Essa é a única explicação possível para o que aconteceu com Lisa Keogh, estudante de direito na Universidade Abertay, em Dundee, na Escócia. No momento, Keogh está enfrentando um processo disciplinar e possível expulsão do curso. Seu crime? Ela cometeu uma transgressão. Ousou questionar um ponto central da ideologia progressista — que o sexo não passa de um rótulo arbitrariamente atribuído no nascimento e que a autodeclaração de gênero é o mais importante.
Keogh está sendo investigada por afirmar, durante um seminário sobre estudos de gênero, feminismo e direito, que as mulheres têm vagina e não são fisicamente tão fortes quanto os homens. Ela disse ao The Times: “Eu não pretendia ofender ninguém. Estava participando de um debate e apresentei minhas opiniões sinceras. Fui agredida e xingada por outros estudantes, que me disseram que eu era uma ‘típica garota branca e cis’”. Por causa dessa blasfêmia, a ambição de Keogh de se tornar advogada pode estar arruinada.
Submeter uma aluna a processo disciplinar por comentários como esse faz pouco sentido do ponto de vista educacional. Ela disse algo falso? Supostamente, a universidade pode chamar os professores de biologia para arbitrar e, no processo, ensinar um pouco de ciência aos estudantes. Ou foi o fato de que ela disse algo não aceito pela doutrina progressista corrente? Muitas feministas radicais também acreditam que mulheres têm vagina e que as diferenças entre os sexos são reais. Então toda uma linha de pensamento feminista foi banida pelo que se entende hoje por estudos de gênero e feminismo? O governo lançou diversas investigações sobre a legislação relacionada ao reconhecimento de gênero. Então os estudantes de direito agora estão impedidos de discutir essas importantes questões legais?
Qualquer professor digno do cargo teria usado os comentários de Keogh como oportunidade para ensinar. Ela levantou pontos importantes para uma discussão que permitiria que a sala toda aprendesse mais sobre ciência, teoria feminista e direito. Em vez disso, a aluna está sendo investigada por seus comentários “ofensivos e preconceituosos”, e também por discordar de colegas de classe sobre o uso de “generalizações redutoras”, como “todos os homens são estupradores”. De novo, que ótima oportunidade para demonstrar a importância da clareza linguística ao discutir a lei.
As faculdades policiam o que pode e o que não pode ser dito em palestras e seminários
O debate deveria estar no centro do ensino superior. Keogh sabe disso melhor que seus professores. “Você precisa ser capaz de expressar opiniões divergentes; caso contrário, não é um debate”, diz ela. Mas na universidade descolada a discordância é proibida. Espera-se que os estudantes entrem na linha ou fiquem quietos. Durante um seminário, que foi realizado por Zoom, o palestrante responsável supostamente cortou o microfone de Keogh e a impediu de participar. Quando é tão fácil silenciar os estudantes, não constitui surpresa que tão poucos professores estejam exigindo um retorno às aulas presenciais.
As universidades estão menos preocupadas com o ensino superior e mais com a doutrinação dos alunos na ideologia progressista. Os estudantes são submetidos a aulas de consentimento, treinamentos sobre diversidade e códigos disciplinares que policiam o que pode e o que não pode ser dito em palestras e seminários. Os alunos podem sair da universidade tendo lido pouco, discutido menos ainda e incapazes de formular um pensamento crítico. Mas serão fluentes no vocabulário descolado que muda o tempo todo e saberão exatamente que expressões usar para cancelar os blasfemadores.
Para o bem de todos, precisamos que as universidades acordem para a importância da liberdade acadêmica, para que elas não doutrinem outra geração para a visão de mundo descolada.
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Joanna Williams é colunista da Spiked e diretora da Cieo, onde publicou recentemente How Woke Conquered the World.
Transcrito da Revista Oeste
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