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terça-feira, 23 de maio de 2017

A fraude de Aécio Neves

Senador foi autor da Lei das Estatais e o primeiro a fraudá-la. Recebeu R$ 2 milhões, prometeram-lhe mais R$ 8 milhões ao ano e a negociação de um dúplex no Rio

O encontro aconteceu num salão de hotel, em São Paulo, no início da noite de sexta-feira 24 de março.
Dois assuntos, rapidinho — disse Joesley Batista, acionista-controlador do grupo JBS. — Sua irmã teve lá...
Obrigado por ter recebido ela — agradeceu Aécio Neves, senador do PSDB de Minas.
Ela me falou de fazer dois milhões para troca de advogado (...) Eu consigo, das minhas lojinhas... Quinhentos por semana...

Acertam detalhes do pagamento. Joesley avança na conversa:
Segunda coisa: coincidentemente... Fica super à vontade, porque Andrea [Neves, irmã de Aécio] tinha me falado de um negócio de um apartamento lá da sua mãe [avaliado em R$ 40 milhões]. Ontem, o Dida...

O empresário relata uma conversa com Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras no governo Dilma. Acusado pela Odebrecht de extorsão de R$ 17 milhões, Bendine pedira que Joesley intercedesse junto a Aécio para ser nomeado presidente da Vale, controlada pelo governo e sócios privados, entre eles o grupo Bradesco.

Por ironia, o senador mineiro fora autor do projeto (nº 343/2015) que resultou na Lei das Estatais. O objetivo, escreveu na época, era evitar “desvios e desmandos na gestão” das empresas nas quais o Estado é acionista. A lei tinha menos de três meses de vigência, e o próprio autor já estava empenhado em fraudá-la, como confessou na conversa gravada.
Joesley seguiu contando a conversa com Bendine: — Então, eu falei assim: “Ô Dida, vamos ser pragmáticos (...) Você arruma um jeito de conseguir oito ‘milhão’ por ano?” Hoje ele mandou a mensagem: “Sim, arrumo”.
O senador interrompeu:
— Deixa eu te falar: olho no olho (...) Você me ajudou pra caralho. Vou falar pra você, não falei pra ninguém: eu nomeei o presidente da Vale. Nomeei hoje... Eu tô cuidando disso. Ninguém pode saber. Mas como eu tenho liberdade com o cara... A Vale tem um quadro enorme, uma puta diretoria.
— O Dida é bom executivo — disse Joesley.
Aécio retomou:
— Eu faço pra te atender, porque, no negócio da minha mãe... A minha mãe tem um apartamento no Rio de Janeiro que vale um aluguel de 50 pratas, é uma cobertura dúplex, com piscina e o caralho... Mas vamos deixar de stand- by, mais pra frente.
Continuou:
— Presidência [da Vale] não dá. Eu consegui fazer um negócio raro pra caralho: botei um cara de dentro, do head hunter. Vai ser anunciado segunda-feira... O Temer não sabe nem o nome dele. Confiou em mim essa porra. O Trabuco e o Caffarelli estão sabendo. Fechamos hoje... Tem que ver se encaixo ele [Bendine] em alguma coisa. Pra não parecer que eu tô nomeando um cara pra ganhar uma grana, viu?

Joesley concordou. Aécio sugeriu-lhe uma resposta:
— Pensa um pouco, porque ele tá disposto a voltar a conversar comigo. Esquece aquele negócio daquele valor, ele não quer nem ouvir falar nisso, entendeu?
O senador complementou:
— Faz isso pra gente que eu vou ficar feliz. A outra agenda é pra gente falar daqui um mês. A gente fala dessa agenda do apartamento, do aluguel, não é?... Espera um pouco que nós vamos dar uma limpa lá [na Vale]. Minha coisa é com você. Se conseguir botar [Bendine], vou botar por você.
O senador mineiro se colocou no topo da lista de cassações por corrupção.

Fonte: José Casado - O Globo
 

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