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quarta-feira, 10 de junho de 2020

A FRAUDE INTELECTUAL DOS “ANTIFASCISTAS” - Percival Puggina

Quando penso que se abre alguma fresta para o bom senso, eis que parte da grande mídia brasileira compra, por vinte centavos, a fraude intelectual dos antifas, ou seja, dos autorrotulados antifascistas.  Admito que o estudo da História no ambiente acadêmico e, em particular, na preparação dos jovens jornalistas ande ideologicamente comprometido. Percebo, também, que uma das cláusulas desse pacto é a de explorar, em cada evento histórico, a narrativa mais conveniente sob o ponto de vista político. Trata-se de um compromisso que exige imensos esforços de dissimulação e manipulação. Quer saber o tamanho disso? É mais ou menos o que custaria esconder sob um tapete bordado uma centena de gulags soviéticos onde milhões de prisioneiros foram jogados, viveram e morreram sob a acusação de serem... fascistas.

Já no final dos anos 1920, entre os comunistas de vários países europeus, o adjetivo fascista era largamente utilizado inclusive para designar facções internas do próprio movimento ou forma de empacotar e mandar para o outro mundo toda dissidência. Foi assim em relação aos russos Brancos, durante a consolidação do domínio soviético. O Partido Comunista da Alemanha usava o conceito até para os sociais-democratas, chamados de sociais-fascistas. Os nazistas alemães eram chamados fascistas até a assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop (1939) quando a formação do acordo entre a Rússia comunista e a Alemanha nazista levou Stalin a difundir uma visão positiva do regime de Hitler. Tudo mudou dois anos depois quando o monstro alemão rasgou o pacto e invadiu a União Soviética. A partir daí, toda conduta antagônica ao comunismo, ficou sob o qualificativo fascista.

Para a cartilha marxista-leninista o fascismo era a fase final da “inevitável crise do capitalismo”. Sob Stalin, a exemplo de toda divergência a ele, Trotsky era fascista. Todos os países de economias livres eram, igualmente, assim declarados e continuam sendo assim definidos pelos comunistas que neles atuam e se expressam politicamente. Sem exceção, foram ditos fascistas todos os movimentos liberais na segunda metade do século passado – Primavera Húngara (1956), Primavera de Praga (1968), a revolta da Praça da Paz Celestial (1989), as Revoluções de 1989 (Outono das Nações) e as dezenas de mobilizações liberais entre 1989 e 1991.

Aliás, é muito pouco referido o fato de que o famoso Muro de Berlim, construído pelo lado comunista da Alemanha para impedir seus cidadãos de fugirem para a liberdade, era chamado pelos hipócritas que o construíram de Muro de Proteção Antifascista (Antifaschistischer Schutzwall). Punto e basta! Continuar demonstrando o óbvio seria soterrar este texto, desnecessariamente, com evidências. O epíteto fascista caracteriza muito mais objetivamente a pessoa que dele faz uso do que a pessoa a quem é imputado. Nove décadas de história mostram inequivocamente que quem o utiliza se autodefine como comunista. 
Desconhecer tal fato não é cascata nem catarata. É cegueira, mesmo.

Portanto, como pode alguém levar a sério a natureza democrática dos antifas? 
Como aceitar que certos eventos sejam apresentados à nação como antifascistas, ou reconhecidos como Movimento pela Democracia quando seus membros se dedicam a distribuir o adjetivo fascista àqueles a quem se opõem? 
Difícil encontrar hoje maior evidência de desonestidade intelectual, mormente entre quem tem a missão de bem informar! 
Por fim, como exercer a cidadania sem avaliar cuidadosamente os movimentos em ambos os lados da cena política real?

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

"Já dizia o grande Nelson Rodrigues:

" O mundo será dominado pelos idiotas, não pela qualidade deles, mas pela quantidade". 

É o que estamos vendo. Inventaram um tal de "politicamente correto", que não se sabe bem o que seja, mas é motivo para que "a patrulha ideológica" passe a infernizar a vida de quem não segue seus conceitos. Pois agora mesmo, aproveitando-se de uma triste ocorrência americana, os insensatos do mundo todo se uniram para tentar destruir o que a civilização levou milhares de anos para construir. A cultura. Resolveram "revisar" toda a história mundial e julga-la pelos valores atuais. Uma tragédia, tentam apagar da história, acontecimentos que pelos sentimentos atuais, não deveriam acontecer, mas aconteceram no passado e isto é fato e não pode ser mudado. Pois agora mesmo, o prefeito muçulmano de Londres, diz que vai rever todas as homenagens prestadas a ingleses que no passado ajudaram na pujança do pais. Quem não for aprovado pelo "politicamente correto", será defenestrado, ou seja, deixará de ser herói nacional e será transformado em pária da nação. Ai então nos deparamos com as incongruências na atitude. Imigraram para a Europa, atraídos pela riqueza dos países, mas repudiam os construtores destas riquezas? Não é uma hipocrisia? Rejeitam o criador, mas vieram justamente atrás da sua obra. Porque não voltam então aos seus lugares de origem? Uma outra coisa, hoje tudo que não é de esquerda, é fascista. 

Picham a todos os contrários com o epíteto, mas se recorrermos a história, o que parece mesmo ter sido o "il gran fáscio" foi a União Soviética de Stálin, muito mais fascista que a Itália de Mussolini. Infelizmente a cegueira não deixa ver a verdade e a atrofia mental não permite o raciocínio lógico, hoje a tropa segue apenas a "madrinheira". O tempo dos grandes pensadores e o "iluminismo", há muito já se foram. 

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Busca por desaparecidos da guerra chega ao fim na Alemanha

Diethild Heubel, 83 anos, pega um valioso documento em sua gaveta: uma velha carta amarelada escrita por seu pai, um soldado alemão capturado ao fim da Segunda Guerra Mundial.  “Foi seu último sinal de vida, a última vez que escreveu para nós”, diz a senhora em seu apartamento em Nördlingen, na Baviera, no sul da Alemanha.
Diethild Heubel mostra álbum de fotos da família em 6 de abril de 2018, na cidade alemã de Nördlingen. - AFP


Seu pai, Gerhard Stürzebecher, foi soldado do Exército alemão durante o Terceiro Reich. Em 1945, foi enviado a um campo de prisioneiros controlado pela União Soviética na Áustria. Diethild Heubel tinha 10 anos de idade. Sua mãe e ela nunca mais ouviram falar dele. “Éramos refugiadas, havíamos perdido tudo, mas o pior é que nunca soubemos o que aconteceu”, lamenta, sem tirar os olhos de uma foto dela quando criança, sentada no colo do pai, com um sorriso no rosto.  “Continuo pensando nele todos os dias. Ele era professor, não gostava da guerra e, ainda assim, teve que lutar nas duas guerras mundiais”, lamenta. “Não saber como ele morreu ou onde foi enterrado… É difícil”.

1,3 milhão de enigma
Muitos alemães ainda procura membros da família, militares ou civis desaparecidos desde 1945. Seus requerimentos chegam ao serviço de busca da Cruz Vermelha alemã em Munique, criado no final da Segunda Guerra Mundial para encontrar 20 milhões de desaparecidos. “No início, o número de casos elucidados era muito alto, mas existem cerca de 1,3 milhão de destinos que provavelmente nunca conheceremos”, diz o diretor do serviço, Thomas Huber, de 59 anos.

Para tentar resolver esses enigmas, seu escritório estuda arquivos alemães, soviéticos e da ex-RDA.  “É especialmente difícil encontrar soldados mortos nos campos soviéticos, principalmente porque seus nomes ou datas de nascimentos estavam errados”, diz Christoph Raneberg, que dirige o serviço de buscas em Munique.

Cerca de três milhões de alemães foram capturados pelo Exército Vermelho durante a guerra. As autoridades soviéticas sempre afirmaram que quase 10% deles morreram nos gulags, enquanto a Alemanha considera que, de fato, um milhão de pessoas morreram em detenção.
Os últimos sobreviventes conseguiram voltar para casa em meados dos anos 50, após a morte de Joseph Stalin.
Quase 75 anos depois do fim da guerra, os arquivistas ainda recebem 9.000 solicitações a cada ano, “principalmente de netos interessados pela história de sua família”, indica Thomas Huber.
Cerca de metade dos casos são resolvidos. Às vezes, de maneira extraordinária, como em 2010, quando dois irmãos separados em 1945 se reencontraram: um morava na Alemanha Oriental; o outro, na Alemanha Ocidental.
“Casos relacionados a crianças perdidas ou separadas ao nascer são sempre espetaculares, mas para nós, cada caso é importante”, diz Huber.
– A esperança de que um dia… –
Stephan Haidinger, de 40 anos, decidiu seguir o rastro de seu avô no ano passado. “Eu tive um câncer e durante o tratamento pensei muito sobre meus ancestrais, percebi que me doía não ter conhecido meu avô”, lembra-se este morador de Glonn, cidade da Baviera.
“Nós só sabíamos que ele havia sido preso no final da guerra e mandado para um campo, mas não sabíamos por que, já que ele não era um soldado”.
A Cruz Vermelha mal levou quatro semanas para encontrar respostas. “Eu soube que ele tinha sido denunciado como o líder de um grupo do NSDAP (o partido de Adolf Hitler) em Berlim e que tinha morrido em um campo de concentração em 1946. Foi um choque, mas fiquei aliviado por ter conseguido uma resposta”, diz Stephan Haidinger.
Agora ele sabe que seu avô foi enterrado em uma vala comum no norte da Alemanha, que ele planeja visitar. Será “um pouco como conhecê-lo pela primeira vez”, antecipa.
Mas com o passar do tempo e a morte de testemunhas, a Cruz Vermelha e o governo alemão decidiram encerrar suas buscas em 2023.
“Temos todos os arquivos existentes, não encontraremos novas fontes de informação”, diz Huber, que promete não poupar esforços nos cinco anos restantes.  Diethild Heubel guardou toda a sua correspondência com o serviço da Cruz Vermelha, confirmando que a investigação de seu pai não deu resultado.
Mas a senhora se recusa a desistir. “Eu não posso (…) virar a página. Vou continuar procurando até eu morrer”.

AFP
 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Presidente do STF quer mutirão para esvaziar cadeias

Cármen Lúcia pede a tribunais ‘esforço concentrado’ em execuções

Presidente do STF cobrou disponibilidade de juízes estaduais para agilizar análise de processos

[Presidente do STF quer esvaziar cadeias no menor tempo possível, o que significa: cadeias vazias, mais bandidos nas ruas e as pessoas de BEM, para não serem assassinadas em assaltos e sequestros, serão obrigadas a permanecerem  trancadas dentro de casa.]

A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pediu aos presidentes dos tribunais de todos os Estados brasileiros e do Distrito Federal que informem até as 17 horas da próxima terça-feira, a disponibilidade de juízes, auxiliares e servidores para trabalhar em um “esforço concentrado” nas execuções penais com o intuito de acelerar a análise dos processos.

A ideia é que por noventa dias uma equipe de cada tribunal esteja deslocada para isso. A reunião nesta quinta-feira durou cerca de cinco horas e contou com presidentes dos TJs de todos os Estados, exceto Rio Grande do Sul e Mato Grosso. A ideia do “esforço concentrado” nas execuções penais parte da constatação de que há uma quantidade enorme de presos aguardando julgamentos em todo o país, o que aumenta a massa carcerária. Trata-se de uma medida, de certa forma, alternativa aos mutirões carcerários antigamente realizados pelo CNJ.

Segundo o presidente do TJ-SP, o desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, a ministra também pediu informações sobre quantos presos provisórios existem em cada Estado.  Após o encontro, o presidente do TJ do Amazonas, Flávio Pascarelli, afirmou que o Estado fará um mutirão carcerário a partir de hoje. “É uma situação de emergência, de imediato, mas precisamos de soluções mais duradouras”, observou. [e a hora das autoridades do Judiciário pensarem com mais atenção na ideia da instituição de "Gulags" no Brasil - na Rússia eles estavam no gelo da Sibéria e no Brasil podem ser instalados na imensidão da floresta amazônica.
Os 'campos de confinamento' - chamá-los de campos de concentração não é politicamente correto - reduzirão os gastos com manutenção de prisões, aumentam a oferta de vagas, reduzem (ou mesmo acabam) com as fugas, dificultam as visitas e, consequentemente, o contrabando de drogas, armas e outros objetos ilicitos para dentro das celas e serão destinados aos presos mais perigosos.
Os com sentenças inferiores a dez anos ocuparão as vagas nos atuais presídios.
Com alguns ajustes nas leis penais, aumentando as penas, o número de presos condenados a menos de dez anos será insuficiente para superlotar os atuais presídios.]

Pascarelli disse também que haverá uma reunião “com todos os órgãos que participam do sistema penitenciário, como Defensoria Publica, Ministério Público e secretarias de segurança estaduais, e a partir daí tomar medidas concretas”. A reunião foi a primeira que uniu autoridades do judiciário de todo o Brasil em 2017 para tratar do tema. Na semana passada, a presidente já havia se reunido com presidentes dos TJs dos Estados da Região Norte e do Maranhão.

Também participou do encontro a juíza Maria de Fátima Alves da Silva, a nova diretora do DMF – o Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Educativas do CNJ. Cedida pelo TJ do Pará, ela se mudou nesta quarta-feira para Brasília e iniciou os trabalhos nesta quinta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
 

 

domingo, 8 de janeiro de 2017

No rastro da barbárie

Vim para Manaus mais uma vez para aprender alguma coisa, mesmo que me traga tristeza pelo que ouviria e pelo baque na imagem externa do Brasil

Foi uma semana macabra. Não tenho notícia de tanta violência num espaço fechado. O caminho dos policiais que entraram no presídio era marcado por pedaços de corpos, colocados como aviso. Na porta de um dos pavilhões, uma barricada de pernas, braços e cabeças. Vim para Manaus mais uma vez para aprender alguma coisa, mesmo que me traga tristeza pelo que ouviria e pelo baque na imagem externa do Brasil.

Recentemente, escrevi um artigo sobre o nosso sistema penitenciário, que me parece uma bomba-relógio. Lamentava um pouco o desinteresse com que o tema sempre era recebido, mas alertava que infelizmente os presídios falam por si próprios. No artigo, chamava a atenção para o fato de que, apesar da necessária discussão sobre as condições da cadeia, havia um fato mais recente que era o poder das organizações criminosas no interior dos presídios. O que vi agora foi uma demonstração disso. Em vez de serem neutralizadas, as organizações criminosas de uma certa forma são legitimadas dentro das cadeias.

Aqui no Amazonas, a legitimação passou por várias etapas. A Família do Norte, que hoje esquarteja e faz coreografia com pedaços humanos, na eleição de 2014 foi contatada por um membro do governo para discutir apoio. O áudio vazou, o alto funcionário da segurança caiu. Quando a Polícia Federal fez uma grande e bem-sucedida campanha contra a organização, surgiram nomes de uma desembargadora e de um juiz que seriam aliados dos criminosos.

Precisei ouvir a empresa terceirizada que administra o presídio. Não a encontrei além dos humildes funcionários uniformizados. Ela se chama Umanizzare, recebe cerca de R$ 4,6 mil por preso, quase três vezes o custo no Sudeste. A empresa figura também como doadora de campanha política.   Os fatores locais, no entanto, não obscurecem a crise que o sistema vive em todo o país. Aqui em Manaus, uma organização do Norte quer esmagar o que considera invasores do Sul. Em Pedrinhas, no Maranhão, o conflito é de grupos da capital contra os do interior. E os conflitos, às vezes, repercutem nas ruas, na forma de sabotagem e queima de ônibus.

Além dos necessários investimentos que resolvam problemas elementares como a superlotação e a decadência das instalações, é preciso pensar no novo problema. Como recuperar o controle dos presídios e estabelecer a lei lá dentro? Sempre vi nesta questão uma das chaves para desarmar a bomba-relógio. Tenho insistido que o instrumento básico em qualquer projeto de controle é desenvolver o trabalho de inteligência nos presídios. O esquecimento da sociedade brasileira em relação ao problema é compreensível porque muitos acham que, uma vez presos, os criminosos deixam de ser um problema. [correção: só após mortos é que os criminosos deixam de ser problema - exceto para o generoso governador do Amazonas que quer indenizar familiares dos bandidos abatidos nas FAXINAS ocorridas em Manaus.]

Na Inglaterra houve experiência de trabalho de inteligência que reduziu o crime dentro da cadeia. Aqui no Brasil, na década de 1990, cheguei a formular uma proposta para reduzir motins. Ela consistia apenas numa central de análise que receberia informes diários da situação do presídio. Muitos motins são previsíveis e evitáveis. Infelizmente não foi o caso do Complexo Penitenciário Anísio Jobim. Havia uma previsão de motim, ainda assim ela se mostrou inevitável. As medidas de segurança foram afrouxadas na passagem de ano: as mulheres dos presos poderiam pernoitar e bastava apenas uma carteira de identidade para entrar. O governo federal nem sequer foi informado da situação de risco no presídio. Num esquema conectado isso seria impossível.[visita a bandido deve ser a exceção e não a regra; o ideal seria o confinamento dos presos em campos de concentração - seriam os 'gulags' da floresta - o que já seria um obstáculo às visitas e também a fugas e rebeliões. 
Os 'gulag' foi um dos poucos legados úteis do tirano Stalin.
Abaixo uma definição resumida de 'Gulag":

Campos de trabalho forçado da ex-União Soviética (URSS), criados após a Revolução Comunista de 1917 para abrigar criminosos e “inimigos” do Estado.
Gulag era uma sigla, em russo, para “Administração Central dos Campos”, que se espalhavam por todo o país. 
Os maiores gulags ficavam em regiões geográficas quase inacessíveis e com condições climáticas extremas. 
A combinação de isolamento, frio intenso, trabalho pesado, alimentação mínima e condições sanitárias quase inexistentes elevavam as taxas de mortalidade entre os presos. [no Brasil a inexistência de frio intenso, notadamente na selva, seria compensada por outros inconvenientes climáticos e as grandes distâncias.] 
A quantidade de campos foi reduzida a partir de 1953, logo após a morte de Stálin – ditador que expandiu o sistema de gulags nos anos 30. Porém, os campos de trabalho forçado para presos políticos duraram até os anos 90.

Não adianta trabalho de inteligência quando não se extraem os dados. Mais cabeças trabalhando com eles aumentam a chance de êxito. Ao encerrar meu programa de TV aqui em Manaus, escolhi como fundo a Cadeia Pública, um prédio de 1805 que estava destinado a ser um museu. Para ela foram trazidos os prisioneiros que precisavam ser retirados do presídio Anísio Jobim. Foi uma solução improvisada que dramatiza a decadência do sistema no Brasil. Voltar a 1805 é um alívio. Nas circunstâncias, significa um progresso. Em que época estavam aqueles corpos esquartejados e amontoados numa caçamba? Um esforço nacional para reconstruir o sistema penitenciário, por mais que existam divergências pontuais, é uma das mais importantes frentes contra a barbárie. 

Há quem ache que os bandidos devam morrer mesmo e que esse caos provoca uma espécie de limpeza, através dos massacres. Falei com uma estudante universitária diante do Instituto Médico Legal. Ela procurava o irmão. Desejei que não estivesse lá, entre os mortos. Ela respondeu: eu preferia que estivesse. Os que falam apenas por opinião deveriam examinar o quadro no conjunto: alegram-se com 56 mortos e se esquecem dos 180 que fugiam no mesmo momento. [os que fugiram representam um problema de fácil resolução. É comum que fugitivos reajam à prisão, ação que autoriza a Polícia a usar a força necessária e proporcional e o preso ser abatido é algo muitas vezes inevitável.]   Essas bombas quando estouram atingem a todos, não importa o que você pense. Por isso é uma tarefa nacional renovar o sistema penitenciário.

Fonte: Fernando Gabeira - O Globo
 
 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A "ideologia de gênero" no ENEM



Todo professor sabe que não pode cobrar em prova uma matéria que não deu em sala de aula. Para o governo comuno-petista, a moral é outra. No Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deste ano - realizado no último fim de semana - a questão 05 da prova de Ciências Humanas levantou a bandeira da "ideologia de gênero" e exigiu dos alunos conhecimento sobre o assunto.

Mas, o caso não é apenas de matéria não dada em sala de aula. É mais grave. Trata-se de matéria vedada nas escolas. No ano passado, o Congresso Nacional impediu a inclusão da "ideologia de gênero" - por conta de suas teses absurdas e disparatadas - do Plano Nacional de Educação (PNE).

Inconformado, o governo comuno-petista resolveu desacatar. Inseriu a matéria no Documento Final do CONAE-2014 (Conferência Nacional de Educação) - ato que foi objeto de denúncia na Câmara dos Deputados [1]. E mais. Para fugir dos holofotes da política e dos debates nacionais, lançou mão da estratégia ardilosa de tentar nas sombras incluir a "ideologia de gênero" nos planos estaduais e municipais de educação. Estratégia traiçoeira e ilícita que levou o cidadão comum à Assembleia Legislativa do seu estado, à Câmara de Vereadores de sua cidade para afastar - na maioria esmagadora dos casos, com sucesso heroico - o nefasto projeto de engenharia social e comportamental comuno-feminista-gayzista das escolas.

A questão do ENEM é uma afirmação do governo: vai impor a "ideologia de gênero" de qualquer forma, nem que seja necessário passar por cima do Congresso Nacional, pisar as leis e cuspir na vontade da própria população. Na "Pátria Educadora" comuno-petista a moral é outra: prevalecem os princípios dos delinquentes que a proclamaram. 

***

"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher". Em vez de iniciar uma discussão sobre a tese exposta na prova do ENEM - basta o seu absurdo auto-evidente -, é importante colocar alguns dados biográficos da sua proponente: Simone de Beauvoir (1908-1986). Eles podem ser úteis até para contestar as teses da feminista louvada no exame comuno-petista, uma vez que ela fazia parte de um círculo intelectual que pregava a prioridade da "existência" sobre a "essência".

Na obra de Paulo Johnson, "Os Intelectuais",  (Imago: Rio de Janeiro, 1990. pp. 258; 261), lemos o seguinte:

[...] "ela não possuía nenhuma das fraquezas de Sartre, EXCETO O HÁBITO DE MENTIR.

"Apesar disso tudo, essa mulher brilhante e de espírito vigoroso tornou-se uma SERVA de Sartre desde quase o primeiro encontro deles E CONTINUOU ASSIM POR TODA A SUA VIDA ADULTA ATÉ MORRER. Ela serviu a ele como amante,  esposa substituta, cozinheira e administradora, guarda-costas feminina e enfermeira, sem ter obtido nenhum outro 'status' legal ou financeiro em sua vida.

Em linhas gerais, Sartre não a tratava melhor do que Rousseau em relação a Thérèse; tratava-a pior, porque ele era flagrantemente infiel. NOS ANAIS DA LITERATURA, EXISTEM POUCOS CASOS PIORES DE UM HOMEM QUE EXPLORA SUA ESPOSA. ISSO É AINDA MAIS SURPREENDENTE PORQUE SIMONE DE BEAUVOIR FOI UMA FEMINISTA DURANTE TODA A SUA VIDA.

Em 1949, ela descreveu o primeiro manifesto moderno do feminismo, 'O segundo sexo', que vendeu bastante pelo mundo afora. As palavras que abrem o livro, 'On ne nait pas femme, on la devient' ('Não se nasce mulher, torna-se mulher'), são uma citação consciente da abertura do 'Contrato social' de Rousseau. BEAUVOIR, NA VERDADE, FOI A PROGENITORA DO MOVIMENTO FEMINISTA E DEVE, POR DIREITO, SER SEU SANTO PATRONO. PORÉM, EM SUA PRÓPRIA VIDA ELA NÃO FEZ JUS A TUDO O QUE ISSO REPRESENTA.
[...]

"Porém, como Beauvoir ensinava a alunas muito mais adequadas, ERA ENTRE AS ALUNAS DELA QUE ELE [Sartre] ESCOLHIA A MAIOR PARTE DE SUAS VÍTIMAS; na verdade, BEAUVOIR PARECE TER ACEITADO, NESSA ÉPOCA, O PAPEL DE CAFETINA. Ela também, em seu confuso desejo de não ser excluída do amor, criou seus próprios relacionamentos íntimos com as garotas. Um deles foi com Nathaline Sorokine, filha de exilados russos e a melhor aluna de Beauvoir no Lycée Molière, em Passy, onde lecionou durante a guerra.

Em 1943, os pais de Nathaline fizeram ACUSAÇÕES FORMAIS CONTRA BEAUVOIR POR TER RAPTADO UMA MENOR, UMA SÉRIA TRANSGRESSÃO CRIMINAL QUE PODIA ACARRETAR UMA SENTENÇA DE PRISÃO. Amigos dos dois intervieram e eles por fim desistiram da acusação criminal. MAS BEAUVOIR FOI EXPULSA DA UNIVERSIDADE E TEVE A LICENÇA, QUE LHE PERMITIA DAR AULAS EM QUALQUER PARTE DA FRANÇA, CASSADA PELO RESTO DA VIDA".


Sobre o a militância de Simone de Beauvoir em prol da PEDOFILIA, leia: VÂLSAN, Lucian.
"Simone de Beauvoir: Nazista, pedófila, misândrica e misógina"

No vídeo abaixo, Simone de Beauvoir - na companhia de seu amante, Jean-Paul Sartre, e de outros "intelectuais" - é recebida na União Soviética. Feminista prestigia o regime comunista, que transformava mulheres em escravas sexuais dos membros da "nomenklatura", e assassinou milhares delas nos Gulags.

Khruschev Meets European Writers (1963)

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Stálin, o outro monstro



Stálin foi um louco assassino. Milhão a mais, milhão a menos, eliminou o mesmo número de pessoas que o líder nazista, e com métodos parecidos
Nem o bolchevique mais fervoroso estava seguro ao seu lado
Outro dia recordei —sem lamentar— a morte de Hitler, ocorrida há 70 anos. Hoje falo de outro personagem que compartilhou com ele o domínio do tabuleiro europeu e que, depois de derrotá-lo na Grande Guerra Patriótica, desfrutava nessa mesma época do seu momento de máxima glória. Refiro-me a Iósif Vissariónovich Stálin; Koba, para os íntimos.

A primeira coisa que se deve dizer sobre Stálin é que, assim como Hitler, foi um louco; um louco assassino. Milhão a mais, milhão a menos, eliminou o mesmo número de pessoas que o líder nazista, e com métodos parecidos: os fuzilamentos e os campos de concentração, com a diferença de que, nos de Stálin, os prisioneiros não eram imolados em câmaras de gás logo depois de chegarem, e sim após uma sobrevivência média de cinco anos, quando morriam por causa dos trabalhos forçados, do frio ou da fome. O número de reclusos nos “campos de trabalhos corretivos” (Gulags) superou os dez milhões, e os mortos foram mais de dois milhões.
 
Esses campos foram criados para os antigos aristocratas, os kulaks (camponeses médios opostos à coletivização), o clero ortodoxo, os delinquentes comuns e, sobretudo, os dissidentes políticos. Sobre estes últimos, houve 1,3 milhão de detidos só nos “grandes expurgos” de 1936-1938, sendo que 700.000 deles acabaram executados. Ao todo, o número de fuzilados pelo regime stalinista é de pelo menos um milhão, podendo chegar a quatro milhões quando são acrescidos os mortos em campos de trabalho e em deportações populacionais em massa. Dou cifras conservadoras, as quais alguns historiadores multiplicam por dois ou mais.

Também a vida privada de Stálin supera a de Hitler em todos os sentidos. Órfão de pai, sempre teve uma má relação com sua mãe, a ponto de não assistir ao enterro dela; há sérias suspeitas de suicídio tanto de sua segunda mulher como de um dos seus filhos, e, quando ele sofreu o ataque fatal, seus colaboradores íntimos deixaram as horas correrem sem chamar um médico; o próprio Koba havia denunciado “conspirações de médicos”, mas, além disso, sua morte aliviava a todos. 

Sua obsessão paranoica é comparável à do líder nazista, embora menos racional e previsível. Um alemão conservador, ariano de quatro costados e respeitoso com o partido tinha grandes probabilidades de não ser incomodado pelos lacaios do Führer. Com Stálin, nem o bolchevique mais fervoroso estava seguro. Pelo contrário, podia ser detido, torturado, obrigado a confessar delitos imaginários e finalmente executado. Simplesmente porque Koba sentia inveja dele. Stálin condenou Trótski como “esquerdista”, e Zinoviev, Kamenev e Bukharin — que o apoiaram na operação contra Trótski— como “direitistas”; Yagova e Yejov, os chefes da polícia secreta, também caíram... Toda a cúpula bolchevique de 1917-1923, protagonista do Outubro Vermelho, havia sido eliminada em 1939.

E então, nesse mesmo ano, lançou-se à sua grande operação política, prova máxima da sua ausência de princípios morais: aliou-se a Hitler, seu inimigo jurado, para dividirem a Polônia entre si. A responsabilidade pelo início da Segunda Guerra Mundial recai, portanto, sobre ambos, embora depois, quando Hitler atacou seu aliado (que de fato era, já que Stálin nunca rompeu o acordo, embora possivelmente apenas por falta de previsão), o líder soviético entrasse para a história como o caudilho do antifascismo e até fosse candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Não vale a pena citar mais dados sobre a estatura moral do personagem. Assim como seu rival nazista, sua personalidade é, definitivamente, o de menos. O importante, o que não deveríamos deixar de nos perguntar nunca, é como pôde aquele sistema colocar a um monstro desse calibre à sua frente.

Toda a cúpula bolchevique de 1917-1923, protagonista do Outubro Vermelho, havia sido eliminada em 1939
A primeira resposta que ocorre é semelhante à do caso alemão: atribuir isso à tradição russa; neste caso, ao czarismo, tirania brutal como poucas (embora seu número de vítimas, comparado ao dos bolcheviques, seja coisa de criança). Ser dominado por um déspota caprichoso, de quem se esperava a solução de todos os males sociais, era o habitual para um russo.

Mas há outra resposta, muito diferente, que acredito ser mais interessante: refiro-me à debilidade política da teoria marxista, à falta de precauções contra os possíveis abusos dos futuros dirigentes da ditadura do proletariado, um trâmite obrigatório no processo de construção do paraíso socialista. Karl Marx, tão penetrante em sua crítica social, mostrou uma surpreendente ingenuidade política ao embarcar sem hesitação no trem jacobino: só importava a tomada do poder pelo proletariado.

Quando isso ocorresse, por que impor limites ao governo do povo trabalhador? Ele não previu algo tão elementar quanto o fato de que os representantes do proletariado, ao disporem do poder absoluto, poderiam usá-lo em seu benefício próprio. Tampouco Lênin, o verdadeiro artífice do sistema, previu isso. Nem Trótski, um de seus colaboradores mais cruéis, que só começou a criticá-lo quando foi deslocado do poder. Stálin limitou-se a aperfeiçoar o modelo montado por Lênin e Trótski.

Marx foi ingênuo ao pensar que só importava a tomada do poder pelo proletariado.  Muito mais pessimistas, e mais lúcidos, os pais do constitucionalismo norte-americano consideraram óbvio que o ser humano tende a se aproveitar do poder quando o tem em suas mãos. E a partir daí montaram mecanismos de partilha de poderes, controles e contrapesos, que impunham os máximos entraves possíveis aos abusos. O sistema está longe de ser perfeito, mas tem funcionado muito melhor do que as ditaduras em nome do povo ou do proletariado.

Alguma moral da história poderíamos encontrar hoje. Os partidos que procedem da tradição comunista e não se desprenderam suficientemente de seu passado stalinista estão pagando por isso. Porque são muito poucos os europeus atuais que desejam viver como os cidadãos da Europa Oriental nos anos 1945-1989. Como a Igreja Católica está pagando, há séculos, por seu passado inquisitorial. Acredita-se vítima de um “laicismo agressivo”, sem compreender que os cidadãos desconfiam, com razão, que o clero, se recuperasse o poder de antigamente, talvez voltasse a erigir piras para imolar quem não comungasse cem por cento do seu ideário. 

E tampouco convém atribuir isso à retorcida personalidade de um Torquemada, e sim a um sistema totalitário de pensamento e de poder. Instituições com tal passado sujo não recuperarão nossa confiança enquanto não abjurarem solenemente esse esquema mental e garantirem, de maneira plausível, que jamais voltaremos a viver aquilo.

Por: José Álvarez Junco é historiador. Seu último livro é ‘Las Historias de España’ (Pons / Crítica, inédito no Brasil).