A mentira chamada fundo partidário e eleitoral - J. R. Guzzo
Dinheiro é usado em proveito pessoal e direto dos políticos, do jeito que bem entendem, e não para ‘sustentar’ a democracia
Não
há nada mais enganador do que um fato óbvio, costumava dizer o criador
de “Sherlock Holmes”. Está na frente de todo mundo, já foi discutido por
todos e ninguém tem mais nenhuma dúvida a respeito do que significa –
mas, assim mesmo, nada é feito para evitar aquilo que ele pode trazer de
ruim. É o caso dos “fundos” Partidário e Eleitoral,
que deputados federais e senadores criaram para transferir dinheiro do
erário público diretamente para os seus bolsos. A desculpa é que esses
bilhões de reais são “indispensáveis” para sustentar, nada mais nada
menos, que a própria “democracia” no Brasil, pagando as
justas despesas que os políticos têm de fazer para exercer a sua
atividade constitucional. O fato óbvio, aí, é o seguinte: isso é
mentira. O dinheiro é usado em proveito pessoal e direto dos políticos,
do jeito que bem entendem. Mas eles conseguem enganar o País inteiro com
a trapaça que montaram em plena luz do sol. Estão simplesmente enfiando
o dinheiro em suas contas bancárias, com a bênção da justiça, e ninguém
diz nada.
Acaba
de vir ao conhecimento do público, neste preciso momento, o que parece
ser a primeira demonstração objetiva de que os tais fundos são mesmo um
assalto, puro e simples, ao contribuinte brasileiro – se bem que já
podem ter acontecido outras, que por enquanto estão escondidas. O ex-presidente Lula, conforme consta de uma prestação oficial de contas do PT ao Tribunal Superior Eleitoral,
está recebendo desde janeiro de 2020 um salário mensal de R$ 20.400 do
“Fundo Partidário”. Segundo diz o papelório legal do partido, Lula foi
contratado pelo PT para fazer trabalhos de “consultoria política”, e
desde o começo do ano vem recebendo os seus “honorários” da porção do
“fundo” que cabe ao partido. Outras figuras do PT, como o também
condenado João Vaccari Netto e o réu Gilberto Carvalho, denunciado na Lava Jato, estão recebendo salários da mesma fonte, por volta dos R$ 15 mil mensais.
Por que raios você, que paga impostos a cada vez que acende a luz de casa, tem de gastar o seu dinheiro para encher o bucho de Lula
e dos seus parceiros? Por que eles não vão trabalhar para ganhar a
vida? O que poderia ter isso a ver com a “defesa da democracia”, como
dizem os políticos para justificar a existência dos “fundos”? Tem a ver,
unicamente, com o bem estar material deles próprios. O resto é 100%
enganação. O mais bonito, na história toda, é que o Congresso Nacional
acaba de entrar em transe, horrorizado com as sugestões de que dessem
um pouco do dinheiro que está socado nos “fundos” para o combate à covid-19.
Negaram-se a dar, em benefício da população, um único centavo do
dinheiro que estão usando para sustentar Lula e seus amigos com salários
mensais. Um juiz chegou até a determinar que alguma contribuição fosse
feita para ajudar a saúde pública, mas sua decisão foi esmagada nos
tribunais superiores de Brasília: é proibido, decretaram eles, mexer
nesse dinheiro.[esse dinheiro que os tribunais superiores proibiram que fossem usados no combate à mentira é de R$ 3.000.000.000,00 = suficiente para pagar apenas 5.000.000 de auxílio emergencial de R$ 600, aos desempregados, desamparados, desalentados pelo isolamento total.]
Fatos não param de existir só porque não há
ninguém falando deles. Nenhum silêncio pode fazer com que os 20.400
reais por mês recebidos por Lula desapareçam no espaço.
J. R. Guzzo, jornalista - O Estado de S. Paulo
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