Em evento político no Acre, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou a seguinte delicadeza:
“Vamos fuzilar a petralhada toda aqui do Acre. Vamos botar esses picaretas pra correr do Acre. Já que eles gostam tanto da Venezuela, essa turma tem que ir pra lá. Só que lá não tem nem mortadela galera, vão ter que comer é capim mesmo”.
O PT entrou com uma notícia-crime no STF contra o candidato, que é deputado federal. Nela, escreve: “Por mera divergência política, entende o
candidato ser necessário o fuzilamento de toda uma parcela da
população, o que representa, a um só tempo, os cometimentos dos crimes
de ameaça e incitação ao crime”.
Pois é…
Indagado a
respeito, Bolsonaro repetiu o que lhe soprou aos ouvidos algum
assessor, que domina rudimentos da hipérbole, faltando-lhe, no entanto, a
sutileza necessária para as metáforas. Respondeu:
“Existe a figura de linguagem, hipérbole.
Foi usado (sic). Nada mais além disso. […] Qual o problema? Ninguém
quer matar ninguém não”.
Pois é… É
pouco provável que a questão avance, não é? E esse é o problema da
incivilidade. Ela torna o mundo pior mesmo quando não há intenção ou
prática criminosa.
É
provável, sim, que Bolsonaro tenha empregado a palavra “fuzilar” em
sentido conotativo. Não creio que tenha confessado em público a decisão
de matar todos os petistas com fuzil ou outra arma de fogo.
O problema
é outro. Por que, ao escolher uma metáfora de caráter hiperbólico, ele
parte logo para o fuzilamento? Poderia ser um não menos agressivo, do
ponto de vista político, “varrer a petralhada”; “limpar o Acre da
petralhada”, “esmagar a petralhada”…? Notem que este último verbo também
poderia ser associado à morte, embora se use com frequência por aí:
“Fulano esmagou sicrano nas urnas”. Por outro lado, por conflitos muito
menores, pode-se “fuzilar com o olhar”…
O problema
é que esse Bolsonaro que fala essas coisas tem como uma das propostas
de honra de sua campanha o armamento da população [procedimento essencial para o restabelecimento da segurança pública no Brasil] a — proposta que é
liofilizada e transformada em “direito de ter uma arma” — o que a lei já
garante —, “direito de se defender” (idem) ou “revisão do Estatuto do
Desarmamento”. [O direito de possuir tem que ser colado ao de portar livremente a arma. - possuir sem o direito de livre porte não é a solução completa.] Há uma
diferença, claro!, entre quem até pode fazer da arma uma metáfora e
quem faz até da metáfora uma arma. Obviamente, não é uma aposta na
tolerância, mas não creio que se trate de um crime.
“Petralhada”
Sim, inventei o termo “petralha”, “petralhada” e afins. Não emprego metáforas de extermínio ou morte contra ninguém. Como o termo é meu, também me cabe a definição de sentido: trata-se de uma junção de “petista” com “metralha” — dos Irmãos Metralhas — para designar o petista que justifica o roubo de dinheiro público em nome de um projeto de poder. Penso de gente assim o que sempre pensei. Minha oposição aos “petralhas” é ainda mais convicta hoje do que antes. Mas nunca flertei, e não flertarei, sob nenhuma hipótese, com fascistoides de direita. Nem sob o pretexto de combater os “petralhas”. Se os fascitoides de esquerda ocuparam mais o meu tempo, é porque eles estavam no poder.
Sim, inventei o termo “petralha”, “petralhada” e afins. Não emprego metáforas de extermínio ou morte contra ninguém. Como o termo é meu, também me cabe a definição de sentido: trata-se de uma junção de “petista” com “metralha” — dos Irmãos Metralhas — para designar o petista que justifica o roubo de dinheiro público em nome de um projeto de poder. Penso de gente assim o que sempre pensei. Minha oposição aos “petralhas” é ainda mais convicta hoje do que antes. Mas nunca flertei, e não flertarei, sob nenhuma hipótese, com fascistoides de direita. Nem sob o pretexto de combater os “petralhas”. Se os fascitoides de esquerda ocuparam mais o meu tempo, é porque eles estavam no poder.
Não sou
como certos empresários brasileiros que são “liberais” até a página 12.
Mas, se preciso, funcionam também no modo “fascistoide”. Eu não tenho
essa função.
“Ah, mas
você criou a pecha…” Isso tudo é bobagem! Os esquerdistas só não
trataram seus adversários ideológicos — eu inclusive — de santos.
Perseguiram, pediram cabeças, submeteram oponentes ao pau de arara das
redes sociais — tudo o que a extrema-direita aprendeu a fazer com a
maestria dos estúpidos. Nada disso me serve. No auge dos embates, essa
nunca foi a minha praia. Os petralhas nunca me serviram, entre outras
razões, por seu pouco apreço ao Estado de Direito, à ordem legal
democraticamente pactuada. Isso me colocou em rota de colisão com eles. E
isso me põe em rota de colisão com a banda fanática e autoritária da
Lava Jato. Também esta pediu a minha cabeça a patrões. Como o PT.
Blog do Reinaldo Azevedo
LEIA TAMBÉM: PT vai ao STF nesta terça; mesmo que obtenha improvável liminar pró-Lula, ungirá Haddad no dia 11. Ou é assim ou acabará fora da disputa
[lembrete do Blog Prontidão Total - o desespero da corja lulopetista é que Lula só poderá ser candidato em 2038, com 92 anos - desejamos que ele esteja vivo, com boa saúde, porém, inelegível.
Pena que mesmo estando vivo e com boa saúde o celerado não estará encarcerado; muito provavelmente será beneficiado com uma progressão de regime - algo tipo um indulto humanitário, que não extingue a pena, mas permitirá seu cumprimento em prisão domiciliar.
Além dos doze anos já garantidos, novas condenações atingirão o petista e eventual indulto contempla apenas a sanção penal, a inelegibilidade (limitada a oito anos) começa a contar após a extinção da pena.]
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