Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

domingo, 14 de abril de 2019

Um novo ministério

A recusa em pensar é realmente um problemão no Brasil de hoje


Publicado na edição impressa da EXAME

Eis aqui uma sugestão para o atual governo: criar o mais cedo possível o Ministério dos Problemas Cretinos, dando-se o devido crédito, naturalmente, ao gênio de Millôr Fernandes. O trabalho desse novo ministério seria receber, processar e mandar para uma usina de lixo a ser instalada em Brasília as questões gravíssimas, e sem a mais remota importância prática, que se reproduzem à velocidade alarmante no noticiário político de hoje em dia. Desde que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse em 1º de janeiro deste ano as “crises” de seu governo se sucedem ao ritmo médio de uma por dia o que já estaria dando, numa conta redonda, cerca de 100 em apenas três meses. É verdade que, até agora, nenhuma delas gerou um miligrama de efeito real, pela excelente razão de terem sido construídas com uma combinação de falta de pé com falta de cabeça. [Bolsonaro, não podemos esquecer tem dado algumas escorregadas - algumas por empolgação, outras por influência dos filhos, mas tudo vai se ajustar (uma delas, a paixão súbita por Israel, mesmo prejudicando os interesses comerciais do Brasil, começa a arrefecer) - mas, a maximização das 'crises' no governo Bolsonaro é simples de explicar:
- grande parte da estúpida esquerda tenta conseguir um terceiro turno;
- no que é auxiliada por parte da imprensa que sabe que é questão de tempo o governo Bolsonaro começar a cobrar débitos que vem desde o século passado.] Mas acabam fazendo a administração pública perder um monte de tempo para explicar todo santo dia que o lobisomem visto agora pouco anunciando o fim do governo no Viaduto do Chá não era, olhando bem, um lobisomem de verdade. Entraria aí, então, o novo ministério: às 9 horas da manhã de cada dia útil o serviço de protocolo registraria o conjunto completo de bobagens cinco estrelas noticiadas na véspera, passaria um recibo de entrada e daria a crise por resolvida para o resto da vida.

Em matéria de problema cretino de primeiríssima grandeza, no embrulho de disparates mais recentes servidos pela mídia, pouca coisa se compara à visita que Bolsonaro acaba de fazer a Israel. Segundo a maioria dos árbitros do bem e do mal que nos ensinam diariamente o que devemos pensar sobre todos os assuntos desta vida, a viagem em si foi uma aberração ética imperdoável. Embora o Brasil mantenha relações absolutamente normais com Israel há mais de 70 anos, Bolsonaro cometeu um delito moral, político e diplomático sem perdão pelo simples fato de ir até lá. Nada comprovaria melhor este desastre, segundo os comunicadores mais indignados, do que a nota de protesto contra a visita expedida pelo Hamas ─ um grupo de criminosos que vive da extorsão, do assassinato de inocentes e de atos terroristas para promover a “causa palestina”. Queriam o quê? Que o Hamas ficasse a favor? Ficava a favor nos tempos de Lula-Dilma; agora não dá mais.

O ponto culminante do desvario, porém, está na abordagem “econômica” da viagem. De acordo com “especialistas” em comércio exterior, ela desagradou aos países “do Oriente Médio”, que importaram cerca de 14 bilhões de dólares de produtos brasileiros em 2018, enquanto Israel importou só 320 milhões. Como podemos arriscar aquela montanha de dinheiro em troco da mixaria que é Israel? O problema disso tudo são os fatos. O tal “Oriente Médio” inclui nada menos do que 15 países ─ entra até Chipre, onde se fala grego e ninguém faz a menor ideia de que Bolsonaro foi a Israel, ou a qualquer outro lugar ─ mais um pouco, enfiariam na lista a Rua 25 de Março. Ainda assim, somando tudo, esse grupo representa menos de 6% das exportações totais do Brasil. [não está em questão quantos países compram do Brasil, por mantermos boas relações com os árabes, comercialmente falando o que importa é o total que o Brasil fatura da soma desses clientes preferenciais, que somados compram por 44 Israel.
Se esse grupo representa menos de 6% das exportações brasileiras, Israel representam menos de 0,15% das exportações brasileiras - nada temos contra o Brasil venda e compre de Israel, o que defendemos é que interesses comerciais devem prevalecer.
Aliás, torcemos para que a PAZ reine no Oriente Médio - o que implica em Israel devolver as terras que ocupa com colônias estabelecidas contas a vontade da ONU - e viva bem com os árabes e todos fiquem clientes dos produtos brasileiros.
A referência ao poder dos Estados Unidos devido o volume que compra, preferimos deixar no mundo das hipóteses inviáveis.]
Por esse critério de agradar quem compra muito, como ficariam as coisas, então, com os Estados Unidos? Em 2018 o Brasil exportou cerca de 25 bi para lá. Muito cuidado, portanto: não façam nada que possa incomodar os americanos, os maiores amigos de Israel no mundo, porque eles nos compram quase o dobro do que os “árabes”. Também foi deplorada a catástrofe diplomática que Bolsonaro provocou ao fazer que voltasse para a sua terra o embaixador da Palestina, um negócio que se resume à Faixa de Gaza e é menor que o município de Jundiaí. [no momento em que Israel for compelido pela ONU - dificil de ocorrer devido a proteção americana ao estado hebreu - a devolver o que tomou dos palestinos a 'jundiaí' de Gaza crescerá bastante.] A coisa foi apresentada como um problema mortal. Mas e daí? Que diferença isso vai fazer no mundo das realidades, se ninguém nem sequer sabia que o homem estava aí? Como disse o general Mourão: “Deixa. Um dia ele volta”. E se não voltar ─ quem é que vai perder 5 minutos de sono com isso? A recusa em pensar é realmente um problemão no Brasil de hoje. Chamem o Ministério dos Problemas Cretinos.

Nenhum comentário: