e o 3º do mundo a ter a vacina pronta para imunizar a população”, salientou Doria. No continente, a Argentina e o Chile já iniciaram suas vacinações. “Eu não tenho prazer em constatar que vivo num país dominado por um governo incompetente. Gostaria de aplaudir, mas não há como aplaudir um governo que defende a morte, que gosta do cheiro da morte, que não respeita a ciência e desrespeita a própria vida, como é o governo Bolsonaro”.

O governador disse que é péssima a avaliação sobre a gestão do presidente Bolsonaro feita por órgãos internacionais como a Human Rights Watch. [quem tem que avaliar o governo Bolsonaro e sua candidatura a reeleição, em 2022 com as bençãos de DEUS, é o povo brasileiro. Essa 'human rights' tem quantos votos?] Essa classificação não é minha, é de entidades e meios de comunicação internacionais. A Human Rights Watch condenou a postura desumana e principalmente a postura negacionista do presidente do Brasil em relação ao tema do combate à Covid-19”, afirmou. Em seguida, o governador emendou: “hoje o Brasil é liderado por um pária internacional”.

Indagado sobre a data em que a vacinação terá início em São Paulo, Doria disse que a pergunta deve ser dirigida a Bolsonaro. “É o que todos queremos saber. Em 20 de outubro foi assinado um acordo e divulgado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na presença de governadores, líderes na Câmara e no Senado. No dia seguinte, não é que o presidente Jair Bolsonaro desmentiu, ele desautorizou seu ministro da Saúde”. [já que o governador fala em data passada e que já foi ajustada, lembramos que em 15 de outubro o Butantan já prometia datas para apresentar documentação à Anvisa - documentos que até o momento (dia D: 15 jan 2021 - hora H 12:14) ainda não foram entregues em sua totalidade.]

Para Doria, “ele humilhou o seu ministro da Saúde, dizendo que o que ele tinha assinado não tinha validade e que, ele, como presidente da República, não concordava. E que pouco interessava a ele o que havia feito o ministro da Saúde”. O governador disse que o problema não fica só em Pazuello. “É surpreendente a forma como o Bolsonaro trata seus ministros, trata dirigentes de estatais. Ele os humilha, desautoriza constantemente, não tem espírito de equipe e nem dialoga”, disse.

E prosseguiu: “o único diálogo que nós brasileiros conhecemos de uma reunião de ministério foi aquele encontro patético com palavrões e ataques ao Supremo Tribunal Federal, ao Congresso Nacional”, recordou o governador, fazendo menção ao vídeo de reunião ministerial de 22 de abril do ano passado. [governador é conveniente o senhor lembrar aquele dia em que o presidente Bolsonaro marchou até o Supremo, ocasião em   que  foi ratificado o mandato conferido aos governadores e prefeitos para protagonizarem o combate à pandemia = talvez o senhor precise do que lá foi dito para se defender quando do devido processo de responsabilização,  que certamente será instaurado para apuração de responsabilidades.] A gravação foi indicada pelo ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro, como uma evidência de que Bolsonaro teria tentado interferir na Polícia Federal (PF). O caso gerou uma investigação no STF que apura se houve ingerência presidencial no órgão policial, que é subordinado ao Poder Executivo.

O governador não disfarçou a desconfiança com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autarquia vinculada ao Ministério da Saúde responsável por aprovar o uso emergencial da vacina Coronavac, desenvolvida pelo Butantan em parceria com a chinesa Sinovac, e o imunizante da AstraZeneca. A expectativa é que as liberações ocorram no domingo.  “Só o que faltava é chegar o domingo e dizerem, ‘olha, eu vou liberar uma’. A da AstraZeneca é liberada, a do Butantan não. É só o que faltava para configurar o desastre, é só o que falta agora neste espetáculo de incompetência”, ironizou o governador paulista.

“Aqui em São Paulo nós vamos iniciar imediatamente, você, eu, milhões de brasileiros estão aguardando a Anvisa finalmente fornecer a autorização em caráter emergencial, para que a vacina do Butantan, assim como a da AstraZeneca, que são as duas que temos neste momento”, disse.  “Mas torcemos também pela aprovação de outras vacinas e que a Anvisa tenha a capacidade de obedecer à Ciência, e obedecer ao princípio da vida também”. De acordo com o governador, a intenção de São Paulo e outros 12 estados é seguir o PNI.  “Todos nós desejamos apoiar o PNI. Sempre foi assim, nos últimos 52 anos sempre funcionou. Mas funcionou porque havia responsabilidade e atitude correta, mesmo em governos com ideologias distintas”, disse. “Não tivemos problemas no governo Lula, no governo Dilma Rousseff, no governo de Michel Temer, de Fernando Henrique, no governo Fernando Collor, para citar alguns governos, o do Itamar Franco”.

Na avaliação de Doria, o imbróglio em que se converteu a vacinação contra a Covid-19 não tem precedente no Brasil. “Nunca houve problema com o programa de imunização, nunca houve uma situação dramática como essa que nós estamos vivendo. E exatamente na pior situação de saúde no Brasil nos últimos 100 anos que nós fomos constatar essa triste realidade no governo negacionista de Jair Bolsonaro”. [o programa de imunização é tão eficiente que o Governo Militar enfrentou uma epidemia de meningite com êxito - e o ponto forte daquele enfrentamento exitoso para os brasileiros, foi exatamente a não ingerência de curiosos, leigos, que se intitulam 'expert', quando nada sabem - sabem que nada sabem,  mas não tem a dignidade de seguir o exemplo do filósofo Sócrates conforme narrativa de Platão e reconhecer sua própria ignorância.]

O governador de São Paulo afirmou também que a inação do governo federal em promover a campanha de vacinação contra o coronavírus se reflete diretamente na atividade econômica do país.“O atraso da vacinação promove também o atraso da recuperação econômica do país, e é uma tristeza atrás da outra”, disse Doria.“No ano de 2020 a performance de São Paulo foi três vezes superior à do Brasil, num período difícil de decréscimo da economia. E agora, neste ano, a abertura que poderia ser de esperança para os brasileiros, neste momento é a abertura de dúvida”.

Segundo Doria, o cenário de incertezas tem se refletido nos mercados internacionais.“O governo federal, por falta de uma política de vacinação, não se tem um prazo confirmado, seguro de imunização dos brasileiros para a retomada da economia”. Doria apontou o anúncio de que a montadora Ford está deixando o país como um sintoma da inabilidade de diálogo de que o governo Bolsonaro padece também na esfera econômica. “Ele não foi capaz de dialogar com uma empresa que está há 10 anos no Brasil, e a culpa por deixar o país. Não um diálogo para fazer socorro, mas um diálogo construtivo. Qual foi o diálogo feito pelo ministro da Economia [Paulo Guedes] com o presidente da Ford?”, indagou o governador. [curioso é  que o Joãozinho falou, falou, malhou Bolsonaro, falou sobre a Ford, enrolou, prometeu, se vangloriou, mas não informou o que realmente importa: o dia D e a hora H em que a vacina do Doria começará a ser aplicada em São Paulo????????????

Alguns dorianos dirão: 'mas depende da Anvisa' e lembramos: a Anvisa tem um prazo - 10 dias - mas a cada pedido de complementação que a reguladora apresenta ao Butantan ou à Fiocruz, a contagem do prazo do requisitado trava]

André Guilherme Vieira, jornalista - Valor Econômico

 

domingo, 29 de novembro de 2020

Racismo - Cor da pele não é mérito e nem demérito - Alexandre Garcia

A Defensoria Pública de Porto Alegre entrou com um pedido de indenização contra o Carrefour. Mas o motivo não é a violência que resultou no espancamento até a morte de João Alberto Freitas e sim por racismo.  Para mim não houve racismo por parte do supermercado e sim por parte da imprensa, que fez questão de frisar que a vítima era negra e que os seguranças são brancos. Ora, a própria fiscal do Carrefour que foi presa na terça-feira (24) por envolvimento nesse crime tem a pele negra, uma prova de que a questão ali não era racial.

Quando o noticiário frisa a cor da pele das pessoas, para mim, há racismo. Cor da pele não é mérito e tampouco pode ser demérito. O que nos distingue são as diferenças de caráter, de honestidade e de violência. E o que nos aproxima é a solidariedade. Somos todos brasileiros.


Vacina contra meningite é fundamental
Mais uma vacina será ofertada pelo SUS. É um imunizante que protege de quatro subtipos de meningite, entre elas a meningocócica. Esse vírus mata um em cada cinco infectados, ou seja, tem 20% de letalidade.

A meningite meningocócica é sete vezes mais mortal que o coronavírus. No Brasil a Covid-19 tem matado 2,8% dos infectados. Além disso, esse subtipo de meningite deixa sequelas auditivas, visuais e neurológicas para quem sobrevive. Imunize seus filhos. É necessário. É possível começar o calendário de vacinação das crianças a partir dos três meses de idade.

Indenizações por calúnia e injúria
A quarta turma do Superior Tribunal de Justiça condenou a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) a indenizar em R$ 40 mil a atual vice-governadora do Piauí Regina Sousa. Durante a sessão de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a deputada chamou a então senadora de "semianalfabeta", "cretina", "anta" e "gentalha".

Já a terceira turma do STJ determinou que o empresário Joesley Batista pague ao ex-presidente Michel Temer R$ 300 mil por chamá-lo de “chefe de organização criminosa”. Há punição para falas desse tipo no Código Penal. Calúnia, injúria e difamação não é liberdade de expressão.

Alexandre Garcia, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes

 

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Verde, amarelo, branco, azul anil - Nas entrelinhas

“Crise sanitária, recessão econômica, crise fiscal, desemprego em massa e sinais da volta da inflação nos preços da cesta básica. Entretanto, Bolsonaro está cada vez mais populista”

[Em nome da clareza cabe dizer: a popularidade do presidente Bolsonaro cresce cada vez mais;
E por uma questão de opção pela transparência, impõe-se destacar  que não há razões para a popularidade do capitão sofra reduções, visto que crise sanitária, recessão econômica, crise fiscal, desemprego em massa e sinais da volta da inflação, não tiveram como causa nenhuma medida presidencial, como se demonstra:
- a crise sanitária, tem causa pública e notória;
- os três itens que a seguem foram herdados dos governos anteriores, cabendo registrar que sob o governo Bolsonaro, o desemprego cresceu em torno de 10%, índice que sob uma pandemia é tolerável e a volta da inflação é consequência dos itens anteiores com a agravante de que o governo do presidente Bolsonaro tem sido forçado ao aumento de gastos - por pressão das necessidades básicas de milhões de brasileiros e do Congresso Nacional que tem obrigado a União Federal a arcar com gastos incontroláveis.]
Tivemos um inédito Dia da Independência sem desfiles militares, por causa da pandemia. O presidente Jair Bolsonaro desfilou em carro aberto, cercado de crianças, no velho Rolls-Royce presidencial, comprado pelo presidente Getúlio Vargas em 1952, em si uma atração à parte. A Esquadrilha da Fumaça, como sempre, riscou o céu de Brasília. Estamos a dois anos do Bicentenário da Independência. Quem tiver mais certezas do que dúvidas sobre o futuro estará errado. São tempos de mudanças vertiginosas em meio a grandes adversidades.

Olhando para metade do caminho percorrido, a década de 1920, houve um turbilhão de coisas que deixaram de pernas para o ar a chamada República Velha. O mundo saía da maior carnificina até então ocorrida na História, a I Guerra Mundial. Pode-se dizer que tudo o que ocorreu depois, no século passado, de alguma forma, foi marcado pelo conflito. Há 110 anos, havia uma grande inquietação cultural e artística, além da radicalização ideológica na qual se confrontaram o comunismo e o fascismo, como alternativas à social-democracia e ao liberalismo, respectivamente. A II Guerra Mundial foi quase uma consequência inevitável, cujo grande ensaio no teatro europeu foi a Guerra Civil espanhola.

No Brasil, havia uma profunda crise de identidade; as instituições republicanas, que constituíam um sistema federativo e a nossa democracia representativa, eram contestadas. Dizia-se que eram estruturas artificiais, não se coadunavam com a realidade social e cultural do país. A Semana de Arte Moderna questionaria os padrões culturais tradicionais, impostos por uma elite formada por ex-senhores de escravos e seus descendentes, propunha a busca de uma identidade nacional moderna, “digerindo” as novas correntes filosóficas e artísticas europeias para produzir uma cultura nacional autêntica. O tenentismo eclodiria com o heroísmo dos 18 do Forte Copacabana, questionando o coronelismo, as fraudes eleitorais, o sistema político. Na mesma época, surgia o Partido Comunista, formado por intelectuais e operários de origem anarquista, cristãos-novos do marxismo. Eram prenúncios de uma crise que iria desaguar na Revolução de 1930 e no Estado Novo.

Muitas incertezas
Olhando para o futuro, o que nos aguarda nos próximos dois anos? É difícil a resposta, já mergulhamos num turbilhão das incertezas. Qualquer análise precisa partir da constatação de que estamos vivendo uma crise múltipla, cuja origem difere de todas as anteriores, em razão da pandemia da covid-19: contabilizamos até ontem 126 mil óbitos e 4,137 milhões de casos desde o início da pandemia, com uma taxa de 60,5 mortos por 100 mil habitantes. Estado mais rico e mais populoso, com o melhor sistema de saúde, São Paulo registra 855.722 casos e 31.353 mortes, o que explica a profundidade da recessão econômica, com a queda na produção industrial de 17,7% no segundo trimestre, em relação a igual período de 2019. O único setor com resultado positivo foi o agronegócio, que cresceu 1,2% no trimestre passado, por causa da recuperação chinesa e do aumento do consumo de alimentos, cujos preços dispararam.

Ninguém sabe quanto tempo a pandemia permanecerá, pois há sinais de uma segunda onda na Itália e na Espanha, mas há esperança de que quatro das vacinas em desenvolvimento no mundo estejam liberadas para aplicação em massa até o final do ano: a americana, a inglesa, a russa e uma das chinesas. O Brasil corre atrás delas, mas é improvável que possamos imunizar a população em menos de um ano. Enquanto a vacina não vem, é melhor ter juízo e manter o isolamento social; porém, não é o que acontece no Brasil. O mau exemplo vem de cima. O presidente da República naturaliza a pandemia e mantém uma ocupação militar no Ministério da Saúde que entrará para os anais da nossa história sanitária, repetindo o triste papel que tiveram na epidemia de meningite, durante o regime militar.

Crise sanitária, recessão econômica, crise fiscal, desemprego em massa e sinais da volta da inflação nos preços da cesta básica. Entretanto, Bolsonaro está cada vez mais populista, para desespero da equipe econômica, que agora lida com uma anistia fiscal no valor de R$ 1 bilhão para as igrejas evangélicas, que o presidente da República quer sancionar. Ou seja, todos os contribuintes terão de pagar o calote dos pastores na Receita Federal. Na política, Bolsonaro só pensa na eleição; nos bastidores, trabalha para liquidar com a Operação Lava-Jato, moeda de troca para livrar os filhos das investigações sobre o caso Fabrício Queiroz. Com o ministro Luiz Fux na presidência do Supremo (tomará posse na quinta-feira), será muito difícil.

Pasmem! A anulação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ontem fez um pronunciamento nas redes sociais com pompa de estadista e cara de candidato, para emular com o de Bolsonaro em cadeia de radio e tevê, passou a ser vista com bons olhos pelos estrategistas do Palácio do Planalto. Já consideram os petistas fregueses de carteirinha e sonham com uma polarização com o petista Lula para reeleger Bolsonaro, sem risco de ter de enfrentar uma candidatura de centro no segundo turno. Até o Bicentenário da Independência, teremos dois anos emocionantes. Oremos!

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


sexta-feira, 12 de junho de 2020

O capitão combate a verdade - Fernando Gabeira

Em Blog


quarta-feira, 1 de abril de 2020

A alegoria de Camus - Nas entrelinhas

A epidemia de meningite só acabou após a vacinação de 80 milhões de pessoas, o que seria impossível com a manutenção da censura sobre a doença

Publicado em 1947, A Peste, do escritor franco-argelino Albert Camus (1913-1960), é uma alegoria da ocupação nazista. Por isso, fez tanto sucesso não só na França como na Europa do pós-guerra e também na América Latina, inclusive no Brasil, nas décadas de 1960 e 1970. Camus foi um militante da Resistência, mas teve uma posição muito moderada em relação aos que colaboraram com os invasores alemães durante a II Grande Guerra, condenando os “justiçamentos”. Já era um escritor consagrado, com duas obras elogiadíssimas pela crítica: O estrangeiro e O mito de Sísifo.

Albert Camus nasceu em 7 de novembro de 1913 na Argélia, à época uma colônia francesa, cenário de seu romance, que conta a história de uma epidemia na cidade de Oran, no norte daquele país. Em 1940, um médico encontrou um rato morto ao deixar seu consultório. Comunicou o fato ao responsável pela limpeza do prédio. No dia seguinte, outro rato foi encontrado morto no mesmo lugar. A esposa do médico tinha tuberculose e foi levada para um sanatório. A quantidade de ratos aumentou exponencialmente. Em um único dia, oito mil ratos foram coletados e encaminhados para cremação.

Em pânico, a cidade declarou estado de calamidade, as pessoas tinham febre e morriam em massa. Os muros foram fechados, em quarentena, ninguém entrava ou saía; os doentes foram isolados, as famílias, separadas. Enquanto o padre apregoava que tudo aquilo era um castigo divino, prisioneiros eram mobilizados para enterrar os cadáveres, que empilhavam nas ruas: velhos, mulheres e crianças morriam. O livro é uma alegoria da condição de vida regulada pela morte, fez muito sucesso porque era uma crítica ao fascismo e relatava as diferenças de comportamento diante de situações-limite. Fora escrito durante a ocupação militar alemã. Camus foi editor do jornal clandestino Combat, porta-voz dos partisans.

Em 1951, Camus lançou o livro O homem revoltado, no qual condenava a pena de morte e criticava duramente o comunismo e o marxismo, o que provocou uma ruptura com seu amigo e filósofo Jean-Paul Sartre, que liderou seu linchamento moral por parte da intelectualidade francesa. Mesmo depois do Prêmio Nobel de Literatura, em 1957, continuou sendo um renegado para a esquerda. Seu discurso na premiação foi profético. Permanece atual nestes tempos de epidemia de coronavírus. “Cada geração se sente, sem dúvida, condenada a reformar o mundo. No entanto, a minha sabe que não o reformará. Mas a sua tarefa é talvez ainda maior. Ela consiste em impedir que o mundo se desfaça. Herdeira de uma história corrupta onde se mesclam revoluções decaídas, tecnologias enlouquecidas, deuses mortos e ideologias esgotadas, onde poderes medíocres podem hoje a tudo destruir, mas não sabem mais convencer, onde a inteligência se rebaixou para servir ao ódio e à opressão, esta geração tem o débito, com ela mesma e com as gerações próximas, de restabelecer, a partir de suas próprias negações, um pouco daquilo que faz a dignidade de viver e de morrer”, disse Camus.

Epidemia
Em comemoração aos 60 anos de sua morte, divulgou-se na França um de seus textos da época da resistência, cujo original foi encontrado nos arquivos do general De Gaulle, o presidente francês que liderara a Resistência do exílio. O documento era destinado às forças que combatiam o marechal Pétain e trata de dois sentimentos presentes no contexto da ocupação: ansiedade e incerteza. A ansiedade “em uma luta contra o relógio” para reconstruir o país; a incerteza, em razão do fato de que, “se a guerra mata homens, também pode matar suas ideias”.

A alegoria de A Peste também serve de advertência diante de certas manifestações de apoio ao regime militar implantado após o golpe de 1964, cujo aniversário foi comemorado ontem. Em 1974, o Brasil enfrentou a pior epidemia contra a meningite de sua história. Para evitar o contágio, o governo decretou a suspensão das aulas e cancelou os Jogos Pan-Americanos de 1975, que foram transferidos de São Paulo para o México. A epidemia começou em 1971, no distrito de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. Com dor de cabeça, febre alta e rigidez na nuca, muitos morreram sem diagnóstico ou tratamento.

Em setembro de 1974, a epidemia atingiu seu ápice. A proporção era de 200 casos por 100 mil habitantes, como no “Cinturão Africano da Meningite”, que hoje compreende 26 países e se estende do Senegal até a Etiópia. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, com apenas 300 leitos disponíveis, chegou a internar 1,2 mil pacientes. Na época, eu era um jovem repórter do jornal O Fluminense, de Niterói (RJ). Com a cumplicidade de um acadêmico de medicina, conseguimos fotografar pela janela uma enfermaria lotada de crianças com meningite, no Hospital Universitário Antônio Pedro (UFF). A foto foi publicada com a matéria, mas gerou a maior crise política para a direção do jornal, porque a meningite era um assunto censurado pelos militares. A epidemia só acabou no ano seguinte, após a vacinação de 80 milhões de pessoas, que seria impossível com a manutenção da censura sobre a meningite pelo governo do general Ernesto Geisel.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense