PT resiste a apelo do governo para aprovar ajuste
fiscal de Dilma
Temor dos
petistas é dar aval a um projeto que contraria as principais bandeiras do
partido
PT resiste em aprovar a proposta que
dificulta o acesso a direitos trabalhistas como abono salarial e
seguro-desemprego
Mesmo
depois do apelo do governo, a bancada do PT na Câmara
dos Deputados ainda resiste em aprovar a proposta que torna mais rígidas as
regras para concessão de benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego e
abono salarial. A medida provisória 665 está prevista para ser votada na
noite desta terça-feira e faz parte do ajuste fiscal sugerido pelo Planalto
para reequilibrar as contas públicas. Mas, sem o aval do partido da presidente
Dilma Rousseff, o projeto pode ser substancialmente modificado em plenário.
Deputados petistas se reuniram no
início desta tarde com o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini - que tem
assumido o papel de articulador do Planalto -, e com o líder do governo, [capitão
cueca] deputado
José Guimarães (PT-CE), em busca de um acordo. Duas horas depois, porém, a
reunião foi suspensa sem uma posição definida. "Do jeito que está, acho que não decide hoje", comentou a
deputada Maria do Rosário (PT-RS) com seus colegas. De acordo com um outro
petista que esteve no encontro, o cenário ainda não aponta para um acordo: "Há profundas divergências. São
posições diferentes. Tem de tudo aqui", disse. Outro parlamentar
resumiu a situação: "Tudo certo,
nada resolvido".
O temor dos petistas é dar aval a
um projeto que contraria as principais bandeiras do partido e, consequentemente, sofrerem
questionamentos em suas bases eleitorais. No Congresso, já é grande a
pressão pela modificação da proposta. O presidente da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT, participou da reunião da bancada
nesta tarde e expressou contrariedade.
"A posição da CUT é contrária a isso e está expressa em uma nota da
central. A bancada do PT é uma bancada popular, tem muitos sindicalistas, sua
origem, sua base eleitoral nos trabalhadores", disse Vagner Freitas. "Espero que a bancada, como sempre,
vote com os trabalhadores", continuou o presidente da CUT.
Na
segunda-feira, o vice-presidente Michel Temer admitiu a possibilidade de mudanças no
projeto costurado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e afirmou que
o governo vai fazer o "ajuste possível".
Temer, que assumiu a função de articulador do governo na reta final das
negociações do ajuste, também solicitou unidade à bancada do PT.
A falta de fidelidade dentro da
sigla assusta o governo porque, se o PT não aderir em peso à defesa das propostas, é possível
que deputados de outros partidos aliados se sintam livres para votar contra os
projetos. Nesta tarde, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
alfinetou o partido: "Cabe ao
governo discutir com sua base qual ajuste será votado. Vamos ver se o PT vai
para a base", afirmou.
Cunha
reiterou que sempre defendeu o ajuste como forma de sinalizar o controle das
contas públicas. "Hoje é um bom dia
para sinalizar isso. Mas qual é o ajuste? Nós não queremos tirar dinheiro de
ninguém", afirmou. O chefe da Câmara liberou a manifestantes acesso às
galerias do plenário.
Fonte: Veja OnLine
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