Mostra nas ruas do Reino Unido traz fotos de idosos em cenas sensuais e deflagra o debate sobre o assunto
A ruidosa ação publicitária escancara uma discussão que já deveria ter sido deflagrada há tempos. O estereótipo de uma velhice assexuada vem sendo derrubado por pesquisas recentes. Levantamento feito com idosos, conduzido pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que para 74% dos entrevistados o sexo é fundamental no relacionamento (veja no quadro abaixo). No Brasil, o pioneiro site de relacionamento Coroa Metade, cujo inventivo nome e os seguros protocolos de acesso ajudaram a atrair mais de 600 000 cadastrados, pediu, em uma pesquisa recente, que os inscritos, todos na maturidade, indicassem o grau de relevância de diversas características dos pares em busca de companhia. Para 42% dos homens, ser “bom de cama” foi classificado como “muito importante”.
Os homens são os mais beneficiados, com uma diversidade de remédios que estimulam e ereção. Na ponta do lápis: cerca de 70 milhões de prescrições do Viagra, o mais antigo medicamento de sua categoria, já foram emitidas em todo o mundo. As mulheres podem recorrer à reposição hormonal e a cremes. São avanços notáveis. “Um homem e uma mulher de 70 anos podem ter hoje uma qualidade no relacionamento sexual semelhante ao que mantinham aos 50 anos”, diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP.
A atividade sexual, não há dúvida, prolonga a vida. O hábito regular, seja na frequência que for, eleva os níveis de hormônios, como a oxitocina, que ajuda a reduzir o stress, e aumenta os níveis de imunoglobulinas, responsáveis pelo combate a infecções. Convém dar as mãos ao poeta irlandês William Butler Yeats, que, em 1938, cunhou uma bela frase: “Parece-te horrível que luxúria e ira cortejem a minha velhice; quando jovem não me flagelavam assim”.
Publicado em Saúde - VEJA, edição nº 2738, de 19 de maio de 2021
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