Para tentar conter as perdas, diretoria pode
se desfazer de algumas participações relevantes em empresas, como os
investimentos na Vale
A Funcef,
fundo de pensão dos funcionários da Caixa, vai fechar pelo quinto ano
consecutivo com déficit em seu balanço. A estimativa, segundo algumas fontes
próximas ao fundo, é de que o ano de 2016 tenha registrado perdas ao redor de
R$ 3 bilhões, o que elevaria o déficit acumulado, desde 2012, para cerca de R$
18 bilhões. Para tentar conter as perdas, a diretoria já discute a
possibilidade de se desfazer de algumas participações relevantes em empresas,
como os investimentos na Vale, na usina hidrelétrica de Belo Monte e também na
Odebrecht Utilities, que pertence à Odebrecht Ambiental. [vender o que tem e que se destina a completar aposentadorias no futuro, não parecer ser uma boa solução.
Melhor é adotar a solução do POSTALIS - fundo de pensão dos Correios - que aumento a contribuição dos empregados, até mesmo dos aposentados.
Perde alguns anéis mas garante os dedos.
Resta saber se a turma da Caixa Econômica - que disputa cabeça a cabeça com o Bando do Brasil o título de pior atendimento - vai aceitar cobrir o prejuízo do Funcef. Folgados como são, vão pressionar para que o Governo = CONTRIBUINTE = banque a conta.
Aliás, a situação do PREVI - fundo de pensão do BB - também está mal das pernas.]
Em entrevista, o presidente
da Funcef, Carlos Vieira, disse não
ser ainda possível falar sobre o desempenho de 2016, pelo fato de o balancete
de dezembro não ter sido fechado. Segundo ele, em julho o fundo registrava
déficit de R$ 3 bilhões, mas, em função da valorização da Bolsa de Valores nos
últimos meses do ano, é possível que esse déficit tenha ficado menor.
Mas, se ganhou na Bolsa, a Funcef também teve de
reconhecer algumas perdas, como o investimento de quase R$ 300 milhões na
Desenvix, que é dona do estaleiro Ecovix, que entrou em recuperação judicial, e
os investimentos no grupo Bolognesi, no setor de energia.
Sobre as possíveis vendas de
ativos, principalmente a da participação na Vale, Vieira é cauteloso. Afirma
que nenhuma decisão foi tomada e ressalta o caráter sigiloso de algumas
transações. A possibilidade da venda da participação na Vale, no entanto,
passou a ser discutida em função de um evento previsto para este ano: a
renegociação do acordo de acionistas da Valepar, a holding que controla a
empresa.
Segundo algumas fontes, a partir
dessa renegociação, é possível abrir caminho para que a Funcef tome a decisão de sair do
investimento, e o fundo já teria até contratado assessores para verificar
potenciais compradores. Em 2015, o valor da Funcef investido
na Vale era de R$ 4,5 bilhões. Dois anos antes, o ativo valia quase R$ 8
bilhões. A Valepar, da qual fazem parte
Bradespar, Mitsui, BNDESPar e Litel, é dona de 32,7% da Vale. A Litel, formada
por fundos de pensão, tem 49% da Valepar. A Funcef, por
sua vez, tem uma fatia de 12,8% da Litel.
Contribuições
As perdas com a Vale contribuíram
significativamente para o déficit da Funcef,
que hoje está sendo coberto por novas contribuições de funcionários e aposentados
da Caixa, e também do próprio banco. [sendo a Caixa uma autarquia, óbvio que o que está sendo coberto pelo próprio banco é a mesma coisa que Tesouro Nacional = CONTRIBUINTE.]
O déficit do fundo, segundo Vieira, é
apenas atuarial, o que significa que não houve perdas financeiras, apenas não
se conseguiu alcançar as metas estabelecidas – algo como inflação mais 5,5% ao
ano. De qualquer forma, é um valor que precisa ser recomposto para evitar
rombos futuros. A venda de ativos é uma saída
para gerar superávit e fazer com que esses equacionamentos fiquem menos pesados
no bolso dos 136 mil beneficiários.
Além da Vale, a intenção é vender
a participação em Belo Monte, por meio da empresa Norte Energia. Em 2015, essa
participação valia cerca de R$ 600 milhões. O investimento total da Funcef foi de R$ 1 bilhão.
No ano passado, uma nova chamada de capital, de cerca de R$ 130 milhões, foi
feita, mas a Funcef ainda
discute se fará esse aporte. Outra possibilidade é vender a
fatia de 20% na Odebrecht Utilities, que pertence à Odebrecht Ambiental e foi
vendida à canadense Brookfield, que pode ter de fazer oferta também pelas
participações minoritárias. Procurada, a Brookfield não quis comentar o
assunto.
Déficit
Os participantes dos planos de
previdência da Funcef já
tiveram de elevar suas contribuições para o fundo para cobrir os rombos
acumulados nos últimos anos. Desde maio do ano passado, os participantes –
funcionários da Caixa e aposentados – passaram a ter descontados em seus
contracheques 2,78% a mais nas contribuições mensais para cobrir o rombo
relativo a 2014.
A partir deste ano, para cobrir o
déficit registrado em 2015, essa contribuição extra vai chegar a 10,68% ao mês.
O rombo relativo a 2016, se precisar ser coberto com aumento das contribuições,
só será visto nos contracheques a partir do ano que vem. Pelas regras dos
fundos de pensão, a patrocinadora – nesse caso, a Caixa – precisa aumentar seus
aportes na mesma proporção.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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