Por ignorância, esperteza ou má-fé, tem-se atribuído à eleição direta
para presidente o status de elixir infalível, capaz de purgar todos os
males que se abateram sobre o país. E, em um lastimável arremedo da
História, acrescenta-se a ela o advérbio já, o mesmo usado em 1983-84,
quando o Brasil lutava para emergir de duas décadas de ditadura. [a adoção no Brasil de eleições diretas, já ou para daqui a pouco, tem se revelado altamente prejudicial ao Brasil - afinal foram as famigeradas diretas que possibilitaram que coisas como Lula e Dilma tenham sido eleitos e reeleitos presidente da República;
os que agora, de forma estúpida e criminosa (estúpida, por ser uma opção aceitável apenas para pessoas que não saibam ler o texto constitucional, que é claro ao disciplinar a forma de escolha de presidente para mandato tampão destinado a complementar mandato vago de presidente, quando a vacância ocorre na metade final do mandato original e criminosa por representar evidente violação à Constituição Federal)
Comparar os dias de hoje com aqueles é um acinte. Inadmissível até para
os mais jovens, que não vivenciaram os limites e os horrores dos tempos
de exceção. Quanto mais para os que combateram o regime que extirpou
milhares da vida nacional, torturou e matou. Que impedia ir, vir,
reunir, escrever, falar, cantar, atuar, pensar. [só um pequeno registro: os porcos criminosos que foram alvos de ações duras e necessárias por parte do Governo Militar, tinham os objetivos mais nefandos, hediondos, sendo um deles (citar só um, para não perder muito tempo) estabelecer no Brasil uma ditadura comunista, transformando nosso País em uma Cuba e mereceram ser contidos de forma enérgica e hoje brasileiros mal informados ou movidos por má-fé (a motivação para a maior parte deles) insistem em apresentar tais criminosos como vítimas e o Governo Militar como algoz.].
Longe de ser um movimento para beneficiar candidaturas de um ou outro,
as diretas-já de 1983-84 pressupunham retomar direitos usurpados pelos
militares. O que unia diferentes ideologias era a derrubada do regime.
E, ao contrário da Rússia ou de Cuba, e das metralhadoras de José Dirceu
e Dilma Rousseff, mirava-se a democracia - e a arma era o voto. Ainda que seja um dos maiores instrumentos da expressão popular, o voto
direto por si só não garante a democracia. Muito menos a liberdade e os
direitos do cidadão. A vizinha Venezuela que o diga. [a autora é extremamente feliz nesta conclusão, só que o regime que pretendiam para o Brasil nos idos de 64 era pior do que o da Venezuela atual.]
Desde Hugo Chávez sufoca-se qualquer um que discorde do mandatário.
Criam-se distritos, juntas e leis eleitorais ao bel-prazer do
presidente, convocam-se eleições a qualquer hora, muda-se a
Constituição. Ou seja: a urna tem pouca ou valia alguma se servir a casuísmos de
eternos donos do poder, populistas e ditadores que nela se escoram para
referendar seus desmandos. Por aqui, as eventuais mudanças constitucionais de ocasião serviriam a
propósitos igualmente duvidosos, abrindo precedentes perigosíssimos.
Em nome de se fazer o bem, como muitos creem, abrem-se janelas para o mal.
Se é urgente alterar a Constituição para resolver o pós-Temer – evento
circunstancial, que duraria pouco mais de um ano se o presidente caísse
hoje – quanta loucura bolivariana, fascista, de extremismos à direita e à
esquerda não poderia ser feita amanhã, com respaldo em imediatismos? Dirão alguns que o atual Congresso, com pelo menos um terço dos seus
envolvidos em falcatruas, não teria legitimidade para escolher um
presidente de forma indireta. Cabe a questão: e por que esses mesmos
parlamentares seriam legítimos para aprovar uma emenda constitucional
pelas diretas?
Agora, o tema diretas ganhou força pela fragilidade do presidente,
abatido pela delação de Joesley Batista, o canalha, alcunha imposta pelo
ex Lula em discurso no 6º Congresso Nacional do PT, que terminou ontem. [um canalha xingando outro canalha - só que o canalha xingador causou mais danos ao Brasil que o canalha delator, este logo será ejetado da presidência da JBS, a J&F passará ao controle estrangeiro e em breve as referências a 'campeã nacional' serão apenas que foi uma empresa dirigida por ladrões e que cresceu com incentivos generosos de um Banco controlado pelo governo mais corrupto que o Brasil já teve.
Enquanto que o canalha xingador tem pretensões de ser presidente da República, mesmo sabendo que o seu será gabinete instalado em um presídio federal, local onde em breve estará quando começarem as condenações - será um Zé Dirceu de barba.]
Aliás, Joesley conseguiu quase o impossível: ser igualmente odiado por
Lula e Temer. E por todo o país, que considera excessivo o benefício que
a ele foi concedido, rico, leve e solto. É o canalha que Lula mimou e a
quem entregou R$ 12,8 bilhões de dinheiro dos brasileiros, via BNDES. E
o carrasco de Temer, que estrangulou o presidente e o país.
Mesmo encurralado, Temer continua presidente, [e cumprirá seu mandato até 31 dezembro 2018] o que torna surrealista
falar de eleições para sucedê-lo, sejam elas indiretas ou diretas. Apresenta-se como um sobrevivente que tem conseguido, com aparelhos,
manter a respiração. Perdeu fôlego no Congresso, mas não o suficiente
para ser impedido, algo que pode vir – se vier - do TSE, que marcou para
terça-feira, 6, o julgamento da ação do PSDB de cassação da chapa
Dilma-Temer. Mas nada aponta que será condenado de imediato e, se for,
que sairá rápido do Planalto, dadas as possibilidades de recursos. Falar hoje em diretas-já avilta o movimento que enterrou a ditadura.
Confunde as bolas. A não ser que os defensores da tese de eleições
diretas para substituir Temer pretendam retirar o presidente à força.
Aí, adeus democracia. [com o devido respeito: democracia em excesso é algo que exemplo de eleições diretas para presidente não é benéfico para o Brasil.]
Fonte: O Globo - Mary Zaidan, jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan
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