Bolsonaro contra o Código de Trânsito Brasileiro
A cada hora, cinco mortes. Em 10
anos, 1,6 milhão de feridos e 438 mil óbitos. Mais de 60% dos leitos do
Sistema Único de Saúde (SUS) abarrotados com suas vítimas. Famílias
despedaçadas, sonhos perdidos e um custo anual que atinge mais de R$ 50
bilhões, o que representa 3% de nosso Produto Interno Bruto. O trânsito
do Brasil é uma guerra das mais sangrentas. E o que o governo do presidente Jair
Bolsonaro faz? Manda para o Congresso Nacional um projeto que que altera
o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), acaba com diversas punições para
motoristas infratores e enfraquece medidas que salvam vidas nas
estradas.
Entre as mudanças previstas estão a
dispensa do exame toxicológico para motoristas e o fim de multas para os
condutores que deixem de usar cadeirinhas para crianças e trafeguem em
rodovias durante o dia sem o farol ligado. O projeto também aumenta de
20 para 40 o número de pontos para a suspensão da carteira de
habilitação. As medidas anunciadas colidem
frontalmente contra todos os estudos e medidas implantadas mundo afora
para diminuir a letalidade no trânsito. Trata-se de um liberou geral
contra a vida e nós não podemos de forma alguma concordar com isso. É um
incentivo a morte, a violência e para aqueles que cometem crimes.
Se existe alguma coisa boa em tudo isso é
que as alterações propostas pelo governo ainda precisam ser aprovadas
pelo Congresso Nacional. Nossa missão agora é promover uma verdadeira
blitz nesse projeto e barrar todos os retrocessos inseridos em seu
texto. Já está provado, por exemplo, que o uso
de cadeirinhas para crianças reduz em até 60% o número de mortes em
acidentes. Desde que o equipamento se tornou obrigatório no Brasil, o
número de óbitos de crianças de até 9 anos no trânsito caiu 12,5%. Então qual sentido faz acabar com a multa para motoristas que não transportam as crianças em cadeirinhas?
Do mesmo modo ocorre com o exame
toxicológico. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, no primeiro ano após
a aprovação da lei que obriga motoristas profissionais passarem pelo
procedimento houve uma queda de 38% nos acidentes nas rodovias federais.
Quem propõe o fim dessa exigência incentiva o rebite. O uso do farol aceso durante o dia nas
rodovias também já mostrou que salva vidas. Estudo do Departamento
Nacional de Trânsito (Denatran) aponta que a presença de luzes acesas
reduz entre 5% e 10% a ocorrência de colisões frontais nas rodovias.
Outro levantamento divulgado em 2017 pela revista Quatro Rodas mostrou
que, com o farol aceso durante o dia, a distância de percepção do carro
na via contrária é 567% maior. Testes identificaram que com as luzes
apagadas um veículo é perceptível a 300 metros de distância, porém, com o
farol aceso, a visualização aumenta para 2000 metros. Enfraquecer a lei
é apagar vidas!
O Brasil precisa seguir em frente com
segurança e não podemos permitir que o principal condutor do país busque
atalhos por meio de uma direção perigosa.
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