Depois da decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, que deu ao ex-governador a chance de se candidatar este ano, o político amplia conversas para o retorno
Arruda não quer atrapalhar a mulher. Flávia Peres assumiu o sobrenome Arruda e herdou o projeto político do marido, interrompido há 12 anos. Quando ele não pôde concorrer, ela o substituiu. Foi a vice na chapa de Jofran Frejat, em 2014, na disputa que foi para o segundo turno com Rodrigo Rollemberg (PSB), quando Arruda ficou impedido pela Justiça de concorrer ao governo por conta da condenação por improbidade administrativa que provocou a sua inelegibilidade. A campanha estava avançada. Quatro anos depois, Flávia se candidatou a uma vaga de deputada federal e se elegeu como a mais votada no Distrito Federal.
Flávia Arruda mantém favoritismo em parte pelo eleitorado fiel a Arruda e pela condução política dele. Mas a deputada cresceu e se sobressaiu. Foi a primeira deputada a presidir a Comissão Mista de Orçamento do Congresso e durante um ano foi ministra da Secretaria de Governo de Bolsonaro. Adquiriu personalidade própria. Mas durante todo esse tempo os dois mantiveram as trajetórias políticas umbilicalmente ligadas.
Outro fator é a construção de uma candidatura ao governo rachando a base de Ibaneis. Muitos dos aliados vão ter de optar por um lado. É o caso, por exemplo, do secretário de Governo, José Humberto Pires, homem forte da atual gestão e também do governo Arruda. Na Comunicação, o secretário também é o mesmo, o jornalista Wellington Moraes. Ambos são leais a Ibaneis, mas estiveram no passado com Arruda.
Presidente do PSD-DF, o empresário Paulo Octávio, vice do governo de Arruda, também tem diálogo com os dois grupos. Teria de fazer uma opção.
Essa divisão não interessa a esse grupo que teme uma guerra fratricida. Mas Arruda tem sido incentivado por muitos outros que o aconselham a seguir em frente. Eles dizem que Flávia Arruda, aos 42 anos, é jovem e tem um futuro pela frente. Esses conselheiros dizem também que é um erro para Arruda adiar uma candidatura que com o tempo pode perder força.
A decisão será avaliada nas próximas semanas. O prazo é 15 de agosto, data final para registro das candidaturas na Justiça Eleitoral. Antes disso, até 5 de agosto, os partidos terão de realizar suas convenções e definir suas candidaturas e coligações para as disputas majoritárias. Serão dias de muitas conversas e avaliação do pulso da eleição.
Cidades - Correio Braziliense
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