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quinta-feira, 20 de maio de 2021

Ordens e internet - William Waack


O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro conduz um governo confuso e desarticulado

É notório que Jair Bolsonaro governa para e pela internet. Com resultado que está ficando muito nítido pelos trabalhos da CPI da Covid: a existência de uma espécie de dualidade de mando com prejuízos diretos no combate às diversas crises. 
 
“Postagens na internet não são ordens”, disse seu ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ao depor na CPI da Covid num esforço bem orientado por advogados para desmentir o óbvio. Sim, no caso do governo Bolsonaro, são ordens (mas em juridiquês não são). O próprio Pazuello postou um célebre vídeo – na internet – ao lado de Bolsonaro, dando conta de que um manda (o presidente) e o outro (o general intendente) obedece. “Mas era coisa de internet”, desculpou-se Pazuello. O efeito é o mesmo: Bolsonaro consagrou essa dualidade de mando dentro do próprio governo. Dedicado como sempre à atividade de animador de redes digitais, suas “ordens” que não são “ordens” servem no mínimo (com muita boa vontade) para criar confusão interna. No caso da pandemia, a CPI foi razoavelmente bem-sucedida também em demonstrar a existência de uma estrutura paralela de assessoramento governamental que, no fundo, é a avaliação de quais conteúdos obtêm melhor resposta nas redes digitais que Bolsonaro pretende atingir. [O POVO, que elegeu Bolsonaro com quase 60.000.000 de votos já foi questionado sobre o que acha dessa forma de governo? ou a imprensa militante, com ZERO voto é quem decide?] O pecado original foi o papel importantíssimo das redes sociais na vitória dele em 2018. São ferramentas indispensáveis para ganhar eleições, mas instrumentos precários para governar – e é pensando nelas que Bolsonaro baseia suas ações. (outro absurdo: criaram a tal Covidão com o pretexto de investigar ações e omissões que tenham prejudicado o combate ao coronavírus - não encontraram uma forma legal para incluir nos objetivos que o investigado seria o 'Governo Federal" - que teve por decisão do STF em abril 2020, sua capacidade de atuação subordinada aos estados e municípios = foi rebaixado ao terceiro posto na tomada de decisões, prevalecendo a dos prefeitos e dos governadores.
 
Deram uma enrolada e arranjaram espaço para investigar a roubalheira praticada pelas autoridades locais - com raras exceções, prefeitos e governadores fizeram a festa com dinheiro do governo federal, gasto sem licitação = até adega passou a vender respiradores - entregues parcialmente e a maior parte com defeito.(tem dezenas de outros exemplos de assaltos aos cofres públicos, o dos respiradouros foi escolhido por ser um dos mais absurdos.)
 
Só que investigar as autoridades locais levaria a CPI a tropeçar na roubalheira das tais autoridades (algumas, poucas, agiram com honestidade, mas, a maioria roubou, fez a festa com dinheiro público farto e sem controle severo de como  foi gasto)  autoridades locais - tropeção nada conveniente para interesse de outras autoridades. SAÍDA = mudaram, virtualmente, o objetivo da CPI para investigar o desempenho do governo federal - valeu até exigir que ministro de Estado, ou ex-ministro, depondo sob juramento,  TESTEMUNHE o que achou ou deixou de achar da opinião do presidente da República.  
ESTÃO INVESTIGANDO O QUE? Assim não vão encontrar culpados. 
 
Estão tentando criar um culpado - o presidente da República. Só que quanto mais ciscam, mais vociferam, mais caluniam, mais deturpam os fatos, manipulam as versões mais se consolida a VERDADE, o FATO, que o presidente da República Federativa do Brasil, JAIR MESSIAS BOLSONARO, é inocente, não cometeu nenhum crime = falar demais, vez ou outra se exceder no palavrório, ter opinião, não ser um excelente administrador, não são práticas criminosas. 
 
Então chegarão a conclusão de que o CORONAVÍRUS é inocente - afinal é um vírus. 
Só que o povo, que está atento a tudo fará sua JUSTIÇA = Bolsonaro será reeleito e com mais votos.]


Ocorre que dualidade de mando paralisa qualquer administração complexa, como é o caso do governo brasileiro. Na prática, Pazuello e seus antecessores se viram divididos entre o que eram as posturas recomendadas pelas áreas técnicas (na questão de uso de medicamentos, por exemplo) e o que o presidente pregava nas suas redes – além da exigência aos ministros de um tipo de lealdade já fartamente comparado ao “Führerprinzip”, a ideia de que o líder tudo sabe e nunca falha.

O que aconteceu no combate à pandemia já era repetição do que afetara anteriormente setores como economia ou política externa (mas não só). Na economia, por exemplo, Bolsonaro promoveu grande alarido, com enormes prejuízos para a Petrobrás, ao dizer que ia interferir na formação de preços de combustíveis. Repetiu a “fórmula” com o Banco do Brasil, deixando os agentes econômicos nos mais diversos níveis preocupados sobre qual seria, afinal, o limite da intervenção estatal. Era o que vinha dizendo o ministro da Economia ou o que o presidente falava para sua turma na internet? 

Na política externa essa “dualidade de mando” criou uma situação esquizofrênica para o principal parceiro comercial brasileiro, a China. Valem os ataques que Bolsonaro reitera nas redes ao regime chinês ou as súplicas dirigidas a Pequim por parte de ministros (como a da Agricultura)  pela manutenção de laços para garantir exportações e suprimento de insumos para vacinas?

MATÉRIA COMPLETA - William Waack, jornalista  - O Estado de S. Paulo

 

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