Não adianta a equipe econômica tapar o sol com a peneira: a semana
foi um desastre para a ideia do ajuste fiscal, e o país agora corre o
risco de perder o grau de investimento. O que o caso do fator
previdenciário mostra é que a crise política e a fragilidade fiscal
tornaram o Brasil imprevisível. Tudo pode acontecer, basta que, em uma
noite, os deputados decidam se vingar do governo.
A Medida
Provisória 664 economizaria pouco e agora ficou caríssima. Seriam R$ 2
bilhões, mas, com as mudanças do tempo e do valor da pensão por morte,
caiu para R$ 1,5 bilhão, segundo cálculos do Planejamento. Na votação,
caiu a mudança no auxílio-doença. E aí veio a bomba: a Câmara votou a
proposta que permite antecipar a aposentadoria e aumentar o valor. Os
economistas preveem uma alta de 16% no custo do que recebe um homem
aposentado, a partir dessa regra, e de 43% do que ganha uma mulher. Os
cálculos do preço da decisão vão a trilhão quando se pensa nas próximas
décadas.
E isso é só o começo da confusão, porque o Brasil passa a
ter três classes de aposentados no INSS. Até 2000, as regras antigas;
de lá até 2015, as regras com o fator previdenciário; e daqui para
diante, sem o fator. O que vai acontecer? Quem ficou nesse meio vai
entrar na Justiça pedindo equiparação.
O governo errou ao propor
uma mudançazinha na Previdência. Ela precisa de uma reforma profunda.
Não se pode alterá-la pelas bordas e nem por Medida Provisória. O
governo criou a oportunidade para as propostas demagógicas que já
circulavam no Congresso. Os ministros sabiam do risco, mas achavam,
ingenuamente, que conseguiriam evitar. Num ambiente de crise política,
com a base rebelada, e a presidente sem autoridade para liderar até o
seu próprio partido, o envio da MP 664 foi a chance perfeita para quem
queria alterar o fator.
O fator não é uma boa saída, mas foi o que
deu para fazer em 2000, quando não foi aprovada a idade mínima de
aposentadoria. No mundo inteiro, exceto Egito e Argélia, vigora a idade
mínima. É uma necessidade, diante do fato auspicioso de que os
brasileiros vivem mais, e que a expectativa de vida se ampliou muito nas
últimas décadas. O país tem que olhar isso de frente, porque é
inevitável. A massa de aposentados está crescendo em média a 4% ao ano
até 2030, e a Previdência já fecha com déficit todos os anos. Os
políticos e os governantes brasileiros escolheram a demagogia. Os
deputados, por ação; o governo, por omissão. A proposta inicial era
acabar com a pensão vitalícia para as viúvas e viúvos jovens.
A
maioria é de mulheres, ao todo, 88% das pensionistas de pouca idade. Por
que mesmo uma pessoa com 20 ou 25 anos deve ter pensão para o resto da
vida, se pode entrar no mercado de trabalho, como todo mundo? A Câmara
ampliou o tempo. Com menos de 21 anos, a pensão seria por três anos,
passou para seis. E assim em todas as faixas. A pensionista ganharia 50%
do valor da aposentadoria se não tivesse filho, e os deputados
decidiram que é 100%.
No mundo inteiro, vigora o princípio de que a
pensão para jovens é limitada no tempo e no valor e depende da
situação. Quem tem filhos recebe mais porque a infância tem que ser
protegida; quem não tem recebe menos. Só no Brasil os deputados decidem
que os cofres públicos podem pagar integralmente. Olhem os
números, senhores deputados, estudem as projeções demográficas, chamem
os especialistas, pensem nas futuras gerações. O que vocês preferem:
ficar bem com as centrais sindicais ou trabalhar para um país com contas
públicas sustentáveis? Não há outro lugar de onde sai dinheiro para o
governo que não o nosso bolso.
A presidente Dilma pode vetar, mas
isso não resolve. Mesmo se o veto não for derrubado, o país continuará
precisando de uma ampla, profunda e corajosa reforma da previdência. Até
hoje, tudo o que Dilma disse incentivou os deputados a mudarem o fator
previdenciário. Ela jamais foi taxativa e nunca pediu que os políticos
encarassem certas verdades, como a de que os brasileiros se aposentam
cedo demais para os padrões demográficos atuais. Não é dos economistas
ou dos jornalistas que se pede coragem para defender a reforma da
previdência. É da presidente da República. Coragem que, até hoje, ela
nunca demonstrou.
Fonte: Coluna da Míriam Leitão
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
domingo, 17 de maio de 2015
Reforma inevitável - o importante é retirar o PT e a Dilma do governo = o resto se conserta depois. Entre a pior das desgraças (Dilma) e o resto, que fique o resto
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