O
PT chega ao segundo turno da eleição presidencial um pouco como o
personagem da anedota, que mata pai e mãe e, no dia do julgamento, pede
misericórdia com um pobre órfão. O PT quer a compreensão de todos para
formar uma “frente democrática” de combate a Bolsonaro, personagem que o
partido mesmo ajudou a criar com suas cleptogestões e seus pendores hegemônicos. A diferença entre o PT e o ''órfão'' da piada é que o PT deseja que o perdoem sem pedir perdão.
Ao receber o apoio de Guilherme Boulos, do PSOL, Haddad insinuou, nesta terça-feira, que deseja atrair para sua caravana gente como Ciro Gomes, Marina Silva e até tucanos como Fernando Henrique Cardoso. Comentou a decisão do PSDB de ficar neutro: ''Sendo uma deliberação partidária, a gente respeita. Mas evidentemente que vai haver pessoas mais ligadas ao Mário Covas que acho que tem outra perspectiva. Existe uma social-democracia ainda” no PSDB.
Para ajudar na articulação política, juntou-se à coordenação do comitê de Haddad o ex-governador baiano Jaques Wagner, eleito senador. Amigo e ex-ministro do pajé do PT, Wagner disse que o slogan “Haddad é Lula” já deu o que tinha que dar. “…Agora as pessoas querem saber mais da personalidade do próprio candidato. Então, é essa tarefa que a gente tem agora. Mostrar quem é o professor Haddad, o pai de família, o tocador de violão, o faixa preta de taekwondo.”
Para que a “frente democrática” do PT vingasse, o partido teria de levar ao prato da balança meio quilo de autocrítica. Haddad teria que desdizer coisas que acabou de declarar no primeiro turno. Descartou, por exemplo, um mea-culpa pelo mensalão e o petrolão. Alegou que os crimes só vieram à tona porque os governos petistas fortaleceram os órgãos de controle, a Procuradoria e o Judiciário. Declarou que a petrorroubalheira nasceu na ditadura.
Para Haddad, a recessão e o desemprego não são obras do governo empregocida de Dilma. O fiasco seria decorrência de sabotagens de tucanos, que se uniram a Eduardo Cunha para implodir a gestão Dilma. De resto, Haddad não considera Lula como um corrupto de segunda instância. Ele o vê como uma inocente criatura, perseguida pela Procuradoria e pelo Judiciário.
Ou Haddad reconhece que o PT assaltou e permitiu que assaltassem os cofres públicos ou ficará entendido que o crime pode se repetir com sua chegada ao Planalto. Ou o candidato admite que Dilma foi um desastre ou a plateia ficará autorizada a suspeitar que haveria um replay num hipotético governo de Haddad.
Sem um mínimo de simancol do PT, a tal “frente democrática” ganhará a aparência instantânea de um pacto contra a lógica econômica e a probidade administrativa. A essa altura, Jair Bolsonaro já deve ter acendido uma vela pelo sucesso do plano do PT de trocar o ‘nós contra eles’ pelo ‘todos contra ele’.
Blog do Josias de Souza
Ao receber o apoio de Guilherme Boulos, do PSOL, Haddad insinuou, nesta terça-feira, que deseja atrair para sua caravana gente como Ciro Gomes, Marina Silva e até tucanos como Fernando Henrique Cardoso. Comentou a decisão do PSDB de ficar neutro: ''Sendo uma deliberação partidária, a gente respeita. Mas evidentemente que vai haver pessoas mais ligadas ao Mário Covas que acho que tem outra perspectiva. Existe uma social-democracia ainda” no PSDB.
Para ajudar na articulação política, juntou-se à coordenação do comitê de Haddad o ex-governador baiano Jaques Wagner, eleito senador. Amigo e ex-ministro do pajé do PT, Wagner disse que o slogan “Haddad é Lula” já deu o que tinha que dar. “…Agora as pessoas querem saber mais da personalidade do próprio candidato. Então, é essa tarefa que a gente tem agora. Mostrar quem é o professor Haddad, o pai de família, o tocador de violão, o faixa preta de taekwondo.”
Para que a “frente democrática” do PT vingasse, o partido teria de levar ao prato da balança meio quilo de autocrítica. Haddad teria que desdizer coisas que acabou de declarar no primeiro turno. Descartou, por exemplo, um mea-culpa pelo mensalão e o petrolão. Alegou que os crimes só vieram à tona porque os governos petistas fortaleceram os órgãos de controle, a Procuradoria e o Judiciário. Declarou que a petrorroubalheira nasceu na ditadura.
Para Haddad, a recessão e o desemprego não são obras do governo empregocida de Dilma. O fiasco seria decorrência de sabotagens de tucanos, que se uniram a Eduardo Cunha para implodir a gestão Dilma. De resto, Haddad não considera Lula como um corrupto de segunda instância. Ele o vê como uma inocente criatura, perseguida pela Procuradoria e pelo Judiciário.
Ou Haddad reconhece que o PT assaltou e permitiu que assaltassem os cofres públicos ou ficará entendido que o crime pode se repetir com sua chegada ao Planalto. Ou o candidato admite que Dilma foi um desastre ou a plateia ficará autorizada a suspeitar que haveria um replay num hipotético governo de Haddad.
Sem um mínimo de simancol do PT, a tal “frente democrática” ganhará a aparência instantânea de um pacto contra a lógica econômica e a probidade administrativa. A essa altura, Jair Bolsonaro já deve ter acendido uma vela pelo sucesso do plano do PT de trocar o ‘nós contra eles’ pelo ‘todos contra ele’.
Blog do Josias de Souza
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