A longevidade da prisão de Lula inquieta a cúpula do PT, produzindo ajustes na retórica oficial da legenda. Conforme já comentado aqui, o discurso que vendia Lula como herói da resistência vai sendo gradativamente substituído por uma pregação que o apresenta com um personagem frágil, cuja saúde estaria debilitada. Em discurso na tribuna do Senado, Gleisi Hoffmann, a presidente do PT, insinuou que a vida do prisioneiro corre risco.
“O que querem é acabar com o Lula, o que querem é que Lula não sobreviva”, declarou Gleisi, antes de apontar o dedo para o futuro presidente da República e seu ministro da Justiça: “Eu quero dizer desta tribuna: o que se pretende é que Lula morra. É isso que estão fazendo. É esta a promessa de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista: deixá-lo apodrecer na prisão. E esta é ação do senhor Sergio Moro, que não tem outra coisa na vida a fazer senão a sua vingança, o seu ódio contra Luiz Inácio Lula da Silva.” [Bolsonaro querendo, ou não, Lula vai apodrecer na cadeia e a razão é simples = além de uma condenação superior a dez anos, o criminoso petista responde a mais seis processos penais que no total lhe renderão uns 30 anos de cadeia - cálculo por baixo e considerando ter o presidiário idade superior a 70 anos, o que pode lhe render uma ou duas prescrições - assim, a única coisa que pode evitar que o vaticínio do presidente eleito se torne realidade é ser o celerado beneficiado por uma 'graça' (o indulto só se aplica em casos coletivos, cabendo a Lula apenas o recurso da 'graça' = beneficio com destinatário certo).
Caso contrário, só restará a Lula apodrecer na cadeia.]
Em meio a ataques dirigidos ao delator-companheiro Antonio Palocci, ex-ministro dos governos de Lula e Dilma Rousseff, Gleisi emendou: “Que fique bem claro: se algo acontecer a Lula, a responsabilidade é dessa Operação Lava Jato, que não tem nenhuma – nenhuma! – responsabilidade com a verdade, com as provas e com o devido processo legal.”
O discurso foi proferido nesta terça-feira (27), mesmo dia em que a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que julgará antes do final do ano o mais recente pedido de liberdade protocolado pela defesa de Lula. Nele, os advogados sustentam que Sergio Moro “revelou clara parcialidade e motivação política” ao condenar Lula. Alega-se que a hipotética falta de isenção do ex-juiz da Lava Jato ficou patente no instante em que ele aceitou o convite para ser ministro da Justiça da gestão Bolsonaro. [ o Supremo proferir decisões estapafúrdias não mais surpreende:
- vide que o ministro Barroso usou um recurso de 'habeas corpus' apresentado a favor de um individuo preso por participar da execução de um aborto, para 'descriminalizar' a prática criminosa;
- sabe-se que o ministro Toffoli soltou um criminoso - Zé Dirceu -utilizando o agora famoso 'habeas corpus' de ofício'.
Desta forma, é improvável, porém, possível, que a Segunda Turma decida libertar Lula acatando a tese absurda e sem sustentação da defesa do presidiário petista, qual seja, a de que ao condenar Lula em 2017, Moro foi parcial já pretendendo ser ministro do Governo Bolsonaro - que na ocasião sequer era candidato.]
Moro dá de ombros para a acusação. Declara que Lula está preso porque cometeu crimes. Reitera que a sentença condenatória foi ratificada pelo TRF-4, que elevou a pena para 12 anos e um mês de prisão. ''Não posso pautar minha vida por um álibi falso de perseguição política'', afirmou Moro sobre o fato de ter migrado da Lava Jato para a Esplanada dos Ministérios.
O julgamento do recurso de Lula pode ser marcado para os dias 4, 11 ou 18 de dezembro. A hipótese de o preso ser libertado é considerada remota até pela oligarquia petista. Daí a mudança de tom. Tenta-se transformar o “Lula livre” numa espécie de causa humanitária. Preso desde 7 de abril, Lula deve passar o Natal, o Ano Novo e até o Carnaval na cadeia.
Blog do Josias de Souza
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