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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Toffoli já condenou os supostos agressores de Moraes - VOZES

 Deltan Dallagnol

Justiça, política e fé

 Dias Toffoli Alexandre Moraes

Ministro Dias Toffoli autoriza Alexandre de Moraes, também do STF, a interferir no processo do qual o próprio Moraes é vítima| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil / Arquivo

“Um mau começo leva a um mau fim”, disse, muito sabiamente, o dramaturgo e poeta grego Eurípides (480-406 a.C). E nada recentemente teve um começo tão ruim quanto a investigação determinada pelo Supremo Tribunal Federal contra a família Mantovani, suspeita de agredir o ministro Alexandre de Moraes e seu filho na Itália
O que começou com um provável desentendimento entre as famílias na área vip do aeroporto de Roma está se tornando, aos poucos, um exemplo perfeito de como os donos do poder se utilizam do aparato estatal para, do topo de seus cargos, subjugar, oprimir e perseguir, de forma absurda, autoritária e ilegal, aqueles que os desagradam.
 
A mais recente e talvez pior ilegalidade desse caso foi a decisão do ministro Dias Toffoli, do STF, que autorizou o ministro Alexandre de Moraes, sua esposa e seus filhos a atuarem como “assistentes da acusação”, muito embora a Procuradoria-Geral da República não tenha sequer apresentado acusação formal contra alguém neste caso. 
Por que essa decisão demonstra que Toffoli já condenou a família Mantovani? 
A lei permite que as vítimas de crimes possam atuar durante a tramitação de uma ação penal para fazer valer seus direitos, podendo, por exemplo, sugerir provas, solicitar perícias, fazer perguntas às testemunhas, participar dos debates orais e recorrer das decisões.

A decisão de Toffoli que colocou Moraes como assistente de acusação tem um problema imenso que vai muito além da questão formal prevista na lei.

A lógica da lei é garantir que a vítima tenha voz no processo penal e possa atuar diretamente para impedir, por exemplo, a absolvição indevida de um criminoso. 
Por isso, só há assistente de acusação depois de se definir quem é vítima e quem é criminoso. Isso é definido no momento da acusação formal, da chamada “denúncia”, e não quando o caso ainda está na fase de investigação.
 
De fato, é no momento da denúncia que o Ministério Público aponta sua conclusão sobre a investigação, acusando alguém da prática de um crime e indicando as provas que o levaram a tal conclusão. 
Assim, é só a partir desse momento da “denúncia” que se sabe quem foi o autor do crime e quem foi a vítima. 
Antes da denúncia, há meras hipóteses a serem investigadas. 
Nesse sentido, o Código de Processo Penal é claro, no artigo 268, ao estabelecer que o assistente de acusação pode atuar nas fases da “ação pública”, que se instaura após o juiz receber a denúncia feita pelo Ministério Público.

O relator do caso no STF já adotou um lado: o de Moraes. Toffoli mandou às favas a investigação das duas hipóteses e já prejulgou qual é a verdadeira.

A razão disso tudo fica clara no caso da família Mantovani: como está na fase de investigação, nem a polícia nem o Ministério Público chegaram a conclusões sobre o que de fato aconteceu. 
Sobre a suposta agressão no aeroporto de Roma, há acusações trocadas de lado a lado. 
Há, por isso, duas versões ou hipóteses investigativas.
 
De um lado, o ministro Alexandre de Moraes diz que foi chamado de “bandido” e “comunista” e afirma que o empresário Roberto Mantovani teria dado um tapa em seu filho e derrubado seus óculos. 
Se essa versão se confirmar, a família Mantovani pode ser acusada como criminosa e o ministro e sua família seriam vítimas.
De outro lado, a família Mantovani diz que eles foram xingados e agredidos verbalmente pelo ministro. Um vídeo da briga que mostra Alexandre de Moraes chamando alguém de “bandido” foi divulgado recentemente nas redes sociais.  
Se essa versão se confirmar, é o ministro que pode – em tese, se a Justiça fosse cega – ser acusado como criminoso, enquanto a família Mantovani seria vítima.
 
O caso pode acabar ainda com um choque de versões, o famoso “diz que-diz que”, a palavra de um contra a do outro. 
Nesse caso, ninguém será considerado acusado e ninguém será considerado vítima. 
O caso será arquivado por não haver provas suficientes que permitam chegar à conclusão sobre o que aconteceu.
 
A decisão de Toffoli que colocou Moraes como assistente de acusação tem um problema imenso que vai muito além da questão formal prevista na lei. O problema é que ela demonstra que o relator do caso no STF já adotou um lado: o de Moraes. 
Toffoli mandou às favas a investigação das duas hipóteses e já prejulgou qual é a verdadeira. 
Ao aceitar o ministro como assistente de acusação, Toffoli passa uma mensagem clara de que Moraes e sua família são as vítimas, descartando por completo os depoimentos da família Mantovani, que passaram a ser tratados como criminosos antes da conclusão das apurações. 
É quase como se a família Mantovani já tivesse sido denunciada, julgada e condenada, e o STF estivesse apenas cumprindo os passos de um checklist para, no fim, poder colocar todos na cadeia e jogar a chave fora, num julgamento em tempo recorde e com penas desproporcionais como fez quando julgou inimigos da Corte como Daniel Silveira e os réus do 8 de janeiro.

Vemos o esfacelamento do império das leis, substituído gradativamente pelo império das pessoas, dos donos do poder no Brasil.

Nesta segunda-feira (30), a PGR recorreu da decisão de Toffoli, afirmando, corretamente, que se tratava de um privilégio pessoal incompatível com a democracia admitir Alexandre de Moraes como assistente de acusação, além de ser um desrespeito às funções constitucionais do Ministério Público, único órgão com poder de dar início à ação penal.

O prejulgamento do Estado contra a família Mantovani transpassa todo esse caso. 
Embora haja diferentes versões do episódio, foi a família Mantovani que foi recebida pela Polícia Federal assim que chegou ao Brasil e foi levada para prestar depoimento. 
O mesmo não aconteceu com o ministro Alexandre de Moraes. Em seguida, houve um direcionamento ilegal do caso para ser julgado pelo amigo – ops, é que ele tem fama de “amigo” – colega Toffoli no STF
Os Mantovani são cidadãos comuns, empresários, sem foro privilegiado. Não há foro privilegiado pela condição da suposta “vítima”.  
É um absurdo que o colega de Moraes julgue o caso.

Já tínhamos visto corruptos usurparem o poder, agora vemos a escalada do arbítrio judicial.

Os Mantovani foram, também, alvos de medidas invasivas como buscas e apreensões, o que é absolutamente sem precedentes na história do Brasil para investigar um possível xingamento. 
Em 18 anos como procurador, jamais vi nada parecido para apurar crimes contra a honra. 
A medida tem cara de pesca probatória (fishing expedition) para procurar outra coisa que incriminasse a família. Não houve buscas sobre o ministro Alexandre.
 
Como se já não fosse muito, as imagens do aeroporto chegaram ao Brasil, mas Toffoli negou acesso à defesa para cópia e impôs sigilo sobre o material, quando, como bem afirmou a Procuradoria-Geral da República, não há razão para sigilo. Fica feio, mais uma vez. 
Parece que se quer controlar a versão dos fatos que vai a público. 
A decisão de Toffoli pode ter a ver com o fato de que a polícia italiana desmentiu a versão do ministro Alexandre, ao dizer que não houve agressão ao filho do ministro, apenas um leve encostar nos óculos do rapaz. 
Segundo os advogados dos Mantovani, as autoridades italianas não enxergaram crime no imbróglio.
E em mais uma demonstração de falta de imparcialidade da atuação da Justiça, a polícia judiciária brasileira quebrou os protocolos no seu trabalho. A análise das imagens foi feita por um agente, e não por um perito.  
Um perito acusou a irregularidade e foi instaurada uma investigaçãonão contra quem cometeu a irregularidade, mas contra o perito que a apontou! Segundo a revista Veja, o diretor-geral da Polícia fez chegar a tal perito a mensagem de que ele estaria atrapalhando e ajudando os supostos agressores de Moraes. 
Se isso for verdade, mostra, para além da parcialidade do trabalho da polícia, uma interferência política do governo Lula nas investigações, em favor de Moraes.
 
Tudo é muito grave. O recurso da PGR é um alento, mas vemos o esfacelamento do império das leis, substituído gradativamente pelo império das pessoas, dos donos do poder no Brasil.  
Já tínhamos visto corruptos usurparem o poder, agora vemos a escalada do arbítrio judicial.

Pobre país. Já houve imensas injustiças cometidas na cúpula do Judiciário, sucedendo àquelas do Congresso, mas ainda há tempo de evitar que mais essa investigação, que teve um péssimo início, tenha um final pavoroso reservado para os inimigos do STF: penas injustas e desproporcionais para pessoas sem culpa demonstrada.

Deltan Dallagnol, coluna na Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Deputado pede a Moraes que Lula seja incluído em investigação sobre joias

Relógio recebido pelo petista em 2005 não consta na lista de presentes entregue ao TCU; parlamentar já apresentou projeto para anistiar Bolsonaro

O deputado federal Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja investigado no inquérito que apura ilegalidade envolvendo joias recebidas em viagens oficiais do então presidente Jair Bolsonaro.

A justificativa do parlamentar é que um relógio de pulso da marca Piaget, avaliado em 80 mil reais, não foi registrado pelo petista no Tribunal de Contas da União (TCU). 
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o item não consta na lista dos 568 presentes declarados quando Lula deixou o cargo. Em uma live, o petista afirmou ter recebido o acessório do então presidente da França, Jacques Girard, em 2005. 

O deputado, apesar de ser de um partido da base do governo Lula, é apoiador de Bolsonaro. Ele foi um dos parlamentares que assinaram um projeto de lei que concede anistia a quem foi considerado inelegível por conta de crimes eleitorais — a medida é uma tentativa de bolsonaristas de ajudar o ex-presidente, considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A proposta apresentada por ele agora tem a intenção de embaralhar a apuração em torno das irregularidades envolvendo Bolsonaro. “Se há investigação em curso de suposta irregularidade nas joias ganhadas por Bolsonaro, na mesma esteira, deve ser investigado, sem lado partidário, nos que Lula recebeu também”, afirmou Valadares. [qual o amparo legal para não investigar o atual presidente petista?] O pedido tem pouquíssima chance de prosperar.

Bolsonaro e seu entorno são foco de uma investigação da Polícia Federal que apura um suposto esquema de negociação ilegal de joias. Um dos itens recebidos, um relógio Rolex, chegou a ser vendido para uma loja nos Estados Unidos, mas foi comprado pelo advogado do ex-presidente, Frederick Wassef, após um pedido de devolução do TCU. Como VEJA mostrou, o ex-ajudante de ordens da presidência, general Mauro Cid, pretende confessar que negociou as joias a mando do ex-chefe e que repassou a ele o dinheiro. 

Gente - Coluna em VEJA

 



sexta-feira, 30 de junho de 2023

Em documento sigiloso, vice-PGR Lindôra Araújo dispara contra Moraes e PF

A vice-procuradora-geral da República faz críticas contundentes ao ministro do STF e desqualifica o trabalho da Polícia Federal no caso Mauro Cid

 Quem é Lindôra Araújo, a procuradora aliada de Aras que comanda a Lava Jato  e o 'Covidão' - BBC News Brasil
 DESPACHO - Lindôra: críticas pesadas à atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal 
 
Responsável por inquéritos que envolvem deputados, senadores e até o ex-presidente Jair Bolsonaro com a disseminação de notícias falsas e prática de atos antidemocráticos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), há quatro anos vem colecionando uma legião de admiradores e desafetos. 
Para o primeiro grupo, o dos admiradores, a atuação do magistrado evitou um retrocesso político de consequências imprevisíveis, especialmente depois do dia 8 de janeiro, quando criminosos invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. 
Para os críticos, as decisões do ministro têm atropelado sistematicamente garantias constitucionais em nome de um suposto esforço em preservá-las. Um documento sigiloso a que VEJA teve acesso mostra que esse embate deve ganhar um capítulo explosivo nas próximas semanas.
 
Nele, a Procuradoria-Geral da República insinua que Alexandre de Moraes autorizou procedimentos ilegais, decretou prisões sem fundamento e tentou promover o que na Justiça se chama de “pesca probatória”, uma diligência autorizada sem um fato que a justifique, tendo como objetivo real colher alguma prova aleatória de um crime. Como se sabe, a Polícia Federal prendeu no início de maio o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação, determinada por Alexandre de Moraes, ocorreu no bojo de uma investigação que apurava a participação do militar num caso de falsificação de cartões de vacinação. 

CONTRA - “Pescaria”: segundo Lindôra, diligência sem um fato que a justifique
CONTRA - “Pescaria”: segundo Lindôra, diligência sem um fato que a justifique (./.)  
 
Na ocasião, também por determinação do ministro, foram apreendidos os telefones dele e da esposa. Nos aparelhos, foram encontrados documentos que delineavam o planejamento de um golpe de Estado e mensagens de texto com pregações golpistas. Para a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, que assina o documento, essa sequência de eventos foi uma típica “pescaria” por parte do ministro. 

Segundo a procuradora, não havia nenhuma justificativa plausível para a prisão preventiva do ex-ajudante de ordens e de outros dois ex-auxiliares de Jair Bolsonaro também envolvidos no caso das carteiras de vacinação, Max Moura e Sérgio Cordeiro. “Os elementos apontados são por demais incipientes a recomendar quaisquer diligências ou medidas em face dos investigados, sob pena de se validar a pesca probatória, à semelhança de outras investigações em curso no âmbito do Supremo Tribunal Federal”, escreveu Lindôra.  Braço direito do ex-presidente durante os quatro anos de governo, Cid está preso preventivamente há dois meses.
 
ACUSADO - Mauro Cid: o coronel está preso há dois meses num quartel do Exército em Brasília
 
ACUSADO - Mauro Cid: o coronel está preso há dois meses num quartel do Exército em Brasília (Marcos Corrêa/PR)
 
Convencido de que havia um movimento orquestrado de deslegitimação da Justiça, o Supremo abriu, em 2019, uma investigação para apurar a disseminação de fake news e ofensas à honra dos ministros. Com o passar do tempo, foram instaurados novos inquéritos que tinham algum tipo de afinidade com a ação original milícias digitais, atos antidemocráticos e o quebra-quebra de 8 de janeiro —, que também ficaram sob a relatoria de Moraes. 
Na ofensiva contra o ministro do Supremo, Lindôra insinua que Alexandre inflou o caso de Mauro Cid com episódios estranhos ao processo, como uma reportagem que mostra que o ex-ajudante de ordens pagava despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o que não teria nada a ver com a falsificação dos cartões de vacinação. O objetivo, segundo ela, seria ampliar o raio de suspeição sobre o antigo auxiliar de Bolsonaro e “criar um link com a prática de delitos financeiros, envolvendo o círculo social de parentes do ex-chefe do Poder Executivo”. 
 
Numa defesa absolutamente atípica de um acusado, algo raro por parte do Ministério Público, Lindôra Araújo também aponta deslizes procedimentais que, em sua avaliação, sugerem precipitação de Moraes em imputar responsabilidades golpistas a personagens ligados a Bolsonaro. 
Ela reclama de o ministro ter autorizado a análise do e-mail pessoal de Mauro Cid sem um pedido formal da Polícia Federal, enumera a falta de formalização de atos processuais e questiona a forma como os investigadores teriam concluído que um golpe de Estado havia sido cogitado nos estertores do governo passado. Em duras palavras, a procuradora desqualifica completamente o relatório produzido pela Polícia Federal. “Trata-se de redação de cunho crítico que até poderia ser encontrada em mesas de cursinhos preparatórios para o vestibular”, provoca ela, referindo-se aos rascunhos encontrados no telefone de Cid.
 CRÍTICAS - Prisões: para a procuradora, antecipação de cumprimento da pena
CRÍTICAS - Prisões: para a procuradora, antecipação de cumprimento da pena (./.)
 
No documento dirigido ao ministro Alexandre de Moraes, a procuradora ressalta ainda que, ao decretar a prisão do ex-ajudante de ordens e de dois ex-as­sessores de confiança de Bolsonaro, o ministro flerta com a “prisão para averiguação”, uma prática proibida amplamente utilizada no regime militar em que alvos eram detidos aleatoriamente em locais públicos e encaminhados para uma unidade policial. 
Lindôra também critica as conclusões tiradas a partir das mensagens encontradas no celular do coronel. Afirma que elas se resumem a “mero diálogo entre pessoas comuns, desprovidas de conhecimento jurídico ou político suficiente para arquitetar um golpe de Estado”. Os documentos e as mensagens são considerados pelos investigadores como as evidências mais contundentes até agora sobre a suspeita que paira em relação ao envolvimento do ex-presidente no plano golpista.
 
PROCESSO - Enxertos: para Lindôra, fatos sem relação com o ex-presidente
PROCESSO - Enxertos: para Lindôra, fatos sem relação com o ex-presidente (./.)
 
Numa visão diametralmente oposta à gravidade dos fatos, a procuradora considera que os diálogos estão longe de representar a ameaça vislumbrada por Alexandre de Moraes e não passariam de “uma simples troca de informações apenas e tão somente entre os interlocutores, sem contato com qualquer pessoa com condições de executar” um atentado à democracia. “São posturas especulativas que poderiam ser encontradas nos dispositivos móveis de grande parte da população brasileira, sob o contexto de intensa polarização do debate político à época das eleições de 2022”, diz ela sobre as conversas recuperadas, que incluem apelos do coronel Jean Lawand Junior por uma ordem do presidente da República para a deflagração da intervenção golpista. 
Lotado em uma subchefia do Esta­do-Maior do Exército, Lawand prestou depoimento na CPI do 8 de Janeiro na última terça-feira e explicou que as mensagens que encaminhou a Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência da República, nada mais eram que resultado do medo de “convulsão social” após a derrota de Bolsonaro. A explicação, por óbvio, não convenceu ninguém. 

De perfil conservador, Lindôra Araújo era (até aqui pelo menos) braço direito do procurador-geral Augusto Aras. Nos últimos anos, partiram de sua mesa várias decisões favoráveis a Jair Bolsonaro, a aliados e ao governo. Recentemente, a procuradora isentou o ex-presidente de participação na fraude dos cartões de vacinação, quando a polícia descobriu que Cid havia falsificado o certificado de vacina do chefe contra a Covid-19. Designada para atuar no caso do ex-ajudante de ordens, ela já havia sido contra a etapa mais decisiva da investigação a determinação expressa do ministro para prender o tenente-coronel, medida que, na avaliação dela, foi um exagero. Na peça endereçada a Moraes, ela pede, mais uma vez, a liberação de Mauro Cid e dos outros dois assessores, argumentando que a prisão preventiva não se sustenta, considerando-se que “não há nos autos indícios concretos de que voltarão a delinquir”, criticou.
 
 PAGAMENTOS - Michelle: de acordo com a procuradora, o objetivo seria envolver a ex-primeira-dama em delitos financeiros
 PAGAMENTOS - Michelle: de acordo com a procuradora, o objetivo seria envolver a ex-primeira-dama em delitos financeiros (Andre Borges/EFE)
 
Nenhuma das considerações de Lindôra Araújo precisa ser acatada por Alexandre de Moraes — e provavelmente não serão. Mesmo no entorno do militar, os pedidos inseridos no mais duro libelo contra a atuação do ministro são considerados otimistas demais. E existe uma razão evidente para isso. Sob os olhos de Moraes, Mauro Cid, seus documentos, suas mensagens e, principalmente, seus segredos ainda não revelados continuam sendo o caminho mais promissor para punir os golpistas. [Opinião de um leigo em português e no juridiquês: GOLPISTAS - não são aqueles que praticaram um golpe? Houve golpe no Brasil em 2022 e/ou 2023?] Todos eles.
 
Publicado em VEJA, edição nº 2848,  de 5 de Julho de 2023
 
 ÍNTEGRA DA MATÉRIA em Política - Revista VEJA
 
 

terça-feira, 25 de abril de 2023

Moraes se encontra com Lira e Pacheco para falar sobre o ‘Projeto da Censura’

Entre outras coisas, a proposta pretende punir a disseminação de fake news com até três anos de prisão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai se encontrar nesta terça-feira, 25, com os presidentes da Câmara e do Senado: Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), respectivamente. O magistrado pretende dar algumas sugestões acerca do Projeto de Lei (PL) 2.630/2020, mais conhecido como PL da Censura.

Um requerimento para que o PL seja votado com regime de urgência será pautado na quarta-feira 26 na Câmara — sendo necessários 257 votos. Caso seja aprovada a urgência, o PL pode ser debatido e votado no dia seguinte.

Proposto pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), o PL da Censura foi aprovado pelo Senado em 2020. Inicialmente, Moraes vai conversar com Lira às 15 horas. Em seguida, com Pacheco, às 15h45.

A versão mais recente do projeto prevê que os políticos não podem bloquear os seguidores em seus perfis oficiais nas redes sociais e que aplicativos de mensagens precisam limitar a distribuição em massa de conteúdos.

Além disso, estabelece uma multa entre R$ 50 mil e R$ 1 milhão, por hora, para empresas que não cumprem as decisões judiciais para a remoção imediata de um “conteúdo ilícito”. A divulgação de fake news também será punida com até três anos de prisão. [não conhecemos o inteiro teor do projeto, nem estamos capacitados a avaliá-lo, mas, entendemos que alguma instituição vai ficar encarregada de decidir o QUE É VERDADE e o QUE É MENTIRA - algo nos moldes do 'ministério da verdade', do livro 1984 - já que sem ser decidido o QUE é o QUE, desaparece a figura das 'fake news.

Entendemos em nosso raciocínio de leigos, que tal decisão tem que ser tomada por um colegiado  formado por diversas 'especialistas' nos vários temas e, o ÓBVIO ULULANTE, tem que haver um conjunto de normas escritas e aprovadas pelo Congresso Nacional que fixe parâmetros e limites para que os integrantes do 'ministério da verdade' possam ecercer suas atribuições.

Cabe perguntar: cabe recurso ao Poder Judiciário das decisões do  'ministério da verdade'.?

É O QUE PENSAMOS.]

Deputados independentes e da oposição defendem a criação de uma comissão especial para debater o projeto. Mas o governo enxerga isso como uma forma de adiar a votação da proposta.

Redação - Revista Oeste


terça-feira, 18 de abril de 2023

Moraes e Toffoli votam para tornar 100 golpistas réus no STF

Os dois ministros do STF decidiram aceitar as denúncias da PGR

Alexandre de Moraes e Dias Toffoli já apresentaram votos, no julgamento virtual iniciado nesta terça, para analisar denúncias apresentadas pela PGR contra 100 investigados pelos ataques de 8 de janeiro em Brasília. [em nossa opinião não foi surpresa os votos dos dois supremos ministros = afinal, Toffoli criou o 'inquérito do fim do mundo' que  Moraes tem adubado com esmero.
Ao nosso ver, falta agora tipificar, naturalmente apresentando provas de que os réus cometeram crimes e, por uma questão de Justiça incluir o 'general da banda' Stédile no famoso inquérito, visto que os delitos do facínora que dirige o MST estão tipificados no Código Penal, já os supostos atos golpistas não constam nas leis brasileiras.]

Os dois ministros do STF decidiram aceitar as denúncias e tornar os investigados réus por incitação pública a prática de crime, associação criminosa e omissão. Os demais integrantes do Supremo têm até o dia 24 para votar no plenário virtual.

 Coluna Radar - Revista VEJA

sábado, 1 de abril de 2023

Moraes entrega ao TSE perícia com ‘donos’ de digitais em minuta golpista - Malu Gaspar

Rafael Moraes Moura - O Globo

Relator do inquérito dos atos antidemocráticos que culminaram com a invasão e a depredação da sede dos três poderes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou nesta semana ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o resultado dos exames periciais com os nomes das pessoas que deixaram digitais na minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

O envio atendeu a uma decisão do ministro Benedito Gonçalves, relator das 16 ações que investigam a fracassada [Em nossa opinião os termos sabotada, perseguida, definem melhor] campanha de Jair Bolsonaro à reeleição e que podem tornar o ex-presidente inelegível.

De acordo com a PF, foram identificadas no documento as digitais do escrivão da Polícia Federal Marcos Gomes Quijano e da advogada Ângela Macedo Menezes de Araújo, que acompanharam a operação de busca e apreensão na residência de Anderson Torres, realizada dois dias após os atentados terroristas em Brasília. [em nossa opinião, para evitar que desavisados confundam  a minuta em questão com a minuta  alimento = prato preparado no momento, no minuto, informamos o óbvio: "rascunho, borrão, primeira redação de qualquer escrita oficial,  contrato, correspondência, etc,  que, depois de revisto, corrigido, se for o caso,e aprovado, tem de ser passado  a limpo."
 Portanto, ao  nosso entendimento, minuta está mais para  exposição rascunhada de pensamentos e pensar, ato que  no Brasil e demais países democráticos não é crime.]

A informação de que a perícia identificou as digitais de um integrante da PF e de um advogado de Torres já havia sido antecipada pela coluna, mas os nomes de quem tocou na minuta ainda não haviam sido revelados. O teor da perícia está sob sigilo, mas a coluna apurou a informação com fontes que acompanham de perto a investigação.

A advogada confirmou à equipe da coluna que as digitais eram dela. “Eu estava lá, na busca e apreensão e é totalmente natural que as minhas digitais estivessem no documento que eu manuseei, assim como as do escrivão.”

Malu Gaspar, colunista - O Globo - MATÉRIA COMPLETA


segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 Discurso misterioso de Bolsonaro trouxe um recado a Moraes

O discurso enigmático, dúbio e golpista de Bolsonaro na sexta-feira, 9, também trouxe um recado velado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

É claro que o presidente não perderia a chance de expor mais uma vez suas ideias infundadas diante de seus seguidores fanáticos. “Nós estamos lutando – quando eu falo nós – sou eu e vocês – pela liberdade até daqueles que nos criticam. O Brasil não precisa de mais leis, o Brasil precisa que suas leis sejam efetivamente cumpridas. Nós temos assistido, dia após dia, absurdos acontecerem aqui em nossa pátria”, afirmou.

Bolsonaro volta a falar de liberdade. Para ele, Moraes é um dos principais “inimigos” dessa liberdade que ele jura defender. Além disso, ao dizer que ele e o povo tem assistido “absurdos acontecerem aqui em nossa pátria”, estava se referindo às decisões de Moraes que, segundo os bolsonaristas, são absurdas.

É o que a coluna apurou com interlocutores do presidente. [até que estávamos levando em conta a possibilidade de pelo menos nesta matéria, o jornalista militante estar sendo leal ao seu compromisso com a verdade = ao que entendemos DEVER PRIMEIRO E MAIOR dos jornalistas que honram a profissão; 
mas, a partir do momento que ele se valeu do termo  = interlocutores do presidente = para explicar a origem do que a matéria narra, passamos a ter a certeza de estar o jornalista apresentando uma narrativa para justificar o uso de inverdades das quais se valeu para cumprir a pauta. 
Aliás muitas jornalistas se valem de frases do tipo para expressarem desejos pessoais como fatos.
De qualquer modo,  vamos transcrever o que o jornalista escreveu, mas reduzindo apreciavelmente o nível de credibilidade.]

Há meses, o ministro Alexandre de Moras tem travado uma batalha incansável para defender a Constituição. [Em nossa opinião o autor da matéria parece ter a convicção de que não fosse o esforço do ministro Moraes a Constituição já teria sido destruída.] Temos a convicção de que  Bolsonaro tem razão. As leis do país precisam ser efetivamente cumpridas e é isso que Moraes está tentando fazer.

O ministro tem atingido o bolsonarismo em cheio, como no pedido de afastamento de um prefeito e na determinação da prisão de um empresário ligado aos movimentos antidemocráticos em frente aos quartéis. [Sugerimos ler: O novo superpoder do Supremo: afastar prefeitos - Alexandre Garcia. Outra também do Garcia: Depois de ser Câmara de Vereadores, Alexandre de Moraes agora quer ser Detran.]

O presidente também lembrou a facada que levou em 2018, em mais um discurso que tem repetido há anos. “Estou há praticamente 40 dias calado. Dói, dói na alma. Sempre fui uma pessoa feliz, no meio de vocês, mesmo arriscando a minha vida no meio do povo, como arrisquei em Juiz de Fora, em setembro de 2018”, disse.

De frente para os seus apoiadores, que compram todas as suas teorias estapafúrdias, Bolsonaro ainda falou que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo. O mandatário disse que “hoje estamos vivendo um momento crucial, uma encruzilhada” e chamou os dias após a eleição de “provação”.

O discurso de sexta mostra, mais uma vez, o despreparo de Bolsonaro para o cargo de presidente da República. Mesmo tendo sentado na cadeira por 4 anos, a postura ainda é distante do que deveria.  O presidente falou a alguns poucos apoiadores e o restante do país continua sem uma satisfação de seu líder. Triste forma de encerrar um governo que será lembrado pela ineficiência e descaso com o povo. [qualquer análise séria e imparcial mostrará que apesar de uma pandemia, dos boicotes, até mesmo sabotagens, que seu Governo sofreu, o Brasil sob Bolsonaro está bem melhor do que o que ele recebeu = e notem  que o Temer conseguiu fazer alguns ajustes na área econômica que tornaram menos maldita a herança que ele recebeu da 'engarrafadora de vento', Dilma Rousseff.] 

Matheus Leitão - Coluna em VEJA


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Moraes empareda PL e pede que legenda inclua em sua ação contra urnas votos no 1º turno

Partido de Bolsonaro foi ao TSE para pedir invalidação de votos nas eleições de 2022 

Brasília

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, determinou que o PL adicione em seu pedido de anulação de votos as urnas eletrônicas também utilizadas no primeiro turno das eleições.

Nesta terça-feira (22), o partido do presidente Jair Bolsonaro decidiu pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) —mesmo sem apresentar provas de fraude— a invalidação de votos depositados em urnas que, segundo a legenda, apresentaram "desconformidades irreparáveis de mau funcionamento". [o militante da Folha, já inicia o artigo criticando o PL, critica expressa no trecho "mesmo sem apresentar provas de fraude—" mas doze palavras adiante se contradiz dizendo "... segundo a legenda apresentaram "desconformidades irreparáveis de mau funcionamento...", em ação que nos parece ter a intenção de desacreditar o relatório do PL = procurando criar a narrativa de que o PL acusa o sistema eleitoral de fraude sem apresentar provas. MENTE, ou conforme a denominação em moda comete o crime de fake news: Se o PL não acusa o sistema eleitoral de fraude, não tem cabimento a crítica infundada do ilustre jornalista à legenda por não apresentar o que não é necessário. 

Pouco depois do anúncio, Moraes determinou o aditamento do pedido no prazo de 24 horas. "As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022. Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas", decidiu o ministro.

Ao ampliar o escopo da ação do PL, Moraes busca emparedar o partido. A legenda de Bolsonaro foi a que mais cresceu nas eleições e, no primeiro turno do pleito, se converteu na maior bancada na Câmara (99 deputados) e no Senado (14 senadores). Ou seja: caso insista na tese, o PL estaria endossando uma ação judicial que, em tese, tem potencial de prejudicar as vitórias eleitorais do próprio partido. [Em nossa opinião, leiga, apresentamos adiante três opiniões: 
1 - sendo um magistrado -  preso ao compromisso de agir de forma imparcial, justa -  o ministro Moraes não se sentiria à vontade buscando "emparedar" uma parte em uma ação em fase inicial,  provavelmente ainda sem elementos para uma posição do julgador;
2 - entendemos que o PL optou por questionar apenas o segundo turno, em face de que no primeiro turno, etapa em que o PL elegeu vários parlamentares - cargo para o qual o critério de escolha é o ditado pelo sistema PROPORCIONAL, cujas características podem não ser influenciáveis pelas inconsistências apontadas pela legenda.
Já o segundo turno contemplou exclusivamente os cargos cuja escolha é pelo sistema MAJORITÁRIO, que aponta a classificação dos dois candidatos - o que, ao nosso ver, torna essencial a comprovação de que as urnas funcionaram perfeitamente.
3 - a exigência do ministro Moraes, do aditamento à  petição inicial de que o pedido abranja ambos os turno além de desnecessária - o turno contestado é o segundo - ignora que conceder o exíguo prazo de 24 horas para arrolar mais de 200.000 urnas é cercear de forma abusiva, arbitrária, o direito do Partido Liberal de exercer faculdade que lhe é conferida pela Constituição Federal, artigo 14 § 10.
Ou, no limite, obrigar o partido a arrolar as urnas que já integram a petição em questão, como as utilizadas no primeiro turno - caso padeçam de alguma falha detectada no segundo turno, também tiveram o mesmo problema no primeiro turno (com a ressalva de não ser a falha importante, por razões já expostas, no primeira etapa.
É o que pensamos.] 
 
Eleições 2022 - Folha de S. Paulo