Tolerância libertadora, então, significa intolerância com movimentos da Direita, e tolerância com movimentos da Esquerda.
Herbert Marcuse. (Escola de Frankfurt).
Porte de arma deveria ser proibido para
pessoas de bem, até porque, segundo eles, pessoas de bem não existem.
Existem e importam apenas aqueles que querem nos empurrar o “bem maior”
que é algo que não deve ser questionado. Já para o pessoal ideológico, o
porte de armas pode até ser ostensivo sem problemas: só eles precisam
de segurança. Suas vidas valem mais que as nossas.
Mas esse porte já se discute há muito
tempo e sempre há tendências totalitárias que querem desarmar o porco
espinho para os leões poderem fazer a festa... Hoje estou falando de
outro, que eles acham que é mais perigoso que pegar em armas: o porte de
VOZ. O porte de uma opinião própria que contrarie quem determina o que
é politicamente correto: a turminha da ideologia, da revolução, da
transformação social, de um tal “mundo melhor”[1]...
Minhas crônicas são tradicionalmente
curtas. Prefiro assim: é o meu estilo. Esta não será! Se não gosta de
ler coisas maiores e mais densas que um tuíte, sugiro ir ler outra
coisa. Esta será longa até para eu exercer o meu porte de voz o
suficiente para me satisfazer... Tenho que curtir o máximo enquanto
posso, enquanto não caçam o meu porte.
Critiquei ontem o famigerado “garantismo” penal[2],
doutrina consolidada por Aquele Italiano que não Deve Ser Nomeado.
Essa turma vive chamando os outros de “punitivistas” e, por vezes, até
de “fascistas” (como ensinou o genocida Stalin), alegando que “punir não
resolve”, “prender não resolve”. Mas... prossigamos...
É curioso que tem gente que acha que o
grande problema do país é a corrupção. Besteira! Como já explicou
algumas vezes meu amigo Motta, o maior problema do Brasil é a
impunidade: a corrupção é só uma das decorrências dela...
E o Brasil é engraçado. “Em se
plantando tudo dá”, segundo Pero Vaz. Mas o Brasil vai além da
agricultura nesse quesito. Plantando-se uma ideia no solo correto,
aquele que não oferece resistência ao arado, e por mais absurda que
seja, você verá brotar uma colheita maldita sob aplausos, sorrisos e
comemorações. Aqui nós vimos, deste a década de 80, o crime aumentar
com o laxismo penal e a cada ano o que se propõe é mais molezinha pra
bandido...
A Análise Comportamental e a Análise Econômica do Direito mostram bem isso[3]...
A consequência punitiva sempre vai gerar uma menor probabilidade de
repetição daquele padrão comportamental no futuro. E o que se faz por
aqui??? Quanto mais crime menos se pune e mais se propõe punir menos e
forma de evitar a prisão: e até o processo!!! Atribuem por vezes a
Einstein, por vezes a outros gênios, uma frase que define a estupidez
como continuar fazendo as mesmas coisas e esperar resultados
diferentes. Mas não precisa ser gênio para entendê-la e concordar com
ela. Não importa quem disse: isso é o básico de lógica...
E o pior é que a liderança dessa
turminha sabe disso. Eles entendem bem que punir faz diminuir o
comportamento do futuro: não só do punido (que recordará de sua história
comportamental), como das demais pessoas (que perceberão um contexto de
punição quando ocorre aquele comportamento). No Brasil, a história
comportamental do bandido e o contexto geral são de impunidade. Mas
essa turminha sabe, sim, que punir adianta: a questão é o QUE eles
querem punir.
Aliás, o que, não: QUEM, porque para o politicamente
correto, não importa o que se diz, mas quem diz. E os conservadores
devem ser calados, como ensinou, por exemplo, Marcuse: na frase que abre
esta crônica...
Briguet avisou que o crime sem castigo
levaria ao castigo sem crime. E hoje vemos isso: plantou-se a
impunidade para crimes e colhemos a punição para quem não praticou
crimes. E não só a punição com insegurança, medo, perda de
propriedades, de sonhos, de pessoas queridas... Prisão mesmo: e longa!
Hoje vemos, cada vez mais, a punição pra
quem não muda de pensamento adotando a narrativa politicamente correta e
a submissão ao establishment. A punição para quem não esconde dentro
de si as verdades proibidas pela narrativa. A punição para o
dissidente. O crime de pensamento, crimidéia: como profetizado por
Orwell. Hoje, nada é mais grave que discordar de ideologia extremista, e
os extremistas (estes os reais), usando da falácia do espantalho,
afirmam que os dissidentes são aquilo que não são, afirmam que os
dissidentes fizeram o que não fizeram.
Aí os criticam duramente pelo
falso ser ou falso fazer que inventaram, repetem histrionicamente, como
papagaios, palavras de ordem — que hoje são expressões como “discurso de
ódio”, “extremistas”, “fascistas”, “liberdade de expressão não é para
(...)”, sem sequer saberem o que significam – e querem punir os
dissidentes por isso: puni-los com a cadeia da qual querem tirar
traficantes, assaltantes, assassinos... Deve ser pra dar vaga pra isso
como Pessi já explicou narrando fatos antigos [4] e mostrando quem eram os “fascistas” segundo os comunistas...
Não à toa tantos “garantistas” apoiam
duras punições a crimes de opinião, mesmo que QUAISQUER deles não fossem
puníveis em razão de dispositivos constitucionais expressos e autoaceitáveis. Os malditos anos em que todos usaram
máscaras foram justamente aqueles em que mais máscaras caíram: e só
então percebemos quem já as usava muito antes da pandemia...
A corrupção do CP e do CPM nem é o pior
tipo de corrupção. Nem é o pior mal que o corrupto pode praticar. O
pior é quando ele se vale dela (ou até sem ela) para conseguir implantar
a corrupção da inteligência de que bem fala o Gordon, que não é o
Comissário amigo do Batman: muito embora até o Batman esteja correndo
perigo de ser desconstruído, ou ser calado, se resistir à
desconstrução...
“Assim
é narrada por Aleksandr Soljenítsin a chegada de seu grupo de
prisioneiros a um campo disciplinar -de “extermínio pelo trabalho” -da
União Soviética, no dia 14 de agosto de 1945 (coincidentemente, a
mesma data em que foi proclamada a rendição do Japão). A cena iria se
repetir no final do Verão e no Outono daquele ano em todas as
ilhas do “Arquipélago Gulag”, onde a chegada dos “fascistas”
abriria caminho para a libertação dos presos comuns (o que
incluía estupradores, assaltantes e traficantes e até mesmo
desertores), anistiados por Stalin. Mas quem eram os fascistas,
afinal? Eram os presos políticos enquadrados no artigo 58 do
Código Penal de 1926. Segundo observou Soljenítsin, não havia
debaixo da cúpula celeste conduta, desígnio, ação ou inação que
não pudesse ser punido pela mão pesada do art. 58. De seus
catorze parágrafos nenhum era interpretado “de maneira tão ampla
e com tão ardente consciência revolucionária como o décimo
–‘A propaganda ou agitação que contenham um apelo
ao derrubamento ou enfraquecimento do Poder Soviético... e também a
difusão, preparação ou conservação de literatura com esse mesmo
conteúdo’” –, cuja pena não possuía limite máximo!
Diego Pessi
Crux Sacra Sit Mihi Lux / Non Draco Sit Mihi Dux
Vade Retro Satana / Nunquam Suade Mihi Vana
Sunt Mala Quae Libas / Ipse Venena Bibas
(Oração de São Bento cuja proteção eu suplico)
P.S. Agora o livro 2020 D.C. Esquerdistas Culposos e outras assombrações tem uma trilha sonora com canções e músicas de filmes citados:
P.S.2: Compre o livro de crônicas.
Publicado no excelente portal Tribuna Diária, originalmente