O governador eleito pediu um levantamento nas polícias Civil e Militar sobre o número de 'snipers' que possam ser empregados em ações; Anistia Internacional repudia proposta
O governador eleito do Rio de Janeiro nas eleições 2018, Wilson Witzel (PSC),
disse nesta terça-feira, 30, que irá pedir ao governo federal a
permanência das Forças Armadas no Rio até outubro de 2019. A intervenção
federal na segurança do Estado foi decretada em fevereiro, com duração
até 31 de dezembro. Outra decisão no campo da segurança que Witzel já
tomou foi a de pedir um levantamento nas polícias Civil e Militar sobre o
número de "snipers" (atiradores de elite) que possam ser empregados em
ações contra traficantes de drogas armados de fuzil – ele defende o
“abate” desses criminosos sem que os policiais sejam responsabilizados
por isso.
Entrevista de Wtizel à Globonews, sobre 'snipers'
Witzel teve nesta terça-feira a primeira reunião com o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) sobre a transição. Os dez meses de extensão da presença das Forças Armadas seriam para cobrir o período de treinamento dos novos policiais militares que irão recompor a tropa, explicou. “Vou conversar para ter a manutenção por dez meses, com o decreto da Garantia da Lei e da Ordem. Temos a ideia de serem dez meses porque, conversando com o Pezão, ele disse que está contratando mil policiais. Eu tenho a intenção de contratar mais três mil para substituir esse contingente (de militares)”, disse ao Estado.
Pezão instituiu por decreto, publicado nesta terça-feira no Diário Oficial, uma comissão de transição governamental, com os secretários da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, Sérgio Pimentel, Fazenda e Planejamento, Luiz Claudio Gomes, e Governo, Affonso Monnerat. A comissão terá como coordenador geral, por parte do governador eleito, José Luiz Cardoso Zamith.
Ao falar dos snipers em entrevista à Globonews, Witzel declarou que policiais bem treinados, do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM e da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) da Polícia Civil, agirão para “abater” bandidos com fuzil. Ele voltou a repetir uma frase da campanha: “Prefiro defender um policial no tribunal do que ir ao funeral dele. Atirou, matou, está correto”. O governador eleito afirmou também que os policiais que matarem criminosos terão respaldo do Estado caso sejam levados a tribunais, e, nestes casos, deverão sair absolvidos.
Anistia Internacional reprova medida
A Anistia Internacional no Brasil divulgou nota nesta terça-feira repudiando a fala do governador eleito sobre o possível “abate” de traficantes. [essa 'anistia' como sempre em qualquer situação que envolva bandidos x policiais e/ou pessoas de bem, ela sempre fica do lado dos bandidos.]Diz o comunicado:
“As declarações do governador eleito Wilson Witzel de que policiais e militares terão autorização prévia para matar automaticamente pessoas que estiverem armadas, sem que haja de fato um risco iminente à vida, são uma afronta à legislação brasileira e à legislação internacional, e desrespeitam as regras de uso da força e armas de fogo por parte dos agentes da segurança pública. Tal medida tem um potencial impacto desastroso de aumento dos homicídios e da violência armada nas cidades. Não se combate violência com mais violência, confrontos diretos e desrespeito à legislação vigente.
Violência armada se combate com ações estratégicas de inteligência, investigação, prevenção, e maior controle de circulação de armas de fogo. Autorizar previamente os policiais e as forças de segurança a atuarem de forma ilegal, violenta e violando direitos humanos só resultará em uma escalada da violência e colocará em risco a vida de centenas de milhares de pessoas, inclusive os próprios agentes da segurança pública.”
Política - O Estado de S. Paulo
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