Informantes relatam recebimento secreto de listas de números de telefone, uso de chips do exterior e estúdio de produção maciça de memes
[Nota do Blog Prontidão Total: cumprindo o dever de informar nossos leitores, publicamos alguns excertos de matéria informativa veiculada na revista Época;
Deixamos bem claro que não existe nenhuma prova da ocorrência dos fatos narrados, sequer da existência das redes, sendo a matéria meramente informativa, sem apresentar provas ou algo que possibilite comprovação.]
Listas telefônicas em papel, chips importados, grupos segmentados e hibridismo entre militantes e disparadores pagos. Essas foram algumas das estratégias utilizadas pela campanha de Jair Bolsonaro (PSL) para criar sua extensa rede de comunicação paralela via WhatsApp. Na reta final da eleição, ÉPOCA conversou com pessoas que mergulharam ou participaram ativamente da construção do sistema, marcado pela circulação de notícias falsas e financiamento duvidoso. Um dos ouvidos pediu anonimato por temer retaliações.André ( nome fictício ) trabalhou para a família Bolsonaro durante quase dois anos. No início, o serviço se restringia à geração de peças virtuais. Em seguida, ampliou-se à criação maciça de grupos no aplicativo de mensagens. No primeiro semestre deste ano, a colaboração foi encerrada – entre outros motivos, pelo desconforto crescente da agência em que André trabalhava com o uso de notícias falsas desde o ano passado. “Saímos da campanha quando percebemos que as chances de ele ganhar eram reais”, contou.
Para multiplicar as células no aplicativo, eram utilizadas listas com números de celular fornecidas diretamente por funcionários do clã Bolsonaro. Diversas listas com números telefônicos foram retiradas pessoalmente de escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo — prática comum em campanhas para driblar a legislação eleitoral, que só permite o uso de base de dados dos próprios candidatos. Em seguida, por telefone, cada uma das listas era associada ao perfil de um grupo específico: jovens, mulheres, pobres, evangélicos, entre outros. Os grupos eram criados e alimentados manualmente. Um a um, centenas de contatos migravam do papel para a rede, sem a autorização prévia dos usuários.
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O professor Viktor Chagas, que monitora cerca de 150 grupos de cunho conservador e bolsonarista para o CoLAB, grupo de pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF), constatou a presença decisiva de números estrangeiros nesses espaços. Chamam atenção telefones com códigos de Índia, Paquistão e Arábia Saudita. “Esses números são minoria, mas se caracterizam por uma atividade intensa”, explicou Chagas. O informante que esteve dentro da campanha de Bolsonaro contou que a maioria dos chips usados vinha dos Estados Unidos, mas também havia alguns com origem em Portugal e na Argentina. As agências que atendiam o clã do presidenciável recebiam os chips estrangeiros em procedimento idêntico ao das listas — pessoalmente, em encontros cercados de sigilo. A ideia era dificultar o rastreamento e bloqueio dessas linhas.
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