Malu Gaspar - O Globo
GOVERNO EM XEQUE
A violência [(sic) - agora, a ação enérgica da autoridade policial contra desordeiros tem o nome de violência.] da PM em Recife e o perigo de conflitos em 2022
A comparação entre a postura da Polícia Militar nos protestos do último sábado,
contra Bolsonaro, e na manifestação do final de semana anterior, a
favor do presidente, traz um alerta preocupante para as eleições de
2022: o de que o bolsonarismo enraizado nas polícias e a
insubordinação contra governadores de oposição ao presidente possa
provocar ainda mais conflitos num ambiente político já polarizado e
conflagrado.
Câmara tem diante de si um desafio pelo qual já passaram seus colegas de São Paulo, João Doria (PSDB), do Ceará, Camilo Santana (PT), e da Bahia, Rui Costa (PT) – todos de oposição ao presidente da República. Em maio de 2020, atos pró e contra Bolsonaro convocados para o mesmo dia em São Paulo terminaram com conflito entre a PM e manifestantes contra o governo federal. Antes dos protestos deste final de semana, porém, Doria reuniu o Conselho de Segurança Pública de São Paulo e deu ordem expressa aos comandantes das polícias para que não houvesse agressão aos manifestantes. [a polícia não agride manifestantes, porém quando agredida reage com a energia necessária - é um procedimento padrão, um protocolo, que Doria, o governador das vacinas que estão sempre em falta, não tem autoridade para modificar. Os manifestantes se comportaram e foram tratados da forma que pessoas de bem, ordeiras, pacíficas são tratadas.]
"As polícias militares são hoje um barril de pólvora", diz Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor do Departamento de Gestão Pública da FGV-EAESP. "Os policiais estão à flor da pele. Eles gostariam de estar reivindicando melhores salários, mas para fazer isso teriam que bater no Bolsonaro, porque os salários estão congelados por ação do governo federal", explica Lima.
Uma pesquisa publicada pelo Fórum no ano
passado mostrou que 35% dos oficiais e 41% dos praças de todo o Brasil
interagem em redes sociais bolsonaristas. Em geral, se posicionam de
forma favorável ao presidente, que desde a pandemia alimenta conflitos com os governadores em torno da necessidade de isolamento social. [o presidente Bolsonaro tentou, nos tempos do autonomeado primeiro-ministro Maia, transferir as polícias militares para o Governo Federal e, naturalmente, a proposta de projeto de lei foi recusada = a velha história das autoridades locais que sempre desprezam o ônus e querem o bônus.]
"Essa contradição só aumenta a tensão na tropa", explica Lima.
No Ceará, em fevereiro de 2020, PMs fizeram um motim e pararam durante 13 dias por melhores salários. Situação semelhante aconteceu na Bahia, em março deste ano, quando um policial militar foi abatido depois de passar cerca de quatro horas dando tiros para o alto e gritando palavras de ordem no Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador. Na ocasião, houve ameaça de greve, mas a paralisação acabou não acontecendo. Nos dois casos, os governadores ameaçaram punir os policiais, mas até hoje não foi divulgada nenhuma punição. [No caso do Ceará, ao que se sabe motim é crime, se houve motim o julgamento passa a ser da Justiça Militar, governador não tem competência para julgar crimes = se ocorreu denúncia e não seguiu com certeza foi denúncia vazia = aquelas que o denunciante narra como fatos seus desejos não realizados; quanto aos baianos houve um surto de um policial e seu abate, lamentável, se tornou necessário para evitar mais mortes. O padrão neste caso consiste em uma investigação, mediante IPM, que comprova a necessidade da providência, sendo o resultado encaminhado ao MPM, por este a Justiça e é arquivado.]
Malu Gaspar, colunista - O Globo
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