Só um político acha aceitável que a presidência do Congresso seja ocupada por alguém que responde a 15 inquéritos no STF e já é réu por corrupção: ele próprio
Os passos mal dados nos últimos anos ameaçam deixar pela primeira vez o MDB fora das benesses do poder desde a redemocratização do país. O partido sente as consequências da baixa popularidade do governo do presidente Michel Temer e avalia ter sido uma má idéia ter lançado a candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à Presidência da República. Por conta desses erros, o MDB perdeu boa parte do poder de barganha que sempre teve com os novos governos, ao ver reduzida de forma considerável a sua bancada na Câmara. Ainda que combalido, o velho MDB está de volta para outra vez se apresentar como “o partido da governabilidade”, como disse o próprio Temer em 2014. A face mais evidente dos esforços emedebistas, no entanto, são os movimentos feitos pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) para voltar à Presidência do Senado no ano que vem. Por pressuposto, uma iniciativa nefasta.Ainda que tenha diminuído na Câmara, o MDB será a maior bancada no Senado e nesse sentido a experiência do partido até poderia ser benéfica a Bolsonaro. Afinal, Renan já presidiu o Senado duas vezes, mas o problema é que ele é um dos integrantes da velha política, eivada de denúncias de corrupção. Responde a 15 investigações no STF e já é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. Portanto, seu nome para a presidência do Senado teria que ser descartado de cara, embora não seja esse o seu desejo.
Bolsonaro já deixou vazar sua preferência pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), mas como não faz movimentos mais explícitos na sua direção, Renan tem se sentido à vontade para se mexer com o objetivo de retornar ao comando do Senado. Nas conversas com outros senadores, ele afirma já ter 40 votos garantidos, no próprio MDB e até no PT.
Sem toma-lá-dá-cá Caso o nome de Renan surja como força, nomes ligados à Bolsonaro se colocarão na disputa. Isso porque ele é visto como alguém que pode atrapalhar o novo governo. Pesa contra ele o fato de ter apoiado o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad. Nesse contexto, um dos adversários de Renan na disputa é o deputado Major Olímpio (PSL-SP), eleito senador. Ele diz que só aguarda o posicionamento de Bolsonaro sobre quem ele deve apoiar para a presidência do Senado para lançar sua candidatura. Olímpio já manifestou sua contrariedade com o fato de Renan ser aspirante ao posto, mas admite que a aproximação do MDB com Bolsonaro é válida. “Eles serão bem-vindos desde que não haja toma-lá-dá-cá”, disse. Resta saber se o MDB entende de algum outro caminho na política.
IstoÉ
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