Leia também “Sobre punks, PANCs e beldroegas”
Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste
Eliminados os candidatos do grupo principal, o pomo da discórdia é quase sempre a enrugadinha uva passa. Pomo, como se sabe, é aquela maçã que, segundo a mitologia grega, foi oferecida pela deusa Discórdia, dando início a uma acirrada disputa entre as divindades que orbitavam o rei de Troia. Pois da mesma maneira que a fruta da Antiguidade, a moderna e ressecada uva passa tem potencial desagregador.
Tão pequena e tão polêmica! Com presença clássica em pratos como panetone, manjar, arroz e farofa, ela pode causar sérios problemas durante a ceia. Geralmente, quem abomina a frutinha não se contenta com a possibilidade de ciscá-la discretamente, empurrando-a para um canto do prato, como se a colocasse no “cantinho da reflexão”. O pessoal que vota contra a uva passa quer bani-la definitivamente de qualquer menu desta época do ano – e até do ano inteiro. Fora da mesa e diante da tela do smartphone, alguns se comportam como verdadeiros haters de uva passas, como se elas representassem o que há de pior na culinária.
Os comensais, da direita esclarecida à esquerda democrática, podem aparar arestas partidárias. Veganos e carnívoros podem se tolerar momentaneamente. Se a religião surgir como um tópico de conversa, crentes e descrentes, movidos pelo espírito de confraternização das festas de fim de ano, podem se dar as mãos. O que parecem irreconciliáveis são os pareceres discrepantes sobre a uva passa. Quem gosta, adora. Quem não gosta, odeia. E não se fala mais nisso!
Diante dos mais radicais, não adianta argumentar com base nos benefícios que a uva passa traz para a saúde – ela é antioxidante, rica em fibras e tem alto teor de vitaminas e minerais. Nada disso, no entanto, é suficiente para convencer quem quer se livrar da frutinha. A uva passa pode ser feinha, coitada, mas, como diz o sábio provérbio, “beleza não se põe à mesa”. Mais importante do que a aparência é a fartura, algo que, segundo a tradição, a uva passa atrai para aqueles que a consomem em dias de festa. O aspecto ritualístico não pode ser simplesmente descartado, mesmo que hoje em dia não seja mais levado ao pé da letra.
A uva passa, em vez de desagregadora, deveria ser vista como um pequeno monumento à tolerância. Nos próximos dias, portanto, antes de criar caso por causa da uva passa, pense na sua saúde e no espírito de paz e concórdia que, sobretudo nestes tempos de provação, deve prevalecer no período natalino.
Lucilia Diniz - Coluna da Lucilia - VEJA
O choque da pandemia sobre as cidades não conseguiu
quebrar a economia e ajudou em outra transferência — no poder econômico.
A influência do poder industrial e do poder comercial e de serviços —
um poder urbano — foi afetada. E o poder rural foi reforçado. O agro não
parou, cresceu e sustentou o país. Mais uma vez foi fundamental nas
contas externas, com recordes nas exportações, na garantia alimentar e
ampliou sua participação no PIB.
Não faltou comida, não houve saques e os embaixadores da China e dos Estados Unidos reconhecem que o Brasil tornou-se superpotência alimentar. Deixamos a periferia para sermos protagonistas graças ao agro.
O domínio partidário nas estatais sumiu. Até a grande Petrobras fica em segundo plano quando investimentos privados aproveitam a luz do sol em gigantescas e limpas gerações de eletricidade. Os sindicatos pendurados em estatais e no imposto sindical encolheram; o dinheiro fácil das subvenções políticas secou, e isso acompanha mais um produto da pandemia: não há opinião pública que aprove desperdícios num momento desses. Está sendo tudo tão rápido que nem mesmo a bancada ruralista se deu conta da transferência de poder que lhe favorece, que a força vai para o campo conservador e com o sentimento de patriotismo gerado na comunhão com a terra brasileira.
A mudança descobre o homem na Amazônia, califórnias no Nordeste. Quem imaginava que o vírus derrubasse o governo, mesmo quebrando o país, não conseguiu dobrar o brasileiro, mas, ao contrário, acelerou a mudança. Até mesmo a cultura mudou do litoral e foi para o interiorzão de raiz. Numa simbiose, o Brasil urbano recebe, para a indústria e o comércio, energia, fibras, matérias-primas animais e vegetais, alimentos. E o Brasil rural é a fonte. A força econômica do agro projeta-se num poder político. O que foi cultivado no berço esplêndido agora gera poder. O gigante deitado saiu da anestesia e despertou.
Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense