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domingo, 3 de fevereiro de 2019

Slogan de Bolsonaro foi inspirado em brado de paraquedistas militares


Grito 'Brasil acima de tudo' surgiu no final da década de 1960 e espalhou-se pelos quartéis 
O bordão "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos" que marca a campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e dá nome à sua coligação é uma apropriação de brado da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército. O candidato foi paraquedista em sua trajetória militar, assim como o seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB).

Em artigo, o coronel Cláudio Tavares Casali explica que o brado, atualmente difundido pelos quartéis, surgiu no final da década de 1960, durante a ditadura militar, pouco depois do decreto do Ato Institucional nº 5 (AI -5). Um grupo de paraquedistas nacionalistas formado pelos capitães paraquedistas Francimá de Luna Máximo, José Aurélio Valporto de Sá e Kurt Pessek teria criado, nesse contexto, o lema "Brasil acima de tudo". 

Chamado Centelha Nativista, o grupo tinha como objetivo ressuscitar os valores "de nacionalismo não xenófobo, de amor ao Brasil e de criar meios que reforçassem a identidade nacional e evitasse a fragmentação do povo pela ideologia e exploração de dissensos da sociedade dividindo o povo nos termos da velha luta de classes do marxismo".
Segundo Casali, o lema foi muito questionado devido à semelhança com o brado nazista de "Alemanha acima de tudo" (no alemão, "Deutschland über alles"). A Centelha Nativista tinha um plano para impedir que os sequestradores do embaixador norte-americano Charles Elbrick embarcassem em um avião e deixassem o país em 4 de setembro de 1969. No entanto, dois dias depois eles foram libertados pelo governo militar e deixaram o Brasil.

Revoltados, os membros da Centelha invadiram a estação da Rádio Nacional para ler um manifesto de repúdio à "decisão da junta governamental de fazer a entrega de presos condenados pela Justiça, numa demonstração de fraqueza e à revelia das Forças".  "Conclamamos à união e tomada de consciência de que existe em nosso país declarada guerra interna revolucionária de comunistas, contra a qual iniciamos neste momento ações militares de repressão", continua o manifesto, concluindo com "em nome de Deus, Brasil acima de tudo".
Em dezembro de 1969, quando morre o marechal Costa e Silva, os paraquedistas nativistas tentam colocar na Presidência um nome próximo a eles, o general Afonso Augusto de Albuquerque Lima. Eles chegam a sugerir um levante em Salvador, mas são desencorajados pelo próprio general, que se coloca contrariamente a "quarteladas". A atuação da Centelha, então, se dispersa. Em 1974, o general Hugo de Andrade Abreu, aliado do grupo, faz o primeiro uso do brado "Brasil acima de tudo" de que se tem registros oficiais ao transferir-se da brigada paraquedista para a Casa Militar da Presidência. 

De acordo com Casali, "Brasil acima de tudo" é adotado pelos paraquedistas em definitivo a partir de janeiro de 1985, quando o general Acrísio Figueira assume o comando da brigada e, inspirado nos americanos que se saudavam com "Air Born" e "All the way", adota o bordão criado pela Centelha para "aumentar os laços de camaradagem e espírito de corpo".

Na segunda-feira (22), em homenagem ao dia do paraquedista militar, o Exército postou o slogan "Brasil acima de tudo" em suas redes sociais.


Alcolumbre fomenta dúvidas no Supremo

Surpreendidos com a reviravolta pelo comando do Senado, integrantes do STF avaliam que o novo presidente da Casa representa uma incógnita

[que tal uma sugestão: começar seguindo o exemplo do saudoso marechal Arthur da Costa e Silva que sempre perguntava ' o que diz o livrinho', quando desejava saber o que a Constituição determinava sobre um assunto.

Vamos à sugestão:

- que os ministros do STF exerçam seus supremos deveres, sendo o principal deles o de julgar segundo a Constituição, esquecendo o lado político e respeitando a independência dos poderes;

- e o Senado Federal, exerça sua principal função: LEGISLAR.]

A reviravolta na disputa pelo comando do Senado surpreendeu integrantes do Supremo Tribunal Federal. A avaliação é a de que o novo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), representa uma incógnita. Não se sabe como ele comandará as relações institucionais que deverão ser mantidas entre os Poderes em meio à discussão de projetos com alto potencial de judicialização. Uma das dúvidas que pairam sobre Alcolumbre é se ele será capaz de construir maioria entre os parlamentares, costurar consensos dentro e fora do Congresso e conter eventuais excessos de medidas defendidas pelo governo Bolsonaro. 

A transmissão da conturbada sessão foi acompanhada por ministros do Supremo, que trocaram mensagens se mostrando incrédulos com o embate desenfreado entre os senadores. A disputa no Senado é importante porque muitas das decisões tomadas no Congresso são questionadas na Corte. Nesse sentido, uma ala de ministros avaliava que a eleição de nomes tradicionais para o comando das Casas ajudaria a tirar o STF da rota de temas polêmicos. Na Câmara, isso ocorreu com Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas no Senado não. 

Representantes de baixo clero sem influência política ou interlocução com os demais poderes são temidos. [os ministros do Supremo temem o novo, as novidades, afinal novidade = mudança = modificação, e muita coisa precisa mudar.] Segundo um dos ministros, muitas soluções para turbulências são negociadas em conversas, não são escritas. É uma relação de confiança, mas que envolve medo. Há temor até de as conversas serem gravadas. Na Corte, não havia torcida oficial por nenhum dos candidatos, mas expectativas. Antes do resultado, o que se ouvia era: “Seja lá o que Deus quiser”.

Política - O Estado de S. Paulo 
 

 

Elio Gaspari - As mineradoras precisam de uma Lava-Jato

As empreiteiras também acharam que, apesar do barulho, aquele tal de juiz Moro estava perdendo seu tempo

Se as empresas tivessem a qualidade de seus advogados, nenhuma barragem teria se rompido


Os doutores das mineradoras precisam conferir o prazo de validade da vitória que conquistaram depois do desastre de Mariana. Morreram 19 pessoas, foram aplicadas 56 multas totalizando R$ 716 milhões, ninguém foi para a cadeia, e até hoje a Samarco (sócia da Vale) só desembolsou R$ 41 milhões. Se as empresas tivessem a qualidade de seus advogados, nenhuma barragem teria se rompido. As mineradoras foram competentes para construir uma barragem política, judicial e administrativa. Projetos de aperto na fiscalização das barragens estão travados no Senado, na Câmara e na Assembleia de Minas. Uma iniciativa que elevaria para R$ 30 milhões o valor das multas cobradas às empresas atolou no Congresso, e o teto ficou em R$ 3.200. O Código de Mineração foi escrito em computadores de um escritório de advocacia de São Paulo, entre cujos clientes estava a Vale.
O setor do ministério de Minas e Energia que cuida de geologia e mineração foi dirigido e aparelhado por quatro veteranos da Vale. Uma empresa da família do deputado Leonardo Quintão (MDB-MG) explorou a bacia de rejeitos de Brumadinho. Por coincidência, o doutor relatou o Código de Mineração na Câmara. Como não se reelegeu, aninhou-se na Casa Civil de Bolsonaro. A Agência Nacional de Mineração tem 35 fiscais para 790 barragens de rejeitos. Disso resultou que as sirenes da barragem de Brumadinho não foram acionadas. A Vale explica esse detalhe atribuindo o silêncio “à velocidade com que ocorreu o evento”. Os circuitos cerebrais do inventor dessa patranha devem estar desligados há anos.

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui

Hélio Schwartsman: Trevas cristãs

[Um pequeno comentário sobre a matéria do título]  disponível aqui

Vamos evitar abordar o tema sobre o aspecto religioso - somos cristãos e católicos (Igreja Católica Apostólica Romana), já o ilustre articulista parece ser ateu e, nos parece, ser contra várias ações praticadas pelo catolicismo, o que deve incluir ser contra as cruzadas.

Quando percebemos no inicio do POST,  em comento,  a chamada ' 'Deus acima de todos' deveria provocar calafrios nas pessoas historicamente alfabetizadas', 

até nos animamos, visto que apesar de sermos BOLSONARISTAS,  desde sempre, não concordamos com a redação do slogan da campanha.

Observem o  bordão da campanha:

- Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.

Politicamente correto, fazer referência ao brado alemão - 
"Alemanha acima de tudo" (no alemão, "Deutschland über alles") - os alemães são acusados de muitas coisas, mas, nunca o patriotismo alemão foi questionado.

O que discordamos é que como brado militar, criado isoladamente pelo grupo Centelha Nativista,  Em 1974, o general Hugo de Andrade Abreu, aliado do grupo, faz o primeiro uso do brado "Brasil acima de tudo", não cabe nenhum reparo.

Mas, no momento em que foi associado uma frase associada a Deus, formando um brado único, o colocar o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos, representa um grave erro, visto que DEUS é TUDO,  e o tudo abrange o 'todos' e o abrangido não pode ser o maior.

A associação só se justifica, respeitando a DEUS - o que inclui evangélicos e Bolsonaro se declara evangélico - com a seguinte redação:

 BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!  

Que aliás este Blog Prontidão Total utiliza desde o seu inicio.

Não pretendemos polemizar nem mudar o slogan da campanha - vitoriosa e salvadora do Brasil -, apenas entendemos assim.

Os linguistas que nos socorram.

Eventuais comentários para:  blogprontidaototal@gmail.com

O líder da oposição

Com Senado dividido, Renan vai dar o troco e Alcolumbre terá dificuldade para virar protagonista

[já que até as feras dos comentários políticos erram, e feio - o resultado da eleição do Senado comprovou - peço permissão para discordar da possibilidade  Renan ter condições de dar troco; 

Renan acabou e de agora em diante e de ontem para frente os inúmeros processos políticos que há contra eles, passarão a andar.]

Diante da derrota iminente, Renan Calheiros renunciou à disputa por um quinto mandato na presidência do Senado e automaticamente vira candidato a líder da oposição ao governo Jair Bolsonaro, reunindo parte da esquerda, do centro e da direita. Será um teste de força para um dos últimos líderes políticos remanescentes, num momento de grande fragilidade do Congresso. Renan tanto pode estar nos estertores de seu poder quanto diante de uma janela de oportunidade na oposição.



Experiente e audacioso, o senador alagoano foi considerado favorito até a quinta-feira, quando começou a receber um turbilhão de más notícias: a vitória apertada (7 x 5) para a senadora Simone Tebet no MDB, 50 votos do plenário a favor da eleição aberta, a determinação do opositor Davi Alcolumbre (DEM-AP) e a histeria de Kátia Abreu, que teve efeito oposto. [a Kátia Abreu padece da mesma doença da Gleisi Hoffmann = excesso de falta de noção, bom senso, incapacidade de raciocinar e outras coisas menores;
quanto ao voto em aberto, não poderia prosperar, afinal pretendiam revogar um artigo do RI do Senado, no grito e em uma sessão não convocada para tal fim.
Se prevalecesse o Brasil teria, além de um  Supremo que na sessão da tarde muda de entendimento sobre o decidido na anterior, um Senado que a cada votação ajustaria seu Regimento Interno ao gosto dos senadores presentes àquela sessão.]



Renan não acordou otimista nem mesmo depois que Dias Toffoli, do STF, providencialmente determinou o voto secreto. Os senadores deram de ombros a Toffoli, ao STF e ao próprio regimento do Senado e, um a um, abriam seu voto, desafiadoramente. Na segunda votação, quando os apoiadores do próprio Renan começaram a fazer o mesmo, só restou jogar a toalha. Ao contrário da Câmara, a renovação foi decisiva no Senado, não só contra Renan, mas contra o que ele representa, como campeão de investigações entre os que têm foro privilegiado no Supremo. De um lado, ficaram os que defendem a Lava Jato e Sérgio Moro e, de outro, os que preferiam blindar o mundo político. Pena as cenas lamentáveis: Alcolumbre na dupla condição de juiz e competidor, Kátia Abreu apropriando-se da pasta com questões de ordem, o vexaminoso voto a mais, o festival de manobras.



O presidente Jair Bolsonaro foi prudente e sai ileso da guerra pelas presidências da Câmara e do Senado, mas é cedo para se dizer o mesmo do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Ele bancou Alcolumbre, que ganhou por um mísero voto, e cutucou um adversário implacável. Como bem sabem FHC, Lula e Dilma, Renan é um precioso aliado ou um temível adversário. [para grande parte da Imprensa o erro de Bolsonaro foi ganhar a eleição para presidente da República - por quase 58.000.000 de votos; 
já o Ônix além da antipatia  que parte da imprensa tem por ele, ganhou por apenas um voto.]



Onyx torceu o nariz para a reeleição de Rodrigo Maia e, quando o Planalto abriu o olho, Maia já tinha cristalizado sua vitória. O PSL aderiu e Jair Bolsonaro reagiu bem, mas Maia pode exibir orgulhosa independência. Outro erro de Onyx foi optar pelo desconhecido Alcolumbre e dar a chance ao seu partido, o DEM, de levar três ministérios importantes, mais a presidência das duas Casas. Se o partido ratear, a culpa vai cair no chefe da Casa Civil.



O foco de poder de Onyx é Jair Bolsonaro, o que, obviamente, não é pouco. O presidente é grato a ele porque, lá atrás, aquele gaúcho do DEM jogou todas as suas fichas na campanha do capitão, contra o seu partido e todas previsões. Comprou na baixa. Já o vice Mourão deixa claro que não tem nada a ver com Onyx, o general Heleno (GSI) mantém distância e olhar crítico, Eduardo Bolsonaro já bateu de frente, Paulo Guedes corre por fora, Bebianno (Secretaria-Geral), padrinho do recente casamento de Onyx, tem lá seus próprios planos de poder e vem, discretamente, ganhando espaços na articulação política. [exceção ao vice Mourão, que é indemissível, os demais - que na ótica de parte da Imprensa são contra Ônix, são apenas ministros.
Os generais de Bolsonaro possuem grande influência política, ilibada reputação, prestígio junto à tropa, mas, cada um deles comanda apenas uma mesa.]



O Legislativo sabe para onde os ventos sopram, tem canal direto com Paulo Guedes e Bebianno e tem à disposição Flávio e Eduardo Bolsonaro, para emergências. Todo mundo sabe para onde os ventos sopram. Onyx respira aliviado com o resultado de ontem, mas que se prepare para a independência e os canais próprios de Maia, o troco de Renan num Senado dividido ao meio e as dificuldades que o coadjuvante Alcolumbre vai enfrentar para assumir protagonismo. A vida de Onyx não parece fácil nem no governo nem na nova composição da Câmara e do Senado.
Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo

Sugestão dos editores do Blog Prontidão Total

Interessante ler em VEJA - Blog do Noblat: 'Ricardo Noblat: A ganhar com Renan, o governo prefere perder'
por mostrar que não só os jornalistas erram (nos palpites), os 'supremos ministros', mesmo presidindo a Suprema Corte também erram (e pior, em matéria de direito - claro que devemos abrir uma exceção para o ministro Toffoli... afinal, aquelas duas reprovações... . 

Concluindo: já tem jornalista insinuando que Davi Alcolumbre  será um Severino Cavalcanti.

O Supremo e a política

Mais do que nunca será preciso que o Supremo atue como órgão colegiado que deve ser por definição constitucional, e não por decisões individuais

Ao abrir o ano do Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, afirmou que "a sujeição incondicional dos juízes à Constituição e às leis" é o que "legitima o Poder Judiciário a ocupar a posição estratégica de moderadora dos conflitos entre as pessoas, os Poderes e os entes da Federação". Esse é, de fato, o papel do Judiciário, mas há quem interprete essa condição como a de um Poder acima dos demais. [o mais grave do afirmado, que é verdade, é que entre os que consideram o Judiciário um Poder acima dos demais, está a maioria dos atuais ministros (que esquecem que a Corte é que é Suprema, que eles são apenas ministros da Corte Suprema) e mais absurdo ainda é que grande parte dos ministros entendem que a supremacia que atribuem ao Judiciário sobre os demais poderes, aumenta quando a decisão é monocrática.] 

Na colegialidade a maioria se considera UM supremo ministro, quando um dele proferem uma decisão monocrática se considera O supremo ministro.]   

Na cerimônia, como a ilustrar essa visão, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Cláudio Lamachia, disse que o Judiciário se tornou "Poder moderador", em razão do "desgaste do poder político", e que esse papel o Supremo "não pôde recusar". Ora, um poder moderador é, por definição, irresponsável e, sendo assim, incompatível com o Estado Democrático de Direito. [pergunta boba: onde fica o tal 'estado democrático de direito' quando o Poder Judiciário, por seu órgão máximo, é tomado de um furor legiferante, 'ajustando' as leis conforme seu gosto e sem nenhum instância para 'ajustar o ajuste'?
onde um Poder possui tão absurdo Poder, o tal estado democrático foi para a Coreia do Norte, para a China dos tempos de Mao ou a Rússia de Stalin.]
 
Embora Toffoli tenha corretamente qualificado a missão do STF, é notório que alguns de seus colegas pensam que integram um "Poder moderador", acima dos demais Poderes. Nesse papel, julgam que a Corte está livre de controle por outros Poderes, que é irresponsável, acima e além da lei e alheia a qualquer cobrança. Há quem ache que, sendo irresponsável, o STF pode ir além de seu papel natural de intérprete das leis, podendo elaborar leis, mesmo que seus membros não tenham recebido um único voto dos cidadãos e, portanto, não tenham mandato para isso.

Ao assumirem-se como parte de um "Poder moderador", esses magistrados julgam fazer parte de uma instituição dispensada de responder por seus atos, e não raro se abespinham quando surgem reparos a seu trabalho. Em seu discurso, o ministro Dias Toffoli afirmou que "afrontar, agredir e agravar o Judiciário e seus juízes é atacar a democracia" e "incentivar o conflito social", além de "aniquilar a segurança jurídica". De fato, mas há críticas e críticas. Quando se recorda a criminosa campanha contra o Judiciário promovida pelo PT, tem-se uma evidente agressão à democracia. Contudo, os arreganhos lulopetistas não podem ser confundidos com legítimas críticas da sociedade a esdrúxulas decisões do Supremo, adotadas indevida e ilegitimamente por juízes que se arrogam poderes que não lhes foram conferidos pela Carta e, muito menos, por direito divino. 

Como consequência dessa característica singular, que acabaria isentando o Judiciário dos freios e contrapesos aos quais são submetidos os demais Poderes, o Supremo assumiu um papel essencialmente político nos últimos anos, chegando ao cúmulo de legislar – atribuição que deveria ser exclusiva do Legislativo, eleito para isso. Embora Toffoli tenha dito que "não há lugar para ideologias, paixões ou vontades" no Judiciário, o País tem testemunhado com preocupante frequência a prevalência de decisões judiciais movidas por indisfarçável ativismo político, muitas vezes ao arrepio da própria Constituição.

Não há razão para acreditar que, neste ano judiciário, tal cenário será muito diferente. Talvez por isso mesmo o vice-presidente Hamilton Mourão, representando o Executivo na cerimônia, tenha declarado que o governo já espera a judicialização das reformas, "sendo certo que chegarão a esta Casa". Por esse motivo, Mourão se disse confiante que o Supremo, "com saber e sensibilidade", adotará "as decisões de que nosso país precisa". 

Mais do que nunca será preciso que o Supremo atue como órgão colegiado que deve ser por definição constitucional, e não por decisões individuais, como se cada ministro fosse um Tribunal em si mesmo, diferente dos demais. O apelo feito por Toffoli para que haja "segurança jurídica, previsibilidade e coerência" naquela Corte tem razão de ser.

Afinal, o que mais se observa ali nos últimos tempos são decisões monocráticas que atendem a este ou àquele interesse de ocasião – como foi o caso da espantosa liminar concedida pelo ministro Luiz Fux para interromper inquérito do Ministério Público que envolve o agora senador Flávio Bolsonaro, protegendo o filho do presidente Jair Bolsonaro com foro privilegiado ao qual ele ainda não fazia jus. A liminar afinal foi cassada pelo ministro Marco Aurélio Mello, mas tudo indica que este será apenas o primeiro dos muitos imbróglios que o Supremo será chamado a protagonizar neste ano, razão pela qual se espera que seus ministros tenham plena consciência de qual é seu verdadeiro papel.

Editorial - O Estado de S. Paulo

 

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Melhor assim



Como Bolsonaro é Bolsonaro, sua participação no Fórum Econômico Mundial de Davos foi julgada ‘um fiasco histórico’

Publicado na edição impressa da EXAME  - J R Guzzo

A vida de presidente de país subdesenvolvido tem mais espinhos do que rosas, como é bem sabido, e um desses espinhos é o Fórum Econômico Mundial de Davos. Um chefe de governo da Alemanha ou da Austrália, por exemplo, vai lá quando os seus assessores julgam conveniente que ele vá, cumpre em 24 horas, ou menos, o programa definido por eles e volta para casa. Não lhe passa pela cabeça apresentar alguma demonstração concreta da possível utilidade pública de sua viagem aos Alpes da Suíça, e menos ainda ser julgado pelos “resultados” que obteve. Já o chefe de governo de um país tipo Brasil, digamos, tem de “performar”, como gostam de dizer os executivos de hoje em dia. Começa a ser cobrado antes de desembarcar em Davos, e não tem mais sossego até esquecerem do assunto uns dias depois de sua volta à Brasília.

Quantos bilhões de dólares em investimentos ele conseguiu atrair para a economia brasileira? “Interagiu” direito com os líderes mundiais que estavam ao seu redor? Foi elogiado pelos sábios das ciências econômicas, políticas e sociais presentes? Já é muito difícil, em condições normais de temperatura e pressão, atender às expectativas da banca examinadora. Se o presidente da República se chama Jair Bolsonaro, então, como é o caso no presente momento da nossa história, aí você já pode esquecer: vai voltar de Davos com um zero no boletim, seja lá o que tenha feito ou deixado de fazer durante sua participação no evento.

Bolsonaro, por tudo o que se disse dessa sua estreia no cenário internacional, não conseguiu acertar uma. Levou para Davos uma comitiva pequena demais, o que, segundo a crítica, mostrou o seu pouco caso com a grandiosidade da conferência. Ficou num hotel excessivamente barato, o que seria um desprestígio para a majestade do Estado brasileiro. Foi almoçar num bandejão do centro da cidade, por 19 francos suíços; foi condenado pela prática de “demagogia barata”. Pior ainda: causou, potencialmente, prejuízos econômicos de valor inestimável para o Brasil, já que deveria ter aproveitado a hora do almoço para levar “grandes investidores”, etc., a algum restaurante de primeira classe e, assim, fechar negócios vitais para o interesse público nacional. Que investidores? Que negócios? Não foram fornecidas informações a respeito. Seu discurso, de oito minutos, foi acusado de ser “muito curto”, sem que os inquisidores especificassem qual seria a duração correta, em sua avaliação, da fala presidencial. Quinze minutos? Vinte? Meia hora?

O conselho de sentença se manifestou particularmente chocado com o que considerou a “superficialidade” das palavras de Bolsonaro. Não esclareceu, em nenhum momento, qual o nível de profundidade que o discurso deveria ter atingido, nem fez qualquer comparação com os discursos dos quatro outros presidentes brasileiros que foram a Davos ─ Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. O que teria qualquer um deles dito de útil, inteligente ou inovador para escapar da reprovação por “superficialidade”? De Fernando Henrique ninguém se lembra mais nada. Lula falou que os “países ricos” deveriam se comportar melhor com os países pobres, ou alguma coisa com esse grau de originalidade. Dilma, na prática, entrou muda e saiu calada ─ o que com certeza foi uma grande sorte para todos, levando-se em conta as coisas prodigiosas que costuma dizer a cada vez que abre a boca para falar em público. Temer revelou que era importante “fazer a reforma da previdência” ─ o que, francamente, não impressionou ninguém pela profundidade. Em suma: nada que se possa aproveitar nestes últimos 25 anos. Mas como Bolsonaro é Bolsonaro, sua participação foi julgada “um fiasco histórico”.

Tomando em consideração isso tudo, a melhor coisa que Bolsonaro fez em Davos foi não ter comparecido à entrevista coletiva à imprensa que estava no programa ─ e na qual só iria receber perguntas com o teor de qualidade mental que se percebe acima. Com uma cirurgia altamente complicada para dali a três dias no Hospital Albert Einstein (tanto que acabaria tendo 7 horas de duração), preferiu repousar um pouco. O público não perdeu absolutamente nada com a sua decisão. O presidente poupou seu tempo e saúde. Melhor assim.

Transcrito de VEJA OnLine