Lula
escreveu uma carta dirigida a todos os brasileiros que tinha a intenção
de ser, digamos, uma espécie de chamamento para a formação de uma frente
suprapartidária contra Jair Bolsonaro (PSL). É impressionante!
Repetindo o que já é um clichê, o PT parece não aprender nada nem
esquecer nada. Vá lá: já disse aqui que o partido tem assegurado o seu
lugar de poder: vai comandar a oposição a Bolsonaro caso não vença a
eleição — e não parece que vá vencer. Sua estratégia, em parte ao menos,
é vitoriosa. Se, no entanto, o intuito de agora era fazer a tal frente,
ainda que sem eleitores, é claro que os termos da carta de Lula estão
completamente fora de foco. Confunde frente ampla com partido. Abaixo,
destaco alguns trechos, com comentários.
Ok. Nada de errado nesse trecho. Afinal, o objetivo da carta é mesmo pedir votos para Fernando Haddad. Faz aí a coisa certa: um apelo acima dos partidos, dirigindo-se àqueles que chama “os democratas”. Com efeito, vários eleitores e lideranças não-petistas poderiam se sentir de algum modo contempladas pela carta. Mas aí a coisa desanda.
Para derrubar o governo da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, juntaram todas as forças da imprensa, com a Rede Globo à frente, e de setores parciais do Judiciário, para associar o PT à corrupção. Foram horas e horas no Jornal Nacional e em todos os noticiários da Globo tentando dizer que a corrupção na Petrobrás e no país teria sido inventada por nós.
Pouco importa se a rusga de Lula é com a TV Globo ou com outro meio de comunicação qualquer. Vejam aí exercitada a velha tese do golpe. Ora, o objetivo da carta não era buscar eleitores antibolsonaristas que não se identificam com o PT? Afinal, os petistas já votam em Haddad. O que pretende o ex-presidente? Que eventuais apoiadores do impeachment de Dilma — que só caiu porque afundou o país na recessão e no desemprego — façam antes um mea culpa para votar em Haddad? Ademais, na crítica à imprensa, ele e Bolsonaro poderiam dar as mãos, não é mesmo?
Continua aqui
Blog do Reinaldo Azevedo
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