Correio Braziliense
Ontem, o vice-presidente disse ainda que o ministro "passou a linha da bola" e "forçou a barra" ao criticar militares na Saúde, em meio a pandemia de coronavírus
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) voltou a comentar sobre a declaração do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou no último dia 11 que o "Exército Brasileiro está se associando a um genocídio" em meio ao enfrentamento ao novo coronavírus.
Nesta
terça-feira (14/07), Mourão afirmou que o magistrado deve um pedido de
desculpas. “Se tiver grandeza moral, tem que se retratar”, apontou.
“Não
vejo como interferência. Vi o cidadão Gilmar Mendes fazendo uma crítica
totalmente fora de propósito ao comparar o que ocorre no Brasil com o
genocídio. O genocídio foi cometido por Stalin, contra as minorias
russas. Foi cometido por Hitler contra os judeus. Foi cometido aí na
África, em Ruanda e em outros casos. Saddam Hussein contra os curdos.
Agora, o ministro, acho que ele exagerou demais no que ele falou”,
destacou.
Segundo ele, as críticas de Mendes não devem levar a uma mudança na gestão da pasta, exercida pelo general Eduardo Pazuello.
Duríssima resposta militar a Gilmar Mendes - Alexandre Garcia
“É uma decisão do presidente. A crítica do ministro Gilmar Mendes é
feita de Portugal, né. Eu gostaria que ele viesse para cá para fazer as
críticas aqui”. Mourão completou dizendo que
este “não é o momento” para realizar a troca do ministro da Saúde e que
a mesma deveria ocorrer após a baixa dos casos do vírus no país.
“Não
acho que é o momento agora. Espera a pandemia arrefecer, aí troca. Eu
vejo que a pandemia ela começa a apresentar menores graus de letalidade
em locais onde houve um avanço muito rápido como foi em São Paulo, Rio
de Janeiro, Manaus e Belém ela começa a retrair. Ela está avançando nas
áreas onde o inverno chegou conjugada com doenças respiratórias, então
aquelas desigualdades regionais elas surgem neste momento. Então deixa
as coisa avançarem mais um pouco aí. Realmente se ter a noção de que
atingimos um ponto onde ela está realmente controlada para ir trocar o
ministro”, reforçou.
Também hoje, por meio de
nota, Gilmar Mendes voltou a criticar a atuação de militares no
Ministério da Saúde em meio a pandemia de covid-19 e afirmou que “não
atingiu a honra das Forças Armadas”. Para o ministro, é preciso ter
cautela para interpretar o momento atual. Gilmar destaca, no entanto,
que as Forças Armadas estão sendo chamadas a “cumprir missão avessa ao
seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado”.
Ontem,
o vice-presidente disse ainda que o ministro “passou a linha da bola” e
“forçou a barra” ao criticar militares na Saúde, em meio a pandemia de
coronavírus.
“O ministro Gilmar Mendes não foi
feliz, né. Aí vou usar, como eu usei aí outro dia, uma linguagem do jogo
de polo: ele cruzou a linha da bola ao querer comparar com genocídio o
fato das mortes ocorridas aqui no Brasil na pandemia, querer atribuir
essa culpa ao Exército porque tem um oficial general do Exército como
ministro interino da Saúde. Ele forçou uma barra aí que agora está
criando um incidente com o Ministério da Defesa. O MD há pouco soltou
uma nota rebatendo essa questão e talvez até acione a PGR no sentido de
interpelar o ministro. Acho que a crítica vai ocorrer, tem que ocorrer,
ela é válida mas o ministro ultrapassou o limite da crítica aí”,
relatou.
Ainda ontem (13), o Ministério da
Defesa por sua vez, afirmou que acionará a Procuradoria Geral da
República (PGR) contra Gilmar Mendes. Por meio de nota, o general
Augusto Heleno caracterizou com “injusta agressão” a fala do magistrado e
manifestou apoio ao Ministério da Defesa.
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