Celso Rocha de Barros
Senadores
governistas tentam desviar foco da CPI com cloroquina
Dois
fatos apurados pela CPI da
pandemia, ambos documentados, mostram, sozinhos, que o número de
brasileiros que comprovadamente morreram por culpa de Jair Bolsonaro durante a
pandemia já se aproxima de 100 mil. Como calculamos duas colunas atrás, 100 mil
mortos é mais do que a soma das vítimas de todos os assassinos [assassinatos] brasileiros em
2019 e 2020. [optamos por transcrever esse artigo por vários fatores - sendo o principal é que pretende mostrar dois fatos apurados pela CPI Covidão e documentados - verdade que o valor probatório de documentos considerados como provas pela Covidão é muito vago, maleável, especialmente quando pretende ser prova é contra o capitão.
Mas, vamos em frente.]
A
primeira decisão foi a de não aceitar a oferta de vacinas da Pfizer. Na estimativa
do epidemiologista Pedro Hallal, utilizando parâmetros conservadores
(isto é, desfavoráveis à hipótese de que a decisão de Bolsonaro custou vidas),
14 mil brasileiros (5.000 no mínimo, 25 mil no máximo) teriam sido salvos se a
oferta da Pfizer tivesse sido aceita. Uma única decisão: 14 mil pessoas
morreram por ela. [a primeira das provas é baseada em estimativa, que pelo menos até o momento não constitui prova; imagine se as pessoas fossem condenadas com base em provas constituídas por estimativas; além do que o autor da estimativa é um cidadão que integrava uma comissão do governo e, por apresentar baixo desempenho,foi dispensado por Bolsonaro. O cidadão revoltado andou prestando declarações ofensivas ao governo e foi, ou ainda é, alvo de uma ação por ofensa ao presidente.
Convenhamos que seu perfil não o torna um estimador confiável - (aliás, estimativas também não merecem confiabilidade, não merecem 100% de credibilidade, ainda mais quando feitas por adversários.)
Outro ponto é que a ESTIMATIVA foi realizada considerando a época em que a Pfizer ofertou vacinas ao Brasil - imunizantes ainda em desenvolvimento, não aprovados pela Anvisa, que precisavam de temperatura polar para conservação e contrato com cláusulas exorbitantes, draconianas; agora as condições melhoraram um pouco, as cláusulas abusivas foram extirpadas dos atuais contratos e as condições de armazenamento se tornaram acessíveis para um país tropical.
Ainda que com todas as melhorias a Pfizer continua enrolada com o atendimento de prazos de entrega.]
A
segunda decisão foi a de não aceitar a proposta do Instituto Butantan para
entregar 45 milhões de vacinas da Coronavac ainda em 2020. A mesma conta
feita pelo professor Hallal estimou em 81,5 mil (80,3 mil no
mínimo, 82,7 mil no máximo) o número de brasileiros que não teriam morrido se a
oferta do Butantã tivesse sido aceita. [o estimador é do mesmo da Pfizer - será que só existe um especialista no Brasil? - afinal, com a pandemia surgiram milhares de especialistas no assunto - apesar da maior parte deles, conseguirem errar até quando fazem hoje, previsões do que ocorreu ontem.
Outro absurdo da proposta do Butantã, feita quando a Coronavac ainda estava em desenvolvimento e não contava com aprovação da Anvisa - afirmação do senhor Covas à CPI Covidão - é que O Butantã ofertou em torno de 60.000.000 de doses, naquela época. Só que hoje, passado quase um ano, o instituto ainda não conseguiu entregar ao Plano Nacional de Imunização nem 50.000.000 de doses - caso a compra tivesse ocorrido naquela época, estaríamos exatamente na situação de hoje = milhões de pessoas necessitando do imunizante e ele em falta.] Outra
estimativa, feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostrou que as
vacinas do Butantan teriam sido suficientes [vide acima] para vacinar todos os idosos
brasileiros até fevereiro. Entre o meio de março e semana passada, morreram
89.772 idosos brasileiros.
Somando
as vítimas das duas decisões, já são, no mínimo, cerca de 90 mil mortes que
Jair Bolsonaro, comprovadamente, causou sozinho. Se algum defensor do governo
tiver cálculos diferentes, por favor, apresente-os. Esses
90 mil são só o começo da história. Bolsonaro combateu desde o início a Coronavac,
que só existe no Brasil por iniciativa do Governo de São Paulo e é responsável
pela esmagadora maioria das vacinas aplicadas no país até agora. Além disso,
vacinação é só um dos pilares do combate à pandemia. Bolsonaro não investiu em
nenhum dos outros: nem isolamento social nem testagem e rastreamento.
Mesmo
depois de verem apresentadas todas as provas citadas acima, os senadores
Luis Carlos Heinze (PP-RS), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Marcos
Rogério (DEM-RO) continuam fazendo o possível para esconder esses fatos na CPI
da pandemia.[o que o articulista chama de provas nesse parágrafo, são as estimativas do especialista devidamente apresentado no segundo parágrafo da matéria. ]Na
última semana, Girão tentou emplacar o boato de que a Coronavac é feita com
células de fetos abortados (não é). Marcos Rogério mentiu que outras
autoridades defenderam a cloroquina ao mesmo tempo que Bolsonaro, o que só
ocorreu no curto período antes de vários estudos médicos (não apenas o de
Manaus, Heinze) demonstrarem a ineficácia da cloroquina contra a Covid-19.
Heinze
tenta desviar qualquer conversa para falar de cloroquina, que só é assunto no
Brasil. Em 2020, a cloroquina foi utilizada por Bolsonaro para mandar
trabalhadores para as ruas com risco de morte. Agora é utilizada por Heinze na
CPI para desviar o assunto, dos crimes enormes que a população entende
claramente, como boicote à vacinação, para crimes menores e mais difíceis de
serem entendidos, como o curandeirismo de cloroquina. Se
o único crime de Bolsonaro na pandemia tivesse sido a defesa da cloroquina, se
tivesse feito todo o resto certo, o título desta coluna teria um número muito
menor. Heinze não quer que investiguemos todo o resto.[lembramos que apesar de todo o falatório contra a cloroquina, o fármaco continua sendo vendido em todo o Brasil, mediante apresentação de receita médica e até o momento não foi comprovada nenhuma morte causada pelo uso do produto - que deve ser sempre prescrito por médicos.]
Eu
acho que isso é crime, senador. [felizmente o ACHO do articulista tem o mesmo valor das estimativas do especialista citado.]
Conveniente a leitura de: Excesso de certezas - Eurípedes Alcântara
O Globo
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