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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O papel das Forças Armadas



O papel do presidente da República como Comandante Supremo das Forças Armadas não está bem definido na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que implanta o semipresidencialismo no país, o que poderá gerar conflitos entre o presidente, o ministro da Defesa e o primeiro-ministro. É o que avalia o cientista político Octávio Amorim Neto, professor associado da Ebape/FGV-Rio, que estuda esse sistema de governo há 20 anos, especialmente o utilizado em Portugal, onde atualmente é investigador visitante do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

A meu pedido, ele fez uma análise da PEC, que circula em Brasília no meio político, gerada em discussões entre o presidente Michel Temer e o ministro do Supremo Gilmar Mendes, que acumula a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Embora a mudança de sistema de governo não possa vigorar já na eleição de 2018, o Supremo Tribunal Federal tem na pauta próxima uma definição sobre se é possível fazer uma alteração do nosso sistema presidencialista apenas por emenda constitucional, depois que ele foi aprovado duas vezes por plebiscitos. [o regime semipresidencialista já nasce ilegal, se aprovado por emenda à Constituição,  visto ser inconcebível, respeitando a vontade soberana do eleitor (apesar da notória incompetência do povo brasileiro ao exercer o direito de escolher seus representantes, especialmente o presidente da República nas quatro últimas eleições) que um sistema escolhido em dois plebiscitos seja alterado por uma emenda constitucional.

O semipresidencialismo que é proposto na PEC é o chamado regime premier-presidencial, em que o primeiro-ministro e o gabinete são coletivamente responsáveis apenas perante o Parlamento. Portugal desde 1983 e a Vª República Francesa são exemplos desse subtipo. É um sistema de governo cuja constituição estabelece um Chefe de Estado diretamente eleito pelo povo e um primeiro-ministro e um gabinete dependentes da confiança parlamentar.

Octávio Amorim Neto ressalta que as Forças Armadas resistiram duramente à adoção do parlamentarismo pela Assembleia Nacional Constituinte de 1987-88 em virtude da falta de clareza do seu lugar sob esse sistema de governo. Se formos rigorosos com definições, diz ele, a proposta de parlamentarismo que foi derrotada em março de 1988 — sob ameaças do general Leônidas Pires Gonçalves, então ministro do Exército — criaria, na verdade, um regime semipresidencial, pois previa um Chefe de Estado diretamente eleito pelo povo e um primeiro-ministro e um gabinete subordinados à confiança do Legislativo.

Portanto, o cientista político da FGV-Rio considera “fundamental” que qualquer proposta de semipresidencialismo crie ou fortaleça órgãos que favoreçam a coordenação entre presidente da República, primeiro-ministro e ministro da Defesa no tocante ao emprego das Forças Armadas. O presidente da República as comandará, mas, segundo a PEC, caberá ao primeiroministro e ao gabinete a determinação da política de defesa.

Isso poderá gerar conflitos, adverte Octavio Amorim Neto, imaginando o seguinte cenário: o primeiro ministro e o ministro da Defesa decidem que o Brasil enviará tropas para uma missão de paz da ONU. Porém, caberá ao primeiro-ministro emitir as ordens de emprego de unidades militares brasileiras na missão. E se o presidente da República discordar da decisão e se recusar a assinar as ordens?

Para reconciliar esse tipo de diferença é que existe o Conselho de Defesa Nacional, estipulado pelo Artigo 91 da Constituição de 1988. Todavia, esse Conselho tem sido rarissimamente convocado, comenta Octávio Amorim Neto, tendo se tornado irrelevante. Sob um regime semipresidencial, o Conselho poderá ser ressuscitado e ganhar relevo, se conseguir tornar-se um mecanismo eficaz de coordenação.

Octávio Amorim Neto chama a atenção para o fato de que não há menção ao Conselho no texto da PEC a que teve acesso e diz que o primeiro-ministro precisa ser incluído entre seus membros permanentes. E uma das possíveis soluções para a atual falta de importância do Conselho de Defesa Nacional seria inserir, na emenda de estabelecimento do semipresidencialismo, que o órgão se reunirá periodicamente.

 Merval Pereira - O Globo



sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Ex-ministro Barbosa não quer ser esquecido

'Temer deveria ter tido a honradez de deixar Presidência', diz Barbosa

Ao Valor, ex-ministro afirmou que Brasil foi 'sequestrado' por 'políticos inescrupulosos' 

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que nega ser candidato em 2018, afirmou que o presidente Michel Temer deveria ter tido a "honradez" de sair da Presidência, após virem à tona as gravações entre ele e o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS. Em entrevista ao Valor publicada nesta sexta-feira, Barbosa afirmou que não é possível comparar a gravidade dos fatos atuais com aqueles vividos pela ex-presidente Dilma Rousseff, alvo de processo de impeachment. — Eles (políticos) instauraram no Brasil a ordem jurídica deles, e não a das nossas instituições. O Brasil teve um processo de impeachment controverso e patético e o mundo inteiro assistiu. A sequência daquele impeachment é a que estamos vendo hoje. Não há parâmetro de comparação entre a gravidade dos fatos. Michel Temer deveria ter tido a honradez de deixar a Presidência — disse o ex-ministro.

De acordo com Barbosa, o país foi "sequestrado" por um grupo de políticos sem escrúpulos. Ainda segundo ele, em nenhum outro país do mundo o chefe de governo continuaria no cargo como Temer ficou após denúncias "tão graves" quanto as que foram feitas contra o presidente brasileiro.[denúncias não provadas - o próprio procurador-geral afirmou não ter provas.]


Nosso país foi sequestrado por um bando de políticos inescrupulosos que reduziram nossas instituições a frangalhos. Em nenhum país do mundo um chefe de governo permaneceria um dia sequer no cargo depois de acusações tão graves quanto aquelas que foram feitas contra Temer. O Brasil entrou numa fase de instabilidade crônica, da qual talvez só saia em 2018 — analisou.


CANDIDATO À PRESIDÊNCIA?
"Não, não sou."

BEM COTADO NAS PESQUISAS
"Não sei como são feitas essas pesquisas em que colocam meu nome, mas não sou hipócrita. Ando nas ruas, nos aeroportos e por onde vou as pessoas me abordam. Percebo que há esse potencial, mas não incentivo nem tomo qualquer iniciativa para alimentar isso."[não podemos esquecer que as pessoas ouvidas nas pesquisas são as mesmas que votaram em Lula e Dilma, portanto, são pessoas que quando usam  'titulo eleitoral' causam prejuízos ao Brasil.]

LULA CANDIDATO
"Acho que ele não deveria ser candidato. Vai rachar o país ainda mais. Já está em idade de usufruir da vida e do dinheiro que ganhou com suas palestras. Só que o estão empurrando para ser candidato, com essa cruzada que o coloca contra a parede. É um ódio irracional esse que apareceu no país."

MOTIVAÇÕES DE POLÍTICOS
"A principal causa é a corrupção, é a motivação número um para as vocações políticas no Brasil. O que motiva boa parte dos líderes é o acesso ao dinheiro. Por isso estão sedentos para reinstituir o financiamento privado."

PARLAMENTARISMO
"Essa gente é tão sem escrúpulo que vai tentar impor o parlamentarismo para angariar a perpetuação no poder e se proteger das investigações. Esse é o plano. Seria mais um golpe brutal nas instituições."

REFORMAS TRABALHISTA E DA PREVIDÊNCIA
"São reformas importantes, talvez não com essa visão ultraliberal que se quer implantar, que mexem no cerne do pacto social, mas é muito grave que estejam sendo conduzidas por um governo que não foi respaldado pelo voto." [não pode ser olvidado que os dois governos que levaram o Brasil para a crise atual, foram respaldados pelo voto, já que foram Lula e Dilma.]


REFORMA TRABALHISTA
"Tem muita velharia na CLT, mas há um certo desequilíbrio na ordem gerada, A democracia está baseada na ideia, sugerida por (Jean-Jacques) Rousseau de pacto entre as forças do trabalho e do capital. Esses dois polos têm suas instituições representativas. Não pode acabar com uma só."

FRAGILIDADE INTERNACIONAL
"O Brasil passa por um retrocesso institucional que se reflete em sua imagem externa. É um país incontornável, mas que está impedido de exercer seu papel internacional pela força da conjuntura triste pela qual passamos. É triste ver os grandes líderes mundiais evitarem o Brasil."

FALTA FÔLEGO AOS PROTESTOS ATUAIS
"Acho que os brasileiros estão cansados de tudo isso, da instabilidade e dessas manipulações indecentes que são feitas. As pessoas estão na luta pela sobrevivência. Afinal de contas, são 13 milhões de desempregados. A prioridade é sobreviver."

Fonte: O Globo

 

domingo, 18 de junho de 2017

FH, Temer e a eleição antecipada

Uma eleição livre, sem regras de incompatibilização ou exigências de filiação partidária daria um banho de detergente no cenário político nacional

A ideia foi a mesma: eleições já. Ela apareceu há cerca de três semanas, num momento reservado de desabafo do presidente Michel Temer. Voltou pela voz do expresidente Fernando Henrique Cardoso, numa nota com trechos críticos que recomendam sua transcrição:  “A ordem vigente é legal e constitucional (...) mas não havendo aceitação generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto.” [uma linha esfumaçada de raciocínio, na qual o detentor legal do poder pode, por uma decisão única e exclusiva sua,  modificar a Constituição no trecho que entender conveniente.
A segunda alternativa, não apenas esfumaçada e sim incendiária, é jogar o povo nas ruas exigindo mudanças = o CAOS desejado por muitos, entre eles FHC, estará estabelecido.
Cumpra-se a Constituição vigente e eventuais modificações que sejam efetuadas em rigorosa obediência aos princípios nela inseridos.]

FH afastou-se da liturgia constitucional da escolha do novo presidente pelo Congresso. Isso não é pouca coisa. Nas palavras dele, se a pinguela “continuar quebrando, será melhor atravessar o rio a nado e devolver a legitimação da ordem à soberania popular.” Essa manobra requer emendas constitucionais e mudanças profundas na ordem política.

Temer poderia fazer um “gesto de grandeza” renunciando ao mandato. Mas, “eleições gerais” exigiriam a renúncia de todos os governadores e parlamentares.  Os interessados em recuperar seus mandatos estariam obrigados a disputar uma eleição suicida.  Os prazos legais para tamanhas novidades tornam a ideia inviável, mas FH colocou na mesa o ingrediente do tamanho da crise.  A confusão que ele antevê, ainda não chegou, mas será capaz de comer detalhes e prazos.

A abolição da escravatura foi discutida por mais de 50 anos, mas a tramitação do projeto que liquidou a fatura durou apenas 64 dias. A ideia de instituição do parlamentarismo rondou o Congresso por décadas, mas durante a crise de 1961, com o país à beira da guerra civil, a emenda constitucional que instituiu a nova forma de governo foi aprovada em 48 horas.

O “gesto de grandeza” de Temer resolveria muitos problemas. De saída, o dele, que poderia sair do palácio de cabeça erguida. Resolveria também o dilema do PSDB, que não consegue decidir se fica ou sai do governo. Com uma eleição antecipada, o governo sairia do PSDB.  Uma eleição livre, sem regras de incompatibilização ou exigências de filiação partidária daria um banho de detergente no cenário político nacional. [e oficialmente a república da Banânia se transformaria em uma ZONA TOTAL.]

 Fonte: O Globo - Elio Gaspari, jornalista


domingo, 13 de março de 2016

Queda de Dilma, Aécio, parlamentarismo, 2018, Queda de Dilma só depende do consenso pós Dilma - Em manifestação de BH, Aécio defende 'qualquer saída' contra Dilma

Queda da presidente só depende de consenso sobre o pós-Dilma

Com a exceção de petistas agarrados ao poder, as forças políticas e econômicas que têm responsabilidade procuram a solução com maior apoio e que seja menos traumática para o bem do Brasil

As manifestações deste dia 13 de março pedindo "Fora Dilma" serviram para ratificar o que qualquer cidadão depreende ao andar na rua, conversar com amigos, com o taxista, o porteiro, a caixa do supermercado, a manicure e até com gente do próprio governo: milhões de brasileiros estão insatisfeitos com a gestão da presidente Dilma Rousseff e com todo o seu entorno afundado em corrupção, ingerência e métodos espúrios para se manter no poder a qualquer custo. Que este governo já era, isso é consenso. A discussão agora passa por encontrar o melhor formato e reunir o maior número de apoios para definir o pós-Dilma.

E presenciar as avenidas Atlântica, no Rio, e Paulista, em São Paulo, lotadas ajudam e muito a acelerar este processo. Mas até agora, governo, base aliada -aguerrida ou rebelde- e oposição não conseguiram definir a melhor saída para que se tenha clara a garantia de que haverá um período de transição que garanta governabilidade para o substituto da presidente.

Com a exceção de petistas agarrados ao poder, as forças políticas e econômicas que têm responsabilidade procuram a solução com maior apoio e que seja menos traumática para o bem do Brasil. [a solução primeira é retirar Dilma; feito isso a segunda surgirá.
Precisamos nos convencer que o perigo imediato é a serpente - Dilma - eliminada a serpente a solução será encontrada mais facilmente.]

Durante abril, deve começar a ser definida como se dará a retirada da caneta da mão da presidente Dilma. Antes, se falava em cassação da chapa PT-PMDB e em impeachment. Agora, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) começa a liderar uma discussão de mudança do sistema político brasileiro, para trocar o presidencialismo para o semi-parlamentarismo. O peemedebista e sobrevivente de longas batalhas escandalosas andou se movimentando muito nos últimos dias, dialogou com o ex-presidente Lula, com a oposição e com o vice- presidente, Michel Temer.  Não deve ser à toa que está agitando esta bandeira.

 Ex-candidato à Presidência apontou o regime parlamentarista como alternativa para 2018

Aécio o problema é amanhã, tem que ser resolvido no máximo em 3 meses, vamos deixar 2018 para depois. Esse negócio de querer discutir 2018 esquecendo o agora, esquecendo Dilma, cheira a enrolação. 

De volta às ruas, depois de ter ficado de fora de alguns protestos em 2015, o senador Aécio Neves (PSDB) disse, neste domingo, em ato na capital mineira, que vale “qualquer saída” para retirar Dilma Rousseff da Presidência. O senador enumerou como caminhos o impeachment, a cassação da chapa da petista pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou a renúncia da presidente. Para rebater o discurso da própria presidente, de que a oposição tenta um “golpe”, o tucano ressaltou que são alternativas “dentro” da Constituição.

Ao lado do também senador Antonio Anastasia (PSDB) e no estado que governou por dois mandatos, Aécio aproveitou a irritação com o petismo para reforçar o discurso pela interrupção do atual governo e se colocar como protagonista de uma possível mudança. “As pessoas saíram às ruas para dizer que o Brasil merece algo melhor e vamos buscar a saída para esse impasse. Hoje, qualquer saída, sem a atual presidente da República, dentro da Constituição, é melhor do que estendermos esse calvário para o povo brasileiro”, afirmou.

Apesar de a população brasileira, em dois plebiscitos, em 1963 e 1993, ter rejeitado o parlamentarismo, o senador mineiro, que também é presidente nacional do PSDB, defendeu o regime como uma alternativa futura, a partir de 2018.  - Não há como se implementar, em um momento de crise, um regime que amanhã pode se fragilizar pela própria crise. O parlamentarismo sempre foi para nós o caminho para o Brasil. Vamos discuti-lo com mais profundidade, nos próximos dois anos, para que se tenha uma emenda aprovada no Congresso e que depois seja objeto de um referendo por parte da população brasileira - disse.

Até o início da tarde, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), estimava que cerca de 30 mil pessoas estavam presentes no ato, que ocorreu na Praça da Liberdade.  - Hoje, estamos assistindo aqui na Praça da Liberdade a festa da cidadania. São as praças e ruas do Brasil inteiro, dizendo basta ao desgoverno, basta de tanto descompromisso com a verdade. E isso é a beleza da democracia. As famílias vieram para as ruas, dizendo que o Brasil merece coisa melhor - ressaltou Aécio.

O senador Antonio Anastasia aproveitou o ato para chamar o PMDB para o impeachment da presidente Dilma. No sábado, o partido decidiu suspender, por 30 dias, qualquer indicação da legenda para o governo Dilma. Na avaliação de Anastasia, o apoio do PMDB fundamental no processo de impeachment.  - O PMDB tem participação decisiva e acredito que vai desembarcar do governo - avaliou.

Os organizadores do ato na capital mineira levaram dois trios-elétricos para a Praça da Liberdade. Várias lideranças discursaram nos trios, protestando contra a presidente Dilma, o PT e a corrupção. A aposentada Conceição Mesquita, de 57, votou em Aécio na última eleição presidencial. Segundo ela, o país não pode conviver com a atual situação.
- O Collor (ex-presidente Fernando Collor) roubou um carro e foi preso. Já o Lula roubou o país e está solto - disse.

Já o bancário Gilberto Gurgel, de 64 anos, disse que o PT não cumpriu suas promessas de campanha. - Prometeram acabar com a corrupção e não conseguiram. A coisa aumentou - afirmou.
Fonte: Isto É - O Globo

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Cunha enquadra Dilma: grana da CPMF, se houver, só após julho de 2016

Cunha: ‘impossível’ volta da CPMF antes de julho de 2016

Segundo presidente da Câmara, governo ‘peca’ em relação ao ajuste fiscal

O presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse em programa de TV exibido na noite deste domingo que considera “impossível” que uma eventual volta da CPMF — imposto proposto pelo governo federal para tentar reequilibrar as contas do país — aconteça antes de julho de 2016.
 
Em entrevista concedida ao colunista do GLOBO Jorge Bastos Moreno, no programa “Preto no Branco”, do Canal Brasil, Cunha detalhou o longo caminho processual que a proposta terá que trilhar e, abrindo fogo contra o governo Dilma Rousseff, com quem está rompido, destacou que, se a medida fosse aprovada pela Câmara e pelo Senado, só passaria a vigorar no segundo semestre de 2016, tendo, portanto, efeito nulo sobre o Orçamento que foi enviado ao Congresso com um déficit de R$ 30,5 bilhões.

Cunha também disse que o pacote fiscal proposto pelo governo “peca” por não mostrar os cortes que serão feitos na administração federal e por tentar impor a volta de um imposto que foi rejeitado em 2007. (Trata-se de) Uma contribuição perniciosa porque atua em cascata na economia... — afirmou Cunha. Quando você tem um produto, você paga, mas esse produto também pagou (CPMF) na etapa anterior e assim sucessivamente, sem poder descontar... Não é um imposto cumulativo que permite deduzir a atividade anterior. Então, ele incide várias vezes em uma etapa de produção.

Economista de formação, Cunha ainda considera “muito pouco provável” que o Congresso aprove a volta do tributo. Disse que o aumento da alíquota de uma contribuição, do imposto de renda numa determinada faixa e até o adiamento do pagamento de servidores podem passar, mas que isso não deve ocorrer com relação à CPMF.

Na mesma entrevista, o peemedebista falou sobre a crise política e seu rompimento com o governo federal. Disse que no congresso que o PMDB fará no dia 15 de novembro, defenderá abertamente que o partido saia de uma vez do governo petista. Ao comentar o pedido de impeachment apresentado pelo jurista Hélio Bicudo, Cunha voltou a citar o regimento da casa para defender que o mandato da presidente não está em suas mãos. — (Sobre esse assunto) Eu tenho duas decisões a proferir. Se eu aceitar (o pedido), está instaurado o processo, que vai demandar uma comissão especial, com prazo de defesa e, depois, vai ter o parecer votado da comissão. Esse parecer vai a plenário e tem que ter dois terços de votos para se iniciar. Iniciando-se o processo tem o afastamento e a matéria vai para o Senado para julgamento. A segunda opção é recusar, mas óbvio que qualquer decisão do Presidente da Câmara cabe recurso. E esse recurso é levado ao plenário.

Aos 57 anos, Cunha ocupa o terceiro cargo mais importante da hierarquia do poder no Brasil. Em 2014, teve 232 mil votos e se tornou um dos deputados mais votados do Rio de Janeiro. Ao lembrar seu currículo, contou que herdou a política do pai. Por fim, defendeu o parlamentarismo.


Se tivéssemos no parlamentarismo, não teríamos a crise que estamos vivendo hoje. Nossa crise hoje é a crise do presidencialismo. Se tivéssemos um parlamentarismo que fosse, mesmo um sistema híbrido, como é a França e Portugal, em que você tem um chefe de estado, hoje, teria caído o governo e não estaríamos discutindo a posição do chefe de estado eleito. Então, precisamos evoluir para o parlamentarismo. Só que fazer esse debate no meio de uma crise, às vezes, pode passar a impressão de golpe. “Você está fazendo isso para poder usurpar os poderes daquele que foi eleito e tem um prazo determinado de mandato, do qual você vai retirar as prerrogativas”.

Ao ser questionado sobre seu envolvimento na Operação Lava-Jato, Cunha manteve a posição de que só foi envolvido no caso por ação do governo federal e economizou palavras. Nas 85 páginas de denúncias que estão lá... Já tive oportunidade de me expressar publicamente, não tem elemento nenhum de prova contra mim — afirmou.

 Fonte: O Globo


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A artilharia de Eduardo Cunha



No jogo das pautas-bomba há a oposição a Dilma, mas um pedaço da contrariedade vem do trabalho da Lava-Jato
A Câmara deverá votar em segundo turno a emenda constitucional que vinculou proporcionalmente os salários do quadro da Advocacia-Geral da União e dos procuradores estaduais e municipais ao dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (R$ 33,7 mil mensais). Segundo o Ministério do Planejamento, as diversas pautas-bomba que tramitam no Congresso custarão aos contribuintes R$ 9,9 bilhões, dinheiro equivalente a um mês da arrecadação federal.

Iniciativas desse tipo num momento em que a economia do país está aos pandarecos destinam-se a inviabilizar o governo. São bombas porque servem apenas para destruir. 
Os grão-tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin dizem, com razão, que não lhes cabe apontar saídas para a crise. Todavia, com o apoio tácito dos dois e com votos do PSDB, Eduardo Cunha tem jogado gasolina na fogueira.

No tempo em que os militares falavam, um hierarca disse ao marechal Castello Branco que seus adversários estavam unidos contra o inimigo comum.
— E quem é o inimigo comum? — perguntou Castello.
— É o senhor.
— Eu, não. É o Erário.

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, provavelmente será denunciado ao Supremo Tribunal pela Procuradoria-Geral da República. Ele acredita que há nisso o dedo do Planalto. Difícil, pois pode-se dizer tudo da doutora Dilma, menos que tenha interferido nos trabalhos do Ministério Público. Para quem não gosta do PT, de Lula e muito menos de Dilma, Eduardo Cunha dá a impressão que lhes faz oposição, mas suas iniciativas agravam a crise econômica e radicalizam a crise política. É verdade que a doutora enfrenta a própria ruína exercitando uma megalomania do fracasso, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

Tudo bem: Fora Dilma. Para botar Michel Temer no lugar, “alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos”? Olhando-se para a oposição, nem a alma de Dom Eugenio Sales seria capaz disso. Um pedaço do PSDB quer Temer. Outro quer anular o pleito que o elegeu. Um terceiro quer novas eleições. Isso deixando-se de lado a facção interessada em tirar o parlamentarismo da tumba em que foi colocado por dois plebiscitos.

Há dois fenômenos em curso. O primeiro, visível, é a rejeição a Dilma Rousseff e ao PT. O segundo, encapuzado, é uma tentativa de botar fogo num circo onde o Ministério Público e o Judiciário estão na jugular da oligarquia política e empresarial do país. Donos das grandes empreiteiras financiadoras dos grandes partidos foram para a cadeia, a Lava-Jato prendeu 112 pessoas e 23 delinquentes colaboram com as investigações. Nem todas as roubalheiras nasciam e desaguavam no PT. João Augusto Henriques, por exemplo, era um operador do PMDB e indicou Jorge Zelada para uma diretoria da Petrobras. O juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia oferecida contra ele pelo Ministério Público. Henriques estava no radar da investigação há pelo menos sete meses.

Bater panela ou ir para a rua pedindo que Dilma vá embora pode fazer bem à alma, até porque o instrumento do impeachment está previsto na Constituição. Ele precisa de dois terços dos votos da Câmara e do Senado. Para se chegar a esse número será preciso identificar o inimigo comum. Para milhões de pessoas, é Dilma. Umas poucas incomodam-se com a lógica do marechal Castello Branco.

Fonte: Elio Gaspari – jornalista – O Globo