Por tratar como caso de polícia o que era
uma questão social,
o
presidente Washington Luis acelerou a chegada da senilidade precoce à República
Velha, enterrada sem honras pela Revolução de 1930. Por tratarem como questão
social o que é um caso de polícia, os presidentes Lula e Dilma Rousseff
retardaram a chegada à maioridade de uma democracia ainda adolescente.
Porta-vozes de reivindicações elementares, os líderes do incipiente movimento
operário do século passado não mereciam cadeia. Mereciam de Washington Luis
mais atenção. Aprisionados a velharias ideológicas soterradas pela queda do
Muro de Berlim, comandantes de organizações criminosas disfarçadas de
“movimentos sociais” berram exigências que, no século 21, soam tão pertinentes
quanto a restauração da monarquia. Não merecem as atenções que Lula e Dilma
lhes dispensaram, nem a cumplicidade por omissão do atual governo. Merecem
cadeia.
A
varredura dos inimigos do Estado Democrático de Direito precisa começar pelo
MST, aconselha
o histórico da sigla que identifica o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra. Trata-se de um ajuntamento de estupradores do direito de propriedade,
que enxergam na reforma agrária a primeira escala do caminho que leva ao
paraíso comunista.
O
que parece mentira aos olhos de gente civilizada foi confirmado neste 25 de
julho, dia escolhido pelo general João Pedro Stédile
para a mobilização de tropas às quais caberia a execução de outra “jornada nacional de luta pela reforma agrária”. Com
a desenvoltura arrogante dos que se julgam condenados à perpétua impunidade,
os soldados deixaram as barracas de lona preta na madrugada da terça-feira para
atropelar o Código Penal em numerosos pontos do país, assolados por erupções de
violência ditadas pela palavra de ordem da vez: “Corruptos, devolvam nossas
terras”.
As
ofensivas do MST há bastante tempo têm ido muito além das invasões de terras
produtivas. Tais
ações beligerantes agora incluem a destruição de casas, máquinas, veículos,
plantações ou laboratórios, ataques armados aos seguranças das fazendas,
incêndios de benfeitorias e outras manifestações de selvageria. Nesta
semana, os órfãos da Guerra Fria aproveitaram a safra de ilegalidades
para avisar, em nota oficial, que a reforma agrária é também uma forma seletiva
de combate à corrupção: só entram na mira do movimento todos os acusados ou suspeitos
que não sejam devotos da seita que tem em Lula seu único deus. “Os
latifundiários que possuem estas áreas são acusados, no cumprimento de função
pública, de atos de corrupção, como lavagem de dinheiro, favorecimento ilícito,
estelionato e outros”, diz um trecho do palavrório.
Em
Mato Grosso, o papel de alvo preferencial coube ao atual ministro da
Agricultura, Blairo Maggi, castigado pela
invasão da fazenda SM02-B, do grupo AMaggi, localizada no município de
Rondonópolis. Cerca de 500 militantes seguem acampados por lá, e o abuso não
tem prazo para terminar. O motivo da pena aplicada a Blairo é resumido em 20
palavras: “Ele exerce a função de ministro para garantir as
condições necessárias para o desenvolvimento das suas fazendas e do
agronegócio”.
O
primitivismo insolente é uma das marcas de nascença do MST, confirma outra frase, que tortura a língua portuguesa para revelar um segundo
pretexto invocado pelos órfãos da Guerra Fria para espancar a Constituição e
violentar leis comuns: “O MST também se posiciona pelo afastamento
imediato de Michel Temer da Presidência, primeiro presidente na História
acusado formalmente de corrupção pela Procuradoria Geral da República”.
Se
acreditassem no que escreveram, os guerrilheiros sem alqueires nem cérebro
já teriam invadido o sítio de Lula em Atibaia e, neste momento, estariam aplaudindo a sentença do juiz Sérgio Moro sobre o
caso do triplex do Guarujá. Um acusado, como Temer, joga em divisões
inferiores à série A. Nessa elite figura Lula desde que se tornou o
primeiro presidente da História do Brasil condenado por corrupção e lavagem de
dinheiro.
Nada
disso importa para a versão rural do PCC, composta por
lavradores de araque que jamais se interessaram pelo trabalho na roça e nunca
tiveram qualquer intimidade com as coisas do campo. Caso tentasse
manusear uma foice, por exemplo, Stédile acabaria
transformado no primeiro revolucionário do mundo que decepou a própria cabeça.
E os militantes que ousarem empunhar uma enxada dificilmente escaparão da perda
de um pé ou um braço. É compreensível que prefiram estudar marxismo ou rezar
pela alma de Stalin sob o olhar de Guevara no poster.
Como o governo garante a cesta básica e a
impunidade, o MST pode lutar sem sobressaltos pelo extermínio da
democracia.
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