Leandro Colon
Governo propõe cortes no setor privado, mas há um silêncio sobre medidas para o funcionalismo
[Com todo o respeito ao ilustre articulista, se o dinheiro público sequestrado pelos políticos para os Fundos Partidário e Eleitoral, fosse aplicado em ações de combate ao coronavírus, representaria um reforço de R$ TRÊS BILHÕES.
Os recursos de tais fundos são desperdício de dinheiro público em qualquer época, mas neste 2020 o acinte é maior, tendo em conta que as eleições de outubro próximo serão adiadas.
Fazer propagando política do que epara que?]
O Senado tem ao todo cinco funcionários no “serviço aeroportuário”. As
remunerações partem de R$ 25 mil, segundo registros oficiais. A atribuição deles é cuidar do planejamento das viagens das autoridades e
de seus convidados que desembarcam no aeroporto de Brasília. O serviço é subordinado à Polícia Legislativa do Senado, que fornece 19
servidores, com bons salários, para o “serviço de plenário e comissões”.
Outros 22 policiais legislativos trabalham na proteção do presidente do
Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ao todo, a Casa tem cerca de seis mil
funcionários de carreira e comissionados. Em tempos de sessões virtuais,
com senadores votando de casa pela internet, e voos restritos, é inútil
o “serviço aeroportuário”. Assim como não há necessidade para 19 policiais cuidarem da segurança do
plenário e das comissões, que estão inoperantes fisicamente.
Mas enquanto o governo federal propõe o corte de jornada e dos salários
do setor privado para enfrentar a crise do coronavírus, há um silêncio
sobre medidas que atinjam o bolso do funcionalismo público. Os três Poderes — Executivo, Judiciário e Legislativo — não se mexem para buscar uma saída legal que corte na própria carne. O presidente do STF, Dias Toffoli, por exemplo, tratou de acalmar a
tropa da Justiça quando a hipótese de redução salarial foi aventada.
Reportagem publicada no domingo (12) na Folha mostra que haveria um
caixa de R$ 6 bilhões se houvesse uma diminuição de 25% na jornada e nos
salários por três meses na administração federal.
Somando os funcionalismos estadual e municipal, o valor subiria a R$
36,8 bilhões, de acordo com estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada). Um dinheiro que poderia ir para o combate à
pandemia. Grande parte desses são servidores de carreira, que compõem uma elite
com estabilidade trabalhista em meio a uma crise econômica que promete
ser sem precedentes. Que ao menos então recebam menos por trabalhar
menos nesse período.
Leandro Colon, jornalista - Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário