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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

A esquerda ama odiar - Revista Oeste

 Augusto Nunes

O negacionismo autoritário é camuflado por declarações de amor à vacina 

Bandeira do movimento Lula Livre, criado quando o ex-presidente foi condenado, em 2017, a mais de nove anos de prisão | Foto: Helissa Grundemann/Shutterstock
Bandeira do movimento Lula Livre, criado quando o ex-presidente foi condenado, em 2017, a mais de nove anos de prisão -  Foto: Helissa Grundemann/Shutterstock
 

O PT não sabe sorrir, nunca soube. Já no primeiro comício da vitória, o partido mostrou que festejar o próprio triunfo lhe dá muito menos prazer do que comemorar a derrota dos outros com insultos, provocações e pancadarias. Em vez de alegrar-se com o número de eleitores que votaram nos candidatos petistas, os militantes acham mais prazeroso contabilizar e, se possível, identificar os que não seguiram a estrela vermelha: são inimigos a castigar ou destruir. A prevalência da carranca sobre o sorriso foi oficializada no momento em que o chefe supremo do PT dividiu o Brasil em duas tribos: “nós” (os devotos da seita que tem em Lula seu único deus) e “eles” (os que não abdicaram da sensatez). Conforme as circunstâncias, o Mestre comunica a seus discípulos que o nome mudou. “Eles” viraram “golpistas” nos meses que precederam o impeachment de Dilma Rousseff, foram rebaixados a “fascistas” com a ascensão de Jair Bolsonaro e, depois da chegada ao país do vírus chinês, tornaram-se “inimigos da ciência”, “terraplanistas” e “negacionistas”.

O passaporte sanitário que documentava a aplicação de três doses de vacina não impediu que uma militante do PT, quarentona recente, fosse surpreendida pela covid-19. Inconformada com os dez dias de quarentena, caprichou num longo palavrório que batizou de “desabafo”. Examinado com atenção, revela com a precisão de tomografia computadorizada um cérebro petista atormentado pela pandemia. 
O vírus responsável pela doença sequer é mencionado. 
Como Lula ensinou, todas as mortes causadas pelo coronavírus devem ser debitadas na conta do presidente genocida, líder dessa sub-raça que “nega a ciência falando contra a vacina”. É bom que se calem, adverte a confinada involuntária, para logo ressalvar em mau português: “Desinformação não é liberdade de expressão”. Assim, os negacionistas devem suspender imediatamente conversas que ofendem a ciência e desperdiçar esse tempo tratando de assuntos menos letais. Futebol, por exemplo. Ou estética. Ou astrologia. “Você pode dar sua opinião sem matar ninguém”, lembra o desabafo. E que fique em casa quem não tomou vacina, conclui a lição, porque o vírus precisa de corpos não imunizados circulando por aí para ganhar força e gerar novas variantes.

Por odiar o convívio dos contrários, todo esquerdista brasileiro é surdo a vozes dissonantes. Por desprezar poços de certezas, sobretudo quando sonham com o assassinato dos direitos individuais e das liberdades democráticas, insisto em ver as coisas como as coisas são e a contar o caso como o caso foi. Em obediência a Lula, seus esforçados devotos qualificam de “inimigos da vacina” milhões de brasileiros que, na infância, recorreram a imunizantes para livrar-se de poliomielite, catapora, sarampo ou caxumba — e, ao longo de 2021, tomaram vacinas contra a covid-19. É o meu caso. Fui vacinado com duas doses da CoronaVac e uma da Pfizer. E afirmo que sofre de negacionismo — e negacionismo delirante — quem nega a existência de dúvidas a esclarecer, enigmas a desvendar, interrogações a desfazer. 

Criada no curtíssimo período de um ano, a vacina contra a covid-19 configura uma façanha e tanto. Mas só cretinos fundamentais não conseguem enxergar nesses imunizantes algo ainda na primeira infância e, por isso mesmo, em processo de aperfeiçoamento.
 
Os loucos por lockdowns acabam de decepcionar-se com o estudo que comprovou a ineficácia dos isolamentos radicais
Logo ficarão desolados com as respostas exigidas por outras perguntas muito oportunas. Uma delas: vacinas concebidas para combater o vírus original e suas primeiras variantes são capazes de deter o avanço da Ômicron? 
O desabafo sugere que a militante em quarentena ignora que também os totalmente vacinados podem transmitir a doença e ser infectados. Assim, não deveria descartar a hipótese de ter sido contaminada num encontro de adoradores de vacinas, todos providos de passaportes sanitários, usando máscaras e atentos a medidas de distanciamento social. Além de entusiasmados com a epidemia de autoritarismo gerada pelo Supremo Tribunal Federal na sessão que entregou o comando do combate à pandemia a governadores e prefeitos
As táticas de guerra ficaram mais confusas com a permanência no front dos ministros do STF, e desandaram de vez com a entrada em cena de promotores de Justiça e juízes de primeira instância. Só ficou fora o presidente Jair Bolsonaro, a quem coube apenas arranjar a dinheirama que financiou também as bandalheiras do Covidão.
 
Lula jura que, se estivesse na Presidência da República, salvaria o país com a reprise do medonho modelo concebido pela tirania que tanto admira. “A China só conseguiu combater o coronavírus com a rapidez que ela combateu porque tem um partido forte, porque tem um Estado forte, tem pulso, voz de comando”, desmanchou-se em afagos o ex-presidente num vídeo divulgado em junho de 2021. “Eles tomam decisões que as pessoas cumprem, coisa que nós não temos aqui.” 
Com o ex-presidiário no Palácio do Planalto, a direção da guerra provavelmente seria entregue ao ex-ministro Carlos Gabas, maior autoridade do PT no campo da saúde. No posto de secretário-geral do Consórcio do Nordeste, ele administra o combate à pandemia naquela região. Investigações de uma CPI instaurada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte confirmaram que Gabas é um incapaz capaz de tudo.

Quem acredita nesse monumento ao negacionismo está obrigado a crer que Lula foi a única vestal incorruptível no mais populoso bordel da história

Governar é escolher, e Lula escolhe sozinho. Presidente por oito anos, não recorreu a conselheiros para escalar ministros, presidentes das estatais mais lucrativas, parceiros no Congresso, empreiteiros felizes com obras federais e, no Exterior, ricaços generosos e um punhado de amigos bem mais rentáveis que o milhão sonhado por Roberto Carlos. Antes e depois da temporada no poder, escolheu dirigentes do PT, candidatos do partido a governos estaduais, prefeituras ou Câmaras Municipais, patrocinadores de palestras.  
Ficou rico sem manchar a imagem de alma viva mais pura do Brasil, talvez do mundo, venerada pela esquerda negacionista, convencida desde sempre de que Lula é o mais injustiçado dos inocentes. Bandidos são o ex-juiz Sergio Moro e os integrantes da Operação Lava Jato.
 
Para sustentar esse monumento ao negacionismo, costurou-se o enredo que mataria de inveja um Gabriel García Márquez. 
 Em 2014, o juiz Sergio Moro descobriu que, se impedisse a volta de Lula ao poder, um deputado federal que ninguém conhecia seria eleito presidente da República e o transformaria em ministro da Justiça. Ambicioso, o magistrado matriculou-se num curso da CIA que ensina a montar conspirações envolvendo o Ministério Público e a Polícia Federal. Voltou dos Estados Unidos pronto para liderar uma operação que, fingindo investigar doleiros, devassou bandalheiras consumadas por empreiteiros que prestavam serviços à Petrobras e diretores da estatal. 
 
A evolução da trama incorporou delações premiadas, bilhões de dólares devolvidos à empresa saqueada, quadrilheiros de altíssima linhagem acordados às 6 da manhã e transferidos para a gaiola antes que Lula fosse instalado na cadeia em Curitiba
O Petrolão foi uma farsa, recitam os negacionistas do PT.  
O tríplex no Guarujá nunca foi dele, os 111 fins de semana no sítio em Atibaia só atestam a beleza da amizade verdadeira, acrescentam os devotos mais fervorosos. 
E o Mensalão? Nunca existiu.

Quem acredita nesse monumento ao negacionismo de esquerda está obrigado a crer que Lula foi a única vestal incorruptível no mais populoso e diversificado bordel da história. Entre os figurões da Era Lula-Dilma que amargaram temporadas na cadeia estão um presidente do Banco do Brasil, um ex-presidente e três diretores da Petrobras, um ex-presidente dos Correios, um ex-presidente da Eletronuclear, um ex-presidente da Valec, um ex-presidente e um ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, três ex-presidentes do PT, três tesoureiros do PT, um ex-líder da bancada do partido no Senado e um ex-líder da bancada na Câmara dos Deputados. A fila de petistas lembrados com orgulho pela população carcerária é enriquecida pelos ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, além de parceiros como os ex-governadores Sérgio Cabral e Pezão. E é, merecidamente, puxada por Lula.

Aos negacionistas vocacionais somam-se os estrábicos por opção. É o caso do ex-governador Geraldo Alckmin
Na campanha presidencial de 2006, ele viu em Lula um corrupto. 
Em 2018, viu um delinquente ansioso por voltar ao local do crime. 
Só agora apareceu-lhe o estadista de quem queria ser vice desde criancinha. 
Sujeito a surtos de vigarice amnésica, o dono do PT esqueceu que achava o antigo adversário “um político fraco demais para governar qualquer coisa” e descobriu “um governante que sempre mereceu respeito”. 
O que milhões de brasileiros precisam enxergar é o perigo estacionado a um palmo do nariz: um Lula candidato a presidente, na imagem perfeita de Millôr Fernandes, é o túnel no fim da luz.

Leia também “O confisco da liberdade”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

 

domingo, 30 de janeiro de 2022

VACINAÇÃO INFANTIL E A CHIBATA DOS VERDUGOS - Percival Puggina

Assim como há escritórios de advocacia que só atuam perante o Supremo Tribunal Federal, existe em Brasília um partido político que, como tal, faz política perante o STF. É a Rede, ou, com nome e sobrenome, a Rede de Sustentabilidade.

Foi a partir de mais uma ação impetrada pela Rede que veio a determinação para que os MPs estaduais, através de seus membros, atuem no sentido de fiscalizar a vacinação infantil contra Covid-19 e impor sanções aos pais que não vacinarem suas crianças com mais de cinco anos.

Parece-me que essas autoridades não entenderam a natureza do problema. Para elas, pais que se recusem a vacinar seus filhos, ou são ignorantes e precisam da ação do Estado, ou são relapsos e precisam de sanção, ou estão em desprezível atitude político-ideológica e não merecem respeito algum.

O ECA é uma lei de 1990. Tanto o Estatuto quanto o leitor destas linhas quando falam em vacinação infantil têm em mente doenças graves, entre as quais algumas típicas dessa faixa etária, como coqueluche, rubéola, poliomielite, etc. 
São as vacinas benditas, eficazes, realmente imunizantes, largamente testadas. De fato protegem a saúde das crianças imunizando-as. Não as expõem ao risco de efeitos colaterais desconhecidos e surpreendentes.
Não são de uso emergencial e experimental (conclusão estimada para o ano de 2026), com bulas em frequente alteração. 
No caso da vacina contra a Covid-19, temos uma doença que não é tipicamente infantil. O número de casos é proporcionalmente muito inferior ao da população adulta. Tudo isso gera insegurança. 
 
É um equívoco gravíssimo aplicar a esses pais competência constitucional do MP utilizada para atos gravíssimos, como abuso sexual e violência doméstica
Estamos tratando, aqui, de vacina experimental e emergencial! 
 
Ouvi de vários pais as palavras insegurança e incerteza, em misto com o temor da doença.
São esses sentimentos reais e contraditórios que suscitam neles sinceras dúvidas. 
São pais responsáveis, zelosos e preocupados sobre como proceder para o melhor bem de seus pequenos. 
Esses genitores em nada se assemelham aos fantasmas que povoam a mente de algumas autoridades no Brasil real. 
Autoridades, aliás, tão possuídas por seu próprio poder que deixaram de lado sentimentos como empatia e  compaixão
Trocaram a espada da Justiça pela chibata dos verdugos? É isso?

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 22 de janeiro de 2022

Legisladores sem voto - Revista Oeste

Gabriel de Arruda Castro

[deuses de barro, idolatrados por pessoas que fingem desconhecer que o adjetivo 'supremo' não confere atributos de SER SUPREMO.]

Ministros do STF participam de sessão plenária | Foto: Nelson Jr/STF
Ministros do STF participam de sessão plenária | Foto: Nelson Jr/STF

O exemplo mais recente foi registrado nesta quarta-feira (19), quando o ministro Ricardo Lewandowski determinou que os Ministérios Públicos Estaduais e os Conselhos Tutelares tomem medidas para punir pais que não levem suas crianças para serem vacinadas contra a covid-19. Diz a decisão: “Oficie-se, com urgência, aos Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal para que, nos termos do art. 129, II, da Constituição Federal, e do art. 201, VIII e X, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), empreendam as medidas necessárias para o cumprimento do disposto nos referidos preceitos normativos quanto à vacinação de menores contra a covid-19”.

A menção à Constituição é vaga. O artigo 129, inciso II, diz apenas que o Ministério Público deve “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição”. Os trechos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tratam do Conselho Tutelar, e permitem “representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude”. O ECA, no qual se baseia o partido Rede Sustentabilidade em seu pedido ao STF, afirma apenas que: “É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitáriase prevê multa de três a 20 salários mínimos (de R$ 3.636 a R$ 24.240).

O Ministério da Saúde e a Anvisa, entretanto, não trataram da obrigatoriedade da aplicação da vacina: apenas autorizaram o seu uso em crianças a partir dos 5 anos de idade. A vacina da febre amarela, por exemplo, também pode ser aplicada em crianças, mas não é obrigatória. Já outras vacinas, como a BCG e a da poliomielite, fazem parte do calendário nacional de vacinação das crianças. Em uma canetada, portanto, o ministro transformou a vacinação infantil de autorizada em obrigatória.

É legítimo discordar sobre o que a Constituição deveria dizer. Mas o STF existe para aplicar a Constituição

Ricardo Lewandowski jamais recebeu o voto de um eleitor sequer. É verdade que ele já ocupou cargos no Executivo, e talvez até sinta saudades daquele tempo. Lewandowski presidiu uma estatal na gestão do governador paulista Orestes Quércia (MDB), entre 1988 e 1999. Também foi secretário de governo da prefeitura de São Bernardo do Campo entre 1984 e 1988, na gestão de Aron Galante. O ministro do STF, aliás, nunca passou em um concurso para juiz: ingressou na carreira por indicação (de Quércia, claro), para compor o Tribunal de Justiça de São Paulo. A carreira no Executivo talvez explique as predileções do ministro. Mas não as justifica: elas não deveriam se sobrepor à Constituição.

É preciso fazer, entretanto, justiça com Lewandowski. Apenas dois dos integrantes da Corte (Luiz Fux e Rosa Weber) foram juízes concursados. E o ex-subordinado de Orestes Quércia está longe de ser o único membro do STF a fazer jornada tripla, ora como integrante do Judiciário, ora como legislador não eleito, ora como autonomeado integrante do Executivo. [com todas as vênias, expressamos nossa modesta opinião que o erro maior está no artigo 101 da'constituição cidadã': "Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada."
Não estamos entre os que entendem que todo  'bacharel em direito' é capaz de ser possuidor de notável saber jurídico. Mas, convenhamos que exigir de um integrante do STF que seja,  no mínimo, bacharel em direito seria algo sensato - apesar de portar tal título não garanta ao portador que saiba redigir uma elementar petição. No Tribunal do Júri e no Parlamento são encontrados semianalfabetos, o que é aceitável por representar o POVO - que em grande parte é analfabeto (vejam os eleitos nas eleições presidenciais de 2002 a 2014).
Entendemos que  para ser ministro do STF, o candidato teria que atender,  os requisitos exigidos para integrar os tribunais superiores.] 
 
É difícil apontar com precisão quando o tribunal mais importante do país assumiu de vez a função de ocupar o que entendia ser a lacuna deixada pelos outros Poderes.  
Mas um dos casos mais emblemáticos foi a votação, em 2011, da legalização da união civil (equiparada ao casamento) entre pessoas do mesmo sexo. Naquele caso, não por coincidência, a tribuna foi ocupada pelo então advogado Luís Roberto Barroso, que defendia o aval do STF à união entre pessoas do mesmo sexo. “O que se pede aqui, em primeiro lugar, que este tribunal declare na tarde de hoje, é que qualquer forma de amar vale a pena”, pediu ele, já no início de sua arguição.

É legítimo discordar sobre o que a Constituição deveria dizer. Mas o STF existe para aplicar a Constituição. Caberia, portanto, ao Congresso decidir sobre uma eventual mudança na legislação. Bastaria modificar a Constituição.

Hoje ministro do tribunal por indicação de Dilma Rousseff, Barroso se tornou uma das faces mais conhecidas do Judiciário ativista. 
E ele não faz questão de ocultar a sua tese de que os tribunais, especialmente o STF, devem ocupar aquilo que enxergam como lacunas deixadas pelos outros dois Poderes. “O Judiciário ocupou um certo espaço, que é o de atender a demandas sociais que não foram atendidas a tempo e hora pelo Poder Legislativo”, disse Barroso, em entrevista ao site Migalhas, logo após tomar posse na Corte. Esse princípio tem sido aplicado na prática pelo STF nos últimos anos.

Veja a lista:

Quem julga o STF?
Ao tomarem decisões sem respaldo claro na Carta Magna, os ministros do STF argumentam, com frequência, que o que está em jogo são princípios fundamentais, como a igualdade e a liberdade, como estabelece o preâmbulo do artigo 5º da Constituição. Mas esta é uma meia verdade: o preâmbulo do artigo 5º é concluído com a frase “nos seguintes termos”. Ou seja: aquilo que vem em seguida detalha os termos em que esses princípios são aplicados. Lá estão, por exemplo, a igualdade entre homens e mulheres, o direito à propriedade e o veto à tortura. Não vale tudo o que os ministros da Suprema Corte acreditarem ser desejável no momento.
O advogado constitucionalista Gabriel Dayan, diretor-executivo da Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure), afirma que o STF se excede quando ignora a vontade popular — expressa por meio dos representantes eleitos. “Enquanto não houver alteração do regramento, depreende-se que a vontade popular é justamente a manutenção ou o aprofundamento dos debates em âmbito legislativo”, afirma Dayan.
Nada mais coerente que a Casa do povo trate temas pertinentes aos valores morais e aos padrões éticos de comportamento de acordo com a vontade deste e traduza em leis a vox populi.”
 
Para Daniel Fich, conselheiro do Instituto Brasileiro de Direito e Religião, uma alternativa ao modelo atual seria a implementação de um tempo de mandato definido — ele sugere 15 anos. Assim, a influência individual de cada ministro seria amenizada.  
 
A proposta é, de certa forma, semelhante à da deputada Bia Kicis (PSL-DF): abreviar a aposentadoria dos que lá estão. A idade máxima passaria de 75 para 70 anos.  [voltaria aos tempos anteriores à PEC da bengala, que permitiu que pessoas que padecem, de forma crônica, do entendimento que são 'deuses', transformem o que entendem em certeza absoluta =  passam a se considerar insubstituíveis.
Imagine: é corrente a piada -"alguns ministros da Corte acham que são deuses. Os demais têm certeza." Aumentar o tempo de permanência dos 'deuses' fortalece a piada, por consolidar nos incautos a ideia de que são insubstituíveis.  
Esclarecendo: não estamos defendendo a morte dos senhores ministros, ou sugerindo suicídio (alguns  jornalistas assim procederam em relação ao presidente Bolsonaro), mas existe um velho adágio, sempre atual: "Os cemitérios estão cheios de pessoas insubstituíveis.“
„Os cemitérios estão cheios de pessoas insubstituíveis.“

Fonte: https://citacoes.in/citacoes/584526-georges-clemenceau-os-cemiterios-estao-cheios-de-pessoas-insubstituiv/
„Os cemitérios estão cheios de pessoas insubstituíveis.“

Fonte: https://citacoes.in/citacoes/584526-georges-clemenceau-os-cemiterios-estao-cheios-de-pessoas-insubstituiv/
Mas o texto não avançou por falta de apoio no Congresso
Outra ideia que fracassou foi aumentar o número de ministros (ideia que o então senador Magno Malta, conselheiro de Bolsonaro, propôs ainda na época da campanha, mas que nunca decolou). Tampouco avançou o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Senado Federal.

A alternativa mais lenta, mas também mais viável, é apostar no processo (natural) de substituição dos ministros. O primeiro indicado de Bolsonaro, Kassio Nunes, tem adotado uma postura ambígua quanto ao ativismo judicial. O novo integrante da Corte, André Mendonça, parece mais disposto a resgatar o espírito original da Constituição. É sempre bom lembrar que o presidente eleito nas eleições de 2022 escolherá outros dois membros do STF. Há alguns anos, isso não parecia algo que devia ser levado em conta na hora de escolher em quem votar. Agora, mostrou-se mais do que necessário.

Leia também “E se o governo mandasse o STF passear?”

Gabriel de Arruda Castro, colunista - Revista Oeste

 


domingo, 13 de junho de 2021

O lobby da vacina quer cassar a sua cidadania - VOZES - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza

Vários projetos de "passaportes de vacina", preveem diversas restrições a quem não se vacinar.

O Senado Federal aprovou a cidadania de segunda classe no Brasil. Por unanimidade (entre os presentes – 72 votos) os senadores aprovaram o projeto do “Certificado de Imunização e Segurança Sanitária”. É uma espécie de passaporte para estabelecer áreas e atividades que só poderão ser acessadas por quem tenha sido vacinado contra Covid-19. Isto é um escândalo – e pode vir a se configurar como crime contra a saúde pública.

O projeto vai a votação na Câmara dos Deputados. Se prevalecer lá o mesmo nível de irresponsabilidade dos senadores, poderá virar lei – dependendo de sanção presidencial.

Apesar da pressão, China não deve cooperar com investigação independente sobre origem da Covid

Todas as vacinas em aplicação no mundo são EXPERIMENTAIS. Níveis de eficácia e segurança alegados inicialmente decorrem de ciclos de estudos de desenvolvimento que giram em torno de seis meses de duração. Isso nunca aconteceu na história das vacinas – e não há qualquer explicação científica até o momento para tal condensação do tempo de verificação dos efeitos no ser humano, em termos do estudo necessário para aplicação segura e eficaz em larga escala. É um EXPERIMENTO.

Nenhuma das vacinas contra Covid-19 que estão no mercado tem aprovação definitiva das autoridades sanitárias. Para se ter uma ideia, a mais “conceituada” delas – aquela que já provoca até turismo vacinal – tem compromisso para confirmação efetiva de eficácia e segurança na União Europeia apenas em dezembro de 2023.

Os grupos restritos de voluntários para o desenvolvimento laboratorial de imunizantes foram “substituídos”, na etapa atual de estudos, pela totalidade da população – ou quase totalidade, mas as proposições para que se vacine até os bebês já estão aí. E agora? Teremos “voluntários obrigatórios”? 
Quem tiver efeitos adversos graves ainda não relatados reclama com quem? 
Com o Papa? 
Quem vai pagar por essa inconsequência?

Quem vai pagar pela morte de Thais Possati de Souza e seu bebê de 5 meses ainda em gestação? Na noite de 10 de maio de 2021, dia da morte por AVC hemorrágico de Thais (uma promotora de Justiça saudável de 36 anos), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária emitiu nota técnica vetando a aplicação da vacina tomada por Thais em gestantes. Tarde demais para Thais. Ela foi levada por essa desinformação criminosa que se disseminou inclusive por veículos tradicionais de comunicação, propagando, de forma grosseira, que era melhor tomar vacina do que correr o risco de pegar Covid. Desinformação que envolve também autoridades – tanto que a Anvisa considerou necessário emitir uma nota técnica com o veto.

A combinação de perda de empregos, aumento da pobreza e fechamento de escolas é uma tempestade perfeita para a proliferação do trabalho infantil, declarou o diretor regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Vinícius Pinheiro.

Quantas outras grávidas estão desinformadas?  
Quantos pacientes de outros grupos populacionais podem estar sofrendo reações importantes por conta dos efeitos coagulantes que provavelmente levaram Thais e seu bebê à morte?  
[parecer não científico, sem usar termos técnicos,  mas sensato: a covid-19 mata mais em função de uma hiperinflamação e de trombose. Os anticoagulantes evitam, ou reduzem, a ocorrência de trombose. O que é um ponto positivo da vacina tomada pela Thaís. Porém, é um complicador para pessoas que tem aneurisma, dificuldades de coagulação.
Um inconveniente sério, que deve ser levado em conta no caso de pessoas que sabidamente são portadoras de aneurisma ou dificuldades na coagulação sanguínea.
Ao que sabemos o número de pessoas com as comorbidades relevante, com a ressalva que é inferior em muito ao das não portadoras. ]

Você não sabe – e não saberá. Pelo simples fato de que os relatos espontâneos de efeitos adversos e casos de infecção após a vacina são historicamente muito baixos. A diferença é que dessa vez a real aferição dos imunizantes depende dos relatos espontâneos, porque o mundo resolveu compactuar com essa aventura de vacinação em massa com vacinas experimentais – abrindo mão dos anos de estudos que precederam a liberação de todos os imunizantes que a humanidade já conheceu.

Você acha que tem o direito de não ser cobaia? Pois o Senado brasileiro quer te obrigar a ser.  [concordamos em quase tudo com a ampla, consistente e sólida  argumentação Fiuza - boa base nos argumentos é uma característica sempre presente no articulista.
Ocorre que,   em nossa modesta e leiga opinião, o Senado Federal desta vez age corretamente - o que serve para reparar em parte os danos causados pelos ilustres senadores ao apoiarem a criação da CPI Covidão - uma vergonha para o Senado da República.
As vacinas contra o coronavírus possuem todos os inconvenientes das vacinas tradicionais, acrescidos da rapidez com que foram  criadas (a pesar de maioria delas usar tecnologia presente em vacinas que existem desde o milênio passado - temos restrições ao uso de tecnologias novas, não testadas,entre elas, sem limitar, a do RNA mensageiro)  do importante fato que não se sabe a o período de validade do efeito imunizante -  as primeiras começaram a ser utilizadas em dezembro 2020, assim, o cálculo da validade é contar daquela data até hoje, e sobre o resultado se acrescentar um dia a cada dia sem que ocorra o fim da validade.
 
Não pode ser olvidado que o cidadão que se recusar a tomar o imunizando não está cometendo nenhum crime - ainda que contraia o vírus e morra - indo ao limite não se pune o suicídio.
Só que ao recusar o imunizante o cidadão está facilitando a propagação do vírus, portanto, colocando em risco a vida de milhares de pessoas - o que sabidamente é um crime e precisa ser coibido.
 
Para finalizar, lembramos que milhões e milhões de pessoas estão gozando de perfeita saúde, entre elas este escriba, graças as vacinas contra poliomielite, varíola, e dezenas de outras moléstias, que recebemos, na maioria no século passado.
Na nossa opinião a vacinação  deve ser compulsória - exceto em situações especiais,  fundamentadas na medicina  e que a juízo de um médico justifiquem o adiamento.] Exagero? Então veja: a vacina que Thais Possati tomou, vindo a falecer em seguida e motivando o veto da Anvisa, tem compromisso de confirmação de sua segurança e eficácia perante a União Europeia em março de 2024. Repetindo: MARÇO DE 2024. Entendeu por que é EXPERIMENTAL? Agora leia esse trecho do documento que Thais teve de assinar antes de se vacinar: "Ainda não foram feitos estudos em gestantes/lactantes que assegurem seu uso, ou seja, não foi verificada evidência científica de segurança e eficácia para sua administração”.

Como você se sente ao ler isso, sabendo que Thais Possati morreu depois de duas semanas de sofrimento atroz? Se estiver se sentindo num cassino macabro ninguém poderá te culpar por isso. Por todos os lados você vê gente gritando vacina ou morte. Aí você vê vacina e morte. Tenta se esconder debaixo da mesa de apostas, mas vem uma blitzkrieg do Senado Federal te arrancar de lá para te botar em cima da mesa. Vai ter que apostar também – se não quiser sumir do mapa.

Beleza. Vamos perguntar aos doutores senadores brasileiros em seus jalecos cinzentos: - como estão os estudos sobre ocorrência de miocardite em vacinados com a tecnologia do RNA mensageiro? Não sabem?! 
Não é possível. Para obrigar a população inteira a se vacinar, suas excelências devem saber todas as conclusões sobre o número expressivo de casos de inflamação cardíaca pós-vacina relatados ao VAERS – Vaccine Adverse Event Reporting System dos EUA. 
Lá eles ainda não sabem, mas em Brasília os estudos devem estar concluídos.
Não estão? 
Esperem aí: então isso é cassino mesmo?  
Cala a boca, toma vacina e se tiver problema cardiovascular agora ou no futuro deu azar? Como se diz num subdialeto da língua de Shakespeare: que porra é essa?

Foi mais ou menos o que disse – com mais classe – o astro Eric Clapton ao perder os movimentos das mãos após se vacinar contra Covid. Você pode imaginar como se sentiu um dos maiores guitarristas da história ao sentir seus dedos ardendo, depois dormentes, depois imóveis – levando-o ao desespero por duas semanas até começar a recuperar parcialmente os movimentos. “Fui um rebelde a minha vida inteira contra tiranias e é isso o que temos agora”, desabafou Eric após a reação “desastrosa” (palavra dele) à vacina, referindo-se ao que virou essa suposta política de saúde na Inglaterra e no mundo.

Você ouviu a denúncia de Eric Clapton? Possivelmente não. Esse tipo de informação, nos dias de hoje, some. Entendeu por que o genial Eric fala em tirania? Entendeu o que está se passando no Brasil com a ação diligente fantasiada de empatia dos vassalos do lobby?  Você já notou que não estamos citando aqui os nomes das vacinas. Naturalmente, não é para não desagradar os vassalos do lobby. É só para ficar claro que não existe AQUELA cuja segurança e eficácia estão consolidadas. Vamos repetir: TODAS são EXPERIMENTAIS. No Brasil está sendo aplicada tanto aquela que a União Europeia e os EUA não deixam entrar, quanto aquela que Thais Possati e Eric Clapton tomaram, quanto aquela que chegou depois, “de primeiro mundo”, à qual estão associados os relatos de miocardite ainda em avaliação.

Essa vacina traz a tecnologia inovadora do RNA mensageiro – que ensejou controvérsias nos meios médicos sobre a falta de estudos por tempo suficiente em humanos. Prêmio Nobel de Medicina, o virologista francês Luc Montagnier declarou sua preocupação com a vacinação em massa durante uma pandemia, especialmente pelo potencial de efeitos adversos desconhecidos dessa técnica a longo prazo. No curtíssimo prazo, está sendo avaliada a presença de nanopartículas lipídicas, provenientes da introdução do mRNA, disseminada pelos órgãos vitais de vacinados – mas não há conclusões sobre isso.

Como se vê, há muitas dúvidas sobre as vacinas – e estamos aqui exercendo a responsabilidade de aponta-las. Menos no Senado brasileiro – que aparentemente resolveu mimetizar iniciativas fascistoides do mesmo tipo em outros países.  A ocorrência de miocardite é encontrada entre jovens vacinados numa proporção e com grau de nocividade que o CDC – o centro de controle de doenças dos EUA – ainda terá que dimensionar. Que tipo de efeitos adversos no sistema cardiovascular em cada faixa etária as vacinas contra covid poderão acarretar? Só o tempo e os estudos dirão. Mas o folclórico Dr. Fauci – cujos e-mails divulgados transbordam contradições inclusive quanto à eficácia das vacinas – usa seu cargo de assessor de saúde da Casa Branca para advogar a vacinação de crianças.

Onde está a ciência nesse tipo de proposição? Pode procurar à vontade que não vai achar. Com quase um ano e meio de pandemia não há um único estudo indicando que a ocorrência de Covid-19 em crianças tanto em número de casos, quanto em gravidade e em potencial transmissor – indique a necessidade de vacinação dessa faixa etária. Você não acha que isso se parece um pouco com a premissa obscura da criação de uma cidadania de vacinados, aprovada pelos senadores brasileiros?  Com a quantidade de dúvidas contidas nessas substâncias EXPERIMENTAIS, esse passaporte carnavalesco fantasiado de segurança sanitária não criará cidadania alguma – ao contrário, cassará a cidadania dos indivíduos livres e saudáveis. A não ser que você se levante daí e lute pela sua dignidade.

Vacinas incipientes são a porta de saída segura da pandemia? Estranho. Então o que está acontecendo no Chile? Era um dos países com melhores resultados no enfrentamento do novo coronavírus. Começou a vacinar em massa e hoje é o mais vacinado do continente, com cerca de 45% da população tendo recebido as duas dosese está fechando tudo por conta da explosão de casos de Covid-19. O que aconteceu na Índia? País com elevada taxa de população vacinada – sendo inclusive produtor de vacina – mergulhou no seu pior momento em toda a pandemia no auge da vacinação. A taxa média de óbitos em maio de 2021 na Índia chegou a ser três vezes superior à do pico da primeira onda. Por que o mesmo fenômeno aconteceu no Uruguai, um dos países com maior percentual de população vacinada na América do Sul? Aliás, por que os primeiros seis meses de vacinação no mundo coincidem com um agravamento dramático e generalizado da pandemia?

Ninguém sabe ao certo. Mas quem pode afirmar, no contexto acima descrito, que vacinas são a salvação certeira contra a pandemia – a ponto de se criar OBRIGATORIEDADE de vacinação (fantasiada de “passaporte”, “certificado” e outras espertezas do lobby)? Vamos repetir: estamos diante de um ESCÂNDALO ÉTICO.

A autoridade sanitária brasileira, aquela que emitiu a nota tardia sobre o perigo LETAL da vacina que Thais Possati tomou, é considerada pelos vassalos do lobby como um entrave. Ameaças vieram de todos os lados – inclusive do Congresso e do STF – arbitrando prazos exíguos para a Anvisa liberar vacinas, sob pena da decretação de “autorização tácita”, isto é, da revogação da autoridade sanitária. Isso é muito grave – e não foi papo de “esquerda” ou “direita”. Veio de todos os lados, inclusive de um líder do governo na Câmara, que disparou publicamente contra a agência em linguajar de campo de várzea – “estão pensando que a gente é trouxa” e coisas assim.

O nome desse vassalo do lobby não está sendo citado aqui só para não emporcalhar o texto – mas se for o caso poderemos citá-lo tranquilamente, assim como ao senador que elaborou o projeto mais absurdo de atropelo da autoridade sanitária (esse tem linguajar bem educado), o ministro do STF que tentou constranger a Anvisa de forma mais acintosa e por aí vai. De todo modo, são facilmente reconhecíveis – assim como são os nomes dos 72 senadores que perpetraram esse atentado à sua saúde abrindo caminho legal para que te obriguem, na prática, a inocular no seu corpo uma substância cujas ações e consequências completas só serão conhecidas daqui a vários anos.

Mesmo sendo considerada um entrave pelos abutres da Covid S.A. a Anvisa sentiu a pressão e tomou decisões no mínimo controversas. As vacinas aprovadas em caráter emergencial no Brasil foram liberadas com estudos faltantes, como consta do laudo de liberação – onde se lê que para grupos de idosos os estudos não foram suficientes para comprovar a eficácia, nem mesmo a segurança dessas vacinas. Considerando-se que idosos são o grupo populacional mais vulnerável à Covid-19, constata-se a liberação emergencial de vacinas impróprias para a maioria dos que estão em situação de emergência. Paradoxal? Pois saiba que isso sequer foi objeto de contestação. Saíram vacinando e fim de papo.

Mas o papo não acabou – embora o lobby queira que ele acabe, perseguindo os que querem discutir o assunto fora do cassino. E a continuação desse papo leva a mais uma pergunta bem simples: quantas pessoas você conhece que atravessaram bem um ano de pandemia e adoeceram ou faleceram depois de se vacinar? 
Todos conhecemos muitas. O que furou na suposta proteção imunizante? Qual a probabilidade infecciosa dos vírus supostamente inativados? 
Qual o inventário das reações adversas? 
A propensão à geração de coágulos e trombose afetou quantos vacinados e com que gravidade? Essas estatísticas estão sendo apresentadas a você?


Claro que não. Elas nem existem. Só poderiam ser feitas com o rigor necessário dentro de grupos controlados no processo de desenvolvimento das vacinas pelos laboratórios, conforme ocorreu com TODOS os imunizantes produzidos até hoje. Mas dessa vez a ciência ganhou uma licença poética – e vacina virou questão de fé. “Levo fé na Sputnik”, “não levo fé na Sputnik”, etc. Contando ninguém acredita.

A aplicação em massa de vacinas incipientes no transcorrer de uma pandemia pode favorecer o surgimento de variantes mais infecciosas? 
O efeito do “escape imunológico”, conforme alerta de virologistas experientes, pode estar acontecendo? 
Não sabemos. O que sabemos é que a vacinação em massa coincidiu com o surgimento de variantes mais infecciosas. Onde está a refutação científica da hipótese de que isso estaria sendo provocado pela própria vacinação?

Você não viu refutação científica alguma. Esse negócio de ciência já era. O que você vê são manchetes com “especialistas” dizendo que está tudo bem, porque “vacinas aumentam a imunidade”. Dizer que vacinas aumentam imunidade é tão cientificamente certeiro como dizer que senadores defendem o povo.

Vamos ver agora os deputados. E depois o presidente da República.
Quem assinar embaixo desse “Certificado de Imunização” que não certifica nada e amarra o cidadão numa coleira tão lucrativa quanto hedionda, está emitindo o seu próprio atestado: ou é um irresponsável, ou é um vendido. Pelo menos você fica sabendo quem é quem nessa guerra dissimulada, cheia de chupa-sangues dizendo querer o seu bem.

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

O ano que não começou - Nas entrelinhas

No calendário do Executivo, o terceiro ano de mandato é o das entregas. Pelo andar da carruagem, até aqui, Bolsonaro levou o governo no gogó

2021 é uma espécie de ano que ainda não começou, perdoem-me o trocadilho com o título do livro de Zuenir Ventura, 1968: o ano que não terminou. Talvez, o sinal mais emblemático de que ainda estamos vivendo no ano passado sejam os passeios do presidente Jair Bolsonaro em Guarujá (SP), nos quais voltou a provocar aglomerações e circular sem máscaras com assessores e seguranças da Presidência. Mais déjà-vu, impossível. 2020 foi um ano perdido, com 196 mil mortos pela covid-19, e parece que não quer acabar.

Para a maioria da população, o ano somente vai começar quando a vacina chegar. O negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e suas declarações sobre a real necessidade de as pessoas se vacinarem são uma cortina de fumaça para a incompetência do seu governo no enfrentamento da crise sanitária. O aumento exponencial do número de casos no mês de dezembro é um recado claro de que é impossível restabelecer plenamente as atividades econômicas sem a imunização em massa da população. [indispensável ter presente: 
Até o presente momento não há nenhuma vacina disponível - até a indiana, algo do tipo: a genérica da genérica da similar, ainda não está disponível nem a Índia interessada em vender. 
A vacina, ou melhor, as vacinas contra a covid-19  são indispensáveis - aqui no Blog, por sermos antigos, tivemos o beneficio de receber todas as vacinas = sarampo, coqueluche, varíola, poliomielite, febre amarela, tétano, difteria  e outras = o que nos livrou de doenças terríveis.
Mas, nossa experiência como beneficiários dos efeitos benéficos das vacinas, nos deixa em dúvida, quanto ao tempo de proteção propiciado, o nível de eficácia, efeitos colaterais adversos, etc. 
Mas, máscara e vacinas contam com nosso apoio e usaremos da nossa condição de antiguidade para a prioridade.
Fazemos restrições à chinesa.]

 A chegada do vírus mutante da Inglaterra é uma preocupação a mais, pela velocidade de sua propagação. O tempo, porém, não corre igual para todo mundo. Por exemplo, para alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello —, que resolveram voltar a trabalhar em janeiro, em pleno recesso, o ano começou mais cedo. No Congresso, o ano só começará com a eleição das Mesas da Câmara e do Senado.

Entregas

No calendário do Executivo, o terceiro ano de mandato é o das entregas. Pelo andar da carruagem, até aqui, Bolsonaro levou o governo no gogó. Além da vacina, não entregou a reforma tributária, as privatizações, a reforma administrativa, a retomada do crescimento etc. [infelizmente o presidente da República não pode efetuar reformas sem o apoio do Poder Legislativo e do Judiciário. O legislativo fazendo sua função principal e que [e de sua competência exclusiva: legislando;
O Poder Judiciário não interferindo nas funções dos demais Poderes e se abstendo de conceder liminares que impedem muitas privatizações. 
Sem tal colaboração o Poder Executivo não consegue reformar.]

 anteve sua popularidade em plena pandemia muito mais em razão do auxílio emergencial do que das suas realizações, à custa da expansão exponencial do deficit fiscal. Como tem a pretensão de se reeleger, agora começará uma corrida contra o relógio, porque o tempo que lhe resta de mandato cada vez será o recurso mais escasso no governo.

No calendário das entregas, a vacina é a principal demanda da população. Seu ano de entregas somente vai começar quando as pessoas forem imunizadas. Mesmo assim, uma parcela enorme da população continuará desempregada, porque a economia somente deve entrar em recuperação no segundo semestre. Sem auxílio emergencial, a vida não será fácil para quase 68 milhões de brasileiros que receberam o benefício no ano passado. Muitos terão que se reinventar, porque as atividades econômicas estão passando por muitas transformações.

Com a pandemia, o trabalho remoto e a concentração de capital avançaram bastante. A maioria das empresas que sobreviveram mudou suas operações, em maior ou menor grau, impactando outras atividades. Por exemplo, o mercado imobiliário e as companhias de aviação sofreram impactos irreversíveis a curto prazo. A concentração de capital também é visível a olho nu, basta entrar num shopping center e ver as lojas que fecharam e as que estão sendo abertas. As empresas de logística também se beneficiaram tremendamente do comércio eletrônico.

Como em todo ano-novo, porém, somos passageiros da esperança. Toda crise é sinônimo de oportunidades. Elas aparecem e é preciso agarrá-las com as duas mãos. Ciência e tecnologia, ao longo da história, sempre abriram novos horizontes para a humanidade. Não será diferente agora. Que 2021 venha logo para todos.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense 


terça-feira, 1 de setembro de 2020

Imunização de rebanho - Nas entrelinhas


“O Ministério da Saúde não combate a pandemia, deixou essa tarefa a cargo de estados e municípios, a pretexto de que o Supremo assim decidira, o que é uma interpretação falsa”


[Imunidade de rebanho, graças a DEUS, o Brasil está próximo, apesar dos 'especialistas', dos arautos do pessimismo e adeptos do 'quanto pior, melhor'.]




Parece piada pronta: o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, nomeou para comandar o Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis, responsável por todo o programa nacional de vacinas do governo federal, o médico veterinário Maurício Monteiro Cruz, formado no Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro-Oeste, em Goiás, com mestrado em prevenção e controle de doenças em animais pela Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília. Cruz estava lotado na Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde do Governo do Distrito Federal e é especializado no controle da leishmaniose.
[Dois comentários esclarecedores:
- a nomeação de um médico veterinário para comandar um departamento do Ministério da Saúde não deveria causar estranheza, por não ser um cargo privativo de médico - um dos melhores ministros da Saúde do Brasil foi José Serra, economista - e em época de corrida por vacina contra a covid-19, uma pesquisa que vai bem é realizada envolvendo cavalos, conforme jornal O Globo (confira aqui).
- quando investigações começarem sobre o comportamento eficaz ou não das autoridades no combate à pandemia, estará registrado todas as decisões - inclusive nos arquivos do STF,sem olvidarmos que o presidente Bolsonaro cuidou de destacar, de forma inequívoca, a data em que o Supremo atribuiu aos governadores e prefeitos o protagonismo nas ações de combate ao coronavírus - especialmente ações do distanciamento e isolamento sociais.
Foi no dia anterior ao que o presidente comandou uma caravana de visitação à sede da Suprema Corte.]

Como não lembrar da magistral interpretação de Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, por Jair Rodrigues, um clássico da nossa música popular: “Mas o mundo foi rodando/ Nas patas do meu cavalo/ E nos sonhos que fui sonhando/ As visões se clareando/ As visões se clareando/ Até que um dia acordei/ Então não pude seguir/ Valente lugar-tenente/ De dono de gado e gente/ Porque gado a gente marca/ Tange, ferra, engorda e mata/ Mas com gente é diferente”. Sem nenhum preconceito, não se pode acusar o general Pazuello de incoerente. Afinal, o ministro interino está operando uma estratégia de “imunização de rebanho” para gerenciar a pandemia da covid-19 no Brasil. Veterinários são especialistas nisso e profissionais de grande importância para a saúde pública. Alguns são grandes sanitaristas.

O Ministério da Saúde não está combatendo a pandemia, deixou essa tarefa a cargo de estados e municípios, a pretexto de que o Supremo Tribunal Federal (STF) assim decidira, o que é uma interpretação falsa, pois a decisão da Corte foi apenas de que caberia aos governadores e prefeitos gerenciar a política de isolamento social. Tecnicamente, a imunização de rebanho não é uma estratégia, é o efeito de proteção que surge em uma população quando uma percentagem alta de pessoas contraiu ou se vacinou contra uma doença. Mesmo quem não foi vacinado nem foi infectado, acaba protegido da doença porque um grande número de pessoas já foi imunizada, constituindo uma barreira humana contra a propagação do vírus.

Estima-se que o índice de 95% de vacinação seja o ideal para que isso ocorra, preservando as pessoas que não podem tomar a vacina, como acontece com o sarampo. Com isso, o vírus acaba desaparecendo. Veterinários, por exemplo, têm grande experiência em vacinação contra a febre aftosa, que ataca os rebanhos. O selo de imunização contra essa doença é fundamental para a exportação de carne bovina. No caso da covid-19, como não se tem vacina ainda, especialistas discutem qual seria a percentagem de contaminados para quem não teve a doença deixe de correr risco de se infectar. Não há respostas ainda, mas alguns pesquisadores estimam o número entre 60% e 80% da população total.

Vacinação
O departamento comandado por Cruz é responsável pela organização do calendário de vacinas do país, as campanhas nacionais e a distribuição dos medicamentos aos estados, assim como por acompanhar a cobertura vacinal. Sua tarefa é, sobretudo, de planejamento e logística, porém, depende da chegada da vacina contra a covid-19. Apesar de o Programa Nacional de Imunizações ser considerado uma referência mundial, desde 2016 a cobertura vacinal no país não tem atingido as metas, nem mesmo nas vacinas infantis obrigatórias. Nenhuma das 10 vacinas obrigatórias para menores de 2 anos atingiu as metas de cobertura em 2019. Entre elas, a poliomielite, que teve cobertura de apenas 82,1% das crianças. Considerada, oficialmente, erradicada no Brasil desde 1994, a doença ainda exige vacinação porque o vírus circula pelo mundo.


Mesmo com as subnotificações, com 120,9 mil mortes — das quais 30 mil em São Paulo — e 3,8 milhões de casos confirmados, o Brasil ainda está muito longe de alcançar a imunização de rebanho. [segundo informes da TV Globo, especialista no cômputo de mortes pela covid-19, o índice de contágio no Brasil alcança 0,96 = 100 doentes contaminam 98, 89 transmitem para 96 e ...] A média móvel de casos dá sinais de que está começando a cair, mas ainda está num patamar muito elevado, que registra uma média móvel, nas últimas duas semanas, de 875 mortes e 36 mil casos por dia. O grande destaque no combate ao novo coronavírus foi a resiliência dos heróis anônimos na linha de frente do enfrentamento à pandemia, muitos dos quais contraíram a doença e morreram, sobretudo profissionais da saúde.
O desempenho do Sistema Único de Saúde, com todos os problemas, está sendo fundamental para evitar uma mortalidade muito maior. A ideia de que a pandemia está acabando é muito perigosa; os fatores decisivos para controlá-la ainda são a política de isolamento social e a autoproteção individual. [a autoproteção individual é essencial, o isolamento e distanciamento sociais - estilo quarentena meia boca, mais complicam que ajudam, e destroem a economia.]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense

quarta-feira, 22 de abril de 2020

A praça vazia - O Globo

Ao seu crescente desprestígio a velhice somou sua vulnerabilidade ao novo vírus

Escrevo, com muito receio, neste começo de minha primeira pandemia. Tenho o duvidoso privilégio, pela idade e outras agravantes, de estar no grupo de alto risco. Melhor, assim, escrever logo estes comentários.  A inquietante constatação é ver a velhice como vítima favorita do novo vírus. Em calamidades anteriores — seja porque os velhos eram muito poucos e os muito velhos mais escassos ainda e porque nas guerras e conflitos eram os moços que iam lutar e morrer —, não costumavam ser os idosos os alvos preferidos. A Gripe Espanhola que é a minha epidemia de referência —, pelo que sei, foi ecumênica em suas vítimas. O cólera e a peste negra, também. Havia mesmo doenças que, em boa medida, pareciam poupar os mais velhos. A poliomielite tinha entre nós o nome caseiro de paralisia infantil, o que parece sugerir qual era seu alvo favorito. A tuberculose procurou, durante seu longo reinado, sobretudo os mais jovens, e toda a arte romântica comemora este fato. O começo da vida, até pouco tempo atrás, parecia quase tão perigoso quanto o seu fim.

A velhice, além do prestígio que vinha da escassez de seus números, presumia mesmo uma medida de imunidade e resiliência dos que haviam chegado tão longe. É bom acentuar aqui a extraordinária novidade que a velhice numerosa e crescente de hoje representa. Antes os velhos tinham o prestígio de serem os depositários de uma coisa então valiosa, que recebia o nome genérico e respeitoso de experiência, e de que era subproduto quase que natural uma coisa ainda melhor avaliada que chamávamos de sabedoria.

A imensa velocidade da incorporação da ciência e das tecnologias nos últimos anos fez com que essa lenta sedimentação de conhecimentos trazida pela passagem dos anos ficasse menos relevante e pudesse mesmo ser vista hoje não como uma luz que ilumina o caminho pela frente e explica o trajeto já feito, mas possa parecer uma irrelevante perda de tempo e de rumo. Ao seu crescente desprestígio a velhice somou agora a fragilidade adicional de sua vulnerabilidade ao novo vírus e corre o risco de provocar uma impaciência crescente da sociedade com os custos necessários para protegê-la. Os mais moços já davam sinais de exasperação, e as batalhas sobre reformas previdenciárias aqui e em outros países eram o sinal desta nova realidade. A indagação é saber até que ponto o futuro aceita ser refém do passado, em outras palavras, que valor a sociedade atribui aos mais velhos que teimam em se multiplicar e a exceder, largamente, seus prazos originais de validade.

Acredito que o coronavírus veio precipitar a urgência de uma ampla negociação entre moços e velhos e, para essa urgente releitura do contrato social, a atual crise talvez tenha servido como o gatilho necessário. Mudo de registro. Depois de semanas de incessante ócio, quero compartilhar algumas poucas imagens destes dias que em mim devem perdurar. A primeira é de um imenso porta-aviões norte-americano dotado de armas de última geração e fragilizado por um número crescente de marinheiros doentes que seu comandante corajoso quis proteger. O comandante foi sumariamente demitido, já que a publicidade que cercou a inesperada vulnerabilidade da sua moderna fortaleza não estava prevista nos manuais. O inimigo não estava lá fora. Já estava dentro.

A segunda é de uma Casa Branca e de um Palácio da Alvorada conduzidos por insensatos que, buscando reeleições, não enxergam o óbvio.  A minha imagem mais duradoura deste período é, contudo, a da Praça de São Pedro, em Roma, vazia sob a chuva para escutar o Papa estender à cidade e ao mundo a sua bênção. Praças foram feitas para acolher multidões e para isso seu tamanho e situação. Aquela apenas parecia vazia. Uma imensa audiência virtual assistia, comovida e esperançosa, à comunhão da mais cosmopolita das religiões, com sua cidade-sede e com o mundo ao redor. O jogo continua.

Marcos Azambuja,  diplomata - Jornal O Globo



quarta-feira, 18 de março de 2020

Os vírus são teimosos - Nas entrelinhas [o presidente Bolsonaro mais ainda]

Bolsonaro não esconde seu desacordo com as medidas de distanciamento social”, mas finalmente considerou o país em “estado de calamidade pública

O presidente Jair Bolsonaro finalmente se deu conta de que os vírus são mais teimosos do que ele próprio. Ontem pela manhã, em entrevista à Rádio Tupi, o presidente da República criticou os governadores por adotarem medidas para evitar aglomerações, o que classificou de “histeria”. No final do dia, declarou estado de calamidade públicaem todo o país e pediu ao Congresso a aprovação da medida. Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios (característica que os impede de serem considerados seres vivos), dependem de células para se multiplicarem. Diferentemente dos organismos vivos, são incapazes de crescer em tamanho e de se dividir. Porém, uma vez dentro da célula, a capacidade de replicação dos vírus é surpreendente: um único exemplar é capaz de multiplicar, em poucas horas, milhares de novos vírus. Não foi à toa que apenas um dos 30 infectados na Coreia do Sul foi o responsável pela transmissão da epidemia que atingiu 196 mil pessoas.

Os vírus são capazes de infectar todos os seres vivos de todos os domínios e representam a maior diversidade biológica do planeta, sendo mais diversos que bactérias, plantas, fungos e animais juntos. Desde o século XIX, cientistas travam uma batalha silenciosa contra os vírus, iniciada por Louis Pasteur, com a teoria microbiana das doenças, que teve um grande avanço quando o microbiologista Charles Chamberland, em 1884, conseguiu filtrar as bactérias. Coube ao microbiologista Martinus Beijerinck, em 1898, identificar pela primeira vez um contagium vivum fluidum (fluido vivo contagioso).Ele introduziu o termo ‘vírus’ para indicar que o agente causal da doença do mosaico do tabaco não tinha uma natureza bacteriana, e sua descoberta é considerada como o marco inicial da virologia.

A partir daí  vieram as grandes descobertas: Em 1898, o vírus da febre aftosa (Aphtovirus); em 1901, Walter Reed identificou o primeiro vírus humano, o vírus da febre amarela (Flavivirus). Em 1908, Vilhelm Ellerman e Olaf Bang demonstraram o vírus da leucose aviária. E em 1911, Peyton Rous transmitiu o vírus do sarcoma de Rous de uma galinha para outra. Em 1915, o bacteriologista Frederick William Twort  observou que as colônias morriam e que o agente dessa transformação era infeccioso. Em 1937, Max Theiler cultivou o vírus da febre amarela em ovos de galinha e desenvolveu uma vacina a partir de uma estirpe do vírus atenuado.

Em 1949, John Franklin Enders, Thomas Weller e Frederick Robbins cultivaram o vírus da poliomielite em culturas de células embrionárias humanas, o primeiro vírus a ser cultivado sem a utilização de tecido animal sólido ou ovos Este método permitiu a Jonas Salk desenvolver uma vacina eficaz contra a poliomielite.Mas somente após a segunda metade do século XX. a luta contra os vírus ganhou escala: foram reconhecidas mais de 2000 novas espécies de vírus de animais, plantas e bactérias. Em 1957, descobriu-se o arterivírus equino e o vírus da diarreia bovina (um pestivírus). Em 1963, Baruch Blumberg descobriu o vírus da hepatite B, e em 1965, Howard Temin descreveu o primeiro retrovírus. A transcriptase reversa, que é a enzima fundamental dos retrovírus, foi descrita em 1970, por Howard Martin Temin e David Baltimore. Em 1983, a equipe de Luc Montagnier do Instituto Pasteur, na França, isolou pela primeira vez o retrovírus que hoje conhecemos por HIV, ou seja, o vírus da AIDS.

Economia
Bolsonaro é um “criacionista”, não está nem aí para os mistérios da biologia, o mundo dos darwinistas,  onde se trava essa guerra sem fim. Sua grande preocupação durante o dia de ontem não era com os infectados pelo coronavírus, que fez a sua primeira vítima em São Paulo. Já são 346 casos em 17 estados, com 8.819 casos suspeitos, 1.890 casos descartados e 18 pessoas hospitalizadas em estado grave (7% do total). Era não prejudicar a economia: “Olha, a economia estava indo bem, fizemos algumas reformas, os números bem demonstravam taxa de juros lá embaixo, o risco, a confiança no Brasil, a questão de risco Brasil também. Então, estava indo bem. Esse vírus trouxe uma certa histeria”, disse. “Tem alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, mas estão tomando medidas que vão prejudicar em muito a nossa economia”, completou. [O presidente Bolsonaro, cuja teimosia nos motivou a 'invadirmos' o título original desta matéria, cria  grandes encrencas - quase sempre fornecendo munição que beneficia os inimigos do Brasil, dando argumentos para que os mesmos critiquem o governo Bolsonaro - e um dos grandes erros que sua teimosia causa é a de utilizar os serviços de um porta-voz.
O atual porta-voz  do presidente Bolsonaro é altamente competente, cordato, mas, fica em segundo plano. 
Com o péssimo hábito de conceder 'entrevistas de corredor',  de improviso e outras, forneceu munição ao deputado Maia que já criou um slogan, que já utilizou em entrevista: 
"NÃO VALE GARANTIR A ECONOMIA COM PERDA DE VIDAS".

O projeto enviado ao Congresso Nacional decretando 'estado de calamidade pública' é necessário, inadiável, essencial para facilitar o combate à Covid-19 e com o bônus de favorecer  à imagem do presidente Bolsonaro - se a divulgação fosse efetuada por um porta-voz e que deixasse bem clara a necessidade da medida.
Bolsonaro, mais uma vez, atravessou entrou na divulgação e abriu espaço para seus inimigos, também inimigos do Brasil, se beneficiarem, deturpando, como habitual, as reais intenções presidenciais.
O nosso presidente precisa ter presente que o presidente que não abusa no falar, quando fala causa maior impacto. E o que sempre fala, sem comedimento, municia os adversários.]
A entrevista de Bolsonaro à Rádio líder dos Diários Associados reiterou dois comportamentos recorrentes do presidente da República nesta crise: primeiro, a subestimação da doença em si, em que pese os exemplos dos demais chefes de Estado em todo o mundo, inclusive seu aliado principal, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump [Trump não preside um país com a economia em frangalhos e que foi vítima por 13 anos de uma quadrilha assaltando os cofres públicos e preside a maior economia do mundo - o que permite que até fatos negativos tenham efeitos favoráveis na economia dos EUA.] em ; segundo, se eximir da responsabilidade e culpar os governadores pelo que vier o ocorrer na economia, no caso, a recessão, que será inevitável.

 Essa postura somente aumentou o seu isolamento, além de reforçar uma avaliação quase generalizada nos meios políticos, e crescente na opinião pública, de que está despreparado para os desafios do cargo que ocupa, além de não respeitar sua liturgia. Na segunda-feira, Bolsonaro criticou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que vem se destacando no combate à epidemia e lidera os sanitaristas do país na mobilização dos serviços do SUS. Não gostou da participação de Mandetta numa reunião com os chefes dos demais poderes, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que vem criticando as atitudes de Bolsonaro; do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que procura atuar como algodão entre os cristais. [ainda que o ministro tenha incorrido em falha, aceitando um convite de outro Poder, tem que ser considerada a eficiência com que o ministro Mandetta tem conduzido a crise decorrente do coronavírus.
O convite efetuado pelo chefe seja do Judiciário, seja do Legislativo a um ministro de Estado - Poder Executivo - não prima pelo acerto, mas, não é por colocarem uma 'casca de banana' em seu caminho que o presidente Bolsonaro precisa escorregar.]  

A nomeação do ministro da Casa Civil, general Braga Neto, para comandar o comitê de crise que vai gerenciar o combate à epidemia foi vista, erroneamente, como uma maneira de esvaziar a atuação de Mandetta. Não é o caso, pois alguém tem que coordenar todo o governo, mas a “fritura” de Mandetta pela ala mais sectária do Palácio do Planalto estava de vento em popa. Bolsonaro não esconde seu desacordo com as medidas de “distanciamento social” adotadas pelo Ministério da Saúde para evitar a rápida propagação do coronavírus, mas, no final do dia, pressionado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelos militares que o assessoram, declarou o país em “estado de calamidade pública”, para poder fazer gastos sem romper a “responsabilidade fiscal”., o que ainda depende de autorização do Congresso. [é forçoso reconhecer que a comunicação direta do presidente vez ou outra também facilita; nenhum parlamentar vai ter coragem para votar contra o decreto. Negar a condição de calamidade pública - que aliás, é um fato sério e que precisa ser combatida.]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense