Até quando? Todos se perguntam até quando vamos assistir crianças, idosos, adultos morrerem a míngua nas portas dos hospitais, enquanto a corja dos que nos governam usufruem sem pudor das mordomias que somos obrigados a bancar.
[Sexta-feira passada, morreu Gabriel - morador de Brasília, capital da República - por problemas cardíacos. Necessitava de um transplante, o coração estava disponível a menos de mil quilômetros de Brasília, mas não havia avião disponível para trazer o órgão.
Mas, no mesmo dia Dilma Rousseff - avó formidável, generosa no uso dos recursos públicos quando em proveito próprio e dos seus familiares - , usava uma gigantesca estrutura da FAB para 'dar um pulo' em Porto Alegre e conhecer um neto.
O deslocamento da ainda presidente além do deslocamento do Força Aérea 51 - avião presidencial cujo designativo é derivado da preferência etílica do ex quase dono do Brasil (Dilma, a criatura, por gratidão ao seu criador, manteve o designativo da aeronave - envolveu esquema de segurança com bloqueio de ruas, dezenas de viaturas, etc.]
Já, o inocente Gabriel, morreu a míngua...]
Morre menino que deixou de receber um coração por falta de transporte
Gabriel tinha 12 anos e estava internado em UTI de um hospital de Brasília
O menino que deixou de receber um coração novo por falta de
um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) morreu na noite da última
sexta-feira, 14 dias depois da oferta — e da recusa — de um órgão.
Gabriel tinha 12 anos e estava internado em unidade de terapia intensiva
(UTI) de um hospital em Brasília, à espera de um transplante.
Uma oportunidade real surgiu no primeiro dia do ano, com um
coração em boas condições disponível em Pouso Alegre (MG), a menos de
mil quilômetros da capital federal. A chance acabou desperdiçada por
falta de transporte, como O GLOBO mostrou em reportagem publicada no dia 10.
O estado de saúde do menino vinha se agravando. A morte
ocorreu na noite de sexta-feira e foi confirmada por familiares e por um
profissional de saúde que atua no sistema de transplantes de coração em
Brasília. O sepultamento ocorrerá neste domingo, numa cidade do
interior de Minas Gerais, onde vive a família de Gabriel. Ontem, por volta das 16 horas, uma nova doação de coração surgiu no
sistema de transplantes, e desta vez em Brasília — não haveria,
portanto, necessidade de transporte. Um adolescente de 16 anos do
Distrito Federal teve morte cerebral após ser baleado na cabeça. A
família decidiu doar todos os órgãos. Gabriel era o primeiro da fila à
espera de um coração. O órgão foi destinado ao segundo da lista.
A família de Gabriel estava em Brasília para o tratamento do problema
no coração do menino. Ele era uma das duas crianças na capital federal
inscritas na lista de transplante – a outra é uma bebê de nove meses. Familiares contam que o garoto tinha um coração com alterações, mesmo
problema que vitimou dois tios, e por isso dependia de um transplante
para viver. A doença se manifestou há menos de seis meses. Doações de coração são raras. Para crianças, são mais raras ainda. O
órgão tem um tempo de isquemia de quatro horas, que é o período em que
pode ficar sem irrigação sanguínea nenhuma, até trocar de peito. É o
menor tempo dentre os órgãos com possibilidade de transplante.
A Central Nacional de Transplantes, em 1º de janeiro, disparou
e-mails a centrais de regulação de alguns estados e do Distrito Federal
para ofertar o coração surgido em Pouso Alegre. Na oferta, porém, a
central já informava a falta de transporte até a cidade mineira. A
equipe que cuidava de Gabriel nem chegou a embarcar. A FAB confirmou ao GLOBO que recebeu o pedido para o transporte do
coração e que "não pôde atender por questões operacionais". A
instituição informou ainda que o episódio passou a ser investigado. "As
circunstâncias envolvidas no caso estão sendo apuradas", afirmou em nota
do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.
As condições eram favoráveis ao transplante do coração. A Central
Nacional de Transplantes não informou objeções sobre a qualidade do
órgão, mas apenas referentes a condições logísticas. Pouso Alegre tem um
aeroporto; naquele dia, aviões da FAB não decolaram para transportar
autoridades; e a FAB já fez percursos maiores, um deles superior a 1,5
mil quilômetros, para buscar corações que foram transplantados em
pacientes de Brasília.
Transplantes no Brasil são quase que inteiramente feitos pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). O sistema é considerado eficiente, mas tem falhas
principalmente no transporte interestadual de órgãos. O Instituto de Cardiologia do DF, responsável por fazer os
transplantes de coração em Brasília, não forneceu informações sobre a
morte de Gabriel. O Ministério da Saúde, em nota enviada à reportagem,
disse que o menino "estava na lista nacional de espera por transplante
em caráter prioritário e com acompanhamento da sua situação de saúde".
"Contudo, a realização de um transplante, bem como o tempo de espera
para cada órgão, varia de acordo com as características do receptor e do
potencial doador que devem guardar estreita compatibilidade como
características genéticas, tipo sanguíneo, variações antropométricas,
entre outros aspectos", cita a nota.
A pasta apontou ainda o "desafio logístico". "O exíguo tempo
dificulta a realização da retirada e do transplante em casos em que o
potencial doador se encontra no interior do país, como ocorrido no dia
1º de janeiro, em que o possível doador estava na cidade mineira de
Itajubá, a 40 minutos de carro de Pouso Alegre, onde fica a pista de
pouso mais próxima."
Em 2014, conforme o ministério, foram feitos mais de 5 mil voos para
transporte de órgãos. Esse transporte é feito principalmente na aviação
comercial. Em 2013, o Ministério da Saúde e a FAB assinaram um acordo de
cooperação técnica para priorizar o transporte de órgãos e tecidos.
Fonte: O Globo
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