O que
achava que os homens são iguais, assim pensava porque os via como seres
racionais e fracos interiormente. E por causa disso, tinham que viver numa
comunidade administrada pela política. Coerente com
o seu pensamento, o primeiro achava que, como os homens são diferentes, eles
deviam ser administrados pelos mais ricos que, por serem os mais educados,
detinham o conhecimento. Já, o sábio que achava que os homens eram iguais era
da opinião de que a luta de “um por todos, e todos por um” era o melhor sistema
porque configurava o governo do povo, pelo povo e para o povo, ou seja, a
Democracia.
Com o
passar do tempo, porém, a realidade foi mostrando que
‘na-prática-a-teoria-é-outra’. Quando o poder vem de cima, como no caso dos
sistemas de governo com o poder centralizado, esse poder acaba sendo exercido
por uma casta burocrática que acaba invertendo a relação entre o Estado e o
povo. Ou seja, ao invés do Estado servir ao povo, é o povo que serve ao Estado.
É o caso do Brasil atual em que depois de pagar o funcionalismo público, o
governo não tem mais dinheiro para melhorar a vida dos cidadãos.
É muito
comum também que na escolha os seus representantes, o povo seja seduzido pela
lábia de alguns mais aptos na arte de enganar. No final, estes marqueteiros
iludem o povo vendendo a imagem de que sabem interpretar a ‘vontade-geral’, mas
de fato são melhores na retórica do que na racionalidade. Vendem
gato-por-lebre... Apesar de
todo esse “defeito-prático”, se passou mais de 2 mil anos e ainda não
encontramos uma fórmula infalível que não permita que o Estado seja usurpado do
povo por uns metidos-a-déspotas se achando salvadores-da-pátria, por loucura ou
por hipocrisia...
A
Democracia ainda é vista como o melhor regime para resistir aos avanços dos
outros modelos não tão comprometidos com a liberdade individual. A alternância
de poder que a Democracia garante, ainda que não seja o melhor meio de escolher
os melhores, é um jeito de impedir que os piores fiquem no poder para sempre... Obcecado em
blindar a Democracia dos déspotas usurpadores de poder, um calejado juiz bolou
um sistema em que um poder controla o outro. Deu o nome de sistema de
“separação-de-poderes-por-meio-de-freios-e-contrapesos”. Deu certo em muitos lugares, mas não aqui na
terrinha. Mais “conspiradores” do que em muitas outras paragens, onde o
espírito do Patriotismo é genuíno, no papel redigido em 1988, o Brasil adotou o
sistema do Barão de Montesquieu, mas, na prática, passou a funcionar no sistema
do Centralismo Democrático inventado por Lênin – um dos pais da extinta (?) União
Soviética.
No início
do século XX, os russos redescobriram a Pedra da Roseta com o ‘mapa-da-mina’:
os segredos de como tirar proveito de todo o mundo em nome de todo mundo, isto
é, “democraticamente”. A “invenção” do Centralismo Democrático. desde então,
fez escola em todos os cantos e recantos da vida de todo mundo, no Mundo todo.
Há sempre um “Conselho de Administração”, ostensivo ou clandestino, decidindo
nas costas do povo.
Os
franceses chamam de ‘petit-comité’ quando se quer designar o grupo de poucos
que decide, nas sombras dos gabinetes, o futuro de muitos. Os russos chamaram
de “Politicheskoye Byuro”, vulgo Politburo, preconizando que o melhor método é
o de sete membros com a “liberdade de discussão, unidade de ação”. Aqui, na
terrinha, ainda não ficou claro quem é o sétimo membro...
Vamos
augurar para que, no nosso Centralismo Democrático, pelo menos, o obscuro
“sétimo membro” não se apoie no corona-vírus para adquirir uma “Golden-Share”...
Fabio Chazyn, autor dos livros “Consumo Já! Projeto Vale-Consumo” (2019) e “O Brasil Tem Futuro? Projeto A.N.O.R. – Inteligência Artificial Coletiva” (2020)
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