Lava-Jato analisa doações ao Instituto Lula, pagamentos à LILS Palestras e apoio a filme
Além do
caso tríplex, pelo qual já foi condenado a doze anos e um mês de prisão, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde a mais duas ações
penais na 13ª Vara Federal de Curitiba e a força-tarefa da Lava-Jato
ainda não encerrou as investigações sobre novos fatos que podem incriminá-lo.
Os procuradores ainda analisam as contas do Instituto Lula e da LILS Palestras
e transferências feitas à G4 Entretenimento, empresa que tem como sócios Fábio
Luís Lula da Silva, o Lulinha, e os irmãos Fernando Bittar e Kalil Bittar -
Fernando é também sócio do sítio de Atibaia ao lado de Jonas Suassuna Filho.
Também são apurados patrocínios de empresas para o filme "Lula, o filho do
Brasil", que recebeu recursos das empreiteiras Odebrecht, OAS e Camargo
Corrêa.
Na ação
em fase mais adiantada, Lula é acusado de ter recebido vantagens indevidas da
Odebrecht. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, a Odebrecht
comprou um prédio para o Instituto Lula, por cerca de R$ 12 milhões, e debitou
o valor da conta de propina destinada ao PT, com anuência do ex-ministro
Antonio Palocci. O Instituto Lula nunca usou o prédio, que foi comprado em nome
da DAG, uma terceirizada da Odebrecht, e acabou sendo colocado em nome da
Odebrecht Realizações Imobiliárias.
Outra
acusação, na mesma ação, é que a Odebrecht pagou pela cobertura vizinha à de
Lula no ABC paulista, também usada pelo petista. O apartamento está em nome de
Glaucos Costamarques, que afirmou ter comprado o imóvel a pedido do pecuarista
José Carlos Bumlai, amigo de Lula, e nunca ter recebido aluguel. Os
procuradores afirmam que o dinheiro usado por Glaucos na aquisição também era
da conta propina da Odebrecht.
Lula nega
as duas acusações - diz que visitou o prédio, mas achou inadequado para
instalar o Instituto Lula, e que alugava o apartamento de Glaucos Costamarques,
embora não tenha conseguido apresentar todos os recibos de pagamento. Até mesmo
os recibos apresentados foram contestados, já que Glaucos diz ter assinado
todos de uma vez, quando estava hospitalizado, a pedido do advogado de Lula.
A
previsão inicial é que a ação fosse julgada em março, mas a defesa de Lula
pediu perícia da contabilidade paralela da Odebrecht, o que atrasou o
andamento. Na semana passada, os advogados do ex-presidente ingressaram com
petição, com perícia própria, na qual afirmam que os sistemas da empreiteira
foram alterados e são inservíveis como prova. Agora, a nova expectativa é que o
julgamento ocorra em maio.
A segunda
ação é a do sítio de Atibaia, que recebeu reformas feitas pela Odebrecht, OAS e
por José Carlos Bumlai, que teria, segundo a acusação do MPF, usado dinheiro da
Schahin Engenharia. Ainda em fase de instrução e depoimentos, o processo só
deve ser finalizado no segundo semestre. As
investigações sobre o Instituto Lula e as transferências a Fábio Luís estão em
andamento. O Instituto recebeu R$ 20,740 milhões das empreiteiras Camargo
Côrrea, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez entre 2011 e 2014.
No mesmo período, fez pagamentos de R$ 1,34 milhão à G4 Entretenimento, que
informa ter prestado serviços de informática ao Instituto Lula. O relatório em
que constam esses dados, referente à quebra de sigilo do Instituto Lula, é
antigo, de fevereiro de 2016. Ou seja, as investigações já duram dois anos sem
que tenha sido apresentada denúncia.
O
cineasta Luiz Carlos Barreto nega interferência ou influência dos ex-ministros
Antonio Palocci e de Gilberto Carvalho na arrecadação de recursos junto a
Odebrecht ou qualquer outra empresa para o filme, que foi lançado em 2010 e
teve orçamento de R$ 17 milhões. Barreto disse ao GLOBO que não tem nada
"debaixo do tapete" e que nunca usou influência ou prestígio de
Palocci e que sequer quis usar a Lei Rouanet e o incentivo a obras de
audiovisual para evitar acusações.
Por: e-mail
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