Governo Trump quer ação mais firme de países da região contra o que chama de 'nova era' de Maduro
A posse de Jair Bolsonaro é vista na equipe do presidente dos Estados Jair Bolsonaro é vista na equipe do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,Unidos, Donald Trump, como a chance de uma coordenação entre países da região para isolar o regime de Nicolás Maduro,
na Venezuela. Os EUA querem mais engajamento da América Latina, como
grupo, e contam com Bolsonaro para liderar um endurecimento de políticas
contra Maduro junto a outros governos de direita na região: Chile,
Argentina, Colômbia, Peru e Paraguai.
Durante o governo do presidente Michel Temer, o Brasil já endureceu o
posicionamento sobre o regime de Maduro, junto ao chamado Grupo de Lima,
e liderou a aprovação da suspensão da Venezuela do Mercosul. A
diplomacia brasileira, no entanto, sugere que o foro de discussão sobre a
situação do país é dentro da Organização dos Estados Americanos
(OEA) e diz não aceitar sanções unilaterais, como as impostas pelos
americanos. Em junho, em visita ao Brasil, o vice-presidente dos EUA,
Mike Pence, pediu que o País agisse "com mais firmeza" sobre Maduro.
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Quatro dias depois da eleição de Bolsonaro, o assessor de segurança
nacional de Trump, John Bolton, fez discurso no qual afirmou que o
continente não pode viver sob ameaça da "sombra do socialismo" e agrupou
Venezuela, Nicarágua e Cuba como "troica da tirania", o que prometeu
combater "até a queda". O tema foi assunto das reuniões de Mike Pompeo,
secretário de Estado e representante dos EUA na posse de Bolsonaro, em
Brasília.
Os EUA consideram o próximo dia 10, quando Maduro, no cargo desde 2013,
será novamente empossado em Caracas, como uma data "muito importante" -
o que um oficial do Departamento de Estado classifica como uma "nova
era" Maduro.
"Com certeza vai haver uma nova liderança na América Latina sobre
Venezuela vindo do Brasil, essa é ao menos a expectativa da
administração no governo Trump", afirma Fernando Cutz, ex-assessor da
Casa Branca para assuntos ligados à região e atualmente parte do time da
consultoria Cohen Group.
Segundo ele, a Colômbia é a maior afetada na região com a crise, o que
dificulta uma postura mais agressiva, e a Argentina está em meio a
dificuldades domésticas. "Esse papel vai recair sobre Bolsonaro. Essa
será uma das coisas mais rápidas e fáceis de fazer para aproximá-lo da
visão de Trump", afirma Cutz. Segundo ele, o brasileiro ganharia na
relação com EUA se tomasse a dianteira da discussão regional. Os EUA já vêm impondo sanções unilaterais a pessoas ligadas ao governo
de Maduro, mas autoridades americanas avaliam que os países da região
precisam forçar a mudança na Venezuela. O ex-presidente do Peru Pedro
Pablo Kuczynski, o PPK, era visto como a liderança na região nesse
assunto, mas desde que renunciou à presidência em março o governo
americano vê um vácuo de liderança local sobre o tema.
"Há três anos olhávamos para a América Latina e não víamos posição
contra Maduro. Isso mudou muito e a América Latina ao menos está falando
as coisas certas sobre o regime na Venezuela. Enquanto no início, nós
na Casa Branca, estávamos contentes com isso, agora se chega a um ponto
em que já não é mais suficiente, é preciso ter ação", afirma Cutz.
Trump teve encontros bilaterais recentes com três líderes da região que
as autoridades americanas veem como aliados na pressão sobre o regime
de Maduro. Em todos, a Venezuela esteve no centro da discussão. No final
de setembro, Trump recebeu o presidente do Chile, Sebástian Piñera, na
Casa Branca e se reuniu com Iván Duque, da Colômbia, em Nova York, em
paralelo à Assembleia Geral da ONU. Com o presidente da Argentina,
Maurício Macri, o encontro foi no final de novembro, em Buenos Aires.
Na coletiva de imprensa com Piñera, chegou a chamar a Venezuela de "uma
bagunça" e, com Duque, o americano protagonizou uma das falas mais
inflamadas sobre o regime de Maduro quando não negou que todas as opções
estariam sobre a mesa.
O Estado de S. Paulo
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