Enquanto os investigados da Lava-Jato ficam em celas com camas ou colchões e água quente, os presidiários "comuns" convivem com o improviso e a superlotação
Em meio à crise dos presídios, empresários e políticos detidos por
crimes do colarinho branco, como corrupção e lavagem, não têm muito do
que reclamar. Se estar encarcerado não é desejo de consumo de ninguém,
ao menos eles vivem uma situação bem diferente de mais de 600 mil
pessoas. As celas não estão superlotadas, eles podem dormir em camas ou
colchões, existe até água quente para alguns réus da Operação Lava-Jato e
foram feitas reformas em parte das dependências da Papuda, onde alguns
observadores estrangeiros vêm periodicamente avaliar as condições de
alguns deles.
Um
dos motivos para a diferenciação é que a legislação brasileira exige
celas diferentes para presidiários com curso superior, acusados de
crimes sem relação com violência grave ou que não representem ameaça. Os
réus por colarinho branco que personificam as grandes operações
policiais contra a corrupção costumam se encaixar nesse perfil.
Para o professor de direito penal e processual penal Daniel Gerber, não existe regalia alguma para eles. “Eles respeitam em parte o que está na Lei de Execução Penal, conseguindo preservar a vida e a dignidade”, afirma ele, advogado de vários investigados na Operação Lava-Jato. Um policial acrescenta que os encarcerados são tratados tanto com “firmeza” quanto com “dignidade”, de acordo com a legislação, que exige uma cela limpa, arejada, com luz solar e um mínimo de seis metros quadrados.
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