[onde estão os panelaços que a mídia apresenta como sendo contra Bolsonaro?
SUMIRAM. Uma análise cuidadosa das imagens mostradas na TV comprovam que são imagens repetidas, devidamente adaptadas, para parecerem atuais e enganar os incautos.]
Quando cada um tem a sua verdade, é a soma das verdades de cada um que vai decidir qual maioria exercerá o poder
No Rio de Janeiro, domingo, vimos o que talvez tenha sido a maior parada
de motocicletas juntas no planeta.
Nenhum órgão tradicional de
informação anunciou ou promoveu, ninguém subsidiou e pousou no asfalto
um enxame de motos que fluíram como um rio amazônico pelas estradas e
avenidas da cidade, saudadas por bandeiras nacionais agitadas nas
calçadas e prédios. Bastou uma convocação do presidente da República, e
milhares foram demonstrar-lhe apoio.
Desde a campanha eleitoral, eventos assim têm sido a
forma de o presidente ficar próximo de seus eleitores. Por sua vez, a
nova forma de a oposição se expressar tem sido a CPI da Pandemia. Em
resposta, apoiadores do presidente encheram a Avenida Paulista, no 1º de
Maio, e a Esplanada, no 15 de maio. No Dia das Mães, o presidente
liderou milhares de motos em desfile por Brasília. Entre umas e outras,
Bolsonaro também respondeu à oposição de governadores visitando com
frequência estados do Nordeste, onde não ganhou a eleição, sempre
provocando aglomerações, como estabeleceu o bordão.
São linguagens diferentes que se opõem e têm se
movimentado como ação e reação. A oposição de senadores da CPI e de
governadores se expressa pela maior parte do noticiário que lhes dá
cobertura e apoio — e o presidente, por sua vez, vai às ruas e às redes
sociais para conferir sua força e comparar as imagens dos eventos com os
números das pesquisas de opinião, [manipuladas para deixar a impressão (falsa) que o presidente está perdendo apoio.] que mostram sua popularidade em queda
e a vitória de Lula no ano que vem.
Quem, afinal, tem a força da maioria? Costuma-se
considerar que a dúvida sobre quem é maioria numa democracia é sempre
decidida nas urnas — a hora da verdade. Mas a urna precisa garantir a
certeza de que cada voto é recebido e contado com lisura. A apuração não
pode ser um ato em segredo de Justiça. Na verdade, é um ato
administrativo, que precisa ser transparente e acessível à compreensão
de qualquer eleitor. Quando cada um tem a sua verdade, é a soma das
verdades de cada um que vai decidir qual maioria exercerá o poder. O
voto é secreto; a apuração não pode ser secreta.
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense
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