Aproxima-se o dia do grande julgamento, o dia do “Juízo Final” para a
classe política que soube se lambuzar nos financiamentos ilegais de
campanha, que transformou estatais em meras centrais de desvios de
recursos para um projeto de poder liderado pelo PT, que estabeleceu uma
relação promíscua com empresas privadas, que sistematizou a corrupção
como um plano estruturado e diabólico para enriquecer figuras da patota e
destruir o País.
Aproxima-se o dia do apocalipse condenatório quando
muitos, diante do tribunal, terão de expiar seus pecados e serão punidos
a arder, por meses e anos, nos porões dos calabouços e unidades
prisionais de Norte a Sul do Brasil. A bíblica passagem dos profetas se
encaixa como uma luva para uma laia de políticos – a grande maioria –
que povoa Brasília, estados, capitais e arredores e que, de uns tempos
para cá, não pensa em outra coisa que não o flagrante de seus delitos.
Contam-se às centenas. Muitos não dormem mais, à espera da convocação.
Chega a hora do veredicto. Da conclusão de inúmeras investigações,
provas, delações e evidências. Chega a hora do confronto dos
personagens, corrompidos e corruptores, vendilhões do templo que
afrontaram crenças e economias do povo. Devido a práticas escabrosas e
interesses inconfessáveis os artífices dessa máfia organizada estão a um
passo do cadafalso. E sabem disso. Vivem momentos de tormento. Suas
agendas, declarações e conversas estão voltadas para a defesa prévia.
Chega a hora dos diáconos e consagradores das propinas, das negociatas
imorais e do deplorável esquema de “ganha-ganha” prestarem contas por
ludibriarem eleitores com promessas populistas enquanto aparelhavam o
Estado com saqueadores do Tesouro – arrivistas e aventureiros que,
quase, destruíram a Petrobras, o Banco do Brasil, o BNDES, a Caixa
Econômica e os Correios, patrimônios nacionais. O ex-presidente Lula
encara as barras da Justiça já nesta semana, na condição de réu, por
tentar comprar o silêncio do ladrão confesso, Nestor Cerveró. Volta a
ficar frente a frente com um juiz algumas semanas depois, em Curitiba.
Dessa vez o próprio Sergio Moro, paladino da Lava-Jato, vai sabatinar
Lula. É o início do seu calvário que ainda se arrasta em inúmeras
frentes e deve torná-lo inelegível por enquadramento na Lei da Ficha
Limpa. Seu ex-ministro, José Dirceu, recebeu dias atrás mais 11 anos de
cadeia (somados a outros 21 anos) e não deve acabar por aí. As penas em
cascata podem levá-lo a passar o resto dos dias na cadeia. O
ex-governador Sergio Cabral virou réu pela sexta vez na inacreditável
condição de negociar diretamente suborno para si próprio, da ordem de
US$ 3 milhões, em pleno Palácio Guanabara. É o fim do mundo! Estão
abrindo a caixa de Pandora.
Das 77 delações da Odebrecht, as primeiras
começaram a vir a público e são de estarrecer. Uma bolada de mais de R$
10 bilhões foi distribuída de forma ilícita para agentes do governo,
senadores, deputados, governadores e agregados que atendessem às
demandas da companhia. Quase 14 anos de dilapidação das finanças
públicas remontam a herança deixada pelo Partido dos Trabalhadores
enquanto esteve no poder. E ali está demonstrado. O ex-ministro Palocci,
que se projetou como braço-direito da economia de Lula e, a seguir,
realizou préstimos a Dilma, surge identificado como o “italiano” que
barganhava o esquema para a esquadra petista. O tesoureiro de campanha,
João Santana, que levou em caixa dois, ilegalmente, outros milhões de
dólares para vender falsas promessas de Dilma, teve confirmado seu
codinome de “feira”. E Lula, pela proximidade com os gestores da
propina, aparece classificado como “o amigo”.
O departamento operacional
da grana que bancou essa “suruba” – para tomar por empréstimo uma
expressão que assumiu novos traços na visão do senador Romero Jucá – vem
tratado pejorativamente como “setor trepa moleque”. Parece brincadeira!
Mas configura a real dimensão dessa epopeia de falcatruas. A engenharia
completa de seu funcionamento deverá ser delineada em detalhes após a
abertura dos inquéritos que o ministro Janot vem solicitando ao Supremo.
Espanta, agride o senso comum e coloca por terra qualquer critério de
escrúpulos o que foi feito por essa turma. Não houve o monopólio da
corrupção por parte do PT. Mas foi ele quem profissionalizou e
incorporou a prática como método de governo. Nunca se viu nada igual – e
os brasileiros esperam nunca mais voltar a ver novamente.
Fonte: Editorial - Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três
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