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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A última derrota de Satanás e o Juízo Final - VOZES

 Franklin Ferreira - Gazeta do Povo
 
Apocalipse
Cristo como juiz no Juízo Final, em vitral da Catedral de York, na Inglaterra.
Cristo como juiz no Juízo Final, em vitral da Catedral de York, na Inglaterra.| Foto: Wikimedia Commons/Domínio público
 
Apocalipse 20,1-15 está relacionado com os capítulos anteriores, que tratam do anúncio e da queda da Babilônia (Ap 17,1–19,5), e do juízo de Jesus contra as duas bestas e as forças ímpias do mundo no final da história (Ap 19,6-21). Agora, finalmente, o dragão também será derrubado para sempre. Como resume Simon Kistemaker: “O capítulo [20] apresenta quatro quadros que diferem entre si, porém estão intimamente relacionados. O primeiro [quadro] mostra a prisão de Satanás [20,1-3]. Então, depois de Satanás ser preso, vemos um quadro do que acontece aos santos [20,4-6]. O terceiro retrata a soltura e ruína de Satanás [20,7-10], e o último descreve o Dia do Juízo [20,11-15]. O primeiro e o segundo ocorrem contemporaneamente; o terceiro e o quarto seguem um ao outro sequencialmente”.

“Então vi descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos. Lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.

Assim como a prisão do diabo é limitada a mil anos, o reinado intermediário dos santos é igualmente limitado.

Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar. Vi ainda as almas dos que foram decapitados por terem dado testemunho de Jesus e proclamado a palavra de Deus. Estes são os que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam a sua marca na testa e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre esses a segunda morte não tem poder; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.

Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. O número dessas é como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos e a cidade amada. Porém, desceu fogo do céu e os consumiu. O diabo, que os tinha enganado, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde já se encontram a besta e o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, para todo o sempre.

O abismo é uma restrição figurada, pela qual Satanás ficou impossibilitado de pôr em prática sua perversidade que tinha antes de sua restrição.

Vi um grande trono branco e aquele que está sentado nele. A terra e o céu fugiram da presença dele, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, que estavam em pé diante do trono. Então foram abertos livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que estava escrito nos livros. O mar entregou os mortos que nele estavam. A morte e o inferno entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo.

Estas imagens que João viu em seu exílio em Patmos, que precedem e sucedem a última batalha, parecem ser caleidoscópicas, sobrepostas, tremidas.

A prisão de Satanás
João viu descer do céu um anjo,
uma visão cheia de símbolos que ocorre antes da última batalha entre o Messias e seus inimigos na história (Ap 19,11-21). O anjo tem na mão a chave do abismo e uma grande corrente, o que indica capacidade para restringir as atividades do dragão, a antiga serpente (uma alusão ao Éden), Satanás (o “adversário”), o diabo (o “acusador”). O anjo segurou [...] e o prendeu por mil anos. Como escreveN. T. Wright: “A passagem que agora temos diante de nós [...] é a única passagem na Escritura em que um ‘milênio’ é sequer mencionado. Aqueles que buscam interpretações especulativas de profecias, é claro, pegam esses e outros trechos, tiram-nos (geralmente) de seus contextos reais e construíram uma cosmovisão bem diferente, na qual desempenham um papel muito mais importante do que eles têm na própria Escritura”. Se estes acontecimentos ocorrem antes do último combate contra a besta e o falso profeta, então o aprisionamento e os mil anos são a autoridade de Cristo que restringe o diabo de algum modo durante o período após sua morte, ressurreição e ascensão. Esse aprisionamento de Satanás não se refere a uma total cessação das suas atividades. Ele ainda está ativo, mas agora opera sob a restrição da autoridade de Cristo.

O abismo é uma restrição figurada, pela qual Satanás ficou impossibilitado de pôr em prática sua perversidade que tinha antes de sua restrição. Assim, até a hora designada por Deus, Satanás será incapaz de enganar as nações estrangeiras. Portanto, a prisão e a expulsão de Satanás estão relacionadas com a primeira vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em regiões onde foi permitido ao diabo exercer quase que poder ilimitado, durante os tempos do antigo Israel, ele é agora forçado a ver os servos de Jesus pouco a pouco ganhando território. Segundo William Hendriksen: “Num comparativamente breve período, o cristianismo se espalha por todo o sul da Europa. Logo ele conquista o continente. Pelos séculos que se seguem ele é proclamado em todos os lugares [do mundo] de modo que os confins da terra ouvem o evangelho daquele que foi crucificado e muitos dobram os joelhos diante dele. [...] A Bíblia já foi traduzida em [...] [cerca de] 1 mil línguas [e algumas partes foram traduzidas em 3,6 mil idiomas]. [...] Em alguns países, as verdades abençoadas do cristianismo afeta[ra]m a vida humana em todas as suas áreas: política, econômica, social e intelectual”.

Mas no fim da era de mil anos, imediatamente antes da volta de Cristo, Satanás interromperá a pregação do evangelho e lançará uma cortina de ilusão sobre as nações, com o objetivo de preparar o ataque devastador contra o povo de Deus. Portanto, o abismo representa uma esfera espiritual na qual Satanás ainda opera de modo restrito ao longo desta era, e o restringe para que ele não possa fazer o que fez no passado. Ele foi capaz de iludir muitos israelitas no passado, de modo que eles tiveram dificuldade em cumprir sua missão de ser uma luz salvadora para as nações. E a nação permaneceu sitiada pela opressão de nações estrangeiras que tentaram exterminá-la. Essa tentativa de destruir Israel culminou no ataque de Satanás a Jesus. Agora, preso, o diabo não será capaz de deter a pregação do evangelho nem o seu recebimento cada vez maior durante a maior parte da era que precede a volta de Jesus.

Ao fim desta era, o diabo será solto por um pouco de tempo. Portanto, os cristãos precisam ter em mente que a época durante a qual o povo de Deus será capaz de espalhar o evangelho em todos os lugares não durará indefinidamente; nem mesmo até o momento da segunda vinda de Cristo. E não há regiões desta terra, como Sudão, Paquistão, Etiópia, China, Coreia do Norte, Índia, Nicarágua e até mesmo na Europa ocidental e nas costas dos Estados Unidos, que parecem já estar entrando no pouco [...] tempo de Satanás?

O reinado dos santos
De onde vêm os exércitos do céu que seguiam aquele que é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores
(Ap 19,14-16)? João viu tronos no céu enquanto ao mesmo tempo Satanás está preso no abismo. E o que acontece no abismo ocorre simultaneamente ao que João viu no céu. E os que estão assentados nos tronos fazem parte do tribunal celestial de Deus, um cumprimento das promessas de que os vencedores exercerão autoridade com Cristo sobre as nações e se assentarão com ele em tronos (Ap 3,21). Esses são os decapitados por terem dado testemunho de Jesus e proclamado a palavra de Deus, que foram martirizados enquanto mantinham sua fé, a despeito de todo o tipo de sofrimentos e perseguições infligidos pelo Estado iníquo. Eles permaneceram fiéis até a morte. E são referidos como almas, para deixar claro que eles ainda aguardam a ressurreição do seu corpo glorificado. O primeiro grupo se refere literalmente a mártires, que são em seguida acompanhados nos tronos pelos restantes dos santos falecidos, os que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam a sua marca na testa e na mão. Esse segundo grupo incluiria todos os cristãos fiéis, quer isso se refira a mártires por causa da fé ou aqueles que sofrem outros tipos de perseguição.

Isso tudo ocorre durante mil anos, que devem ser interpretados simbolicamente, uma referência a um longo tempo. Pois, como N. T. Wright afirma: “João usou todos os tipos de números simbólicos ao longo de seu livro. Seria muito estranho se ele, repetidamente, lançasse um número simbólico e redondo bastante óbvio, mas esperasse de nós que o compreendêssemos literalmente”. Assim, mil significa completude, a duração completa desta era aqui descrita. Aponta para a ideia de uma plenitude de tempo oferecida pela soberania de Deus, ao fim do qual certamente virá a vitória final dos cristãos que têm sofrido. Como Gordon Fee escreve: “João não está nesse momento interessado em um período de tempo como tal, conhecido como ‘o milênio’, embora o termo ‘mil anos’ apareça um total de quatro vezes nessas poucas frases. Em vez disso, os dois parágrafos [de 20,1-6], [e] ambos começam [...] com o verbo ‘eu vi’, são melhor entendidos juntos como um interlúdio entre a derrubada do triunvirato profano [...] delineado na seção anterior (19,11-21), e o julgamento final de todo mal, tanto demoníaco quanto humano, em 20,7-15. [...] Sua intenção geral parece ser uma palavra final de conforto para aqueles que ainda serão martirizados por sua devoção a Cristo, em vez de oferecer lealdade incondicional ao imperador”. E os santos falecidos viveram e reinaram com Cristo durante esse período, ao mesmo tempo em que Satanás está no abismo. A vindicação dos santos consiste na realeza que eles receberam nesse período. Mas apenas os que têm parte na primeira ressurreição vencerão a segunda morte, o juízo de Deus sobre os perdidos, e reinarão com Cristo. Isso significa que os restantes dos mortos, aqueles que não têm parte na primeira ressurreição, são os incrédulos em seu caminho para o juízo eterno.

O Cordeiro reconhece diante de Deus todos que estão inscritos no Livro, e todos identificados com sua justiça, morte e ressurreição, são sua possessão.

O exercício de juízo pelos santos e o fato de reinarem com Cristo ocorrem simultaneamente com a prisão de Satanás. Os santos nos tronos também recebem a felicidade de serem sacerdotes de Deus e de Cristo, de estarem protegidos contra a segunda morte, e de reinarem como reis com ele os mil anos. A primeira ressurreição é a trasladação da alma da terra para os tronos de Deus. É seguida, na segunda vinda de Cristo, pela ressurreição do corpo. Assim como a prisão do diabo é limitada a mil anos, o reinado intermediário dos santos é igualmente limitado, mas é seguido por uma etapa consumada de reinado na eternidade. A primeira ressurreição deve ser entendida como espiritual e a segunda como física. A primeira morte dos santos, que é física, os transfere para a primeira ressurreição no céu, que é espiritual. A segunda ressurreição dos ímpios, que é física, os transfere para a segunda morte, que é espiritual – e eterna. A primeira ressurreição é vivenciada apenas pelos cristãos, enquanto a segunda morte é vivenciada apenas pelos incrédulos. A primeira ressurreição, embora incompleta, inaugura uma ressurreição espiritual que será consumada mais tarde de uma forma física – e que João não chama de “segunda” ressurreição. Assim, é razoável interpretar a ascensão da alma na hora da morte à presença do Senhor como uma forma de ressurreição espiritual, em antecipação à ressurreição física e à consumação da vida eterna, que ocorrerão na volta do Senhor. Como afirma N. T. Wright: “A ressurreição, a eliminação da própria morte, dando ao povo de Deus novos corpos para viver no novo mundo de Deus, é a grande esperança do judaísmo antigo e do cristianismo clássico”.

Mas, segundo N. T. Wright, no que se refere ao período de mil anos, “nesse ponto, acima de tudo [...], não é necessário ser dogmático demais. Devemos guardar as coisas centrais que João deixou bem claras [em Apocalipse]: a vitória do Cordeiro e o chamado para compartilhar sua vitória por meio da fé e da paciência. Deus fará o que Deus quiser fazer. [...] Quem tem a vitória é o Deus criador, que o faz para derrotar e eliminar a própria morte e, assim, abrir caminho para o esplendor da criação renovada. Isso é o que importa”. Pois a confiança dos cristãos é que Deus não esqueceu dos seus! Os santos mártires são homenageados como reis e sacerdotes! Os santos redimidos de Deus experimentarão a primeira ressurreição! Portanto, todo o povo de Deus será feliz e santo e não experimentará a segunda morte!


A derrota final de Satanás
Mas, segundo João, Satanás foi restringido,
limitado na sua capacidade de enganar as nações para que juntem forças para atacar e aniquilar o povo de Deus, mas essa restrição é agora removida, e ele liderará um exército procedente de toda a terra, para a batalha. A reunião dessas forças hostis contra o povo de Deus é vista como cumprimento da profecia em Ezequiel 38–39 de que o rei Gogue e [o povo de] Magogue e muitos outros povos se reuniriam para combater Israel. Mas aqui Gogue e Magogue são equiparados a todas as nações em toda a terra. Esses nomes não têm nenhuma relação com qualquer cidade ou país contemporâneo. De acordo com William Hendriksen: “Todo o mundo iníquo perseguirá a Igreja. A perseguição será mundial. [...] O conflito aqui descrito não é entre nações ‘civilizadas’ e ‘incivilizadas’. É, simplesmente, o último ataque das forças do anticristo contra” o povo de Deus. O fato de o número das nações ser, como mencionado, como a areia do mar, ressalta a aparente esmagadora vantagem a seu favor contra os santos. Será que o tempo gasto com especulações de que nações serão Gogue e Magogue não termina por tirar a atenção da centralidade de Deus e de Cristo no Juízo Final e em seu triunfo total sobre todo o mal?

E essas nações marcharam [...] pela superfície [literalmente “largura”] da terra e cercaram o acampamento dos santos, uma alusão ao acampamento dos israelitas no deserto, e a cidade amada[por Deus], expressão usada em referência a Jerusalém. O acampamento dos santos é equiparado à cidade amada, o que enfatiza uma continuidade histórica, e que encontra sua consumação em Apocalipse 21–22. Porém, antes que as nações ataquem os santos, desceu fogo do céu e os consumiu, referência ao episódio do profeta Elias e dos soldados enviados para prendê-lo (2Rs 1,9-17) e, de modo figurado, ao Juízo Final, quando Deus sozinho salvará seu povo ao destruir os seus inimigos. Assim, de acordo com Richard Bauckham: “O objetivo teológico do milênio é unicamente demonstrar o triunfo dos mártires: aqueles que a besta matou são os que de fato viverão – [...] e aqueles que contestaram seu direito de governar e sofreram por isso são os mesmos que, no final de tudo, dominarão tão universalmente quanto ela – e por muito mais tempo: mil anos. Por fim, para provar que a vitória deles no reino de Cristo não pode ser novamente revertida pela impiedade, e que é a última palavra de Deus para o bem contra o mal, o diabo recebe uma última oportunidade de enganar as nações outra vez [...]. Todavia, essa não é uma repetição do governo da besta. A cidade dos santos prova ser inexpugnável”.

O diabo é destacado como aquele que enganou as nações, levando-as a atacar os santos. Portanto, Apocalipse 20,7-10 parece ser uma recapitulação de Apocalipse 19,17-21, o que torna improvável a suposição de que Satanás é lançado no fogo muito tempo depois de seus exércitos. Assim, a besta e o falso profeta foram lançados no lago de fogo e enxofre (Ap 19,20) ao mesmo tempo que o diabo. Os episódios são simultâneos e, assim, os mil anos devem referir-se aos acontecimentos que precedem a batalha final, ou seja, a atual era. Por fim, a trindade satânica sofrerá uma punição eterna, ou seja, serão atormentados de dia e de noite, para todo o sempre.

O dia do Juízo Final
Por fim, João viu um grande trono branco, maior que os demais tronos
. O trono branco indica a pureza e santidade do Juiz. O julgamento prestes a vir do trono é da parte de Deus, que julga não apenas para punir pelo pecado, mas também para vindicar o seu povo perseguido, a culminação do governo de Deus no julgamento final no fim da história. O plano de Deus se concretizou e foi completado e todo o mal será derrotado. A terra e o céu fugiram significa que, quando o dia do juízo chegar, a criação divina será afetada de tal maneira que a terra sofrerá uma completa mudança. Eventos catastróficos, de enormes proporções, acontecerão; o céu será enrolado como se faz com um rolo, para dar lugar aos novos céus e à nova terra. O que é descrito aqui não trata de destruição ou aniquilação, mas de renovação da criação. E não se achou lugar para eles se refere à destruição completa de todo o sistema mundial pecaminoso.

O fato de que João viu os mortos, os grandes e os pequenos [...] em pé diante do trono assume que a última e grande ressurreição dos injustos e dos justos ocorreu. A visão de João assegura que o Juízo Final e a redenção última acontecerão. Os registros escritos nos livros, que contêm os julgamentos divinos, referem-se simbolicamente à memória de Deus, que nunca falha. Por outro lado, uma pessoa será julgada e declarada absolvida sobre esta base: se seu nome estiver registrado no Livro da Vida. A pureza desse momento divino final joga luz em meio a tantas visões obscuras e afirma a destruição final do mal. E notem o efeito da presença do Juiz! Como as pessoas ainda fazem piada do dia do juízo? O mar simboliza o domínio do mal. Se é assim, Deus agora força esse domínio maligno, assim como a morte e o inferno [Hades = lugar dos mortos], a liberar os seus cativos para serem julgados. Não me perguntem como isso se dará. Não está em nosso poder saber os detalhes. Somente Deus pode fazer milagres. Nossa preocupação deve ser nos preparar para aquele dia, quando todos estarão de pé para ouvir a palavra do Juiz.

Viver para sempre com o Senhor é a recompensa que ele outorga a seu povo, cujos nomes estão no Livro da Vida.

O fato de que a morte e o inferno [Hades = lugar dos mortos] foram lançados no lago de fogo significa que as forças que imperaram após a primeira morte, a morte física, agora cessam e são substituídas pela punição eterna no lago de fogo (vale de Hinom = Geena). Isso expressa o fato de que os incrédulos, mantidos anteriormente nos grilhões temporários da morte e do lugar dos mortos, serão entregues aos grilhões permanentes do lago de fogo, que é chamado por João de a segunda morte. A realidade do sofrimento da segunda morte é o ser alvo da eterna ira de Deus, ser expulso do acampamento dos santos e da sua cidade amada, enquanto os justos desfrutam das bênçãos de viverem nela. O alerta de William Hendriksen é importante: “Em nenhum lugar em toda a Bíblia lemos que haverá uma ressurreição dos corpos dos crentes antes dos mil anos e outra dos corpos dos não crentes, após os mil anos. Todos ressuscitam ao mesmo tempo. A Morte, a separação de alma e corpo, e o Hades, o estado de separação, agora cessam. Nem no novo céu nem na nova terra nem mesmo no inferno jamais haverá separação entre corpo e alma depois da segunda vinda de Cristo para julgamento. Portanto, [...] a Morte e o Hades [...] são lançados no lago de fogo. E qualquer cujo nome não tenha sido encontrado inscrito no Livro da Vida será também lançado no lago de fogo”.

A nota do Juízo Final soa mais uma vez: se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo. Apesar da ameaça final, os santos encontram refúgio no Livro da Vida, onde estão escritos os nomes dos eleitos para a fé desde antes da fundação do mundo (Ap 13,8). Os santos são poupados do juízo. Eles não são julgados pelas suas obras más, porque o Cordeiro já sofreu por eles: ele foi morto no lugar dos santos. O Cordeiro reconhece diante de Deus todos que estão inscritos no Livro, e todos identificados com sua justiça, morte e ressurreição, são sua possessão. Viver para sempre com o Senhor é a recompensa que ele outorga a seu povo, cujos nomes estão no Livro da Vida.

Meditemos com seriedade na afirmação de Jonathan Edwards: “Consideremos bem que, se nossa vida não está na jornada rumo ao céu, então está na jornada para o inferno”. 
Qual relação que você mantém com Deus?
Você está em Cristo? 
Crê em Cristo? 
Pertence a Cristo? 
Você tem segurança de que seu nome está escrito no Livro da Vida? 
Você confia unicamente em Cristo?
Sua segurança de ser cristão é confirmada pelas evidências de uma nova vida?
Você está pronto a ser martirizado por Cristo? 
Essas são perguntas importantíssimas! Sua eternidade depende delas – que pode ser uma gloriosa eternidade no céu ou uma eternidade de punição no lago de fogo. Pense com muita atenção. Pense com muita seriedade. Pense agora mesmo sobre essas perguntas. No fim – onde você estará?

“Ó Poderosíssimo Deus e Pai misericordioso, que tens compaixão de todos os homens, e que não desejas a morte do pecador, porém seu arrependimento e salvação. Misericordiosamente perdoa-nos as nossas transgressões; recebe-nos e conforta-nos a nós que estamos entristecidos e mortificados com o peso de nossas culpas. Tua propensão é ter sempre misericórdia; só a ti pertence o perdoar os pecados. Perdoa-nos, portanto, bom Senhor, perdoa ao teu povo, que remiste; não entre em juízo com os teus servos, porém de tal maneira aparta de nós a tua ira, de nós que reconhecemos, humildes, as nossas transgressões e verdadeiramente nos arrependemos de nossas faltas, e assim apressa-te a ajudar-nos neste mundo, a fim de que vivamos para sempre neste mundo contigo no nosso mundo vindouro; mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.”


quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

O Direito, apodrecido e insepulto - Valmir Pontes Filho

        Logo no mês e ano em que completo 50 anos de formatura (pela velha Faculdade de Direito da UFC), e depois de quase 40 de magistério superior, cheguei à sinistra conclusão de que o Direito – que estudei tanto e que ensinei com amor – morreu, apodreceu, embora reste insepulto.

Quando ainda entusiasmado com a advocacia privada, após anos de dedicação exclusiva ao serviço público, certa vez abordei um fraterno amigo para perguntar se a empresa do seu pai poderia contratar o meu escritório, prometendo-lhe prestar serviços dedicados e éticos. 
Ele me respondeu que não poderia dispensar um outro, que lhe garantia êxito em todos as ações judiciais. Eu não tinha como competir com esse "super attorney"!

Daí me veio a conclusão de que a advocacia séria, como a que faziam meu pai, eu mesmo, e tantos profissionais sérios, havia desaparecido num "buraco negro" (descoberto pelos astrofísicos, sem conotações raciais). Há pouco, um magistrado "supremo" anulou, monocraticamente, multas bilionárias (aplicadas pela prática de corrupção apuradas pela "Lava Jato"), sem ter o pudor de fazê-lo mesmo tendo a própria esposa como patrocinadora da causa vencedora.

Inaugurou-se a "Jurisdição Anulatória", tema de um precioso artigo do meu Professor Adriano Pinto, por quem tenho sincera amizade e admiração. Ela, disse o Mestre, "...serviu à premiação de imputados...para os quais existiam condenações em duas e até três instâncias". Mas não os inocentou... nem poderia!

Outro ilustre super togado houvera dito que o que aconteceu na Petrobrás "... foi crime mesmo". Mas parece ter cambiado de ideia! 
O anteriormente referido instaurou um inquérito tão largo e comprido que mais parece um tunelamento quântico que liga as dimensões do multiverso... coisa sem começo nem fim. E nomeou (sem o obrigatório sorteio) um colega seu para comandá-lo, que se transformou no incontestável "Grão Mestre" da judicatura nacional.

Está a vir, em passos lépidos e fagueiros, a censura à imprensa e às redes sociais... afinal é preciso manietar essa perniciosa "liberdade de opinião e de expressão", garantida pela Constituição defunta. Inventaram até um sistema, que instalado no celular, o mantém sob severa vigilância... prefiro mil vezes que um ladrão o leve e o troque por baseados.

Ficou também dito que o novo Ministro deveria agir, no STF, como um "bom comunista"... se existir tal possibilidade, ver-me-ei obrigado a crer, logicamente, num Deus mau e injusto.

O Direito, tanto como estrutura normativa ou como ciência, desencarnou... mas resta insepulto, a apodrecer na via pública. Não há um "rabecão" que tenha a misericórdia de vir pegar suas vísceras bolorentas.

O Presidente reeleito não se conteve ao afirmar, sem rebuços, que voltava ao governo para "f..." seus inimigos. 
E que os que se opõem ao "sistema" – em especial os "bolsonaristas" (pérfida espécie sub-humana, suponho) merecem ser "extirpados'. Outro prócer da leninismo afirmou, em concorrida palestra, que um suposto "bom direitista" merecia, em verdade, "um bom paredão, um bom fuzil, uma boa bala, uma boa pá e uma boa cova". Sensibilidade cristã extrema, esta!

Tudo isto, para aumentar o meu pavor, sob as bençãos da Igreja Católica. Em brilhante escrito, disse bem o poeta e jornalista Barros Alves (em artigo publicado no Jornal O Estado): "Então, a Igreja Católica no Brasil, com as bênçãos do papa marxista Francisco, se contrapõe ao que consideram uma heresia  pactuar diretamente com o Satanás. Os que dizem que Deus é brasileiro estão seriamente inclinados a acreditar que ele foi morar na Argentina. Não temos motivos para ufanismos. Que neste Natal o Deus-Menino se lembre dos brasileiros e retorne para nós".

Assim seja!

Site: Conservadores e Liberais - Valmir Pontes Filho

 

domingo, 5 de novembro de 2023

Mais que hora - Sílvio Lopes


      O tempo é implacável. As horas, dias e anos voam em velocidade supersônica. E parafraseando a letra daquela velha e surrada canção..." quem sabe faz a hora, não espera acontecer"...Pois faz todo sentido para o momento em que vivemos no Brasil. Como diz o ditado cigano: "Se não tirar a carruagem da lama, ela vira lama". Essa carruagem, você bem pode deduzir, é - no caso- o Brasil.

Que vivemos momento apocalípticos, disso também ninguém duvida! O profetizado, (ípsis literis), pelo último livro bíblico, tem acontecido. E o pior: acontecerá. Resta-nos, portanto, enquanto seres humanos,  lutar quanto mais não seja para adiar tais (diga-se, catastróficas) profecias.

Feito à imagem e semelhança de Deus, o homem sofre hoje poderosa e declarada guerra espiritual em evidência no mundo, prometida pelas forças satânicas que o querem humilhar e envergonhar diante do seu Criador. Ir contra os poderes do mal que ruge e vomita ódio pelo ser humano, exige - como observou Martinho Lutero, "mais do que o intelecto e a sabedoria humanas".

Enquanto milhões ignoram tal ameaça à raça humana, outros sequer a reconhecem como inimigos satânicos, tais seres do mal avançam e vão destroçando uma a uma de nossas trincheiras. 
Hoje esses seres das trevas dominam não apenas as mentes dos incautos, mas se tornaram príncipes destemidos a conduzir nossas vidas em que área for. Aqui e acolá, tomaram o poder político prometendo às massas dar-lhes o céu, mas só tem mesmo a entregar o pior dos infernos.
Fico aqui pensando: como o Brasil, tido e havido como majoritariamente cristão, pôde se render tão servil e caprichosamente às seduções de satanás.  
Como pode isso ter acontecido? 
Como vamos, afinal de contas, evitar transformar este lindo e rico país na lama que é o socialismo? 
Ainda temos tempo e armas eficientes para salvar a nação?

*       O autor, Silvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante sobre "Economia Comportamental"


segunda-feira, 14 de agosto de 2023

UM ABORTO EM VÍDEO

Pergunte ao parlamentar que recebeu seu voto na última eleição, quais as razões dele, ou dela (sendo ela,  o assassinato é ainda mais abjeto, hediondo, repugnante)ser favorável à legalização do aborto e tornar mais fáceis cenas como as do vídeo abaixo. 

Aborto  é o assassinato de seres humanos inocentes e indefesos e que estão no local onde deveriam estar mais protegidos: o ventre da mãe;  mãe ?????

Aborto é assassinato e oferenda a satanás.

Confira no vídeo abaixo:

UM ABORTO EM VÍDEO

Clique acima ou aqui:

 

 

 https://twitter.com/i/status/1690922496902524928


Padrepablohenrique
 
 
 

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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Top 10 das fake news que elegeram Lula - Revista Oeste

Flavio Morgenstern

O PT inovou nas mentiras, do fim do salário mínimo ao canibalismo. Enquanto isso, o TSE proibiu verdades do outro lado

De acordo com o excelentíssimo ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Sua Excelência Alexandre de Moraes, “notícias fraudulentas divulgadas por redes sociais que influenciem o eleitor acarretarão a cassação do registro daquele que a veiculou”. No último dia de maio, o então vice-presidente do TSE afirmou que a Justiça Eleitoral está preparada para combater as milícias digitais”, e que os eleitos com notícias falsas “podem “ter o registro de suas candidaturas cassado, ou mesmo perder o mandato”.

 Foto: Shutterstock

Foto: Shutterstock 

Para ajudar a Justiça Eleitoral em tão gloriosa missão pelo Estado Democrático de Direito e contra as assim chamadas “milícias digitais”, elencamos um Top 10 das (muitas) mentiras que foram importantíssimas para eleger Luiz Inácio Lula da Silva.

1. Bolsonaro prometeu “entregar o Brasil a Satanás” na maçonaria
Percebendo o fiasco que era o voto de Lula entre cristãos, e que questões morais (trocadilho proposital) seriam a tônica no segundo turno, logo no primeiro dia de campanha pulularam fotos retiradas de uma reunião de Bolsonaro em uma loja maçônica. Algumas eram manipuladas e traziam a imagem do demônio Baphomet. Uma das mais divulgadas dizia que Bolsonaro havia prometido entregar o Brasil a Satanás caso fosse eleito.
Foto: Reprodução

Enquanto pessoas como o deputado André Janones apareciam o tempo todo dizendo-se cristãs, perfis de Twitter fingiam-se de evangélicos do dia para a noite para dizer que “eram cristãos, mas, agora que descobriram isso, vão votar no Lula”. Nenhum deles se preocupou em disfarçar os posts pró-Lula, ou com imagens pouco cristãs, de dois dias antes.

2. Bolsonaro é “canibal”
Uma das acusações mais grotescas já feitas em qualquer campanha eleitoral foi a de que Bolsonaro seria um “canibal”. Tudo graças a uma entrevista de 2016 em que o então deputado federal comentou sobre um ritual indígena que envolvia o consumo de carne humana. Para ser visto, o ritual exigia participação. Bolsonaro disse não ver problema no “preço”. O PT recortou a fala para espalhar que Bolsonaro “confessava” canibalismo. O mesmo PT que critica qualquer proibição de rituais indígenas alegando “multiculturalismo”. De tão bizarra, a veiculação do vídeo foi proibida por unanimidade pelo TSE. Foi talvez no único caso em que a Corte decidiu favorecendo o presidente. Mesmo assim, o UOL defendeu a veiculação.
 
3. Bolsonaro promete acabar com o feriado de 12 de outubro

As fake news do PT são claramente de nicho. Uma delas mirou o coração do catolicismo brasileiro: o Feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil — embora tratado meramente como “Dia das Crianças” no imaginário popular. Após bispos esquerdistas tentarem impedir um discurso do presidente em Aparecida, perfis como o do influencer Bruno Sartori, divulgaram um post falso de Bolsonaro no qual o candidato teria afirmado que “nenhum padre ou bispo devem dizer onde posso ou não fazer campanha”.

Na mesma toada, apareciam posts como o do sociólogo Emir Sader afirmando que Bolsonaro tinha uma “demanda” para retirar o caráter de “santa” de Aparecida. Ou seja, da própria Nossa Senhora, que, apesar de não ser venerada por evangélicos, não tem sua santidade negada por 99% das igrejas. Afirmava também que Bolsonaro já estava pronto para rever o feriado do dia 12 de outubro.

Menção honrosa: o mesmo Bruno Sartori é famoso pela técnica de “deep fake” (sic), na qual se usa o vídeo de uma pessoa, sobreposto a um outro som. Nomen est omen. O influenciador perguntou se deveria criar vídeos de pessoas mortas pela covid pedindo voto no Lula com o macete. A proposta, de tão macabra, foi rechaçada pelos seus próprios seguidores.

4. Collor volta e vai confiscar as aposentadorias
As mentiras do PT têm um método maçante de tão repetitivo: retirar uma fala de contexto de um vídeo. Em um lance metalinguístico, usaram um vídeo em que Bolsonaro reclama justamente das fake news criadas contra ele, inventando de tudo, até de que Fernando Collor de Mello seria ministro e que “iria confiscar a aposentadoria dos aposentados”. Exatamente este trecho foi, então, recortado e colocado em destaque por André Janones (sempre ele). Para fingir que não estava espalhando “desinformação”, Janones só dizia “chequem antes de baixar e repassar”, o que foi, claramente, entendido como senha para baixar e repassar.

5. BOMBA! O celular de Bebianno
A baixeza de Janones atingia um novo patamar subterrâneo a cada segundo
. Nos dias de véspera do segundo turno, o deputado anunciava incansavelmente que “os mortos não falam, mas seus celulares sim” (sic). Dizendo possuir o celular de Gustavo Bebianno, que rompeu com Bolsonaro logo no começo do governo ao não ser indicado para nenhum ministério importante, o deputado anunciava o tempo todo que “algo” viria. Alguns eleitores de Lula que caíram na desinformação juravam até que seria durante o debate na Rede Globo. Janones, em linguagem histérica, marcava toda a família Bolsonaro, berrando: “Eu vou destruir vocês!!!!” Na verdade, tudo o que Janones possuía era uma declaração de Bebianno no Roda Viva, em que ele afirmava, sem nenhuma prova, que havia alertado Carlos Bolsonaro de que pegaria mal fazer fake news do Palácio do Planalto. Bebianno nunca demonstrou prova nenhuma da existência da conversa ou de qual notícia falsa havia sido criada (provavelmente por ele próprio). O clima de suspeita foi suficiente para abolir direitos como o de imprensa, de liberdade de expressão e de privacidade para criar um “Estado de exceção não oficial” no Brasil, no qual todos eram investigados por serem partes de uma “milícia digital” (seja lá o que for isso).

Janones publicou um vídeo com uma imagem de um celular qualquer e o áudio do Roda Viva por cima. Como os eleitores de Lula acreditavam na “bomba”, a manipulação eleitoral lograva êxito: dava-se a impressão de ser uma mensagem privada e “secreta” de Bebianno, e não um áudio público muito posterior, de quando já estava rompido. O empresário Paulo Marinho requentava as histórias. Nada da época de Bebianno como aliado nunca veio à tona.

Menção honrosa: este é o tipo de tuíte que o coordenador pouco oficial do PT postava sobre Bolsonaro. Um único do tipo vindo de qualquer apoiador de Bolsonaro a Lula seria provavelmente considerado motivo para impugnação da chapa.


6. Almoço com Guilherme de Pádua, amigo de Flordelis e goleiro Bruno como secretário
Enquanto dizia que seria “implacável” contra as notícias falsas, o TSE não parece ter se importado muito com notícias repetidas muitas vezes em uníssono pelo consórcio da mídia. Como a de que Bolsonaro havia “almoçado” com o assassino Guilherme de Pádua. O jornalista Valmir Moratelli, da Veja, noticiou “O encontro de Bolsonaro e Michelle com Guilherme de Pádua”. Logo depois, “Bolsonaro se pronuncia sobre encontro com Guilherme de Pádua”. Pelo título, o jornalista nem se preocupa em corrigir que não houve encontro nenhum (a informação só está na linha fina, após o clique). O jornalista nem se dignou a corrigir o primeiro texto, afirmando que não houvera encontro nenhum e que tudo não passou de uma notícia falsa.

Constantemente, e sem nenhum reparo do consórcio da mídia, Bolsonaro também era acusado de ser amigo de Flordelis, envolvida no assassinato do próprio marido. Flordelis era do PSD, um dos principais rivais de Bolsonaro.

Menção honrosa: no mesmo ritmo, até o ex-governador de São Paulo Márcio França (por ser vice de Alckmin) afirmou que o goleiro Bruno ganharia uma pasta na Secretaria de Esporte de São Paulo, caso o aliado de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, ganhasse a eleição.

7. Os 107 imóveis em “dinheiro vivo”
Uma das notícias mais repisadas no consórcio da mídia e que enganou um porcentual enorme de eleitores do Lula foi que a família Bolsonaro havia negociado 107 imóveis em “dinheiro vivo”. Na verdade, tratava-se de dinheiro em espécie, a forma como toda transação bancária normal ocorre: na moeda do país. Nem seria possível rastrear o dinheiro se ele tivesse sido em espécie, como eram os dólares na cueca, os envelopes de dinheiro embolsados por mensaleiros e apaniguados do PT. É como a escritura de todo imóvel registra. Bastou descrever com outras palavras para dar a impressão manipulada de que os imóveis tinham dinheiro sem passar pelos bancos — quando toda a “descoberta” foi feita, justamente, pelos bancos. Até um livro foi escrito sobre a desinformação manipuladora.

Na verdade, foram 107 transações por mais de três décadas. Envolveram até ex-esposas, ex-cunhados etc. Só um dos ex-cunhados é dono de uma rede de lojas de imóveis e compra e vende pontos comerciais. É separado da irmã do presidente há mais de 20 anos. Tudo foi catalogado — e, mesmo que tenha sido confirmado pelos tribunais, jornalistas até hoje insistem na maciota. É irônico que o imaginário de malas de dinheiro de Bolsonaro seja inspirado nas célebres malas de dinheiro do PT, como no Mensalão, escândalo dos aloprados, casa do Geddel etc.

8. Bolsonaro iria acabar com o SUS, o salário mínimo e o Auxílio Brasil
Ao contrário do que se pensa, o Nordeste votou muito mais em Bolsonaro do que em qualquer adversário do PT. Era preciso fazer algo para conter o avanço. A propaganda do PT mirou os nordestinos, principalmente nas últimas semanas. Sem nenhuma base na realidade, simplesmente macetavam no rádio, dia e noite, que Bolsonaro “iria acabar com o SUS”. Nenhum pedido da campanha do presidente para evitar a mentira foi aceito — enquanto toda fala ou foto real de Lula eram proibidos de ser veiculados pela campanha de Bolsonaro.

O que a esquerda hoje chama de “intelectuais” divulgavam a fake news sem nenhuma preocupação com a lei.

Fizeram o mesmo com o salário mínimo. Não importou que Paulo Guedes viesse a público explicar que isso nunca fora aventado, apresentar planos, inclusive mostrar a proposta de salário mínimo a R$ 1,4 mil no último debate: a propaganda petista repetia a desinformação, livre, leve e solta — e sem ter sido cassada pelo TSE.

9. Bolsonaro “confessa” pedofilia
Uma das últimas cartadas desesperadas da campanha petista, e mais uma vez seguindo o modus operandi de retirar falas de contexto, foi acusar Bolsonaro de “pedofilia”. Tudo pela sua mania de usar a expressão “pintar um clima” como metáfora para qualquer coisa. 
Em entrevista ao podcast Paparazzo Rubro-Negro, Bolsonaro denunciava justamente a situação degradante de venezuelanas que fugiam do regime socialista de Maduro, um dos aliados de Lula. Sendo muito novas e “bonitinhas”, arrumavam-se cedo, o que lhe levantou suspeita. Usando a expressão “pintou um clima” (que usou em outro contexto nada sexual na mesma entrevista, tal como falando sobre Tarcísio), disse que seria uma boa oportunidade de filmar a situação delas.

A filmagem foi feita com a equipe da CNN Brasil. Os vídeos mostrando como Bolsonaro entrou em suas casas com equipe já estavam nas redes no mesmo momento. As filmagens foram ignoradas pelo consórcio da mídia e pela militância, que dificilmente não teve acesso a elas: apenas preferiram manipular o resultado eleitoral e a democracia.

Até capas de revista foram feitas apenas com a frase. Como se Bolsonaro fosse “confessar” ser um pedófilo para todos verem. E como se o vídeo da filmagem não existisse – e não demonstrasse apenas um político preocupado com refugiadas venezuelanas. O que não parece ser muito bem o caso de Lula.

10. O “Orçamento secreto”, que é “pior do que o Petrolão”
É difícil contar a quantidade de vezes em que Lula e outros petistas foram refutados com a patacoada do dito “Orçamento secreto”. Que não é exatamente secreto, não foi criado por Bolsonaro, retirou poderes do Executivo sobre o Orçamento e é usado por pelo menos 11 petistas. Entre eles, os senadores Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE) e Fabiano Contarato (PT-ES), atuantes na CPI do Circo, além do líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG).

“Orçamento secreto” foi como a mídia chamou as emendas de relator, que tiram o Orçamento das mãos do Executivo e transferem aos caciques do Legislativo sem muita transparência. Logo que Lula venceu a eleição com tantas fake news, o consórcio da mídia, sem corar, já passou a chamá-lo de “emendas de relator”.

Curiosamente, o próprio André Janones dizia não existir “Orçamento secreto”, além de garantir que “no governo Lula era uma roubalheira, e só a bandidagem do PT que tinha isso”. Janones disse ainda que não se vende “para a quadrilha do PT” antes de notar como poderia manipular o Estado Democrático de Direito e a democracia com a logorreia… e trabalhar para a citada “quadrilha do PT”, que teria “aparelhado a máquina pública por 16 anos” para se manter no poder.

Menção honrosa final
E não poderíamos deixar de citar um tuíte muito “civilizado” da Barbara Gancia, que só não é “fake news” por não ser “news”. Nele, a jornalista afirma que, quando a filha de Bolsonaro se arruma, ela parece uma… Bem, é melhor conferir a classe do seu post:

Isto, é claro, noves fora a censura ao outro lado, com canais de rádio e TV sendo censurados, proibidos de usar as palavras “ladrão, ex-presidiário, descondenado e amigo de ditadores”. Sendo obrigadas a soltar a fake news de que Lula seria “inocente”. Sendo proibido de mostrar as ligações de Lula com o ditador Ortega, e de mostrar que Lula se declarou a favor do aborto ainda em 2022, de mostrar imagens da ONU, de mostrar imagens no funeral da rainha Elizabeth II.

Também foi proibido de mostrar a fala do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (!) e do Tribunal Superior Eleitoral (!!) Marco Aurélio Mello sobre Lula nunca ter sido inocentado. E houve a censura prévia ao documentário Quem Mandou Matar Bolsonaro?, da Brasil Paralelo. (Censura prévia só não é inédita porque era praticada durante a ditadura militar). Proibido de mostrar a fala de Lula agradecendo a natureza por ter criado a covid. Proibido de mostrar fotos (!!!) de Lula com o boné CPX enquanto agências de checagem afirmam erroneamente que CPX não significa “cupincha”.

boné CPX de lula
O ex-presidente Lula, durante caminhada no Complexo do Alemão, 
com boné polêmico que teria relação com o trafico – 12/10/2022 - 
 Foto: Carlos Elias Junior/FotoArena/Estadão Conteúdo

Foi proibido também de dizer que o PT foi contra o Auxílio Brasil. Proibido de dizer que Lula foi campeão de votos em presídios. Proibido de exibir o áudio de Marcola sugerindo voto no Lula. Proibido até de adesivar carros ou fazer desconto de 22%…

Ah, claro, e teve o senador Randolfe Rodrigues mandando a militância desrespeitar ordem do TSE. O que, pelos termos atuais, é crime contra a democracia, ato antidemocrático e enseja prisão, busca e apreensão, quebras de sigilo e, claro, cassação da chapa e impugnação da candidatura. Lembrando que nunca foi feito pelo outro lado, que obedeceu a lei.

Leia também “A origem da ilegalidade”

Flavio Morgenstern, colunista - Revista Oeste

 


sábado, 7 de maio de 2022

Os inimigos da palavra livre - J. R. Guzzo

Revista Oeste

“Desinformação” é mais um desses crimes não previstos no Código Penal que o STF inventou para justificar inquéritos de perseguição política e intervir no processo eleitoral 

O ministro Alexandre de Moraes, numa de suas últimas encíclicas sobre as eleições e sobre as obrigações dos eleitores perante o Supremo Tribunal Federal e seu braço eleitoral, o TSE, informou ao país que “o grande problema” das eleições de outubro próximo é “a desinformação”. Até uma criança com 10 anos de idade sabe que não é nada disso
O grande problema das próximas eleições presidenciais, para o ministro Moraes e para os integrantes da frente partidária onde ele opera, é o presidente Jair Bolsonaro
Mas como é que um ministro do Supremo poderia dizer uma coisa dessas, não é mesmo? 
A solução, para ele e para quem pensa conforme o seu evangelho, é excomungar a “desinformação”. 

Sessão plenária do STF | Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Sessão plenária do STF -  Foto: Nelson Jr./SCO/STF
 
Não existe palavra mais na moda na política brasileira, hoje em dia, do que “desinformação”. Ela serve a um duplo propósito. É um traço de união, ou palavra de ordem para a campanha, entre os adversários da candidatura do presidente da República. É, também, o pé de cabra mais utilizado para se arrombar a porta que protege a liberdade de expressão — na verdade, o grande inimigo que o STF, a oposição e a esquerda em geral têm no Brasil atual.  
É isso, a liberdade de expressão, que eles querem eliminar — tanto quanto Jair Bolsonaro.
 
“Desinformação” é mais um desses crimes não previstos no Código Penal Brasileiro que o STF inventou para justificar inquéritos de perseguição política, fazer oposição ao governo e intervir no processo eleitoral.  
Para resumir a ópera: trata-se de um carimbo destinado a proibir, ou a tentar proibir, a circulação em público de afirmações que contrariam o pensamento, os desejos ou os interesses políticos da esquerda.  
É a mais nova forma de censura que existe na praça — uma censura que se aplica não através de um departamento da polícia, como se faz nas ditaduras, mas sob o disfarce legal de decisões judiciárias. 
Dizer isso ou aquilo, ou mostrar essa ou aquela imagem, vai “desinformar” as pessoase como as pessoas, coitadas, são incapazes de decidir por conta própria o que é falso e o que é verdadeiro, “a justiça” precisa impedir que tais coisas sejam ditas ou mostradas. 
É o combate às “fake news”, certo? Não se fala de outra coisa neste país. “Notícia falsa” é tudo aquilo que o STF, a “oposição” e o grosso da mídia não querem que seja publicado. Que tal, então, impedir a publicação pela força do Estado? É só massagear as leis o suficiente; saem daí, como mostra o Supremo, doutrinas jurídicas completas para se impedir que os cidadãos falem o que queiram falar.

O que Moraes está de fato dizendo é que em 2018 o povo brasileiro errou — e que ele vai cuidar para que não erre de novo em 2022

A ideia da “desinformação” é neste momento a ferramenta de preferência do STF para a intervenção no processo eleitoral. É através dela, e em nome da necessidade de combatê-la, que se pretende bloquear ou dificultar o acesso de Bolsonaro às redes sociais, supostamente o seu grande instrumento de comunicação com as massas — já que a mídia tradicional, onde satanás em pessoa é considerado melhor do que ele, trata o chefe da nação como o inimigo público número 1 do Brasil. (De qualquer forma, é duvidoso que essa mídia consiga se comunicar com algum tipo de massa.) É isso que preocupa o ministro Moraes “as redes”, que ele trata como um monstro desenvolvido no laboratório do doutor Frankenstein, cheias de “algoritmos”, “disparos” e outras coisas que a população não entende, mas que o STF vai “pegar” uma hora dessas. (Moraes disse que o seu inquérito já está chegando lá, depois de três anos e tanto.) É nesta vibe, por sinal, que o ministro frequentemente revela o que realmente o incomoda na história toda. 

Ele acabou dizendo, na última bula da sua catequese eleitoral, que o “grande problema” que vê nas eleições de 2022 esteve presente nas eleições de 2018. Ou seja: o resultado da última eleição para presidente da República foi “um problema”. Como assim? A decisão do eleitorado, então, foi “um problema”? Que problema? Eleições limpas (e o STF faz questão fechada de dizer que o processo eleitoral brasileiro é o mais limpo do planeta) têm um único resultado possível: a vitória do candidato escolhido pela maioria absoluta dos eleitores que foram votar. 
O que Moraes está de fato dizendo é que em 2018 o povo brasileiro errou — e que ele vai cuidar para que não erre de novo em 2022.

Palavra se combate com palavra; o exercício de um direito é equilibrado com o exercício de outro

As eleições presidenciais, porém, são apenas uma parte da questão; as coisas até que não estariam tão mal, aqui e no mundo, se tudo se resumisse à escolha do próximo presidente do Brasil. 
O diabo é que elas vão muito além disso. O que está sob ameaça, realmente, é a liberdade de palavra — um direito natural e evidente por si mesmo do ser humano, como os direitos à vida, à religião ou à busca da felicidade pessoal, e, como todos eles, não sujeito a controles legais que possam diminuir o seu exercício. 
 
Não existe, na prática, a possibilidade de “aperfeiçoar” o direito à livre expressão através de leis. Todas as vezes em que se tenta isso, ou quando dizem que estão querendo isso, a liberdade fica menor. O Estado, nesses casos, ganha a possibilidade de decretar o que pode ser dito pelo cidadão — e, automaticamente, o que não pode. O STF e todos os que caminham com ele na “necessidade de impedir a desinformação” estão, na verdade, dizendo o seguinte: “Há coisas que você não pode falar”. A sociedade, neste modo de ver a vida, tem de ser protegida contra as palavras que possam gerar efeitos negativos. O ministro Moraes, a esse exato propósito, costuma citar um exemplo que ele considera imbatível: “Não é possível usar a liberdade de expressão para defender o Ato Institucional n° 5”, diz ele. 
 
Pois é aí mesmo que está o centro de tudo. E por que não seria possível? Há muita gente que é plenamente a favor do AI-5, que no Brasil foi usado como um instrumento ditatorial durante o regime militar. [em minha opinião o AI-5 foi um instrumento legal duro e necessário para conter o terrorismo, a guerrilha, e outras mazelas que levariam fatalmente o Brasil a ficar sob domínio comunista.Na época em que foi promulgado e para a situação daquela ocasião se eficiente, imprescindível e necessário.] Muitos oficiais das Forças Armadas, por exemplo, e não só eles, acham que o AI-5 foi ótimo. É uma ideia como outra qualquer. Você acha o AI-5 um horror? Muito simples: use a sua liberdade de expressão para falar o que quiser contra ele — ou contra tudo aquilo que você condene, ou não aprove, ou simplesmente não queira. O caso começa e acaba aí. Palavra se combate com palavra; o exercício de um direito é equilibrado com o exercício de outro.
 
Moraes, nessa questão, representa o consenso dos ministros do atual STF brasileiro: são todos contra a livre expressão, exatamente ao mesmo tempo em que dizem ser os seus grandes defensores. 
Neste momento, em particular, eles se empenham numa espécie de rodízio para combater a liberdade de palavra — frequentemente com argumentos de escola primária. O presidente do tribunal, Luiz Fux, é um exemplo. Ele veio há pouco, de novo, com aquela história de que ninguém tem o direito de usar a livre expressão para gritar “fogo” no cinema, quando não há incêndio nenhum. E que raio isso tem a ver com liberdade de expressão? É um problema de ordem pública — quem faz um negócio desses tem de ser detido na sua ação de espalhar o pânico, e punido por colocar em risco a segurança dos outros. 
 
O mau uso da liberdade, como sabe qualquer advogado de porta de cadeia, é claramente previsto e combatido em lei. Como acontece com a lenda do cinema, o cidadão também não pode cometer calúnia, injúria e difamação; são crimes, sujeitos pelo Código Penal a prisão e multa. Da mesma forma, os prejuízos, materiais ou morais, que alguém causa a outra pessoa através das suas palavras estão sujeitos a ações cíveis de indenização ou à retratação pública. É proibido por lei, igualmente, fazer propaganda do nazismo; quem faz isso pode pegar até cinco anos de reclusão. É bem simples, em suma. Não é pelo fato de alguém dizer uma mentira, ou pregar em favor do mal, que se vai proibir os demais de falarem livremente; todos podem falar, e todos devem assumir as consequências legais por aquilo que falam. Não é pelo erro no exercício de um direito que se deve restringir a aplicação desse direito. Não é porque há acidentes de trânsito que se vai limitar a venda de carros. O que se faz é exigir habilitação de quem guia — e punir quem guia mal. É o mesmo com qualquer direito. Por que a liberdade de palavra deveria ser uma exceção?

“A liberdade de expressão é uma obsessão do homem branco”, acaba de afirmar, com toda a seriedade, um artigo da revista Time

Na verdade, quem quer restringir a livre expressão está assumindo uma atitude política. Isso fica perfeitamente claro quando se vê o que os militantes do controle da opinião e da informação estão dizendo por aí. “A liberdade de expressão é uma obsessão do homem branco”, acaba de afirmar, com toda a seriedade, um artigo da revista Time. “O direito de dizer o que você pensa sem ser preso não é igual ao direito de transmitir desinformação para milhares de pessoas” — eis ela aí de novo, a “desinformação”. 

Na mesma viagem, critica-se amargamente o empresário Elon Musk, que comprou o Twitter e se propõe a deixar que os usuários se expressem ali sem censura; disseram, entre outras acusações, que Musk deveria aplicar o dinheiro que gastou com o Twitter na “solução do problema da fome no mundo”. Por que ele? Por que não os outros, que estão gastando outros bilhões na compra de outros negócios? É esclarecedor, a propósito, o que diz um dos mais destacados pregadores mundiais da repressão nominalmente bem-intencionada à liberdade de palavra, o professor norte-americano Owen Fiss, da Universidade de Yale. “Nós precisamos às vezes considerar necessária a restrição da palavra de alguns elementos em nossa sociedade para realçar a voz relativa de outros”, diz ele. A ideia geral, aí, é que “as minorias” não têm a mesma liberdade de expressão desfrutada por aqueles que dispõem de meios materiais para manifestar suas opiniões. Para corrigir isso, na opinião de Fiss, o Estado deve restringir a liberdade de quem pode se expressar e entregar para os menos favorecidos aquele tanto que se tirou dos mais privilegiados. Eis aí o ponto de chegada para toda essa conversa: conferir a uma repartição pública o poder de escolher o que pode ser dito, e quem pode dizer o quê.

O ministro Luís Roberto Barroso é um admirador das ideias do professor Fiss. “Há um limite em que a liberdade de expressão se transforma em risco para a integridade das pessoas e das instituições”, disse ele há pouco, num seminário de que ambos participaram em São Paulo. Barroso não esclareceu em que circunstâncias, exatamente, esse risco se manifesta. Disse, como lema geral, que “ninguém é dono da verdade” e que as pessoas precisam aprender a conviver com opiniões diferentes das suas. Se é assim mesmo, porque o STF não reconhece, na prática das suas decisões, que cada brasileiro tem o direito à sua própria palavra e é responsável por ela?

Leia também “STF X militares: a guerra pela liberdade”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 30 de junho de 2021

A torcida de Lázaro - "Battisti tinha torcida por aqui. Seria a mesma de Lázaro?"

Alexandre Garcia

"Veio o caso Lázaro a continuar a lógica da inversão de valores. Significativamente, durante quase três semanas, ocupou o pódio no lugar dos neo-heróis da CPI"

Testemunhamos tempos muito estranhos. Semana passada, quando o número de mortos por covid chegou a 500 mil, para alguns foi como chegar a uma meta almejada, como em algum torneio mundial. [com destaque para os vampiros, os contra o Brasil da TV FUNERÁRIA.] O vírus parece ter uma grande torcida. Na mesma semana, aparece no palco uma figura que se escafedera de Brasília para continuar suas aventuras financeiras na Flórida e voltou eleito deputado federal pelo DF com mais de 65 mil votos. No entanto, encontrou uma torcida que lhe deu crédito, como se todos fossem ingênuos. Sua performance forneceu combustível à CPI que minguava em audiência. Até quem tem o ceticismo como dever profissional cedeu à fraqueza da ingenuidade. [os eleitores do DF possuem o chamado dedo podre para escolher deputados, distritais ou federais, e o governador. 
A menção à figura acima mostra o quanto escolhem mal os parlamentares federais. 
A tragédia 'Ibaneis' foi uma escolha entre o diabo e satanás, visto que  seu adversário no segundo turno, ou seja, o ex-governador Rollemberg, que  além de sua notória incompetência como administrador´é um azarado e contaminou o DF com seu AZAR. Com ele no governo,  viaduto desabou, tivemos racionamento, terremoto e faltou só um 'tsunami' no Lago Paranoá.
Quanto aos  distritais a cada dez  leis  que evacuam, cinco são anuladas por inconstitucionalidade, três são desnecessárias, uma é inexequível e a que sobrevive não cola.  
Já tivemos no DF distrital apresentando projeto para ônibus só circularem com todos os passageiros sentados - seria a extinção do transporte coletivo em Brasília - um outro gênio distrital   pretendeu assumir poderes de condenar um ex-presidente por crimes contra a humanidade ( assunto da competência do TPI - Tribunal Penal Internacional) = nesse caso, tentando colocar o nome de um terrorista em uma ponte. E, por aí vai.]

Valores são postos de lado. Na CPI, é como se recusássemos a memória, ter Renan Calheiros como relator e como presidente Omar Aziz, que nunca gaguejou tanto como ontem, diante do deputado amazonense. Aliás, passou-se a adotar raciocínios que obliteram a razão e lógicas que amordaçam a lógica. Gente manifestamente alheia a um tema tem sido apresentada como especialista, a inventar regras. A ciência que usam é fechada como um dogma; uma ciência que recusa a experiência, os fatos, a dúvida. O contraditório é exorcizado com o rótulo de negacionismo. [além do ridículo de se ter em uma CPI para investigar corrupção presidida por Aziz e relatada por Calheiros, com as intervenções sempre bem recebidas do senador 'drácula', que ainda tem um vice-presidente encrenqueiro que alvoroça o Brasil alardeando que vai apresentar uma notícia crime, buscando criar uma investigação concorrente - com a ridícula e burra pretensão de espalhar aos 'quatro ventos' que o presidente Bolsonaro responde a dois processos - marca bem inferior a do multi processado relator Calheiros.
Se prevalecer  o entendimento do vice-procurador-geral,só a CPI investiga, vão ter que desfazer o relatório Calheiros - já elaborado e colocar as estórias apuradas pela CPI. E, prevalecendo a investigação concorrente a CPI corre o risco do relatório da investigação concorrente desmentir todas as deduções, sem provas, do relatório Calheiros. É senador Rodrigues, dessa vez o senhor se complicou.]

Agora veio o caso Lázaro a continuar a lógica da inversão de valores. Significativamente, durante quase três semanas, ocupou o pódio no lugar dos neo-heróis da CPI. Matador de aluguel, jagunço ou psicopata homicida, já vinha aparecendo como o herói que humilha a polícia. Morto, tornou-se mais uma vítima da opressão da sociedade. Para a CPI, mais um alívio para poder resgatar a audiência perdida.

O italiano Cesare Battisti, asilado no Brasil, atirou num menino de 13 anos e o deixou paraplégico, e assassinou quatro. Lázaro matou o dobro. Battisti tinha torcida por aqui. Seria a mesma de Lázaro? Ainda bem que a maioria fica indignada com essa torcida que subestima a inteligência das pessoas. Uma torcida contra os valores e raízes de quem vive com ética, lei e ordem. Valores que ficam ao lado das vítimas e não dos bandidos. 

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense