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sábado, 3 de julho de 2021

Secretarias de Saúde investigam se vacinas estavam vencidas

Apesar de Ministério da Saúde e estados garantirem ter distribuído os lotes dentro do prazo, há quase 26 mil notificações de aplicações de doses fora da data de validade — que não prejudicam a saúde. Autoridades suspeitam que a confusão foi causada por erro de registro

Várias secretarias de Saúde anunciaram, nesta sexta-feira (2/7), que vão analisar os registros de aplicação de vacina da AstraZeneca contra a covid-19 fora da validade. Levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo apontou cerca de 26 mil notificações de aplicações de doses vencidas, apesar de o Ministério da Saúde e os estados afirmarem ter distribuído os lotes dentro do prazo. Já as prefeituras negam injeções irregulares e afirmam haver erros de registro — e preveem fazer nova checagem dos dados —, sobretudo no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Não há registros de problemas semelhantes com fármacos de outros fabricantes.

O levantamento apontou que foram aplicadas doses fora da validade em 1.532 cidades. A cidade que mais teria aplicado vacinas vencidas foi Maringá (PR), que negou a possibilidade. De acordo com as autoridades municipais de saúde do município, o que aconteceu foi que a data de lançamento no sistema de informações está diferente da data da aplicação.  “Todas as doses recebidas foram aplicadas antes do vencimento. Ao realizar a transmissão das informações para Brasília, ocorreram problemas que já foram detectados e notificados ao Ministério da Saúde, no dia 11 de junho, para correção. O ministério respondeu aos nossos e-mails e a correção no sistema será feita”, explicou a coordenadora imunobiológica da Secretaria de Saúde de Maringá, Edilene Pires de Oliveira.

(............)

A Prefeitura de São Paulo disse que a verificação de validade passa por tripla checagem: no recebimento, na distribuição e na aplicação da vacina, inclusive com a apresentação do frasco” à pessoa que tomará a vacina. Afirmou, ainda, que vai rastrear os dados dos 7 milhões de vacinados da capital. Guarulhos, na Grande São Paulo, disse ter identificado 96 registros “com data de aplicação posterior à data do vencimento”. Do total, 86 foram em uma instituição particular do município, já notificada. Os outros 10, argumenta, foram erros de digitação.

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA 

 

terça-feira, 16 de março de 2021

Com firma reconhecida - Alon Feuerwerker

Análise Política

Documento oficial do governo americano informa que os Estados Unidos atuaram (ainda atuam?) junto ao Brasil para evitar que usássemos (usemos?) vacinas russas contra a Covid-19 (leia). Aparentemente, essa pressão tem sido feita sem a oferta de contrapartidas. Por exemplo, os americanos poderiam oferecer-nos vacinas deles em lugar das do concorrente geopolítico.

Pressões desse tipo são esperadas num ambiente global de acirramento das disputas. A principal hoje é entre os Estados Unidos e a China, mas a polarização entre americanos e russos também vai adquirindo desenhos assemelhados aos da Guerra Fria, que durou do pós-2a. Guerra até o colapso e a consequente  extinção da União Soviética. Mas não é normal que o poder de barganha de um país esteja tão diminuído para uma pressão desse tipo não vir acompanhada de ofertas compensatórias. Afinal, vacinar os brasileiros deveria em teoria interessar ao mundo todo. Ou, pelo menos, ficar bem com o Brasil deveria ser do interesse do ocupante da Casa Branca, qualquer que fosse ele.

O debate político aqui dentro vai muito aquecido, com cada jogador tentando tirar o máximo proveito da desorganização no combate à Covid-19. Parece faltar, entretanto, quem esteja pensando antes de tudo no interesse nacional. E o interesse nacional é um só. Ter e aplicar o maior número de doses de vacina no menor tempo possível.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Projeto de lei propõe rastreamento de doses e de imunizados no DF[ÓBVIO QUE IDEIA DESSE TIPO, SÓ PODE SER DO DF = CLDF]

Correio Braziliense

De autoria do deputado Fábio Felix (Psol), o projeto de lei visa dar maior transparência ao processo de imunização contra a covid-19 no Distrito Federal.  A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) protocolou um projeto de lei que determina um sistema de rastreamento das doses imunizantes contra a covid-19 e a identificação da população vacinada na capital. De autoria do deputado Fábio Felix (Psol), a norma tem como objetivo dar maior transparência durante a campanha de vacinação no DF. 

[mais uma vez, a  Câmara Legislativa do DF - CLDF, sempre que essa sigla é vista... - produz uma lei inútil, desnecessária e absurda. Campeã nacional em leis inconstitucionais, praticamente todas  desnecessárias,  a CLDF consegue a cada legislatura manter mais facilmente mais facilmente manter tão 'honroso' título.]

"Diante de um cenário de escassez de imunizantes, em que não há doses imediatamente disponíveis para toda população, é necessário assegurar mecanismos de controle social e transparência na gestão do Plano Estratégico e Operacional da Vacinação contra a covid-19", destaca um trecho da justificativa apresentada no projeto de lei. 

Segundo o texto, os dados deverão ser divulgados de forma aberta em plataforma centralizada. Devem constar as informações sobre cada lote encaminhado à capital, como a identificação do lote, bem como a quantidade disponível na remessa. Além disso, deve conter a identificação do responsável pelo transporte do lote da Rede de Frios geral até a Rede de Frios regional e da rota até a unidade de saúde que realizará a aplicação. O nome do fabricante também deve ser destacado. Caso tenha perda técnica e física de doses, isso precisa ser informado publicamente. 

Em relação à população vacinada, devem constar os seguintes dados: 

  • identificação do vacinado, devendo constar, pelo menos, o nome completo ou os seis primeiros dígitos do CPF;
  • data da(s) vacinação(ções);
  • local da(s) vacinação(ções);
  • grupo de vacinação e/ou categoria a que pertence o indivíduo, seja qual for o seu grau de prioridade;
  • identificação do profissional que qualificou o indivíduo como pertencente a tal grupo;
  • identificação do profissional que aplicou a vacina.
  • identificação do lote ao qual pertence a vacina aplicada.
  • identificação da fabricante da vacina aplicada.
 [para que? qual a utilidade de tantas perguntas desnecessárias e inúteis? o que o povo quer e precisa é receber aplicação de uma vacina eficaz e segura. Os dados resultantes das respostas as perguntas bizarras apresentadas, só interessa a burocratas sem noção e que curtem um emprego público via cabide.
IMUNIZANTE EFICAZ E SEGURO É O QUE BRASIL E O MUNDO INTEIRO PRECISAM. 
Outras colocações conseguem ser estúpidas, sem noção, etc, etc.
O pior é que uma asneira do tipo proposto corre o risco de ser aprovada - claro, mais trabalho para o TJDFT, que irá declarar mais uma produção da CLDF inconstitucional, etc.]
 
Correio Braziliense,  MATÉRIA COMPLETA. 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

CoronaVac: SP confirma imunização com duas doses a partir do dia 25

Há uma reunião marcada na quinta, 7, para apresentação da eficácia do medicamento à Anvisa; aplicação só poderá ocorrer após aprovação da agência reguladora

[Tudo arrumado, organizado, com tudo para dar certo. Só faltando a vacina.
Outro contratempo é que de acordo com o Programa Nacional de Imunização - PNI -  a prioridade das ações é da competência do Governo Federal que pode, considerando o interesse público, requisitar as vacinas do Joãozinho  e aplicar conforme decidido no PNI.
Vale o poder de requisição também para os 20.000.000 de seringas e vacinas que estão com o governo mineiro.]   Em uma reunião com prefeitos que assumiram a gestão de cidades paulistas no último dia 1º, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, confirmou o início da imunização em São Paulo contra a Covid-19 para o próximo dia 25 de janeiro. Para que o prazo se concretize, porém, é preciso obter a autorização de uso emergencial ou registro da vacina CoronaVac junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma reunião para tratar da apresentação de documentos para a agência— e também dos dados de eficácia do antígeno —  está marcada para a próxima quinta-feira, 7. Outro encontro para discutir questões técnicas deve ocorrer nesta quarta, 6.

O plano apresentado aos prefeitos ratifica que a imunização se dará em duas doses com intervalo de 21 dias entre elas. O público-alvo será a população com idade superior a 60 anos, trabalhadores da saúde, indígenas e quilombolas. Essa população totaliza 9 milhões de paulistas. De acordo com a pasta da saúde, 77% das mortes na região foram de pessoas desses grupos.

O imunizante a ser distribuído gratuitamente é desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac Life Science em parceria com o Instituto Butantan.   
O primeiro grupo a ser vacinado no dia 25 são os trabalhadores da saúde, indígenas, e quilombolas. 
Os idosos com 75 anos ou mais receberão a partir de 8 de fevereiro; 
quem tem idade entre 70 a 74 anos será no dia 15 de fevereiro; 65 e 69 anos, 22 de fevereiro e 60 a 64 anos, 1 de março. [insistimos com a pergunta: qual a razão, qual o fundamento legal ou científico para que um quilombola ou indígena, com 50 anos, tenha prioridade sobre um idoso de 80 ou um com 62 anos?]

Serão 10.000 postos de vacinação. Além das 5.200 salas de imunização já existentes, escolas, quartéis da PM, estações de trem, terminais de ônibus e sistema drive-thru também devem ser usados. Os horários previstos são os seguintes: segunda a sexta, 7h às 22h; sábado, domingo e feriados: 7h às 17h.

Mariana Rosário  - Saúde - Veja 

 

domingo, 10 de novembro de 2019

O poder de quem tem caneta cheia - Ricardo Noblat - VEJA

O presidencialismo aqui agrega doses de autocracia.



Há uma premissa verdadei­ra, desprezada pelo presidente Bolsonaro: “quanto mais extensa a aliança em torno do Executivo, maior sua probabilidade de garantir a governabilidade”. Siglas e blocos teriam largo espaço na condução do País. Essa relação de troca tem marcado o equilíbrio entre os dois Poderes, com o presidencialismo alimentando-se da base política e esta comendo do seu pasto. Bolsonaro considera isso “velha política”.

Presidencialismo mitigado, ou parlamentarismo à moda francesa, até foi tentado pelo presidente Michel Temer ao governar com o Parlamento. Mas o DNA do presidencialismo está bem presente em nossa cultura. Sua semente viceja em todos os espaços e o termo presidente ecoa grandeza, uma aura de Todo-Poderoso, a caneta do homem que manda e desmanda. O culto à figura do presidente e a outros atores com o poder da caneta faz parte da glorificação. Tronco do patrimonialismo ibérico. Herdamos da monarquia os ritos da Corte: admiração, bajulação, respeito e mesuras, o beija-mão.

O sociólogo francês Maurice Duverger defende a tese de que o gosto latino-americano pelo sistema tem a ver com o apa­rato monárquico na região. O milenar Império Inca dos grandes caciques e depois o poderio espanhol plasmaram a inclinação pelos regimes autocráticos. O presidencialismo aqui agrega doses de autocracia. Já o parlamentarismo europeu se inspirou na ideologia liberal da Revolução Francesa, o que explica a frie­za europeia ante o presidencialismo. Essa disposição monocrática no Brasil começou com a Constituição de 1824, que atribuiu a chefia do Executivo ao imperador. A adoção do presidencia­lismo, na Carta de 1891 – que absorveu princípios da Carta americana de 1787 –, só foi interrompida entre 1961 e 1963, quando o País teve ligeira experiência parlamentarista.

Assim, o presidencialismo se eleva ao altar mais alto da cultura política – o man­datário na condição de protetor, benemérito. De acordo com o traçado do sociólogo Thomas Marshall, os ingleses construíram sua cidadania abrindo, primeiro, a porta das liberdades civis, depois, a dos direitos políticos e, por fim, a dos di­reitos sociais. Entre nós, os direitos sociais precederam os outros. A densa legislação social (benefícios trabalhistas e previdenciários) foi implantada entre 1930 e 1945, no ciclo de castração de direitos civis e políticos.

Portanto, o civismo e o sentimento de participação fica­ram adormecidos por muito tempo no colchão dos benefícios sociais. Imaginar o parlamentarismo aqui só mesmo ante uma ruptura mais acentuada entre o Executivo e o Legislativo. E com a aprovação popular. Por enquanto, temos de conviver mesmo com o fardão presidencialista.

Blog do Noblat - VEJA, Ricardo Noblat, jornalista

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político