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quinta-feira, 25 de agosto de 2022

DIA DO SOLDADO MENSAGEM DO COMANDANTE DO EXÉRCITO

Mensagem do comandante do Exército para o Dia do Soldado 2022

Texto assinado general Marco Antônio Freire Gomes relembra e comemora os feitos do "Exército de Caxias".


DIA DO SOLDADO – 25 DE AGOSTO

Caxias, o “Patrono do Exército”, Vive!

Na data em que reverenciamos o “Duque Imortal”, saudamos os Soldados da Força Terrestre de todas as épocas, por sua dedicação, seu profissionalismo e seu patriotismo. O juramento de “defesa da Pátria com o sacrifício da própria vida” é o maior compromisso que um cidadão pode assumir. Sinto-me honrado e gratificado em compartilhar com vocês os mesmos ideais e tradições que perpetuam, ao longo dos séculos, a nobreza do Exército de Caxias.

Caxias Vive! Vive mercê de seu irretocável histórico de vida castrense e civil demonstrado nas suas ações, no caráter íntegro, no desejo de servir, na coragem física e moral e na liderança nata do mais insigne dos Soldados Brasileiros.

Caxias Vive! Vive na simplicidade, na humanidade e no altruísmo, evidenciados nas invictas campanhas e profícuas negociações que o credenciaram ao título de “Pacificador do Brasil”. Sua firme atuação e constante presença em momentos decisivos, certamente foram esteio e amálgama na consolidação do espírito nacional, descortinando um futuro grandioso para a Nação Brasileira.

Caxias Vive! Vive no espírito de Guararapes quando, irmanados pelo inédito ideal de Pátria, numa conjunção de raças, homens e mulheres, liderados por nossos patriarcas Barreto de Menezes, Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, Felipe Camarão, Henrique Dias e Antonio Dias Cardoso, souberam impor nossa Soberania aos invasores estrangeiros, que, desde então, jamais foi ou será aviltada. Nessa ocasião, brotavam, nos corações de nossos primeiros soldados, o patriotismo, o espírito de corpo e o comprometimento, valores esses tão caros a nosso patrono. Ali já havia Caxias!

  Caxias Vive! Vive na Independência do Brasil, quando o jovem tenente Luiz Alves de Lima e Silva, servindo no Batalhão do Imperador, travaria seu primeiro combate, dando mostras de seu destemor. O futuro Duque já demonstrava assim sua pujante liderança e espírito combativo e, da mesma forma que Maria Quitéria, primeira mulher a assentar praça em uma unidade militar em terras brasileiras, participou ativamente nos eventos que consolidaram nossa emancipação.

Caxias Vive! Vive nas vitórias pacificadoras contra as revoltas regenciais e liberais que ameaçaram a integridade e a paz no Brasil Imperial, e no heroísmo dos que o acompanharam e lutaram na Guerra da Tríplice Aliança: Sampaio, Osorio, Mallet, Villagran Cabrita, Bitencourt, Severiano da Fonseca e Antônio João, os quais escreveram páginas de glórias e sacrifícios em nossa história militar. Dona Rosa da Fonseca, patrono da Família Militar, perdeu três de seus filhos nessa árdua campanha. Na bravura, no desprendimento e na altivez desses heróis ecoou a liderança inconteste de Caxias, o Grande Comandante.

Caxias Vive! Vive na Proclamação da República, por meio dos feitos e da carreira exemplar de outro ilustre herói, o Marechal Deodoro da Fonseca, que foi ferido três vezes nos combates de Itororó, alcançou o último posto da carreira e foi o proclamador da República. Deodoro certamente teve em Caxias os exemplos de coragem, fé na missão e integridade que o alçaram ao nobre cargo de 1º Presidente da República.

Caxias Vive! Vive na figura excelsa e humana do Marechal Rondon que, desbravando o oeste brasileiro no início do século passado, assegurou a proteção aos nossos irmãos indígenas e contribuiu, assim como Caxias, para a integração nacional.

Caxias Vive! Vive nos mais de 25 mil combatentes da Força Expedicionária Brasileira que deixaram a segurança e o conforto de seus lares; cruzaram as águas do desafiador Atlântico e, destemidos, lutaram bravamente libertando dezenas de cidades do Velho Continente, sempre em defesa da Democracia. É a chama do valor combativo de Caxias inflamando e iluminando os passos de heróis como os Marechais Mascarenhas de Moraes e Castelo Branco, líderes que, ombreados a Frei Orlando, à Major Elza Cansanção, ao Tenente Apollo Rezk, ao Aspirante Mega e ao Sargento Max Wolff, demonstraram ao mundo a fibra e o valor de nossos inesquecíveis Pracinhas. “A cobra fumou!”

Caxias Vive! Vive no exemplo de atuação de nossos “capacetes azuis” nas missões da ONU, promovendo a paz e contribuindo para amenizar o sofrimento de povos irmãos! Desde 1947 nos Balcãs, mais de 45 mil militares do Exército representaram nossa Nação em diversas operações, com destaque para a participação na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti. Ali, como em todas as ocasiões, qualidades como o respeito à vida, a humildade, o zelo para com a dignidade humana e a magnanimidade, tão presentes em Caxias, afloraram espontaneamente, ressaltando a invejável nobreza de espírito e o profissionalismo de nossos Soldados.

Caxias Vive! Vive nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem, de Segurança da Faixa de Fronteira, de Garantia da Votação e Apuração, de Distribuição de Água e Perfuração de Poços, de Construção de Estradas, Pontes e Ferrovias, de Preservação do Meio Ambiente, de Combate a Pandemias e de Apoio Emergencial em Desastres Naturais. É a dedicação diuturna na proteção do solo pátrio, aliada à solidariedade, à probidade e à consciência de servir à Nação e a seu povo. Virtudes que ressurgem como motivação, inspirada nos feitos de nosso glorioso Patrono. É a “Mão Amiga” de Caxias sempre estendida a seus compatriotas.

Caxias Vive! Vive na eficiência operacional, na dedicação à profissão das Armas, na abnegação, no comprometimento, na seriedade, na responsabilidade e na integridade do soldado brasileiro, que, presente em todos os rincões desse sagrado solo, diuturnamente guarnece as fronteiras preservando nosso patrimônio, cônscios da imensa responsabilidade de preservar o legado do “Duque de Ferro” e de todos os heróis da Pátria. É o “Braço Forte” de Caxias fazendo-se presente!

Soldado Brasileiro! Se, em algum momento, verdades transfiguradas, notícias infundadas e tendenciosas ou narrativas manipuladas tentarem manchar nossa honra, na vã esperança de desacreditar a grandeza de nossa nobre missão, lembrem-se de que a calúnia jamais maculou a glória de Caxias. O bravo Guerreiro demonstrou que seu coração de Pacificador era ainda maior que a formidável têmpera de sua espada invencível.

Discípulos de Caxias! Mantenham a fé na missão de nossa Força! Continuem espelhando-se em nosso Patrono, o Marechal e glorioso Duque, sempre firmes e coesos, sob o sagrado manto da Hierarquia e da Disciplina, para que o Exército Brasileiro, perpétuo defensor dos interesses nacionais, permaneça servindo à Nação e seja reconhecido por seu patriotismo vibrante, pela busca da modernidade e pelo eficiente e permanente estado de prontidão na garantia de nossa Soberania! Que a Legalidade, a Legitimidade e a Estabilidade continuem como valores centrais, sempre em respeito ao Povo e a nossa amada Nação.

Lembremos que não há Liberdade sem Soberania, a qual para ser mantida, necessita de um Exército forte, capaz e respeitado.

Caxias Vive, hoje e sempre, na ALMA INQUEBRANTÁVEL do SOLDADO BRASILEIRO!
Sejam muito felizes!

BRASIL!
ACIMA DE TUDO!

Brasília – DF, 25 de agosto de 2022.

General de Exército MARCO ANTÔNIO FREIRE GOMES
Comandante do Exército


domingo, 27 de março de 2022

O soldado brasileiro morto em combate durante missão de paz na região do Canal de Suez - O Globo

Guerra dos Seis Dias

Quando deu no rádio que um soldado brasileiro ainda não identificado morrera num combate em Rafah, na região do Canal de Suez, no Oriente Médio, a gaúcha Alzira Ilha de Macedo escondeu o rosto com as mãos. Ela tinha certeza de que era seu filho. Um pouco mais tarde, veio a confirmação: o cabo Carlos Adalberto Ilha, de 20 anos, era o praça abatido numa ofensiva israelense contra guarnições árabes no começo da Guerra dos Seis Dias, em 5 de junho de 1967. Aos gritos, dona Alzira se abraçou a Leda Maria, sua filha que se casaria no dia seguinte.

O cabo Carlos Adalberto Ilha Macedo, morto em Rafah, na Guerra dos Seis Dias

O militar nascido no município de Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul, foi um dos cerca de 6 mil brasileiros que serviram no chamado Batalhão de Suez, enviado pelo Exército ao Oriente Médio como parte das Forças de Emergência das Nações Unidas, estas, por sua vez, criadas para dar garantir a paz na região do canal.

Crise e guerra: Um conflito de seis dias que moldou o Oriente Médio

Ilha estava em seu posto quando, na madrugada daquela segunda-feira, foi supreendido pelo ataque de tropas de Israel que, antecipando-se a um cerco de forças árabes, deu início à Guerra dos Seis Dias. Na artilharia contra os egípcios, os israelenses acabaram abatendo, acidentalmente, vários "capacetes azuis" (como são chamadas as tropas da ONU) em missão de paz na Faixa de Gaza. Entre os feridos, estava o filho de dona Alzira, baleado mortalmente no pescoço, uma semana depois de enviar uma carta a sua irmã dando parabéns pelo casamento.

Fila de rebocadores no Canal de Suez, após nacionalização, em 1956

Pode-se dizer que o destino do menino de Dom Pedrito começou a ser selado quando, em 1956, o então presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, decidiu nacionalizar o Canal de Suez
Uma das principais rotas comerciais do mundo, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, o canal era controlado por britânicos e franceses. 
Ao mesmo tempo, Nasser bloqueou o Estreito de Tiran, hidrovia que dá a Israel o acesso ao Mar Vermelho. Em 29 de outubro de 1956, tropas israelenses com apoio de Reino Unido e França reagiram com uma invasão à Península do Sinai, no Egito.  
Quatro dias depois, forças inglesas e francesas atacaram posições no país árabe. Estava instalado mais um conflito no conturbado Oriente Médio.

Abdel Nasser: O 'faraó de uniforme' que nacionalizou o Canal de Suez

Com a bênção do governo americano, que estava mais preocupado com a crescente influência soviética no Egito em plena Guerra Fria, as Nações Unidas criaram as Forças de Emergência para acalmar os ânimos. O exercito da paz chegou à região do Suez a tempo de garantir um "cessar fogo" e supervisionar a saída das tropas invasoras, [destacando que as tropas invasoras  eram forças de Israel com apoio dos ingleses e franceses.] que começaram a deixar o Egito antes do fim daquele ano. 
Os capacetes azuis, porém, ainda manteriam presença na Península do Sinai por mais de uma década. Instaladas na fronteira entre Israel e Egito, as guarnições da ONU atuavam como um tampão entre as forças adversárias na zona do armstício, monitorando quaisquer violação de ambos os lados.

Primeiro contingente do Batalhão de Suez embarca no Aeroporto do Galeão, em janeiro de 1957

As Forças de Emergência eram formadas por militares de países como Colômbia, Canadá, Dinamarca, Índia e Suécia. O primeiro contingente de brasileiro zarpou rumo a Suez em janeiro de 1957, desembarcando em Rafah no mês seguinte. A partir de então, até meados de 1967, 20 contingentes do país, revezando-se a cada sete meses, estiveram na região do canal, na tentativa de controlar a tensão entre Israel, apoiado pelo Ocidente, e os países árabes, como Egito, Síria e Jordânia, sob influência da União Soviética.

Durante esses dez anos, a situação oscilou entre relativa tranquilidade e conflitos ocasionais, principalmente ao Norte de Israel, na fronteira com a Síria. Em abril de 1967, o país judeu lançou uma grande ofensiva contra posições sírias nas Colinas de Golã, o que acirrou os ânimos na região. Nos meses seguintes, os governos árabes formaram um cerco contra o inimigo, e Nasser pediu que as Nações Unidas removessem do Sinai os seus capacetes azuis. A partir daí, o começo de uma nova guerra tornou-se apenas questão de tempo.

Carlos Adalberto Ilha integrava o vigésimo e último contingente brasileiro na região do Canal de Suez. Quando Israel começou seu ataque contra as forças egípcias no Sinai, restavam mais de 400 soldados brasileiros. Não evacuados após o pedido de Abdel Nasser, foram pegos pelo fogo cruzado entre os lados inimigos do conflito que, mais tarde, ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias. O enfrentamento terminou com uma grande derrota para os países árabes, que tiveram cerca de 18 mil baixas e uma expressiva perda de equipamentos militares.

Ao longo de dez anos da Força de Emergência, seis outros soldados brasileiros morreram no Sinai, mas todos estes abatidos por "fogo amigo". Em 7 de junho de 1967, O GLOBO publicou uma reportagem sobre o cabo Ilha. Segundo o texto, ele tinha perdido um irmão mais velho que morrera ainda jovem por problemas cardíacos. Ainda tinha uma irmã de 15 anos e um irmão de 5 anos, ambos filhos do segundo casamento da mãe, Alzira. Na mesma matéria, o jornal reproduziu uma carta enviada pelo militar a sua irmã, dias antes de morrer. Leia, abaixo:

'Tu não podes imaginar como faz falta uma mãe'

"Querida mana Ledinha, primeiramente vou te dar meus parabéns pelo teu noivado, e em segundo lugar vou te pedir uma coisa: deves ser melhor filha para nossa mãe, pois ser mãe é a coisa mais sublime do mundo. Tu não podes imaginar como faz falta uma mãe. Eu, por exempio, estou afastado de todos, sinto saudades de todos, mas quando penso em minha querida mãe, eu choro, pois estou longe dela, sem seu carinho, sem suas broncas. Tudo que ela fala e faz é para nosso bem. Lembra-te disso, pois ser mãe qualquer uma é, mas como a nossa mãe não existe nenhuma no mundo. Deves ser melhor para ela, pois ela precisa de teu carinho e agora mais do que nunca, pois és a única filha, e que pensa um pouco, a que está perto dela, pois o Carlinhos ainda não sabe o valor de uma mãe. Bem, querida maninha, espero que penses melhor e que trates melhor nossa mãe, pois agora já és uma, mocinha, e muito bonita. Lembra-te dos sacrifícios que ela passou por nós. Espero ser atendido. Encerro esta, enviando-te milhões de felicidades. Que todos teus sonhos se realizem, é o que te deseja teu irmão que muito te quer".

Tanque inglês entre escombros na cidade de Port Said, no Egito


domingo, 6 de setembro de 2015

A autocombustão de Dilma Rousseff

As coisas até que poderiam ir bem para a doutora Dilma, pois Eduardo Cunha está parado, e Aécio Neves, calado. Contudo, seu governo parece ter entrado num processo de autocombustão. Na semana passada viu-se o ministro da Fazenda defendendo lealmente um tributo que não inventara. O “bunker” do Planalto já havia desistido, esquecendo-se de avisá-lo. (Ou lembrando-se de esquecê-lo.) 

Nesse “bunker” ficam a doutora Dilma, o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e mais alguns devotos que a chamam de “presidenta”. Reclamam dos outros e, sempre que podem, elogiam-se. Menos de uma semana depois do vexame da CPMF, Levy cancelou seu embarque num voo para a Turquia e foi ao Planalto para uma reunião. Nada demais, até o momento em que Mercadante informou que “a reunião estava agendada”. A ser verdade, o episódio mostraria que o Planalto agenda reuniões sem falar com os ministros, ou Levy, mesmo sabendo que tinha esse compromisso, preferiu manter o horário do seu voo.  

A realidade era pior, a reunião nunca fora agendada. O Planalto tem uma verdade própria e diz o que quer. Os comissários ainda não perceberam que a popularidade da doutora deteriorou-se antes da percepção da crise econômica. Ela decorreu da falta de credibilidade que atingiu Dilma Rousseff (pelas suas promessas de campanha) e arrastou um governo que desligou-se da realidade. Afinal, o comissariado diz que a crise econômica é internacional, seu reflexo no Brasil é “transitório”, e tudo vai acabar bem porque “temos um projeto”. 

Quando o vice-presidente Michel Temer diz que “ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo” de 7% de aprovação, vê-se que há algo no ar além dos aviões de carreira. Temer não dá “boa noite” sem pensar duas vezes e já dissera que o país precisa de alguém que “tenha a capacidade de reunificar a todos”. Ele assegura que não há conspiração contra Dilma. Não precisa. Quando um presidente derrete, o vice ascende por gravidade. Itamar Franco era um vice irrelevante e não precisou conspirar contra Fernando Collor. Temer, pelo contrário, até outro dia era o coordenador político do Planalto e guarda respeitoso silêncio a respeito dos motivos que o levaram a deixar o cargo saindo pela escada de incêndio.

Um governo sem liderança parlamentar nem sistema operacional fabrica crises a partir do nada. Um sujeito pode estar gripado e pendurado no cheque especial, mas não precisa aparecer no trabalho sem o sapato do pé esquerdo. Sempre que não sabe o que fazer, o comissariado propõe pactos à sociedade. A turma do “bunker” poderia marcar uma reunião propondo-se um pacto elementar: o de não fazer novas bobagens.

Odebrecht na CPI
A passagem do empresário Marcelo Odebrecht pela CPI da Petrobras foi um espetáculo deprimente. O doutor, que está preso desde junho, foi tratado como um príncipe que visita súditos. Com plateia tão cordial, tratou o instrumento legal da colaboração com a Justiça com o desprezo da malandragem. Até aí nada demais, pois a doutora Dilma já informou que “não respeito delator”. 

Havia mais na cena. Parlamentares, empreiteiros e advogados que têm a Lava- Jato no seu encalço reagem à essência do trabalho do Ministério Público e do juiz Sérgio Moro. A cordialidade vista no episódio foi um aviso à patuleia: “Estamos juntos”. Eles sabem que pela primeira vez na História do país oligarquias da política e de grandes empresas foram apanhadas na rede da fiscalização do Estado.

Não havia ingênuos na cena da CPI, assim como não é ingênuo o magano que pergunta “onde é que isso vai parar”. O que ele quer saber é se “isso” chegará a ele. 

Lula e Dilma
A última conversa de Lula com Dilma foi difícil. Pode-se esperar que provoque mudanças no governo. Se isso não acontecer, pois o que Nosso Guia costura durante o dia o comissariado do Planalto descostura à noite, a próxima conversa será ainda mais difícil. 

Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e resolveu inscrever-se em 18 cursos de aperfeiçoamento depois que ouviu o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, dizer que o Brasil precisa aumentar a produtividade do seu trabalho. 

O cretino espera aprender um sistema de trabalho pelo qual, quando for ministro do Planejamento, jamais deixará que o governo defenda a criação de um imposto na quarta para mudar de ideia no sábado. Também evitará que se mande ao Congresso um Orçamento prevendo um déficit para, dias depois, anunciar que está preparando um adendo do qual resultará um superávit. 

Eletronuclear
As investigações em torno das irregularidades praticadas na Eletronuclear poderão atrapalhar a carreira de mais alguns deputados petistas.

Migração
Mais do que os maus números das pesquisas, o que tem assustado o PT é a migração de seus prefeitos e vereadores para outros partidos. Em São Paulo, ajudado pelo PSB, o governador Geraldo Alckmin vem fazendo uma boa colheita. O partido arrisca perder até 20 dos seus 68 prefeitos.

Num estado em que a reeleição de Fernando Haddad para a prefeitura da capital parece improvável, a derrocada petista poderá magnificar um mau resultado nacional na eleição do ano que vem. 

Pasadena 2.0
Atropelando áreas técnicas e até mesmo parte de sua diretoria, a Petrobras está pronta para fechar um contrato de aluguel de 19 sondas por 15 anos. Coisa de 40 bilhões de dólares, valor equivalente a 40 refinarias de Pasadena. 

Os equipamentos serão alugados por um preço bastante acima do que se pede no mercado internacional por material mais moderno. Explicação deve haver, como havia para o negócio da refinaria de Pasadena e todas as obras do catálogo da Lava-Jato. 

Quem fica
O chefe da Casa Civil, comissário Aloizio Mercadante, informou oficialmente que Joaquim Levy continuará no Ministério da Fazenda.
Isso significa, no máximo, que Aloizio Mercadante acha que fica no “bunker”. 

Por que me ufano
Com Lava-Jato, recessão e tudo o mais, volta à moda o hábito de se falar mal do Brasil, um disfarce para se falar mal dos brasileiros. Para ser mais preciso, do “outro” brasileiro. 

Nessa hora, diante da crise da migração de refugiados, vale sempre lembrar que Pindorama tem duas características:
1) O Brasil nunca exportou seus pobres. Pelo contrário, recebeu seis milhões de imigrantes.
2) A morte do último soldado brasileiro num conflito que resultou na expansão das fronteiras do país ocorreu em 1870, quando acabou a Guerra do Paraguai. Quem quiser pode sustentar outra data, a da revolta de brasileiros que viviam no Acre boliviano. Essa disputa foi encerrada em 1903.
Nas duas guerras europeias dos últimos cem anos, morreram 65 milhões de pessoas. 

Fonte: Elio Gaspari - O Globo